quinta-feira, 14 de abril de 2016

Como Foram Construídas



EMPURRANDO PEDRASNa realidade não existem registros escritos que expliquem como as pirâmides foram construídas e, portanto, tudo o que se diga a respeito não passa de especulação, ainda que baseada em indícios. Na visão de Heródoto, turmas de 100 mil trabalhadores, revezando-se em turnos que duravam três meses, levaram 20 anos para construir a Grande Pirâmide. Atualmente os egiptólogos acreditam que aquele monumento foi edificado por um número menor de trabalhadores e em menos tempo. A idéia de que as pirâmides foram construídas por escravos para um faraó tirânico está hoje descartada. É improvável que os egípcios tivessem escravos naquela época, pois sua sociedade era basicamente composta por camponeses.Impossibilitados de trabalhar nos campos durante três meses do ano por causa da inundação, esses homens estavam condenados à ociosidade nesse período. Assim, eles podiam trabalhar na construção das pirâmides sem que houvesse prejuízo para a prosperidade do país. O empenho que demonstravam nessa tarefa pode ser explicado pelo fato de que acreditavam que o faraó era um deus e ajudar a construir o seu túmulo era, antes de tudo, uma honra. Com esse trabalho asseguravam que o faraó abençoaria o povo do Egito com saúde e prosperidade, até mesmo depois que ele tivesse morrido. De um ponto de vista mais prático, é claro, também, que os salários extras ganhos na construção das gigantescas pirâmides complementavam a renda familiar.Arthur Weigall, um dos estudiosos que representa a corrente clássica da egiptologia, esclarece que para construírem a pirâmide de Kéops os egípcios delimitaram, sobre o planalto de Gizé, um quadrado com lados de 230 metros que formava uma superfície total de aproximadamente 54 mil metros quadrados. Sobre tal base foi edificado o monumento cuja altura atingiu 146 metros, sendo que os dois milhões de blocos calcários usados na construção representam um volume de dois milhões e 500 mil metros cúbicos. Nas camadas inferiores, a maior parte dos blocos pesam duas toneladas ou mais. Eles eram transportados pela água desde as pedreiras situadas na outra margem do rio até o pé do planalto e isso ocorria na época da inundação, quando todo o vale se transformava em um lago. A seguir era preciso içá-los sobre o planalto e colocá-los em seus lugares na pirâmide.Ainda segundo a arqueologia clássica, os agricultores teriam sido organizados em grupos de 25 pessoas, conduzidas por um soldado que agia como capataz e os pagava com comida e vestuário. Um subproduto da colheita do trigo era a palha. Misturada com lama do Nilo e areia, ela entrava na composição de tijolos cozidos, usados em mastabas, em rampas para a construção das grandes piramides de pedra calcária, ou como núcleo de pirâmides apenas revestidas com pedra calcária. Granito, extraído a cerca de 800 quilâmetros de Gizé, em Assuão, ao norte da primeira catarata, só pode ter sido transportado através de barcaças rio acima. A dura pedra calcária branca usada para dar acabamento ao exterior das grandes pirâmides foi extraída no lado oriental do Nilo, em Tura, e teve que ser transportada em balsa para Gizé, no lado oposto do rio.Estas matérias-primas disponíveis determinaram as ferramentas e a tecnologia usadas paraENCAIXE PARA BRAÇADEIRA construir as pirâmides. Pedra calcária e granito são materiais muito difíceis de serem extraídos com ferramentas de cobre, assim eles foram cortados com pilões esféricos de duríssimo basalto dolerítico e alisados com pedras polidoras de granito. Pederneira era usada como broca, movimentada por um arco, e areia ou quartzo pulverizado, misturado com água ou azeite de oliva, aumentava seu poder abrasivo. Cinzéis de cobre podiam ser aquecidos e usados para esculpir detalhes. No Egito havia poucas árvores e a madeira era importada do Líbano. Ferramentas de madeira incluíam esquadros, réguas para prumos, malhos, cunhas, alavancas, e rolos, enquanto que a madeira em si era empregada na construção de andaimes e na confecção de braçadeiras do tipo rabo-de-andorinha para unir as pedras. Na foto ao lado um encaixe para receber uma de tais abraçadeirasAlém dos camponeses que executavam um trabalho puramente braçal, havia muito mais pessoas com habilidades específicas envolvidas no empreendimento. A enorme demanda de pedras exigia especialista na tarefa de extraí-las, os quais trabalhavam em turmas. Eles pintavam nas pedras, com ocre vermelho, o nome de suas turmas. Turma da Pirâmide de Degraus, Turma Vigorosa, Turma do Norte, Turma do Sul e Turma do Cetro, por exemplo, são alguns dos nomes encontrados nas pedras de revestimento da pirâmide de Meidum. Na Grande Pirâmide pode-se ler em um dos blocos: Turma dos Artesãos. Quão poderosa é a Coroa Branca de Khnum Khufu!. Também era necessário que as pedras fossem transformadas em blocos e recebessem acabamento de outros tantos mestres e, finalmente, homens hábeis na arte da costrução acentavam os blocos com precisão. Embora a maioria da força-tarefa envolvida com o deslocamento das pedras só entrasse em ação quando não havia o que fazer nos campos, os demais operários estavam permanentemente dedicados ao seu trabalho, seja nas pedreiras, seja no monumento em si. A oeste da pirâmide de Kéfren foram desenterrados alojamentos para 4000 homens, cifra que talvez represente o número total de operários permanentes, e as ferramentas lá encontradas sugerem que se destinavam a abrigar os trabalhadores das pirâmides.Apesar da simplicidade de seu desenho, uma pirâmide é um feito de engenharia incrível. Uma grande quantidade de estudo e planejamento — afirma o egiptólogo James Putnam — deve ter sido necessária antes de que qualquer construção tomasse forma. Esboços encontrados de outros monumentos sugerem que eles tevem ter feito plantas e existem modelos em pedra calcária de diversas pirâmides, os quais podem ter sido auxiliares do projeto arquitetônico. Algum conhecimento de matemática, geometria e astronomia também era requerido para calcular os ângulos da pirâmide.
ERRO DE INCLINAÇÃOMEDIDA DE DISTÂNCIA
Convém lembrar que um pequeníssimo erro no ângulo de inclinação de uma pirâmide resultaria num desalinhamento considerável das arestas do vértice (figura à esquerda). Outro ponto que chama a atenção é que algumas das medidas desses monumentos revelam um uso exato de Pi. A altura da pirâmide de Kéops, por exemplo, é igual ao perímetro da sua base dividida por 2 Pi. Uma vez que o conhecimento matemático dos antigos egípcios não era suficiente para que eles chegassem a resultados como esse por meio de cáculo, os estudiosos acreditam que tal precisão foi alcançada empíricamente através, por exemplo, da medição de distâncias usando-se a contagem das rotações de um objeto cilíndrico como um tambor (figura à direita).Na escolha do local para construção das pirâmides, os egípcios levavam em conta alguns fatores principais: ele deveria estar situado na margem oeste do Nilo, o lado onde o Sol se põe e inicia sua viagem para o mundo habitado pelos espíritos dos mortos; deveria ficar bem acima do nível do rio para escapar dos danos causados pela inundação anual, mas não muito longe de sua margem para facilitar a chegada das pedras a partir dele; o substrato rochoso deveria ser isento de defeitos ou de tendência para rachadura, para suportar o enorme peso que seria colocado sobre o solo e, finalmente, situar-se a pouca distância da capital. Saqqara e Abusir, por exemplo, localizavam-se junto a Mênfis; Abu Rawash cerca de 27 quilômetros de distância ao norte e Dahshur a apenas oito quilômetros ao sul; Meidum ficava a 53 quilômetros de Mênfis, mas ali apenas uma pirâmide foi erguida. A proximidade do rio era um fator importante, pois muitas das pedras utilizadas na construção de todos os monumentos que compunham o complexo piramidal eram trazidas das pedreiras por via fluvial.Encontrado o local, removia-se a grossa camada superficial de areia eNIVELAMENTO DO TERRENO cascalho, para que o monumento assentasse sobre um firme alicerce rochoso. Começava então o nivelamento e alisamento da rocha. A precisão com que se realizava tal trabalho é demonstrada pela Grande Pirâmide, na qual o perímetro da base tem um pequeno desvio de pouco mais de meia polegada com relação ao que seria um nivelamento absoluto. O emprego de canais na irrigação dos campos, desde muito antes da era das pirâmides, ensinou a gerações de egípcios as técnicas de nivelamento. Para nivelar uma área como a base de uma pirâmide — esclarece o egiptólogo I.E.S.Edwards — deve ter sido necessário rodeá-la pelos quatro lados com montículos baixos de lodo do Nilo, preencher o fosso assim formado com água e cortar uma rede de regos na rocha, de tal maneira que o piso de cada sulco ficasse a uma mesma profundidade com relação à superfície da água; os espaços intermediários podiam, então, ser nivelados após a água ter sido liberada. Em outras palavras: enchia-se de água uma rede de sulcos escavados na rocha em toda a extensão das fundações e marcava-se na pedra as linhas da superfície da água (1); secavam-se os sulcos (2); talhavam-se as pedras que excedessem o nível marcado (3) e enchia-se os espaços vazios com pedras (4). Na prática efetiva — esclarece ainda I.E.S.Edwards — a área total coberta pela pirâmide não era sempre reduzida ao mesmo nível do perímetro; como mostra a Grande Pirâmide, um monte de rocha podia ser deixado no centro para ser usado em estágio posterior do trabalho de construção.A última das preliminares consistia em fazer uma acurada medição para que a base da pirâmide formasse um quadrado perfeito e cada um de seus lados estivesse orientado para um dos quatro pontos cardeais. A enorme base quadrada cria uma estrutura muito estável. A unidade de medida era o cúbito real, equivalente a cerca de 52 centímetros. Cordas de medição — prossegue I.E.S.Edwards — eram feitas com fibras de palmeira ou de linho, sendo que ambas certamente se esticavam quando usadas; portanto, é altamente surpreendente que possa haver uma diferença de apenas 20 centímetros entre os comprimentos dos lados maior e menor da Grande Pirâmide — na realidade, parece notável que em lados que excedem 22860 centímetros de extensão possa ter ocorrido um erro tão pequeno, especialmente quando nos lembramos de que o monte central de rocha teria tornado impraticável qualquer medição da diagonal para verificar a precisão do quadrado. A orientação exata das pirâmides com relação aos pontos cardeais só pode ter sido obtida com a ajuda de um ou mais dos corpos celestes, uma vez que a bússola era desconhecida dos antigos egípcios. Não foi possível determinar com exatidão quantos ou quais dos corpos celestes eram empregados nesse processo, mas é lógico que bastava estabelecer a orientação de um dos lados, já que a dos demais se fixava naturalmente com o uso de um esquadro. Outras construções da mesma época, cujos cantos formam ângulos retos perfeitos, demonstram que esse último instrumental existia.Ao mesmo tempo em que os trabalhos preparatórios ocorriam no local do monumento, osTRENÓ alicerces da calçada iam sendo assentados. E isso era feito nessa fase porque quase todas as pedreiras que forneciam material localizavam-se próximas das margens do Nilo, da mesma forma que as pirâmides. Assim sendo, o rio podia ser empregado para o transporte das pedras por meio de balsas. Já que cada pirâmide dispunha de uma calçada que a ligava ao Nilo, a qual se destinava à passagem do cortejo fúnebre, esse era também um caminho conveniente para que nele se arrastasse uma espécie de trenó contendo os enormes blocos de pedra e, portanto, a base da calçada deveria estar concluída antes da edificação da pirâmide. Foto © Canadian Museum of Civilization Corporation. Existem duas vantagens principais no emprego de enormes blocos de pedra na construção de monumentos grandiosos como eram as pirâmides e templos egípcios: obtenção de maior estabilidade e redução no número de junções a serem feitas. O arqueólogo I.E.S.Edwards escreveu: Kéops, que deve ter sido um megalomaníaco, jamais poderia, durante um reinado de cerca de 23 anos, ter erigido um monumento do tamanho e durabilidade da Grande Pirâmide se avanços técnicos não tivessem permitido a seus trabalhadores lidar com pedras de tão considerável peso e dimensões. Quão completamente eles dominaram essa arte pode ser medido pela observação de Petrie de que as junções no revestimento da Grande Pirâmide medem apenas um quinquagésimo de polegada de espessura.Além de saberem manusear pedras tão imensas, os egípcios também conheciam a arte de talhá-las, apesar de toda a sua dureza. Já na I dinastia (c. de 2920 a 2770 a.C.) empregavam granito para pavimentar aposentos e a pirâmide de degraus de Djoser, da III dinastia, tem uma pequena câmara funerária construída totalmente desse material. Entretanto, foi no decorrer da IV dinastia que grandes estruturas, como o templo do vale e o templo mortuário de Kéfren, foram revestidas principal ou completamente com granito. O basalto é outro material que aparece esporadicamente antes da IV dinastia, quando seu emprego passa a ser bem mais considerável.A atividade de exploração das pedreiras era intensa, tendo em vista a enorme quantidade de material necessário para erguer monumentos tão grandes. Entretanto, os antigos egípcios dispunham de pouca coisa além de serras e cinzéis de cobre primitivos para realizar o trabalho. Ainda que primitivas, as ferramentas encontradas por arqueólogos, e datadas de tempos tão antigos quanto a I dinastia, mostraram-se capazes de cortar qualquer tipo de pedra calcária. Seja como for, eles devem ter desenvolvido técnicas especiais para extração dos blocos. A pedra calcária de qualidade inferior e PEDREIRAmais maleável podia ser manuseada facilmente a céu aberto, pois encontra-se na superfície. Por outro lado, na obtenção do granito e do calcário de excelente qualidade de Tura era necessário construir túneis. Provavelmente a aplicação de calor e água facilitava o trabalho. Cunhas de madeira — informa o egiptólogo James Putnam — eram enfiadas em fendas na pedra e então ensopadas de água, fazendo com que se expandissem e rachassem a pedra. Os blocos eram então esquadrejados com o emprego de cinzéis e malhos. Serras de cobre também eram usadas, talvez com lascas de pedras preciosas para ajudar no talhe. Para trabalhar o granito tinham que golpeá-lo com esferas de uma pedra ainda mais dura chamada dolerito. No detalhe de uma pedreira que se vê acima, pode-se notar nitidamente as fendas espacejadas regularmente nas rochas. Tais fendas delimitavam os blocos que seriam extraídos com o emprego das cunhas de madeira.A maioria dos blocos que formavam a parte interna das pirâmides tinha pouco acabamento, mas as pedras do revestimento eram talhadas com grande precisão e ajustam-se tão perfeitamente umas às outras que as junções são quase invisíveis. Todo o polimento deve ter sido dado depois que as pedras foram colocadas em seus lugares definitivos. Nas proximidades da pirâmide de Kéops foram encontrados enormes depósitos de lascas de pedra calcária provenientes do trabalho executado com os blocos. Estimou-se que a pedra acumulada em tais depósitos equivale em volume a mais da metade do volume das pirâmides.Um dos maiores desafios era, sem dúvida, o transporte dos enormes blocos. As pedras do revestimento da Grande Pirâmide pesam, em média, duas toneladas e meia cada uma, mas isso é pouco. Algumas delas chegam a pesar 15 toneladas, mas isso também é pouco. As lajes de granito do teto da câmara mortuária da mesma pirâmide pesam 50 toneladas e, se você ainda acha que é pouco, saiba que algumas das pedras mais pesadas encontradas no templo mortuário de Miquerinos pesam cerca de 200 toneladas! E não podemos esquecer que mesmo as "menores" dessa lista tinham que ser embarcadas e desembarcadas de balsas e elevadas a alturas consideráveis com relação ao solo. Navegar com esses megálitos exigia um perfeito controle de enormes e pessadíssimas balsas lotadas, em um rio de correnteza rápida e com bancos de areia em alguns trechos, sem dúvida uma operação arriscada que requeria grande habilidade. No transporte por terra provavelmente usavam o mesmo método, qualquer que fosse o tamanho da pedra: o arraste. Apenas a quantidade de homens variava conforme o peso a deslocar. Os egípcios sempre cantavam em coro durante o trabalho. Se possível, marcavam o ritmo com as mãos e os pés, o que dava unidade aos movimentos facilitando a tarefa.   
Como Foram Construídas parte 2

DETALHE PIRÂMIDE DE MEIDUMUma vez preparado o local e transportadas as pedras para junto dele, restava o trabalho da construção propriamente dita. Aproximadamente 80% dos materiais do monumento estão concentrados em sua metade inferior. Isto significa que relativamente poucos blocos de pedra foram elevados aos níveis superiores. Uma vez que as pirâmides são sólidas, não foram necessárias paredes ou pilares para suportar a estrutura. Apesar destes fatores, as tarefas não eram simples: havia que elevar os blocos a alturas consideráveis e assentá-los de maneira a criar um interior coeso e uma parte externa de forma regular. Sem levarmos em consideração as câmaras e corredores internos das pirâmides, vejamos, a seguir, de que forma os monumentos estavam estruturados.Tomemos como exemplo a pirâmide de Meidum, construída no decorrer da III dinastia (c. 2649 a 2575 a.C.). Seu cerne é formado por várias camadas de alvenaria, de tamanhos sucessivamente menores, que se sobrepõem criando uma estrutura escalonada. A pirâmide de degraus assim resultante foi posteriormente convertida em pirâmide verdadeira, através do preenchimento dos degraus com pedras pequenas que encheram os vãos. Finalmente aplicou-se um revestimento externo de pedra calcária de Tura. Estudos arqueológicos demonstraram que o mesmo método continuou a ser empregado até períodos bem posteriores do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.).Outro exemplo é o da pirâmide de Sahure em Abusir. Ela é formada por CORTE DA PIRÂMIDE DE SAHUREcamadas verticais com cerne de alve-naria (1) revestidas de pedra calcária (2), blocos de pedra para entulhamento (3) e, por fim, o usual revestimento exterior e polido de pedra calcária de Tura (4). Não sabemos ao certo se as três pirâmides principais do Egito foram edificadas da mesma maneira, porque para sabê-lo seria necessário desmontar partes substanciais dos monumentos. Entretanto, as demais pirâmides subsidiárias situadas em Gizé foram erguidas dessa forma e os estudiosos não vêem razão para que os três colossais monumentos tenham sido construídos de forma diferente. Externamente, todas as pirâmides edificadas após a pirâmide torta de Dahshur eram semelhantes, com exceção do tamanho e de alguns pequenos detalhes. O ângulo normal de inclinação era de cerca de 52°, sendo que a pirâmide vermelha de Dahshur é a única que foge à regra com sua inclinação de 43° 36'.É certo — afirma James Putnam — que as várias camadas de pedra eram assentadas do centro para as bordas e também é evidente que as pedras de revestimento eram colocadas no sentido do topo para a base. Não sabemos como os blocos eram elevados do nível do solo para a sua posição final. É provável que sólidas rampas tenham sido erguidas ao redor da área da construção. Os pesados blocos podem ter sido arrastados ao longo das rampas numa espécie de trenó até a plataforma de trabalho. Vestígios de rampas foram descobertos junto à pirâmide de Meidum. Eles também podem ter usado uma espécie de andaime para revestir o monumento com a pedra calcária.Já I.E.S.Edwards escreve: RAMPANa ausência da roldana — um artefato que não parece ter sido conhecido no Egito antes dos tempos romanos — apenas um método de elevar grandes pesos estava disponível para os antigos egípcios: o uso de rampas compostas de tijolo e entulho, as quais se erguiam a partir do nível do solo até qualquer altura que se desejasse. Se, por exemplo, uma pequena parede tivesse que ser construída, as pedras de cada camada após a primeira seriam trazidas ao nível desejado por meio de uma rampa erguida contra a parede ao longo de todo o seu comprimento e que se projetava para fora em ângulo reto com a linha da parede. Com o acréscimo de cada carreira sucessiva de alvenaria, a rampa podia ser elevada e também estendida, de molde a que o gradiente se mantivesse inalterado. O gradiente da rampa provavelmente dependia do peso do material a ser transportado. Finalmente, quando a parede tivesse sido erguida até a sua altura total, a rampa podia ser desmontada e as faces externas das pedras, que não haviam sido polidas previamente, podiam ser revestidas camada por camada, de cima para baixo, à medida em que o nível da rampa era reduzido. Escombros desse tipo de rampa foram encontrados junto da pirâmide de Meidum, como já dito, e também junto do inacabado templo mortuário de Miquerinos e da pirâmide de Amenemhet I em el-Lisht. Um documento da XIX dinastia (c. 1307 a 1196 a.C.) apresenta as seguintes medidas aproximadas para uma rampa hipotética: comprimento, 379 metros; largura, 29 metros; altura máxima, 32 metros.Os arqueólogos supõem que no caso das pirâmides de degraus os vários níveis serviriam como plataformas, sobre asRAMPA2RAMPA3















RAMPA4quais quatro rampas poderiam ser construídas lado a lado, uma contra cada face do monumento, como ilustra a figura esquemática da esquerda. Estruturas auxiliares, à guisa de andaimes, feitas de tijolos ou madeira, colocadas em locais não cobertos pelas rampas, permitiriam manobrar mais facilmente as pedras usadas no revestimento. É o que ilustra, acima, a foto do Canadian Museum of Civilization Corporation da representação artística feita para um filme. Reduzindo progressivamente a altura de tais estruturas, seria possível trabalhar no revestimento da pirâmide ao mesmo tempo em que níveis mais elevados ainda estivessem sendo erguidos. À esquerda, outra simulação de uma rampa.
Já no que diz respeito às pirâmides verdadeiras, acreditam os estudiosos que existiria uma única rampa que cobria totalmente uma das faces do monumento. À medida em que a pirâmide subia, a rampa ia sendo aumentada em altura e comprimento e seu topo ia sendo estreitado para corresponder à diminuição da largura do monumento. Nas outras três faces da pirâmide haveria estruturas auxiliares de largura suficiente no topo para permitir a passagem do material e dos trabalhadores. Em el-Lisht, escavadores norte-americanos encontraram vigas de madeira que poderiam ter sido colocadas no topo da rampa e das estruturas auxiliares, de modo a formar um caminho estável para a passagem dos trenós que transportavam os blocos de pedra. As rampas seriam lubrificadas com água para reduzir a fricção do arrastar dos blocos. Apenas dez homens seriam necessários para arrastar cada bloco de pedra rampa acima.Pode-se imaginar que uma pirâmide que já estivesse erguida até metade de sua altura total estariaRAMPA5 completamente rodeada pela rampa e demais estruturas auxiliares e que do solo nada se veria das pedras que já tivessem sido assentadas. A parte superior do monumento nada mais seria do que uma plataforma quadrada, pronta para receber uma nova camada de alvenaria. As primeiras pedras a serem colocadas seriam as centrais e os homens trabalhavam simultaneamente nas quatro direções, cuidando para manter sempre a estrututra quadrada. As pedras, polidas apenas na sua face inferior, eram encostadas umas às outras e nem sempre se ajustavam perfeitamente nas laterais, mas os vãos causados pelas irregularidades geralmente não eram preenchidos. O trabalho prosseguia até que restasse a descoberto apenas uma pequena margem da parte externa da plataforma original. Sobre ela era então aplicada uma camada de pedra calcária local, tomando-se maior atenção no que diz respeito ao preenchimento das junções entre as pedras. Foto © do Canadian Museum of Civilization Corporation.O último passo consistia em aplicar o revestimento final com a pedra calcária de qualidade superior extraída em Tura. Tratava-se de uma operação bastante delicada, pois dela dependia todo o aspecto externo do monumento e a manutenção da sua forma piramidal. As junções, não apenas das pedras do revestimento de uma mesma fileira entre si, mas também destas com as pedras da camada mais externa do miolo da pirâmide, mais do que nunca precisavam ser perfeitas. Os arqueólogos acreditam que esse trabalho era executado por habilidosos pedreiros no nível do solo. Quando as pedras subiam para serem colocadas em seus lugares, os ajustes necessários já haviam sido feitos. Mesmo assim, o assentamento das pedras do revestimento não era nada fácil, principalmente se fosse um dos blocos de grandes dimensões pesando, talvez, mais de dez toneladas. Cada pedra era transportada em trenó e posicionada diretamente em frente ao ponto no qual deveria ser definitivamente assentada. Camadas finas de argamassa eram aplicadas sobre ela, formando uma espécie de lubrificante que facilitava seu deslocamento. Com emprego de alavancas, o bloco era retirado do trenó e colocado sobre o topo da pedra correspondente da camada inferior de revestimento e, a seguir, ajustado na sua posição final.A construção ia crescendo da forma descrita, elevando-se PEDRA DO TOPOconcomitante-mente a rampa e as estruturas auxiliares. Por fim, uma pedra triangular, geralmente de granito, era assentada no ápice da pirâmide. Para fixá-la com firmeza, esculpia-se no centro de sua base uma protuberância em forma de disco que se ajustava num encaixe preparado para recebê-la, localizado no centro da última camada de alvenaria do monumento. O mesmo método empregado para assentar as demais pedras deve ter sido usado para ajustar esta última. Embora exista um texto que se refira a uma de tais pedras como revestida de ouro, a mais valiosa encontrada até hoje é feita de granito cinza e pertencia à pirâmide de Amenemhet III, localizada em Dahshur. Suas quatro faces estão esculpidas com invocações dirigidas ao deus-Sol e a três outras divindades.
Terminada a construção do monumento, iniciava-se o polimento de suas quatro faces, iniciando-se pela pedra triangular do topo. À medida em que o trabalho prosseguia, a rampa e as estruturas auxiliares iam sendo desmontadas e a pirâmide começava a surgir em todo o seu esplendor. Os arqueólogos acreditam que nessa fase a rampa e as demais estruturas iam sendo desmontadas não de forma gradual, mas em etapas de vários metros de altura. Eram, então, substituídas por andaimes de madeira, artefatos que sabemos que os egípcios conheciam, os quais permitiriam que uma maior quantidade de homens pudesse trabalhar a diferentes níveis ao mesmo tempo. Finalmente, os construtores dedicavam-se à edificação do templo mortuário, do templo do vale e da calçada que os unia, sendo que alguns deles talvez já tivessem tido seus alicerces assentados antes que a construção da pirâmide fosse iniciada.Já as pirâmides da XII dinastia (1991 a 1783 a.C.) e da XIII (c. 1783 a 1640 a.C.) foram construídas com uma técnica diferente. O motivo para a alteração do método foi a necessidade de economia, uma vez que o novo processo se adequava bem às estruturas relativamente modestas da época, erguidas com materiais inferiores. O autor John Baines nos explica: Do centro da pirâmide partiam sólidas paredes de pedra, enquanto outras, mais pequenas, se cruzavam para formar uma série de câmaras internas cheias de blocos de pedra, de entulho ou de tijolos. A estrutura era então completamente coberta do habitual revestimento exterior. Embora fosse bastante eficaz a curto prazo, este método não se podia comparar aos mais antigos e todas as pirâmides construídas desta maneira estão atualmente muito dilapidadas. A pirâmide de Sesóstris I é um exemplo de monumento construído segundo essa técnica. Como Foram Construídas parte 3
 

TRABALHO NO INTERIOR DA PIRÂMIDE

De que forma teriam sido construídos os corredores e câmaras internas das pirâmides? Como tais partes ocupavam apenas uma pequena porção de todo o monumento, acredita-se que possam ter sido erguidas quase que independentemente do restante da tarefa. Rampas subsidiárias, capazes de serem desmontadas em poucas horas, podem ter sido erguidas em qualquer estágio conveniente, de maneira que os blocos pudessem ser erguidos a pontos consideravelmente mais altos do que o nível da camada da pirâmide que estivesse sendo construída naquele instante. Assim, os operários teriam tempo de terminar seu trabalho no interior do monumento antes que chegasse o momento de assentar as pedras da pirâmide que cobririam os corredores e câmaras. Os blocos, muito provavelmente, eram preparados e numerados antes que chegasse o momento de sua utilização e, deste modo, ao serem levados às suas posições finais, o assentamento se fazia sem muita demora. Os sarcófagos e portas levadiças eram introduzidos no recinto respectivo antes que suas paredes fossem edificadas.










Quando a câmara funerária era talhada diretamente na rocha, fazia-seBAIXANDO O SARCÓFAGO necessário colocar o sarcófago em seu interior antes da construção do teto. Os túneis de acesso às câmaras, na maioria dos casos, não tinham dimensões suficientes para que os sarcófagos pudessem ser introduzidos por ali. Um dos métodos que os arqueólogos imaginam que pode ter sido usado consiste em encher inteiramente a câmara sepulcral de areia e cascalho, arrastar o sarcófago para o centro desse monte de pedras e, a seguir, retirar paulatinamente o entulho. Dessa maneira o ataúde desceria lentamente até o solo sem sofrer danos. Como geralmente a câmara mortuária estava ligada a uma antecâmara, uma parede podia ser construída entre os dois recintos para conter a areia e esta se escoava quando a parede era demolida após o assentamento do sarcófago.
Para a construção do teto de algumas das câmaras funerárias deve ter sido empregado o mesmo processo. Depois do sarcófago ter sido devidamente colocado em seu lugar, o compartimento era novamente preenchido com areia até
COLOCANDO O TETO: FIG. 1COLOCANDO O TETO: FIG. 2
que esta transbordasse e as grandes lajes que formavam a cobertura eram então arrumadas de forma inclinada sobre o entulho. Ajustados os blocos cuidadosamente, a areia e as pedras eram retiradas através de seu escoamento para o compartimento que fosse contíguo à câmara mortuária.
Areia, terra e entulho também devem ter sido empregados na edificação dos templos. O possível método de construção de um templo pode ser descrito da seguinte maneira: inicialmente era colocada a primeira camada de pedras do templo e todo o espaço ao seu redor era recoberto de terra. As pedras da segunda camada eram içadas por meio de rampas
CONSTRUINDO UM TEMPLO: FIG. 1CONSTRUINDO UM TEMPLO: FIG. 2
e empurradas para cima desse aterro. A seguir eram colocadas em seus lugares. Novamente preenchia-se com entulho o espaço circundante até nivelar com a altura da segunda camada de pedras. Colocava-se então no lugar a terceira camada e assim se procedia sucessivamente, CONSTRUINDO UM TEMPLO: FIG. 3fieira após fieira. Concluídas as paredes centrais, a terra que cobria o templo inteiro era retirada. O trabalho se repetia com emprego do mesmo método, agora para erguer as paredes de revestimento do templo. Feito isso, novamente o aterro era retirado. Chegara a vez das colunas de granito
destinadas a sustentar o teto. Inicialmennte elas estavam talhadas grosseiramente. Tais pilares eram colocados por homens que se instalavam no alto das paredes. Essas equipes puxavam as colunas com cordas, enquanto outros homens as empurravam com alavancas. Uma vez que todas as colunas estivessem em seus lugares, novamente o templo era preenchido de entulho e, finalmente, as lajes do teto eram alçadas às suas posições através de rampas. Quando o teto já se encontrava totalmente colocado e acabado, o entulho ia sendo retirado progressivamente. Nessa fase ele servia como plataforma de trabalho para os artífices. Uns finalizavam os capitéis das colunas, que antes haviam sido apenas rudimentarmente esculpidos; outros gravavam e pintavam, não só nas colunas mas também nas paredes do templo, vários episódios, reais ou imaginários, da trajetória do faraó nessa vida e na do além-túmulo. A pavimentação do solo, em pedra de granito ou alabastro lindamente talhada, era o último passo desse hábil trabalho de construção. As calçadas de acesso aos templos, supõem os arqueólogos, eram construídas com o emprego da mesma técnica. Especulam também muito os estudiosos sobre o eventual número de trabalhadores que teriam sido empregados na construção das pirâmides e o tempo necessário para erguê-las. Na visão de Heródoto a Grande Pirâmide levou 20 anos para ser construída. E pelo que ele afirma, no decorrer de um ano eram empregados 400 mil homens divididos em turmas trimestrais de 100 mil homens cada. Dizem os arqueólogos que esse número é exagerado. Tendo-se como aproximadamente correto o fato de que aquele monumento é formado por dois milhões e 300 mil blocos de pedra, o número médio de blocos a serem transportados anualmente, por um período de 20 anos, seria de 115 mil. Tais blocos pesam, em média, duas toneladas e meia e os estudiosos acreditam que poderiam ser manuseados por turmas de oito homens. Se considerarmos um total anual de apenas 100 mil homens, cada turma teria que mover 10 blocos em 12 semanas, o que parece ser uma tarefa factível, sobretudo levando-se em conta que a distância a ser vencida não era muito grande, principalmente para os blocos da parte interna do monumento, os quais eram encontrados normalmente naquelas vizinhanças. Ao que tudo indica, o trabalho era realizado durante a estação da inundação, dos finais de julho ao fim de outubro, quando a terra não podia ser cultivada e a mão-de-obra ociosa era abundante.No que diz respeito aos 20 anos de construção atribuídos por Heródoto à edificação da Grande Pirâmide, existem evidências que se contrapõem a essa informação. Nas pedras do revestimento da pirâmide vermelha de Dahshur foram encontradas duas datas inscritas com ocre vermelho. A primeira refere-se ao 21º ano do reinado de Snefru e, estando inscrita no canto nordeste do monumento, deve indicar o ano no qual o trabalho começou. A outra data está inscrita num bloco situado no centro de uma das faces da pirâmide e indica o ano seguinte daquele reinado. Como Snefru havia mandado construir anteriormente a pirâmide torta e, pelo menos parcialmente, a pirâmide de Meidum, é bem provável que a pirâmide vermelha tenha sido erguida no final do seu reinado de apenas 24 anos. Entretanto, torna-se difícil acreditar que fosse possível erigir tal monumento em apenas três anos se a Grande Pirâmide, com apenas uma terça parte a mais em volume, tivesse levado 20 anos para ser concluída. Tudo isso demonstra quão especulativas ainda são as afirmações feitas pelos estudiosos a respeito dos enígmas das pirâmides.
Como Foram Construídas
Outras Hipóteses 

ARRASTANDO PEDRAS
Inúmeros estudiosos não aceitam as teorias clássicas sobre como as pirâmides foram construídas.
É difícil conceber as centenas de milhares de horas de trabalho gastas para arrastar os maciços blocos de pedra, pesando cerca de duas e meia toneladas cada um, pelas rampas acima, descendo pelas estradas, utilizando um sistema de alavancas, rodízios, roldanas e puro "suor corporal" — afirma o pesquisador Max Toth. Por sua vez, o cientista argentino J. Alvarez Lopez declara: Minha impressão pessoal é que a ciência e a técnica dos criadores da Grande Pirâmide estavam num nível superior ao da ciência e da técnica que possuímos no presente. Aceitando-se um total de dois milhões e 300 mil blocos de pedra para a Grande Pirâmide, um período de construção de 20 anos e uma jornada de trabalho de oito horas diárias, cálculos simples revelam que seria possível ajustar 0,7 blocos por minuto. Em outras palavras, levaria aproximadamente 10 minutos para ajustar sete de tais enormes blocos perfeitamente no lugar. Isto sem considerarmos o tempo gasto para construir ou demolir a rampa usada para elevar as pedras. Engenheiros têm calculado que tal rampa requereria 18 milhões de pedras, mais de sete vezes que a quantia usada para a própria pirâmide, e o emprego de mão-de-obra de 240.000 pessoas durante o reinado de Kéops e mais do que 300.000 trabalhadores para desmontá-la depois, durante pelo menos oito anos. Não se está levando em conta o tempo gasto para posicionar os nove blocos, cada um pesando 50 toneladas, do interior das câmaras reais, ou o tempo para revestir o monumento com as pedras do acabamento. De forma surpreendente, uma experiência de investigadores japoneses, por volta de 1990, para construir uma pirâmide usando tecnologias modernas foi abandonado após seis meses, quando os cálculos mostraram que levariam mais de 1000 anos para completar a tarefa.A muitos causa estranheza o fato dos egípcios terem os conhecimentos geológicos suficientes para saberem que uma área imensa na margem ocidental do Nilo era constituída por uma vasta fundação rochosa e sem falhas. Sem esse pré-requisito, a Grande Pirâmide teria desmoronado, provavelmente durante a construção. Otro fato que surpreende é que após limpar de areia e terra vários hectares de terreno, a rocha sólida que surgiu teve que ser nivelada e alisada antes que a edificação fosse iniciada e esse nivelamento é tão exato que a pirâmide de Kéops está menos de 12,70 milímetros fora do nível. Numa extensão de 230 metros (comprimento de um dos lados da pirâmide), um tal desnível — afirma o primeiro autor citado — pode ser considerado realmente desprezível, pois é um erro de 0,00005% apenas. Essa variação infinitesimal de precisão rivaliza com as imprecisões existentes hoje na maior parte das técnicas de construção de nossos tempos. A arqueologia clássica afirma que os conhecimentos matemáticos dos egípcios eram bastante primitivos. O conceito se baseia nos poucos textos que chegaram até nós sobre o assunto e que são, em sua maioria, destinados ao ensino infantil. Objeta-se que os papiros encontrados não representam, portanto, o nível mais elevado alcançado pela matemática daquele povo. Para saber qual foi esse nível, temos que nos valer dos monumentos deixados, os quais demonstram a capacidade que os egípcios possuíam para efetuar medições. Tomando como exemplo a base da pirâmide de Kéops, os estudiosos nos demonstram que o erro no dimensionamento dos seus lados é da ordem de 0,02 milímetros por metro. São inúmeras as fontes de erro nesse gênero de medições — afirma J. Alvarez Lopes — e se são indispensáveis os conhecimentos do nível, da lupa e do nônio para realizá-las, ainda assim não são suficientes, tornando-se indispensáveis conhecimentos adicionais de física e termologia. (...) Não é possível imaginar que medidas de tamanha precisão tenham-se realizado com cordas de folhas de palmeira. Por conseguinte, deveriam ter utilizado varetas ou arames metálicos; mas se tal fosse o caso, como explicar a maneira pela qual corrigiram a dilatação térmica dos metais?Depois de informar que são normais em Gizé diferenças diurnas na temperatura de mais de 20º C entre as dez horas da manhã e as duas da tarde, o autor esclarece que para trabalhar em tais condições não seria possível usar varetas de cobre, o metal conhecido na época. Seria necessário utilizar fitas de invar, uma liga de ferro com 36% de níquel de baixo coeficiente de dilatação térmica. Seria preciso, ainda, manter nas medições um controle da temperatura da ordem do gráu centígrado. Isso aponta na direção de uma capacidade tecnológica que não é atribuída aos egípcios pela arqueologia clássica: posse de termômetros e conhecimento exaustivo da física dos metais.Outras fontes nos dizem que o corredor descendente da pirâmide de Kéops, com cerca de 105 m de extensão, é tão preciso que se desvia de seu eixo central em menos de um quarto de polegada no sentido lateral e de apenas um décimo de polegada para cima ou para baixo. Isto só se compara com as melhores perfurações controladas a laser da atualidade. As pedras do revestimento que cobrem o monumento também estão tão perfeitamente ajustadas que o espaço da junção entre elas que recebe a argamassa tem apenas 0,17 cm. O egiptólogo Flinders Petrie comparou tal precisão fenomenal com o que há de melhor na indústria ótica, afirmando que isto vai além das capacitações da tecnologia moderna. As pedras não mostram qualquer sinal de ferramentas e os cantos não estão lascados, nem mesmo ligeiramente.
Também o conhecimento astronômico dos antigos egípcios parece ter sidoUM FENÔMENO bem superior ao que lhes é atribuído pela arqueologia clássica. Um fenômeno bastante curioso que acontece na Grande Pirâmide somente nos dias de equinócio, e que dura apenas 20 segundos, ilustra isso. Quando o Sol se põe, uma metade da face sul do monumento fica escura e a outra metade permanece iluminada. Na verdade a face sul da pirâmide de Kéops é anômala: sua linha de base tem uma entrada de 94 centímetros em seu centro. Considerando-se que as linhas retas dos demais lados da base não apresentam erros superiores a três milímetros, fica evidente que o desvio da face sul foi intencional. O ângulo formado na junção das duas linhas oblíquas é de 27 minutos de arco. Comenta J. Alvarez Lopes: Além da capacidade construtiva que permite modelar, nesta ordem de medidas, uma superfície de quase quatro hectares (superfície dos triângulos laterais da Grande Pirâmide), ressalta o fato de que o movimento do Sol no equinócio corresponde a 23 minutos de arco a cada 24 horas. Este notável ajuste angular faz com que o fenômeno possa ser observado unicamente nos dias de equinócio — que foi o efeito buscado deliberadamente e com precisão pelos seus criadores. Apesar da inexistência total de textos referentes a esse fenômeno, os estudiosos acreditam que os antigos egípcios mediam a duração do ano pela observação dessa sombra do equinócio, o que provaria o elevado nível de conhecimentos astronômicos daquele povo e as intenções científicas que o movia ao construírem os monumentos.Ainda no que diz respeito aos conhecimentos de astronomia dos egípcios, existem outros dados surpreendentes. Por exemplo: eles calculavam o ano com uma duração de 365,2425 dias, baseados no ciclo da estrela Sírio (Sothis). O cálculo moderno é de 365,2422 dias. Já dispunham dessa informação, que importa em um conhecimento astronômico adiantado, no decorrer das primeiras dinastias e só poderiam ter chegado a tal precisão depois de observações milenares, mas nada sabemos sobre os métodos eventualmente empregados. Outra característica desconcertante da Grande Pirâmide são os quatro condutos, dois na Câmara do Rei e dois na Câmara da Rainha. Em cada câmara, um deles é dirigido precisamente para o Norte, enquanto o outro está orientado com precisão para o Sul. Se tais condutos foram projetados para ventilação ou para servir a um propósito religioso, continua sendo um mistério. O alinhamento deles era difícil de ser conseguido, especialmente pelo fato disso ter sido feito durante a construção. Os construtores parecem ter selecionado uma estrela alvo, visível a olho nu e suficientemente alta no firmamento para não ser perturbada pela atmosfera da terra. Ela poderia ser vista pelo conduto durante todas as fases construtivas. Os construtores da pirâmide foram capazes de inserir estes condutos — quase perfeitamente direcionados para o Norte e para o Sul — por dezenas de metros dentro da pirâmide e com uma precisão próxima a de um raio laser. Os alinhamentos dos condutos para os pontos culminantes das estrelas são tão precisos, que eles apontam exatamente para as três estrelas do Cinturão de Orion, nas quais os egípcios se apoiavam seguidamente em suas observações astronômicas.E o que dizer da constatação de que várias pirâmides egípcias têm seus INSTRUMENTOS PRIMITIVOSquatro lados orientados para os pontos cardeais? Muitos arqueólogos acreditam que isso é mero produto do acaso. E pensam assim porque não se conhecendo instrumentos adequados ao trabalho, nem textos que falem do assunto, concluem que os egípcios não possuíam tecnologia suficiente para tanto. Outros arqueólogos, entretanto, não concordando com esse ponto de vista, saíram em busca de outras respostas, procurando reconstruir os processos através dos quais os egípcios poderiam ter orientado seus monumentos. A conclusão a que chegaram foi a de que o objetivo deve ter sido alcançado pela observação das estrelas circumpolares e sete processos diferentes foram indicados como exequíveis. Para executar tais processos os antigos egípcios disporiam apenas de dois instrumentos primitivos: uma espécie de prumo e uma vareta reta de palmeira com um corte em V na sua extremidade mais larga. Esse último, chamado de vara do observador das horas era usado para medir, pela altura das estrelas, as horas da noite. Nenhum desses instrumentos é mencionado em textos anteriores à XVIII dinastia, mas isso não significa que não fossem usados no decorrer das primeiras dinastias. Entretanto, o erro de posicionamento das faces dos monumentos em relação aos pontos cardeais em oito das principais pirâmides (Meidum, torta, Kéops, Kéfren, Miquerinos, Sahure, Neferirkare e Neuserre) é tão pequeno, que vários estudiosos duvidam que tal precisão pudesse ter sido alcançada por métodos primitivos de observação estelar. Duvidam, ainda, que qualquer processo que não empregasse instrumentos óticos pudesse levar aos níveis de precisão alcançados por aquele povo nessa matéria. O cientista J. Alvarez Lopes entende que sendo impossível, por meios não-ópticos, conseguir a orientação que apresentam as pirâmides, a alternativa é evidente: utilização de teodolitos ou simples acaso.Causa bastante polêmica, também, o método segundo o qual a egiptologia clássica entende que os tremendos blocos de pedra foram extraídos. As ferramentas simples encontradas junto ás pedreiras são incompatíveis com esse trabalho hercúleo, na opinião de muitos estudiosos do assunto. Na realidade, os únicos implementos empregados pelos artesãos egípcios que foram encontrados são cinzéis de cobre que mal conseguiriam cortar cartolina, no dizer de Max Toth. Alegam os "especialistas" — pondera esse autor — que os pedreiros cavavam, cinzelavam, entalhavam, rachavam e martelavam para quebrar os blocos imensos de dentro de pequenos túneis cavados fundo na rocha — e depois raspavam, poliam e acabavam esses monolitos fazendo deles cubos quase perfeitos. O interessante é que nenhum dos utensílios de cobre — supostamente temperados por ferreiros altamente habilitados para darem a força necessária para moldar a pedra — jamais foi encontrado. Alguns blocos de pedra sem polimento encontrados junto às pedreiras foram identificados como tendo saído de tal ou qual buraco das paredes das mesmas. Seriam como tampões daqueles enormes orifícios. Embora se possa conceber a possibilidade de executar os dois cortes verticais e os dois cortes horizontais desses tampões, é difícil de entender como foi possível executar o corte nos fundos para a retirada das pedras. Tal explicação ainda não foi encontrada de forma convincente.Diversos orifícios encontrados nas pedras parecem ter sido produzidos por brocas para rochas, chamadas modernamente de trépanos. O equipamento moderno é formado por um tubo de metal com uma a quatro pontas de material cortante de grande dureza em sua extremidade. Ao girar, a ferramenta penetra na rocha deixando um tarugo dentro do cilindro. Os estudos mostraram que a ferramenta egípcia funcionava de forma semelhante à moderna e os engenheiros afiançam que somente aplicando duas toneladas de pressão ao perfurador seria possível executar aqueles orifícios. O intrigante é que essa enorme pressão não pode ser aplicada aos trépanos modernos, feitos de aço e diamante, sem que eles arrebentem. O que aconteceria, então, se a ferramenta egípcia, como advogam alguns arqueólogos, fosse feita de bronze e esmeril? Por sua vez, parece não haver qualquer possibilidade de ter existido outro processo que dispensasse a aplicação de pressão tão elevada.Vários técnicos analisaram o possível modo de funcionamento das brocas egípcias, já utilizadas no decorrer da I dinastia, e — nos relata J. Alvarez Lopes — chegaram à conclusão de que com os materiais que a moderna tecnologia conhece não é possível construir uma ferramenta semelhante. Com efeito, as melhores brocas modernas, operando sobre quartzito e diorito, conseguem uma penetração máxima de 0,04 milímetros por volta, enquanto que as brocas egípcias, como provam as hélices deixadas nas pedras escavadas e em tarugos, penetravam cem vezes mais. Não é possível para os tecnólogos modernos construir, ou mesmo imaginar, um aparelho semelhante. Nosso aço ou diamante são insuficientes. (...) Na opinião dos técnicos que consultei a esse respeito, se algum inventor conseguisse um trépano da capacidade do egípcio, a arte de perfurar rochas ficaria não só revolucionada mas afetar-se-iam todos os processos modernos de produção industrial. (...) Para que a indústria moderna fosse capaz de imitar a eficiência dos trépanos egípcios, seria necessário que possuíssemos um elemento cortante cinquenta vezes mais duro que o diamante. E isto nem mesmo sonham os cientistas e tecnólogos modernos.


Outras Hipóteses — Parte 2 

PERFURATRIZESSão conhecidos dois tipos de perfuratrizes empregadas pelos antigos Egípcios e ambas já existiam antes do período dinástico. Do primeiro tipo há vários modelos, dos quais dois podem ser vistos na ilustração ao lado. Nesse caso o perfurador era acionado por uma corda enrolada numa vareta. Serviam para acender fogo e fazer pequenos furos e eram amplamente usadas. O outro tipo era uma perfuratriz pesada que trabalhava com pó de esmeril. J. Alvarez Lopes assim a descreve: a perfuratriz consistia numa estaca de madeira que levava duas pedras pesadas na parte superior e um pequeno pedaço de pedra enganchado na parte inferior que ia se movendo à medida em que se alargava a perfuração. A pressão era exercida pelas duas pedras atadas à parte superior (uns 10 quilos), servindo também de volante. O operário segurava com uma das mãos um chifre oco que servia de bucha superior enquanto com a outra fazia girar o dispositivo apoiado na pedra que se desejava perfurar, constituindo a bucha inferior. Embora essa última ferramenta tenha servido para confeccionar vasos de pedra, discute-se se teria sido usada na produção de vasos dePEDAÇO DE DIORITO diorito do Império Antigo. Tais vasos, diferentemente dos demais que são esmerilhados, apresentam em seu interior linhas circulares paralelas, espaçadas regularmente como as de um torno moderno. No desenho que se vê à direita, elaborado pelo eminente arqueólogo Flinders Petrie, está representado um pedaço de diorito, encontrado em Gizé, no qual a ferramenta utilizada deixou sulcos notavelmente regulares. São marcas que devem ter sido produzidas por um ferramental de ponta dura como o diamante, mas esse mineral é tido como desconhecido naquela época. As pedras mais duras então conhecidas — berilo, topázio, crisoberilo e córidon — tinham dureza insuficiente para cortar o diorito. Além disso, o diorito, material no qual foi esculpida a estátua de Kéfren, deixou de ser trabalhado nas dinastias posteriores. Para explicar esse e outros fatos contraditórios, afirmam alguns estudiosos que realmente os egípcios das primeiras dinastias possuíam instrumentos superiores aos das dinastias seguintes. Afirmam, também, que a partir da IV dinastia os processos mecânicos deixaram de evoluir, tendo até regredido. Dizem, ainda, que é difícil saber o que causou os progressos iniciais e sua posterior estagnação.É praticamente impossível os egípcios terem trabalhado o quartzo, o granito, o pórfiro e o diorito, como o fizeram, se não possuíssem ferramentas de ferro. Entretanto, nenhuma referência àquele metal foi encontrada pela arqueologia nos escritos do Império Antigo e tampouco são conhecidos objetos fabricados com ele. A explicação que se dá para o fato é a de que, ao que parece, no Egito o ferro era empregado durante a cerimônia de abertura da boca. Isso teria dado um caráter sagrado ao metal e uma espécie de tabu teria feito com que, embora o material fosse usado amplamente, seu emprego fosse mantido zelosamente em segredo. E talvez a isso também esteja associado o fato dos ferreiros formassem confrarias secretas.Alguns cortes existentes nos blocos de pedra e nas paredes das pedreiras PEDAÇO DE BASALTOparecem ter sido executados por instrumentos equivalentes a uma lâmina de serra. Os engenheiros avaliam que o instrumental necessário à execução dessas tarefas deveria ser de excelente qualidade. Exemplares de serras feitas de bronze com dentes de esmeril foram achados pelos arqueólogos. Blocos de calcário, de basalto e de granito com marcas compatíveis com o emprego dessas ferramentas também foram localizados. Neste outro desenho de Flinders Petrie, por exemplo, vê-se um pedaço de basalto com um corte de serra de través e que foi encontrado abandonado com areia e o pó da serra ainda nele. Trata-se de um fragmento resultante da preparação do amplo pavimento de basalto situado a leste da Grande Pirâmide. Entretanto, em outras pedras as marcas deixadas denotam a aplicação de uma pressão elevada incompatível com o uso daquelas ferramentas. A dedução lógica é a de que existiu uma outra ferramenta sobre a qual nada sabemos. Tomando por base o sarcófago de granito de Kéops, cujo interior apresenta um paralelismo perfeito das faces opostas e perfeição no ângulo reto das faces laterais contra o fundo, acredita-se até mesmo que essa serra por nós desconhecida, e que nesse caso específico deveria ter quase dois metros e 50 centímetros de comprimento, fosse guiada mecânica e não manualmente.Diante das diversas dúvidas existentes, as explicações alternativas às teorias clássicas incluem todo tipo de hipótese. Uma delas sugere que teriam sido usados dispositivos a laser para a extração das pedras. O laser deixaria marcas semelhantes às de uma lâmina de serra e a tese se encaixa na concepção de que foram civilizações mais evoluídas que construíram as pirâmides. Em extremo oposto, já foi dito que talvez tivessem usado sucos das folhas de certas plantas que amolecem a pedra, facilitando sua perfuração. De modo geral, entretanto, o que acreditam os estudiosos não alinhados com as explicações clássicas é que o nível da tecnologia egípcia era superior àquele que se aceitou até agora. Um grande mistério é o desaparecimento dos implementos que teriam sido VASILHA COM TARUGOutilizados para cortar e trabalhar as pedras. Afinal, foram milhões de blocos empregados em dezenas de pirâmides, o que exigiria uma quantidade imensa de ferramentas para uso dos operários. Flinders Petrie afirma que as grandes serras e perfuratrizes usadas pelos trabalhadores das pirâmides deveriam ser propriedade real e que talvez o operário que a usava pudesse pagar com a própria vida se a perdesse. As brocas para pedras daquela época, como vimos, parece que funcionavam como as atuais: deixavam no interior do furo um tarugo de pedra. Os arqueólogos encontraram muitos desses tarugos e até pedras semi-perfuradas com o tarugo em seu interior, como exemplifica essa vasilha de alabastro desenhada por Petrie, mas nunca encontraram a ferramenta que executou o trabalho. Uma explicação que se deu para o fato foi a de que os turistas da própria antiguidade, os mesmos que deixaram grafitos nos monumentos, levaram as ferramentas como lembrança de suas visitas. Mas pergunta-se: é plausível que zelosos artesãos tenham deixado suas ferramentas de trabalho jogadas ao léu no final da obra? Não é muito mais lógico que as tivessem recolhido e guardado para o trabalho na próxima tarefa? Tais dúvidas levam alguns estudiosos a afirmarem que o pequeno número de ferramentas simples de cobre encontradas em algumas das pedreiras não devem ter sido os instrumentos de trabalho nelas empregadas e sim utensílios de outro ofício. Petrie afirmou que o fato das ferramentas não terem sido encontradas deve-se apenas ao acaso. Se assim for, diz J. Alvarez Lopes, o acaso não explica por que não aparecem, nas inscrições, pinturas e papiros que conhecemos da cultura egípcia, nem representações, referências ou palavras alusivas a qualquer método ou aparelho científico e alta tecnologia empregados pelos egípcios. Cheio de indagações também se apresenta o capítulo referente à maneira como as pedras foram transportadas das pedreiras até o local das obras. Como é óbvio, não é fácil arrastar um único bloco de pedra pela areia. Que dirá milhões? O transporte por terra com uso de trenós como advoga a egiptologia clássica é contestado por inúmeros estudiosos. A maior contestação baseia-se no fato de que o transporte exigiria que uma área do deserto fosse nivelada e pavimentada com madeira, criando-se assim uma superfície lisa sobre a qual os trenós pudessem ser arrastados. Ora, é sabido que a madeira era escassa na região. Só havia palmeiras que, como produtoras de tâmaras essenciais à alimentação, dificilmente seriam sacrificadas. Embora a madeira pudesse ser importada, só há registro dessa operação comercial cerca de 1000 anos depois. Não se pode esquecer, também, que toda essa madeira, tanto dos trenós quanto da pavimentação, deveria ser substituida constantemente, tendo em vista o enorme peso e atrito aos quais estaria submetida, o que causaria nela constantes rachaduras. E esse seria um processo extremamente caro e demorado.A hipótese do uso de rampas está baseada em dois fortes indícios: pinturas existentes em túmulos da XVIII dinastia que as representam numa cena de construção de colunas de um templo e a descoberta de ruínas de rampas em vários locais de escavações, inclusive em Gizé. Os objetores apontam o fato de que artefatos empregados na XVIII dinastia jamais poderão ser encarados como também existentes e destinados à mesma finalidade durante a IV dinastia e afirmam que o fato de terem sido descobertas rampas perto das pirâmides não significa necessariamente que elas tenham sido usadas para erguer todas as pirâmides do local. Podem ter sido empregadas apenas em pirâmides das últimas dinastias, ou para retirada das pedras do revestimento de pirâmides já erguidas, com o fito de usá-las em outros monumentos. Comentando esse assunto, Max Toth observa que embora os arqueólogos e egiptólogos se sintam relativamente seguros e satisfeitos em atribuir as práticas de construção da XVIII dinastia ao período das cinco primeiras dinastias, essas mesmas autoridades têm a ingenuidade de dizer que as pirâmides dos últimos faraós eram obviamente inferiores, em termos de artesanato e perícia técnica, às pirâmides do Antigo Império. Estranhamente, esses egiptólogos não vêem qualquer incongruência no fato de atribuírem técnicas de construção idênticas a estruturas tão diferentes na qualidade de sua construção. Uma forte objeção à possibilidade de terem sido empregadas rampas baseia-se no fato de que só o trabalho necessário para a construção delas seria equivalente ao trabalho de construir a própria pirâmide. É totalmente desconhecida a existência de máquinas que os egípcios pudessem ter utilizado para o transporte das pedras. A visão de Heródoto de que foram empregadas máquinas na construção da pirâmide de Kéops é considerada equivocada pelos arqueólogos, pois eles não encontraram em suas escavações textos, imagens ou restos de tais máquinas. Entretanto, Flinders Petrie refere-se a uma pedra de duas toneladas que foi colocada em uma das câmaras da pirâmide de Kéfren depois de pronto o compartimento. A operação exigiria a presença de 40 ou 60 homens em um espaço que não comporta tal número de pessoas, de onde aquele arqueólogo concluiu que os egípcios dispunham de máquinas e, segundo ele, muito eficientes.Os estudiosos que aceitam a possibilidade de terem existido máquinas para o transporte e manuseio das pedras se deparam com outro problema: qual a natureza dessas máquinas? Uma das possibilidades consiste em colocar o enorme bloco de pedra sobre duas pilhas de madeira e, usando alavancas, introduzir, alternadamente, novos pedaços de madeira de cada lado. Esse sistema se encaixa na descrição de Heródoto quando ele diz que as máquinas eram feitas de pequenos pedaços de madeira. Petrie afirmou que os grandes blocos do teto da câmara do rei da pirâmide de Kéops poderiam ter sido elevados por meio desse processo. Uma segunda possibilidade consiste no emprego de um artefato formado por dois pedaços deBALANCEIRO madeira curvos na base e unidos por travessas e que foram encontrados na forma de modelo em sepulturas do Império Novo. Na realidade essa peça permite a oscilação da pedra, mas testes realizados mostraram que ela seria ineficiente para a elevação dos blocos. Aventou-se então a hipótese de que tais artefatos poderiam ter sido usados aos pares, colocando-se inicialmente a pedra sobre um deles e depois ajustando o outro por cima. Os cilindros assim formados, com o grande bloco de pedra em seu interior, poderiam ser transportados com relativa facilidade.


Outras Hipóteses — Parte 3 

BARCO DE SAHUREProblemas bem maiores que o transporte terrestre acarretaria o transporte fluvial. É bem verdade que no templo funerário de Sahure, faraó da V dinastia que reinou entre 2458 e 2446 a.C., foi encontrado o mais antigo registro pictórico de barcos marítimos egípcios (numa reconstituição ao lado) e que os sofisticados aspectos de tais embarcações indicam um longo período de atividades marítimas anteriores. Entretanto, os problemas a enfrentar nos dois casos eram diferentes. Ainda é Max Thoth quem afirma: Dizem que os blocos de pedra pesavam, em média, 2,5 toneladas, enquanto alguns prédios subsidiários no conjunto da pirâmide exigiam blocos de pedra isolados de mais de 200 toneladas. Não só as barcas teriam de ser extremamente grandes para transportar tais pesos, como ainda as condições, nesse caso, determinariam que o batelão tivesse um fundo chato, para não emborcar. Nunca foram encontrados quaisquer vestígios dessas barcas, nem tampouco existe qualquer registro delas. Outro detalhe constantemente lembrado é o de que, em certos casos, as embarcações teriam que navegar contra a correnteza do rio. No que se refere ao tipo de força que impulsionava as barcas em tais circunstâncias, alguns admitem que centenas ou talvez milhares de pessoas pudessem vir pelas margens do Nilo puxando cordas presas a elas. Outros desdenham dessa explicação.Uma teoria clássica muito defendida é a de que o trabalho de transporte das pedras era realizado durante as cheias do Nilo, o que encurtaria as distâncias a serem percorridas por terra entre a pedreira ou o monumento e as margens do rio. Os objetores desse ponto de vista dizem que isso causaria um problema a mais: o transbordamento das águas traria consigo a tremenda força da corrente, tornando quase impossível a navegação. Mas a realidade é que existem conchas e outros fósseis marinhos espalhados em várias profundidades em volta da base da pirâmide de Kéops. É possível, então, afirma-se, que o rio Nilo tenha sido represado e sua inundação controlada. Isso permitiria levar a água até a distância desejada das pedreiras ou dos monumentos e evitaria a força da correnteza. A barcaça, então, poderia ser controlada por poucas pessoas. Avança ainda essa idéia com a afirmativa de que o nível das águas seria controlado de modo a subir na medida em que a altura da pirâmide crescesse. As barcas seriam levadas à altura atual do monumento pelo próprio subir das águas e as pedras simplesmente deslizariam para seus lugares, sem trenós, sem rampas e sem alavancas. Reforça a tese o fato de que a cheia anual do Nilo faz com que suas águas cheguem a apenas 500 metros de distância das pirâmides de Gizé e a menos do que isso da pirâmide de Meidum, o que leva a pensar que tais monumentos foram plantados em tais locais para facilitar o trabalho com a massa de água represada.Finalmente, até mesmo um antiquíssimo conto árabe já foi invocado para tentar explicar o transporte das pedras. É mais uma vez Max Toth que nos fala desse conto, o qual revela a existência de um papel mágico repleto de inscrições sagradas. Esse papel, diz a lenda, uma vez colocado sobre um pesado bloco de pedra e martelado, fazia com que o bloco perdesse grande parte do seu peso, possibilitando seu transporte por apenas alguns homens. Considerando que quase todas as superstições têm algum fundo de verdade, aquele autor afirma: Acredito que, devido a uma tradução falha de textos antigos, e a incompreensão de várias palavras do conto, transmitidas pelas várias gerações, o "pedaço de papel com inscrições sagradas" no conto citado foi mal interpretado. Poderia ter sido um quadro de circuitos eletrônicos, finíssimo, aquilo que foi colocado sobre a pedra. E o "martelo" poderia não ter sido um martelo em absoluto, e sim uma pilha ou célula elétrica que, ao ser "tocada" em certo ponto no dispositivo eletrônico (em vez de ser "martelada"), ativava o dispositivo, fazendo com que ele anulasse os efeitos da gravidade. Estando o pedaço de pedra então "flutuando", seria bem fácil para um pequeno grupo de trabalhadores movê-la.Seja lá como tenham sido construídas as pirâmides, o enorme esforço que DESMONTANDO ABU SIMBELrepresentou esse trabalho pode ser medido pela tarefa de deslocamento dos templos rupestres de Abu Simbel, o qual foi realizado entre 1963 e 1968 por engenheiros e técnicos de todo o mundo, reunidos num consórcio sueco. A despeito de toda a tecnologia então empregada, muitos monólitos não puderam ser erguidos e os blocos tiveram que ser fragmentados em pedaços menores para serem deslocados. Em outras palavras: blocos de pedra que os egípcios haviam conseguido manobrar intactos tiveram que ser divididos, pois a tecnologia do século XX não conseguiu repetir o feito.Talvez a maior realização tecnológica de alta precisão dos egípcios tenha sido o revestimento de calcário da Grande Pirâmide. Os blocos de revestimento na face norte do monumento, pesando 16 toneladas, com superfícies planas de até três metros quadrados, mostram um paralelismo ao longo das arestas — que medem um metro e 90 centímetros — da ordem de 0,05 milímetro por metro. Os blocos estão justapostos com uma aproximação de 0,05 milímetros, ou seja, estão em contato íntimo, e a abertura média das juntas é da ordem de 0,5 milímetros. O renomado arqueólogo Flinders Petrie afirmou que colocar em posição blocos de tal peso e tal superfície constitui já, por si, uma empresa delicada mas fazê-lo pondo cimento nas juntas parece impossível. Os blocos não apresentam arranhões que indiquem que foram arrastados, nem possuem pontos de engate para cordas ou gruas. O cimento usado era o gesso, de adesão rápida, o que dificultaria ainda mais o trabalho. Em poucas palavras: essa tarefa misteriosa que os egípcios realizaram seria um empreendimento impossível para nós, se empregássemos apenas os meios que a arqueologia clássica supõe que estavam disponíveis naquela época.Petrie chega mesmo a dizer que os blocos deviam ter sido trazidos ao lugar de dentro para fora, o que implicaria em começar a construção do monumento de fora para dentro. Aquele autor acha que de outro modo não é possível explicar que as faces exteriores dos blocos formem uma linha reta de 230 metros de comprimento, na qual não houve qualquer correção ou retoque posterior — coforme provam os ângulos retos exatos que os blocos calcários apresentam. Sobre esse assunto, J. Alvarez Lopes comenta: Fosse qual fosse a maneira pela qual procederam, o que fica fora de qualquer dúvida é terem conseguido um resultado altamente satisfatório mesmo para a nossa época. A verdade é que a medição dos ângulos feita pelos antigos egípcios atingiu níveis de precisão de um segundo de arco. Esse fato é altamente surpreendente pois isso corresponde à precisão dos bons teodolitos atuais, enquanto que outros aparelhos modernos destinados a essa tarefa, sejam óticos como o astrolábio ou não óticos, medem com erros muito maiores da ordem de 10 a 20 minutos de arco. A exatidão dos ângulos retos dos blocos de revestimento da pirâmide de Kéops e o seu polimento homogêneo é tal que há quem afirme que para consegui-los os egípcios deveriam possuir instrumentos óticos de alta precisão. Outro aspecto também lembrado é o de que a realização de uma tarefa tão especializada exigiria mão-de-obra altamente qualificada e abundante e acredita-se que, ao menos no decorrer das quatro primeiras dinastias, existiriam institutos tecnológicos nos quais eram preparados os milhares de especialistas necessários.O problema logístico de fornecer alimentação, abrigo e instalações sanitárias para turmas de 100 mil homens é de aturdir, afirmam os detratores das teorias clássicas sobre a construção das pirâmides. Nada foi encontrado que demonstrasse a existência de qualquer estrutura ou instalações que pudessem abrigar um número tão elevado de operários nas regiões próximas aos monumentos. A possibilidade dos trabalhadores se deslocarem diariamente de suas residências também é pouco viável, já que os únicos meios de locomoção eram a via fluvial, o lombo de animais ou o caminhar a pé. Tais meios exigiriam diversas horas de deslocamento, talvez em torno de seis horas diárias para ida e volta. Levando-se em conta que a jornada de trabalho seria naquela época, provavelmente, de 10 a 12 horas, cada indivíduo teria um máximo de oito horas para dormir e se recuperar de um trabalho estafante, sem tempo para fazer qualquer outra coisa a não ser se deslocar, trabalhar arduamente e dormir. Sendo, como os egípcios, um povo eminentemente prático, os japoneses, em 1978, tentaram edificar uma pirâmide empregando apenas os recursos disponíveis na antiguidade. O monumento teria apenas 18 metros de altura, estaria localizado a sudeste da pirâmide de Miquerinos e, por exigência do governo do Egito, só poderia permanecer de pé por alguns dias. Da mesma pedreira que forneceu as pedras para a pirâmide de Kéops, localizada cerca de 14 quilômetros de distância do local do teste, na margem oposta do Nilo, foram extraídos blocos pesando aproximadamente uma tonelada. O transporte das pedras por barcaças foi impossível: a flutuação não era uma solução simples como se dizia. Os blocos acabaram sendo transportados — pasmem — por um barco a vapor. Feito isso, equipes de 100 homens tentaram transportar as pedras sobre a areia. Também não conseguiram. O transporte acabou sendo feito com o emprego de equipamentos modernos. Finalmente, com as pedras já no local do teste, o máximo que conseguiram manualmente foi elevar os grandes blocos a pouco mais de meio metro de altura. Para terminar a obra, os cientistas lançaram mão — pasmem mais uma vez — de guindastes e helicópteros.









Como Foram Construídas
A Pedra Artificial
 Grande Pirâmide. Para começar sua discussão esse autor pondera que a própria existência das DETALHE DAS PEDRAS pirâmides já fornece a prova mais evidente de uma tecnologia sofisticada muito diferente da nossa. Ele informa que em 1987 foi feita uma datação da idade de diversas pirâmides pelo método do radiocarbono e que os resultados indicaram que a Grande Pirâmide era até 450 anos mais antiga do que a egiptologia clássica havia determinado. Tais resultados foram altamente contestados.
O autor observa que, ao contrário do que geralmente se afirma, o tamanho dos blocos não diminui invariavelmente à medida em que a pirâmide sobe. Existem centenas de blocos enormes, só superados em tamanho pelas pedras da base, pesando de 15 a 30 toneladas, mais ou menos no nível da câmara do rei. Eles são tão grandes que ocupam o espaço de dois degraus do monumento. De modo geral, as alturas dos degraus aumentam e diminuem subitamente em 19 nítidas flutuações ao passo que os comprimentos — que o autor mediu em cerca de 10% da área da pirâmide — enquadram-se dentro de 10 medidas perfeitamente uniformes. Elimina-se, assim, — afirma Davidovits — qualquer possibilidade de que os blocos houvessem sido cortados em tamanhos aleatórios, determinados por rachadura e outras características do leito rochoso. Tentativas de explicar a preparação e uso de blocos de dimensões tão uniformes, baseadas na hipótese de corte, deparariam com grandes dificuldades. Este grau de uniformidade exclui inteiramente a possibilidade de corte com instrumentos primitivos. Dois arqueólogos e arquitetos, George Perrot e Charles Chipiez, referindo-se às esculturas do Império Antigo perguntaram: De que maneira conseguiram os escultores cinzelar essas rochas tão duras? Ainda hoje isto é muito difícil, mesmo usando os melhores cinzéis de aço temperado. O trabalho é muito lento e difícil, e o artista se vê obrigado a parar com frequência para afiar o gume do cinzel, que se torna rombudo em contato com a pedra, e, em seguida, retemperá-lo. Mas os contemporâneos de Kéfren, e todos concordam com isto, não possuíam cinzéis de aço. Acontece, entretanto, que no decorrer do Império Novo e nas épocas posteriores, os egípcios não conseguiram realizar trabalhos semelhantes, mesmo dispondo, então, de ferramentas de bronze. Isso estarrece os estudiosos e o próprio Champollion se mostrou surpreso com a qualidade medíocre das estruturas erquidas no Império Novo. E diga-se ainda que, segundo estimativas do geólogo de Roziere, um dos 150 cientistas que acompanharam Napoleão ao Egito, há mais pedras nas pirâmides de Gizé do que em todas as obras erguidas durante o Império Novo, o Período Tardio e o Período Ptolomaico juntos, uma época que totaliza cerca de 1500 anos.Além disso, os monumentos erguidos a partir do Império Novo, em suaTEMPLO DE LUXOR grande maioria, foram construídos com variedades mais macias de pedra e não com material rochoso duro. Um dos materiais empregado é o arenito psamite que se desagrega facilmente sob pressão muito leve e frequentemente pode ser arranhado com a unha. Com ele foram construídos os templos de Luxor, Karnak, Edfu, Esna e Dendera, sendo que esse último é de época em que o ferro já era conhecido no Egito e mesmo assim optou-se pelo emprego de uma pedra macia. O templo de Abu Simbel também foi escavado em uma montanha de arenito muito macio. Quando se usou o calcário no Império Novo, ele era proveniente de Tura, uma variedade macia muito diferente daquela empregada nos blocos do miolo das pirâmides do Império Antigo, o qual era duro e difícil de cortar. Mais um detalhe: os blocos empregados nas construções do Império Novo e épocas posteriores, com raras exceções, eram de pequenas dimensões, como se pode notar na foto do templo de Luxor acima, ao passo que no Império Antigo eram empregados blocos gigantescos. Os templos de Karnak têm pilones imensos, mas todos formados por blocos pequenos. Por sua vez, vigas monolíticas de algumas pirâmides do Império Antigo pesam 80 toneladas e o Templo do Vale da pirâmide de Kéfren exibe blocos que pesam pelo menos 500 toneladas.As pirâmides do Império Antigo — resume Davidovits — consistem fundamentalmente em calcário abundante e carcaças fósseis, um material heterogêneo, de corte extremamente difícil. Templos de fins da XVIII dinastia (1400 anos a.C.) são encontrados por todo o Egito. Foram construídos com calcário branco muito macio, mesmo quando erigidos em regiões inteiramente graníticas, como no sul. Após a XVIII dinastia, o emprego de calcário macio cedeu finalmente lugar ao arenito mole. Arenito de Silsilis, no sul do Egito, foi usado para construir os templos de Karnak, Luxor e Edfu, no tempo do Império Novo. O material é homogêneo, mole e fácil de esculpir. E a seguir o autor enfatiza: Aí reside o grande paradoxo tecnológico do Egito: numa ocasião em que as ferramentas eram de pedra e cobre, utilizou-se um volume imenso de variedades duras de pedra, mas logo que foram adotados o bronze e o ferro, os egípcios usaram apenas os materiais mais frágeis. E conclui: Há mais do que prova abundante para confirmar a existência de dois diferentes métodos de construção em alvenaria, usados em épocas diferentes e com resultados muito diversos.Ao analisar a hipótese clássica da egiptologia que explica a construção das pirâmides, esse autor considera que problemas permanecem sem solução a despeito de numerosos estudos, e fatos importantes foram ignorados. No que se refere ao conceito de que os blocos foram extraídos das pedreiras, ele cita o estudo de uma equipe de geoquímicos da Universidade de Munique, Alemanha, que tinha por objetivo datar os vários métodos de exploração das pedreiras usados no Egito ao longo da história. A conclusão a que chegaram foi a de que não há absolutamente vestígios de extração de blocos das pedreiras em época anterior a 1600 a.C. De que modo teriam então os egípcios retirado pedra em tempos mais antigos para erguer as pirâmides? O estudo concluiu também que o método de extrair pedras com o uso de cunhas de madeira jamais foi empregado pelos egípcios, mas sim exclusivamente pelos romanos quando ocuparam o Egito. Se esse tosco método houvesse sido empregado na construção das pirâmides, como se alega, — comenta o autor — o volume de detritos em Gizé seria espantoso, incluindo incontáveis milhões de blocos rachados e inaproveitáveis.Outro item que Davidovits analisa refere-se ao uso de rampas. Ele pondera que uma vez que as polias só foram conhecidas no Egito durante a ocupação romana e que a roda foi introduzida pelos hicsos somente no final do Império Médio, a única opção que a evidência arqueológica oferece para erguer blocos é a rampa. No caso da Grande Pirâmide, calculou-se que qualquer rampa reta teria o comprimento de cerca de 1600 metros e que conteria uma quantidade imensa de material. Sua grande largura e comprimento teriam coberto a pedreira. Quanto a possíveis rampas helicoidais, lembra que nenhuma delas jamais foi encontrada. Cita também uma rampa de barro que foi achada em Saqqara no sítio da pirâmide de Sekhemkhet, da III dinastia, mas alerta que essa pequena pirâmide não contém grandes blocos e pondera que transportar blocos pequenos rampa acima era a maneira mais sensata e óbvia para construir esse tipo de pirâmide. Já com relação ao fato de existirem restos de rampas em Gizé, o autor considera que o volume tremendo de material exigido pela teoria padrão não foi encontrado, e embora se possa esperar que um material constituído na maior parte de terra se degrade com o tempo, um pequeno volume de restos sugere apenas o uso de pequenas rampas destinadas a escalar as pirâmides.
ESTELA DE TURA O faraó Amósis, da XVIII dinastia, ordenou que extraíssem das pedreiras de Tura a pedra mole para a construção do templo do deus Ptah, em Mênfis. É daquela época e local uma estela encontrada por arqueólogos e que se perdeu no século XIX. Ela mostrava, como se vê acima, um bloco de pedra sobre um trenó sendo puxado por parelhas de bois. A estela de Tura — diz Davidovits — não constitui prova aceitável em apoio à teoria tradicional de construção, uma vez que foi erigida quase mil anos após a construção da Grande Pirâmide. A estela de Tura e outros documentos usados para apoiar a teoria tradicional são produtos de uma sociedade que explorava tecnologia diferente da de seus ancestrais. Todas as civilizações duradouras e bem-sucedidas forçosamente tiveram tecnologias novas e outras que declinaram. Depois de lembrar que historiadores, com pouquíssimas exceções, consideram as civilizações antigas como tecnologicamente inferiores à nossa em todos os sentidos, o autor cita vários fatores que causaram a destruição geral do repositório de informações tecnológicas egípcias. Dentre eles, os períodos de anarquia da história egípcia, as invasões de povos estrangeiros, o incêndio da biblioteca de Alexandria, os saques dos túmulos, inclusive com emprego de pólvora e aríetes, tudo contribuíndo para que os conhecimentos científicos não fossem transmitidos com perfeição da antiguidade até os nossos tempos. (...) Na literatura erudita prevalece um complexo de superioridade moderno, a despeito da prova de que uma grande tecnologia esquecida foi usada na construção das pirâmides. E qual seria essa grande tecnologia esquecida? Entendendo tecnologia como um conjunto de princípios científicos que se aplicam a um determinado ramo de atividade, Davidovitz afirma que a ciência que tornou possível as pirâmides foi a química, ou mais exatamente, sua precursora, a alquimia. Em épocas tão remotas quanto o ano pré-histórico de 3800 a.C. os alquimistas egípcios criaram um esmalte azul vibrante. Um experimentador qualquer misturou pó de crisocola com natrão e aplicou uma chama. Obteve um esmalte duro, lustroso, azul, que era em seguida derretido e aplicado em contas e pedras. Os antigos egípcios são bem conhecidos por usarem minerais como crisocola e lápis-lazúli a fim de produzir esmaltes, que para eles constituíam imitações desses minerais ou pedras. Possuíam, inclusive, uma palavra para esses produtos, ari-kat, significando feitos pelo homem ou sintéticos. (...) Esta velhíssima tradição revela o próprio núcleo de uma notável invenção alquímica relevante para a solução do enigma da construção das pirâmides: os sacerdotes de Khnum há muito eram peritos na arte de fabricação de cimentos extraordinários. Cimento encontrado em várias partes da Grande Pirâmide tem cerca de 4500 anos de idade, mas ainda está em boas condições. Essa argamassa antiga é muito superior aos cimentos hoje usados em construção civil. O moderno cimento Portland, usado para reparar antigos monumentos egípcios, rachou e degradou-se em apenas 50 anos.Depois dessas considerações, o químico e — lembramos mais uma vez — criador de um novo ramo da química, a geopolimerização, Joseph Davidovits, finalmente apresenta a sua tese: Se os egípcios antigos possuíam capacidade de produzir cimento de qualidade excepcionalmente alta, o que os impediria de adicionar ao mesmo carcaças fósseis a fim de produzir concreto calcário de primeiríssima classe? A resposta é que nada os impediu. Demonstrarei adiante que os blocos da pirâmide não são pedra natural, mas, na verdade, concreto de calcário de qualidade excepcionalmente alta — pedras sintéticas — moldadas diretamente no local. Os blocos consistem de cerca de 95% de pedregulho de calcário e de 5 a 10% de cimento. Constituem imitações de calcário natural, fabricados segundo a antiquíssima tradição de produção alquímica de pedras. Nenhum corte de pedra ou exaustivas operações de arrastamento ou içamento foram jamais necessárias à construção das pirâmides.


A Pedra Artificial
Parte 2 

       CARPINTEIROS TRABALHANDO
Para provar que sua tese é viável, aquele autor arrola uma série de argumentos. Segundo ele, com as ferramentas de cobre então disponíveis era perfeitamente possível serrar e aplainar troncos de árvores para transformá-los em tábuas e com elas construir moldes. A madeira era provavelmente trazida do Líbano. É sabido que os antigos egípcios eram mestres na arte da carpintaria. Já na I dinastia os carpinteiros juntavam pranchas em ângulos retos perfeitos. Na ilustração acima, de uma mastaba da IV dinastia, vemos carpinteiros serrando tábuas e preparando encaixes. Os ajustamentos exatos conseguidos entre os blocos de revestimento da Grande Pirâmide, difíceis ou até impossíveis de conseguir pela movimentação de enormes blocos pesando toneladas, poderiam ser facilmente obtidos pela moldagem dos mesmos no lugar. O produto mais importante na fabricação do cimento necessário era a cal. Para obtê-la bastava calcinar calcário, dolomita ou magnesita em fornos e tal prática já era conhecida há dez mil anos atrás. A enorme quantidade de cascalho de calcário necessário para fabricação dos blocos podia ser facilmente obtida e Davidovits explica como: Água, provavelmente trazida tão perto quanto possível por um canal, era usada para inundar o leito rochoso de Gizé e saturá-lo para produzir fácil desagregação. O calcário de Gizé torna-se tão macio quando saturado, que pode ser facilmente quebrado em pedaços quando inserido nele um tarugo de madeira. O corpo da Grande Esfinge foi esculpido, à medida que o calcário lamacento era apanhado em baldes para a fabricação dos blocos da pirâmide. Homens chapinhando em calcário molhado, lamacento, enquanto trabalham sob o calor do deserto, fazem muito mais sentido do que quebrando pedra nas pedreiras em um deserto quente e poeirento, como exigido pela teoria tradicional. Para que o endurecimento da massa se desse em algumas horas, seria necessário o emprego de minerais arsenicais. Outros tipos de minerais como turquesa e crisocola também eram exigidos para que as reações químicas se processassem. Tais minerais foram escavados nas minas do Sinai em imensas quantidades, em época que corresponde exatamente à da construção das pirâmides, e isso é um dos argumentos apresentados em defesa dessa tese. Finalmente, outros produtos químicos necessários ao processo, segundo aquele autor, seriam a alumina, existente na lama do Nilo, e o natrão, abundante nos desertos e nos lagos salgados e usado largamente na mumificação.Ao analisar cientificamente algumas amostras de pedras das pirâmides, através de análise química de raios X, Davidovits descobriu que elas continham elementos minerais raríssimos em calcário natural, mas que podem surgir durante o processo de produção da rocha artificial. Um desses minerais era a bruxita, material orgânico presente em fezes de aves, ossos e dentes, mas que dificilmente seria encontrado em calcário natural. Ele também analisou mais de 30 amostras de pedras provenientes das pedreiras das quais se acredita que tenham vindo os blocos de revestimento da pirâmide de Kéops e em nenhuma de tais amostras encontrou os minerais raros que detectou nas amostras das pirâmides.Na sua procura por sinais que revelassem a natureza artificial das pedrasCARCAÇAS FÓSSEIS das pirâmides, Davidovits descobriu, por exemplo, que as carcaças fósseis existentes no interior das mesmas estão dispostas em todas as direções, de forma embaralhada. Elas não se acamam horizontalmente, como seria natural em um calcário que vai se formando ao longo de milhões de anos criando, assim, as camadas sedimentares da rocha. A ilustração ao lado, tirada do livro Description de l'Egypte, mostra conchas desarrumadas nos blocos do miolo da pirâmide. Por sua vez, em qualquer concreto os agregados estão na maior parte embaralhados e sem acamamento sedimentar. Outros indícios do artificialismo das pedras seriam a existência de bolhas de ar, de fibras orgânicas semelhantes a cabelo e de uma camada vermelha artificial encontradas em amostra de pedra retirada do corredor ascendente da Grande Pirâmide.
As bolhas de ar não são esféricas, mas ovais, semelhantes às que surgem durante a manipulação de argila. Com relação às fibras orgânicas, o autor esclarece que cabelos nunca foram encontrados em rochas com 50 milhões de anos e que ele também não os encontrou nas amostras de pedreiras que examinou. Finalmente, a camada vermelha é, segundo o autor, uma tinta aplicada sobre uma camada branca subjacente também artificial. Essa última é, na verdade, um cimento mais sofisticado do que o cimento simples de gesso e cal que os estudiosos descrevem como sendo a tecnologia egípcia daquela época nessa área. A camada e a coloração — diz Davidovits — constituem realmente notáveis produtos alquímicos, não demonstrando empolamento ou outro tipo de deterioração apreciável, mesmo depois de 4500 anos.Em 1974 uma equipe de pesquisadores tentou encontrar câmaras ocultas na pirâmide de Kéops. Não puderam levar o projeto avante porque a umidade do monumento era tão grande que impossibilitava a transmissão das ondas eletromagnéticas, as quais eram absorvidas pelas pedras. Surpreendentemente, porém, o leito rochoso calcário natural de Gizé é relativamente seco. Apenas concreto poderia estar saturado de umidade, assevera Davidovits. Segundo ele, o conteúdo de umidade tão elevado é suficiente para convencer a qualquer profissional da indústria de concreto de que a pedra da pirâmide é algum tipo desse material. Hoje, estruturas de concreto recentemente construídas são inteiramente úmidas. A umidade na pedra da pirâmide resulta, ao que tudo indica, da migração do lençol freático. É comum, aliás, que estruturas de concreto absorvam água subterrânea em ambientes desérticos.Quando esteve pesquisando em Gizé, Davidovits observou que todos os blocos que formam as três famosas pirâmides possuem sua camada superior, de cerca de 20 a 30 centímetros, mais fraca, de densidade mais leve e com mais sinais de erosão que o resto da pedra. Isso ocorre, segundo ele, porque os blocos foram produzidos da mesma maneira como era preparada a argamassa, a saber: os agregados eram despejados diretamente no molde, que se encontrava parcialmente cheio de água e aglutinante. Combinando-se a mistura com a água, os materiais mais pesados acamavam-se no fundo. Bolhas de ar e o excesso molhado do aglutinante subiam, disto resultando uma matriz mais leve e mais fraca. A camada superior é a que exibe também o menor número de carcaças fósseis, não tão acumuladas no interior da pasta densa e, por conseguinte, depositaram-se orientadas no sentido horizontal. A produção desse concreto dispensou mistura, e medições precisas resultaram em camadas perfeitamente planas. O autor argumenta que caso os blocos fossem de calcário natural, esse padrão antinatural de densidade não se explicaria, pois ele é quase sempre do mesmo tamanho, independentemente da altura do bloco.Conforme já foi dito, Davidovits constatou que os comprimentos dos blocos da pirâmide enquadram-se dentro de 10 medidas perfeitamente uniformes. Além disso, eles devem ter sido produzidos em moldes de apenas cinco tamanhos, pois alguns blocos foram moldados com comprimentos perpendiculares ao plano da face da pirâmide. O fato de os blocos mais longos terem sempre o mesmo comprimento — afirma aquele pesquisador — constitui evidência extremamente forte em favor do uso de pedra moldada. Mostra que cada bloco foi produzido de acordo com especificações exatas, imediatas, do arquiteto durante a construção. Os blocos longos aparecem imediatamente acima ou abaixo de blocos de comprimento menor, o que torna visível o plano de construção. Qualquer dimensão requerida podia ser determinada rapidamente pelo arquiteto, uma vez que seria relativa ao comprimento do bloco na fileira imediatamente abaixo. Pensa o autor que seria difícil explicar essa uniformidade do comprimento dos blocos baseando-se na hipótese de corte e escultura das pedras: Blocos jamais poderiam ter sido cortados, armazenados e selecionados na escala necessária.As faces sul e oeste da pirâmide de Kéfren são reproduçoes idênticas recíprocas, indicando isto que todo o intrincado desenho é tridimensional. Camadas sucessivas são feitas segundo o mesmo padrão, ao passo que outras são de padrões diferentes, inter-relacionados. Alguns apresentam padrões que são quase os mesmos que os das camadas vizinhas. Os padrões de outras são o contrário das que as cercam. Todos os blocos foram vazados de acordo com um plano mestre excepcional, que eliminou a formação de juntas verticais, o que ocasionaria o aparecimento de pontos de fraqueza. A pirâmide lembra um complicado quebra-cabeça tridimensional, eficazmente formulado para criar uma superestrutura incrivelmente forte e estável.Ao analisar a visão de Heródoto a respeito da maneira pela qual as pirâmides foram construídas, Davidovits encontra mais um ponto de apoio para alavancar sua teoria. Afirma ele que as referências que Heródoto faz ao arrastamento de pedras devem referir-se não ao arrastamento de blocos, mas ao de pedregulho, pois o calcário usado nos blocos de revestimento foi, com toda probalilidade, transportado das pedreiras das montanhas arábicas. Ressalta, ainda, que o historiador grego jamais declara que os blocos da pirâmide haviam sido talhados. No que se refere a um canal formado pelas águas do Nilo, o pesquisador entende que tais canais realmente deviam existir para trazer, ao platô de Gizé, a água necessária para desagregar o calcário e à produção de enormes quantidades de cimento.E o que dizer das "máquinas" citadas por Heródoto em seu relato? Davidovits acredita que elas eram moldes e sugere que se leia o referido trecho substituindo a palavra máquina por molde e a palavra pedra por cascalho, obtendo-se, então, o seguinte:
Foi um trabalho realmente complexo o da construção da pirâmide. Para levar o cascalho aos diversos planos empregavam-se moldes feitos de pequenos pedaços de madeira e situados em diferentes alturas. Ao chegar o cascalho ao primeiro plano, era colocado em outro molde, que o levava para o segundo, onde outro molde o transportava para o terceiro, e assim sucessivamente, até o alto do monumento.
O pesquisador explica que a palavra grega usada por Heródoto foi mechane e que este é um termo genérico, que indica algo inventado ou fabricado. Não é uma palavra específica, mas uma ampla generalização e a falta de conhecimento sobre o método de construção das pirâmides influenciou a maneira pela qual os tradutores a interpretaram. Não só o relato de Heródoto não confirma o corte da pedra, — afirma o químico — mas tampouco implica que os blocos foram içados pirâmide acima. O que existe é uma descrição relativa ao empilhamento de uma pirâmide, fileira após fileira. A descrição em parte alguma afirma que os blocos foram elevados por meio de rampas ou, a partir do solo, por uma máquina, diretamente a grandes alturas. A afirmativa do historiador grego de que os operários que construíram a Grande Pirâmide foram alimentados com rábanos, cebolas e alhos, que custaram aos cofres do faraó o equivalente a 1600 talentos de prata, foi considerada ridícula por egiptólogos notáveis. Davidovits acredita que aqui as informações foram transmitidas de forma distorcida a Heródoto. Ele esclarece que minerais empregados no processo de fabricação da pedra sintética podem emitir, quando aquecidos, odores semelhantes ao do rábano, da cebola e do alho. Aquela importância citada, correspondente a mais de 100 milhões de dólares, deve representar, isso sim, o custo de mineração de minerais arsenicais usados na construção da pirâmide de Kéops. Comenta o autor que não é difícil compreender por que não conseguiram explicar bem o método de construção a Heródoto, se é que o conheciam. Ao que parece, não há uma palavra apropriada grega a respeito de tal tipo de pedra, a mais aproximada é polida (xeston). Comunicar a idéia de pedra artificial ou de alguma outra maneira preparada ou manipulada pelo homem, podia facilmente ser entendido mal, especialmente numa conversa com um viajante que desconhecia a tecnologia, através de um intérprete. Além disso, conclui, tradutores modernos obscureceram, por descuido, o texto, ao interpretar mal algumas palavras-chave. Idéias preconcebidas sobre a construção das pirâmides desempenharam um papel importante nas traduções do texto para línguas modernas.
 
 
    
MALHO E CINZÉISTendo em mente o fato de que as ferramentas usadas na construção das pirâmides foram tão ou mais primitivas do que esse malho de madeira, esses cinzéis de bronze ou essas pedras de dolerito, usadas para trabalhar os blocos mais duros, Davidovits pondera que as teorias tradicionais de construção daqueles monumentos por meio de corte e içamento de pedras suscitam questões que nunca foram respondidas devidamente. Por exemplo: se os blocos da Grande Pirâmide tivessem sido cortados e fossem levados em conta os restos, resíduos e aparas desse trabalho, o peso total da pedra usada teria chegado a quase 15 milhões de toneladas — o que seria um enorme fardo para a teoria tradicional. E pergunta ainda o autor: Utilizando pedra e ferramentas de cobre, de que modo teriam os trabalhadores conseguido tornar inteiramente lisas as faces da pirâmide? Como conseguiram que os lados se
PEDRAS DE DOLERITEencontrassem em um ponto perfeito no topo? Como tornaram tão planas as camadas? De que modo poderia o número necessário de trabalhadores manobrar e mover-se no canteiro de obras? Como tornaram tão uniformes os blocos? De que modo alguns dos blocos mais pesados foram colocados a grandes alturas? De que modo puderam dar a 10,5 hectares de blocos de revestimento um ajustamento que tem a espessura de um fio de cabelo ou ainda menos? De que maneira pôde todo este trabalho ser realizado em cerca de 20 anos? Os especialistas só podem dar palpites. E egiptólogo algum nega que os problemas não foram resolvidos.

Levando-se em conta o tempo gasto para edificação de uma pirâmide e o número de trabalhadores envolvidos na tarefa, é óbvio que uma enorme quantidade de pessoas conhecia, ou pelo menos via, o método realmente usado na construção. Esses métodos, por conseguinte, — afirma Davidovits — não podem ter sido secretos e provavelmente devem ter sido documentados. No século XIX, procedeu-se à decifração da maioria dos textos hieroglíficos e cuneiformes, que não foram atualizados de modo a refletir achados arqueológicos correntes ou progressos científicos. Todos eles refletem as limitações dos conhecimentos científicos da época. Não podem, por isto, ser inteiramente exatos, e tampouco conclusões precisas sobre a tecnologia antiga podem ser alcançadas com base neles.
ENCAIXES DA GALERIADavidovits acredita ter encontrado explicação para a existência dos entalhes verticais e encaixes existentes no interior da grande galeria da pirâmide de Kéops. Segundo o autor, eles foram necessários para a moldagem dos blocos. Conforme explica, os blocos retangulares empregados na grande galeria tinham que ser produzidos com os moldes na posição horizontal, pois caso fossem moldados inclinados sua forma ficaria desigual. O mecanismo de sustentação foi uma prancha de madeira presa ao sulco apropriado na parede. O topo de cada sulco é horizontal em relação ao entalhe seguinte, que fica em cima. A prancha foi talvez compensada com um saco de areia. A remoção do peso soltava a estrutura de madeira, e o bloco acabado podia ser descido e empurrado para a posição que ocuparia.



MOLDAGEM DE BLOCOS


Para ver detalhe de um dos encaixes da grande galeria, clique aqui e para ver detalhe de um dos entalhes verticais, clique aqui.


No ano de 1987 dois arquitetos franceses realizaram medições na Grande Pirâmide em busca de câmaras secretas. Nada encontraram mas, usando equipamentos especiais, mediram toda a densidade do monumento e constataram uma densidade total 20% mais baixa do que a esperada do calcário. A densidade mais baixa — esclarece Davidovits — é uma consequência da agregação. Blocos moldados são sempre 20 a 25% mais leves do que a rocha natural, porque se encontram cheios de bolhas de ar.As portas levadiças encontradas nos subterrâneos da pirâmide de Kéfren pesam duas toneladas e exigem a força de pelo menos 40 homens para movê-las. Entretanto, o recinto no qual elas se encontram não comportam mais do que oito homens em seu interior. Faz sentido dizer — afirma Davidovits — que as pesadas portas levadiças dessa e de outras pirâmides foram moldadas no local. Além disso, certos aspectos, como a largura uniforme dos blocos dessa pirâmide, constituem prova esmagadora da moldagem de pedra, e, tal como no caso dos blocos da Grande Pirâmide, as alturas dos mesmos na pirâmide de Kéfren são alternadas.A partir da V dinastia as pirâmides construídas foram de qualidade muito inferior àquelas das dinastias anteriores. Apesar disso, apresentam alguns aspectos notáveis como, por exemplo, belíssimos altos relevos nas paredes dos templos funerários. Os egiptólogos — esclarece Davidovits — não conseguem explicar por que os egípcios desse período concentraram-se em abundantes decorações de paredes de templos e não na construção de grandes pirâmides e tampouco por que os trabalhadores passaram a retirar blocos de monumentos mais antigos para completar suas obras. A explicação não pode ser procurada na situação política da época, porque no decorrer da V dinastia os tempos eram prósperos, apesar do poder do faraó ter enfraquecido. Para Davidovits o declínio na edificação dos grandes monumentos ocorreu pelo esgotamento dos recursos minerais. O conjunto dos minerais azuis ou azuis-esverdeados empregados nesse processo de criação da pedra sintética recebeu, desde os períodos mais remotos, a denominação genérica de mafkat. Trata-se de um grupo de 11 minerais que inclui a turquesa, a malaquita e a crisocola, entre outros. No decorrer da III e da IV dinastias houve extração de mafkat em escala industrial das minas do Sinai e de Wadi Maghara. As quantidades extraídas foram enormes.Não há explicação — afirma Davidovits — para a quantidade imensa de mafkat extraído. Teria desaparecido em comércio com outras nações? Não há dúvida de que o número de peças de joalheria, amuletos e outros objetos feitos ou que incluíam turquesas e outros minerais azuis ou azuis-esverdeados remanescentes é desproporcional ao mafkat que se sabe ter sido escavado. E os artefatos encontrados em regiões que se sabe tiveram antigos laços de comércio com o Egito não pode explicar o volume inusitadamente alto de mafkat extraído.Calculou-se — prossegue o autor — que atingiu aproximadamente mais de cem mil toneladas a quantidade de mafkat minerado, cerca do mesmo volume de minério de cobre. Supondo que o mafkat entrou com 10% do cimento usado, então cem mil toneladas teriam produzido um milhão de toneladas de cimento. Supondo ainda que até 10% do concreto de calcário da pirâmide é constituído de cimento, então um milhão de toneladas de cimento teria produzido dez milhões de toneladas de concreto de calcário. Mas uma vez que o mafkat era necessário apenas à pedra de alta qualidade, como a usada nos blocos de revestimento, os minerais extraídos das minas do Sinai teriam sido suficientes para construir todas as pirâmides e obras de alvenaria correlatas, tais como pedras de revestimento internas e externas, templos, cimalhas e obras de estatuária.No decorrer da VI dinastia o Egito tornou-se uma nação menos poderosa e os faraós perderam seu poder absoluto. A arquitetura e as obras de arte entraram em declínio. São raras as estátuas da V e da VI dinastia, sendo que as melhores desse período datam do início da V dinastia. Os faraós da VI dinastia, ao erguerem suas pirâmides, seguiram os métodos construtivos empregados no decorrer da V dinastia, mas os conjuntos funerários circundantes e seus altos-relevos foram menos refinados. Sabe-se que nessa época foram promovidas expedições mineradoras ao exterior e Pepi II, o último faraó da VI dinastia, parece ter mantido comércio longo e ininterrupto com o Líbano, de onde pode ter sido trazida a madeira apropriada à preparação de moldes. Alguns anos depois da morte de Pepi II, o Egito deixou de ser uma nação unificada e mergulhou em um estado de anarquia que durou mais de 200 anos. Davidovits entende que embora possa ter havido má administração e escassez de alimentos causada por mudanças climáticas, como querem alguns estudiosos, há a possibilidade de que a economia tenha ficado cada vez mais deprimida devido à decadência da outrora imensa indústria de construção de obras públicas, o que, com o tempo, abalaria a fé no governo. Em vez de a decadência da civilização ter ocasionado a decadência da indústria de construção, é mais provável que tenha ocorrido justamente o oposto.Na VII e VIII dinastias houve numerosos faraós efêmeros e nos raros monumentos construídos durante essa época foram empregados apenas materiais de baixa qualidade. Nos recipientes, o barro substitui a pedra, o metal e a faiança. As estruturas nunca alcançaram mais de dez metros de altura, e a maioria sequer chegou a ser completada ou desapareceu.No decorrer da IX e X dinastias houve luta intermitente e sangrenta entre os egípcios de Heracleópolis e os de Tebas e o país foi novamente unificado durante a XI dinastia pelo faraó Nebhepetre Mentuhotepe, iniciando-se o período que hoje denominamos de Império Médio, tendo Tebas como capital do Egito. Dos faraós da XI dinastia só a tumba de Mentuhotepe foi completada. Pouca pedra foi usada nas pirâmides da XII dinastia. Seu primeiro faraó, Amenemhet I, economizou no volume de pedra necessário colocando sua pirâmide em terreno elevado. Sesóstris I reinou por 35 anos e enviou expedições às minas de Wadi Kharit no Sinai. Ergueu sua pirâmide em el-Lisht e mandou construir monumentos em profusão por todo o Egito. Estudos para determinar que monumentos foram de pedra cortada e quais de pedra aglomerada proporcionariam importantes introvisões sobre esse período político — pensa Davidovits. Por sua vez, a pirâmide de seu filho e sucessor, Amenemhet II, parece ter sido construída quase que inteiramente com tijolos de barro. E aquele autor comenta: É notável que mil anos após Imhotep, Amenemhet II, durante uma época de prosperidade, tenha julgado necessário recorrer a um método de construção que empregou quase exclusivamente tijolos de barro. A pirâmide do faraó seguinte, Sesóstris II, também era de tijolos de barro, mas o sarcófago encontrado em seu interior é considerado um dos trabalhos mais perfeitos executados em granito pelos egípcios. Seu filho, Sesóstris III, foi um dos maiores faraós do Império Médio, mas sua pirâmide foi erguida com tijolos, enquanto que na câmara funerária e no sarcófago foi usado granito. Ele explorou com empenho as minas do Sinai, mas obteve menores resultados no que se refere a extração de mafkat. Embora já se usasse nessa época ferramentas de metal, ao invés das de sílex, para esse trabalho, os documentos falam do fracasso de várias dessas expedições. Amenemhet III mandou construir em pedra calcária um monumento que ficou conhecido como O Labirinto, mas, ao que parece, os blocos foram removidos de estruturas mais antigas. A pirâmide desse faraó foi erguida em Hawara com tijolos de barro e, dentre as feitas com tal material, é a que apresenta o melhor acabamento. Isso é devido, em parte, segundo esclarece Davidovits, à composição mineralógica dos tijolos que foram feitos com a mistura de soda cáustica (natrão, cal e água) com o barro do lago Moeris. Entretanto, no interior desse monumento existe uma câmara mortuária feita de uma única peça de quartzito. Se essa câmara foi cortada, — afiança Davidovits — o trabalho teria exigido usinagem de precisão por dentro e por fora em uma massa sólida de quartzito duro, o tipo mais duro de pedra. (...) Arriar a estrutura enorme no espaço confinado teria sido o menor dos difíceis problemas. Se a massa fora extraída, o local da pedreira devia ter continuado a existir. As pedreiras de quartzito do Egito não mostram sinais de extração de blocos ou de estátuas, segundo os membros da expedição napoleônica, que fizeram um exame completo das reservas de quartzito do Egito. Por outro lado, quartzito solto, alterado pelo intemperismo, abunda nas proximidades de quase todas as pedreiras dessa rocha e se encontrava em condições de aglomeração.Na XIII dinastia a câmara funerária da pirâmide do faraó Khendjer, feita de um único bloco de quartzito, pesava cerca de 70 toneladas, mas o monumento em si foi erguido com tijolos. Portanto, durante o Império Médio, embora as pirâmides passassem a ser construídas com tijolos, continuam sendo soberbos os sarcófagos monolíticos e as câmaras de calcário, granito e outras variedades de pedra encontradas no interior das mesmas. Do período em que perdurou a invasão dos hicsos só se tem notícias em papiros e escassas evidências materiais sobre construção de pirâmides. Quando, após o Segundo Período Intermediário, o poderio egípcio se firmou novamente, pela mão do fundador da XVIII dinastia, Amósis, esse faraó construiu um cenotáfio em Abido com forma piramidal. Ele colocou o povo vencido a cortar pedra nas pedreiras de Tura e a estela de Amósis é o primeiro documento conhecido que se refere a extração de pedra com instrumentos de bronze. Todos os faraós do Império Novo, entretanto, foram enterrados em túmulos escavados na rocha e no território do Egito não mais se ergueram pirâmides. A grande verdade é que o fim da construção das pirâmides marca o encerramento das extrações de minerais em grande escala no Sinai.O autor que analisamos até aqui conclui afirmando: Entendemos agora a evolução da construção das pirâmides e o motivo pelo qual essas grandes estruturas nunca mais foram erigidas. O emprego de pedra artificial explica por que, à medida que se aprimoravam as ferramentas, as dimensões dos blocos tornam-se cada vez maiores, embora o oposto devesse ter ocorrido, se os blocos tivessem sido cortados. Na ampla perspectiva, compreendemos o que continuou a ser o paradoxo tecnológico do Egito.


pirâmide de Kéops (c. 2551 a 2528 a.C.) com a mais recente tecnologia: microscópios eletrônicos, uma tocha de protoplasma e escanemanto com raio X. O que acharam foram relações mineralógicas que não existem em qualquer fonte de pedra calcária conhecida. Por exemplo, compararam as quantidades de silício com as de cálcio e magnésio nas várias amostras. As relações encontradas entre o cálcio e os outros elementos não são encontradas em depósitos naturais de pedra calcária. Também descobriram que algumas amostras de calcita e dolomita estavam hidratadas, o que significa que havia moléculas de água aprisionadas no interior do material, novamente uma situação que não se encontra na natureza.Finalmente, em algumas das amostras, quando observadas no microscópio, notou-se a presença SÍLICA AMORFAde sílica amorfa, ou seja, com estrutura altamente desorganizada. Entretanto, nas rochas sedimentares a sílica é quase sempre cristalina. A imagem colorida ao lado, produzida pelo escaneamento do microscópio eletrônico, mostra um bloco de camadas internas da pirâmide que inclui sílica amorfa, destacada em vermelho, a qual cimenta o agregado da pedra calcária, destacado em preto, formando uma só unidade. Isso indica que não se trata de pedra calcária sedimentar formada naturalmente. A mistura de cal, areia e barro é de tal ordem que a explicação mais lógica é a de que se trata de pedra artificial. Foto © Michel Barsoum.É importante salientar que Barsoum e seus colegas não afirmam que as pirâmides foram erguidas apenas com blocos artificiais. Com relação às três pirâmides de Snefru, por exemplo, acreditam que a maioria das pedras tenham sido cortadas das pedreiras e transportadas até o local, o que não significa que a totalidade dos três monumentos tenha sido erguida com pedras naturais. As pedras da câmara em forma de galeria no interior da Pirâmide Vermelha parecem ser artificiais. São muito volumosas e sem qualquer espaço entre elas. O mesmo se diga da grande galeria da pirâmide de Kéops, que é ainda mais impressionante. Eles explicam que considerando-se que o volume somado das pedras das três pirâmides de Snefru é maior que o volume da grande pirâmide de Gizé e que Snefru reinou por 24 anos, enquanto que Kéops reinou por 23 anos, conclui-se que os antigos egípcios estavam capacitados a mover milhões de toneladas de blocos muito rapidamente.Segundo os cientistas, as pedras sintéticas foram usadas apenas nos níveis mais altos dos ESQUEMA DAS PEDRASmonumentos que, portanto, foram erguidos tanto com pedras naturais quanto com pedras artificiais. Hug afirmou que não há dúvida a respeito disso, pois a química dos dois materiais é bastante e realmente diferente. De acordo com o esquema ao lado, extraído do trabalho dos três autores, as pedras coloridas em azul são, indubitavelmente, artificiais; as pedras coloridas em vermelho são, provavelmente, artificiais; as demais são, na sua maioria, naturais. Até recentemente era difícil para geólogos distinguirem entre pedra calcária natural e o tipo de pedra que poderia ter sido obtido pelo endurecimento do lodo liquefeito. Desta vez foram feitas comparações de pequenos fragmentos das pirâmides com pedras das pedreiras de Tura e Maadi. O que encontraram foram traços de uma rápida reação química que não permitiu cristalização natural... A reação seria inexplicável se as pedras fossem das pedreiras, mas perfeitamente compreensível se aceitarmos que elas foram produzidas como concreto.Barsoum imagina que os antigos egípcios perceberam que caso colocassem enormes blocos de apoio feitos com pedra artificial no lado externo do monumento, então os blocos do núcleo não teriam que ser cuidadosamente cortados. Assim, eles usaram ao redor do perímetro grandes blocos artificiais de apoio e encheram o centro da pirâmide com pedras naturais. Mas, por que eles não teriam construído a pirâmide inteira com pedras artificiais? Porque, para uma sociedade primitiva, produzir cal a partir da pedra calcária para fazer o concreto era caro em função do alto gasto energético e, além disso, esmagar milhões de toneladas de pedra calcária também não é trivial. De acordo com esse raciocínio, rampas devem ter sido empregadas, mas não até o topo e, sim, apenas até meia altura da pirâmide. Na parte superior deve ter sido empregada pedra artificial, devendo-se considerar que o volume da metade superior do monumento é de apenas 12% do total. O centro das pirâmides está cheio de pedras desiguais e escombros, em maior quantidade do que se supunha anteriormente, principalmente no caso da pirâmide de Kéfren e da pirâmide de Miquerinos.Os pesquisadores imaginam que pedras calcárias macias foram extraídas na úmida vertente sul TOPO DA PIR&Aacirc;MIDE DE KÉFRENdo planalto de Gizé e, então, dissolvidas em grandes piscinas alimentadas pelo Nilo até se tornarem uma suspensão de partículas insolúveis em água. Cinzas e sal eram acrescentados. A água, ao evaporar, deixava uma mistura úmida semelhante a barro. Esse concreto líquido era levado para o local da pirâmide e acumulado em moldes de madeira, nos quais endureceria em poucos dias. Davidovits e sua equipe do Geopolymer Institute testaram o método e produziram um grande bloco de concreto de pedra calcária em dez dias. A foto ao lado, copyright de Michel Barsoum, da pirâmide de Kéfren, mostra perfeitamente uma faixa de pedras regulares bem abaixo do revestimento do seu topo. A diferença visivel entre as pedras é atribuída ao fato de que os blocos da porção inferior são naturais, enquanto que as camadas superiores seriam artificiais.Por outro lado, Guy Demortier, um cientista de materiais da Namur University, na Bélgica, anteriormente cético, relatou para a revista francesa que uma década de estudos o convenceram de que as três pirâmides de Gizé foram realmente feitas com pedras de concreto. Os defensores dessa tese mostram diferenças na densidade das rochas das pirâmides, as quais têm uma massa maior perto da base e bolhas perto do topo, como os antigos blocos de cimento. Entretanto, reconhecem que não poderão provar sua teoria conclusivamente até que as autoridades egípcias lhes dêem acesso a amostras significativas das pedras piramidais. Se a teoria for verdadeira, esta seria a mais antiga aplicação conhecida da tecnologia do concreto, surgida cerca de 2500 anos antes dos romanos começarem a usá-la amplamente em portos, anfiteatros e outras estruturas arquitetônicas.Mas há controvérsias. Os oponentes desta teoria afirmam que os formatos diferentes das pedrasPEDRAS DA PIRÂMIDE DE MEIDUM mostram que não foram usados moldes e que os egípcios dispunham da força de trabalho suficiente para içar toda a pedra natural que desejassem. Por outro lado, o Egito não possuiria quantidade suficiente de árvores para fazer a quantia necessária de cal, a qual se produz queimando pedra calcária. Com relação a este último aspecto, Barsoum concorda que para erguer os monumentos apenas com pedras artificiais seria necessária uma quantidade indisponível de madeira e combustível para aquecer a cal a 900 graus centígrados. Mas argumenta que na sua teoria o geopolímero produzido artificialmente foi usado, no máximo, em 20% do volume dos blocos. Além disso, depois de consultar Davidovits, ele chegou à conclusão de que teria sido usada uma receita alternativa que usa muito menos cal. Tal receita emprega terra que contém diatomáceas, algas microscópicas que vivem na terra húmida, formando no solo uma espécie de lama gelatinosa e pardacenta. Acima vemos um detalhe da pirâmide de Meidum. Nesse monumento, segundo Barsoum, também existiriam pedras naturais e artificiais. Robert L. Folk, um professor de geologia da Universidade do Texas, em Austin, que estudou as pedras piramidais, afirma que a idéia de pirâmides de concreto é absurda. É bem sabido — diz ele —, que os egipcios aplicavam algum tipo de revestimento sobre as superfícies que desejavam pintar. Eu suspeito que Barsoum esteja examinando a camada externa. Ele precisa penetrar alguns centímetros a mais na pedra. Por sua vez, o Dr. Zahi Hawass, o mais importante arqueólogo do Egito, responsável pela supervisão e controle de todas as escavações naquele país, afirmou que a idéia de que concreto foi usado é improvável e completamente sem comprovação. Levando-se em conta que as pirâmides foram restauradas muitas vezes com o extenso uso de concreto, Hawass indagou de onde Barsoum retirou as amostras com as quais trabalhou e como pode garantir que não foram tomadas de áreas restauradas em tempos modernos. Rebatendo a crítica, Barsoum afirmou que teria que ser um completo idiota para confundir cimento Portland com aquilo que examinou. Ele informa, em seu relatório, que as amostras da pirâmide de Kéops incluem fatias e um pequeno bloco do revestimento exterior e uma laje do revestimento interno, bem como pedaços grossos, ainda que pequenos, de outra pirâmide. Para comparação mineralógica foram usadas seis amostras diferentes de pedra calcária da vizinhança das pirâmides. Barsoum é tido como um cientista cuidadoso e respeitável e alguns estudiosos familiarizados com a pesquisa feita por ele, a qual, diga-se de passagem, durou três anos, avaliam que seu trabalho deve ser considerado seriamente. Ponderam que seus argumentos são convincentes e pensam que seu ponto de vista deve ser levado em conta. No final do trabalho Barsoum e Hug afirmam: Nós reconhecemos, por meio deste trabalho, que a natureza é bastante diligente e poderia ter — embora seja improvável — produzido todas as micro estruturas aqui examinadas. Porém, nós acreditamos que nosso trabalho apresenta evidência suficiente para sustentar a possibilidade de que partes cruciais das Grandes Pirâmides foram realmente feitas de pedra calcária reconstituída; somente mais pesquisas dirão.

Como Foram Construídas
O Uso de
Maquinaria Avançada 
 


 pirâmide de Kéops foi construída. Tendo iniciado sua vida profissional como aprendiz em uma companhia de engenharia de Manchester, sua cidade natal, ele se transferiu em 1969 para os Estados Unidos. Iniciando como habilidoso ferramenteiro e especialista em máquinas e ferramentas mecânicas, trabalhou em quase todos os níveis de produção de alta tecnologia, da construção à operação de lasers industriais de grande potência, e chegou ao posto de Engenheiro de Projetos e Gerente de Processos a Laser de uma empresa aeroespacial norte-americana, da qual, atualmente, ele Em visitas que fez ao Egito, esse pesquisador entrou em contato com MARCAS EM ASSUÃO arqueólogos e perguntou-lhes sobre o método que os antigos egípcios usavam para cortar o granito. Eles explicaram o método das cunhas com água que permitiam rachar a pedra. Rachar a rocha — afirma Dunn — é muito diferente de trabalhá-la e eles não me explicaram como as ferramentas de cobre foram capazes de cortar o granito. Por sugestão dos arqueólogos ele foi até Assuão para ver de perto as marcas deixadas nas pedreiras pelos operários, como essas que vemos na foto ao lado, e o obelisco inacabado que lá se encontra. Depois escreveu: As marcas da pedreira que eu vi lá não me convenceram de que os métodos descritos foram os únicos meios pelos quais os construtores das pirâmides extraíram suas rochas. (...) Na maioria das vezes, as ferramentas primitivas que são descobertas são consideradas contemporâneas dos artefatos do mesmo período. Além disso, durante este período da história egípcia, os artefatos eram produzidos abundantemente, sem que tivessem sobrevivido ferramentas que explicassem sua criação. Os antigos egípcios criaram artefatos que não podem ser explicados em termos simples. As ferramentas não representam integralmente o "estado da arte" que se evidencia nos artefatos. Há alguns objetos intrigantes que sobreviveram ao término daquela civilização e a despeito de seus monumentos mais visíveis e impressionantes, temos apenas um fraco entendimento da total extensão da sua tecnologia. As ferramentas exibidas pelos egiptólogos como instrumentos para a criação de muitos desses artefatos incríveis são fisicamente incapazes de reproduzi-los. Depois de permanecer em reverência diante dessas maravilhas da engenharia, ao nos defrontarmos com uma desprezível coleção de implementos de cobre do Museu do Cairo, de lá saímos pensativos e frustrados.Um método que tem sido proposto pelos egiptólogos, por exemplo, consiste no emprego de pequenas bolas de diorito, outra pedra ígnea extremamente dura, com as quais os artesãos golpeavam o granito. Como — pergunta o engenheiro — é possível que qualquer um que tenha visitado o Egito e visto os maravilhosos hieróglicos com seus intrincados detalhes, cortados com precisão surpreendente em estátuas de granito e de diorito, que se elevam quatro metros acima de uma pessoa, proponha que tal trabalho tenha sido feito golpeando-se o granito com uma bola? Ele destaca que os hieróglifos são incrivelmente precisos, com sulcos quadrados, mais profundos do que largos. Eles seguem contornos exatos e alguns têm sulcos que correm paralelos entre si com distanciamento de menos de um centímetro entre eles. Tais sulcos só podem ter sido cortados com uma ferramenta especial capaz de fender completamente o granito sem lascar a pedra.Christopher Dunn não é o primeiro a fazer tais questionamentos. Já no século XIX o renomado egiptólogo britânico William Flinders Petrie reconheceu que essas ferramentas eram insuficientes e expressou assombro quanto aos métodos que os antigos egípcios usavam para cortar rochas ígneas tão duras. Ele atribuiu-lhes métodos que nós estamos apenas começando a entender. Dunn afirma que, indubitavelmente, alguns dos artefatos que Petrie estudou foram produzidos usando torno. Há também evidência de marcas de ferramentas de torno claramente definidas em algumas tampas de sarcófagos. O Museu do Cairo contem evidências suficientes, desde que sejam adequadamente analisadas, provando que os antigos egípcios usavam métodos industriais altamente sofisticados.Dunn nos explica que as marcas deixadas nas pedras da Grande Pirâmide VASILHA DE GRANITO permitem que delas se deduzam quais os métodos usados para cortar o material empregado. E, segundo ele, não apenas as pedras da pirâmide, mas também vários outros artefatos indicam, quase indubitavelmente, que foram usadas máquinas pelos construtores daqueles monumentos. Tais artefatos foram estudados por Flinders Petrie e são todos fragmentos de rochas ígneas extremamente duras. Trata-se de peças de diorito e granito, como essa vasilha que Petrie desenhou, as quais exibem marcas que são as mesmas daquelas resultantes do corte de duras rochas ígneas com maquinário moderno. Petrie levantou evidências mostrando que havia tornos sendo usados pelos antigos egípcios. Também mostrou que eles realizavam tarefas que seriam, pelos padrões atuais, consideradas impossíveis sem técnicas especializadas altamente desenvolvidas. Foi o caso, por exemplo, de terem conseguido criar utensílios côncavos e convexos sem danificar o material.Apesar dos trabalhos de Petrie, há uma persistente crença entre alguns egiptólogos de que o granito usado na Grande Pirâmide foi cortado usando cinzéis de cobre. Dunn explica que a liga de cobre mais dura existente hoje em dia é o cobre berílio, não havendo evidência de que os antigos egípcios possuíssem tal liga. Mas, mesmo que a tivessem, essa liga não é suficientemente dura para cortar granito. Segundo ele, identificar cobre como o metal usado para cortar granito é como dizer que o alumínio pudesse ser cortado usando-se um cinzel feito de manteiga e, em outro trecho, acrescenta que nós podemos estar inteiramente enganados até mesmo na crença fundamental de que o cobre era o único metal disponível para os antigos egípcios.Métodos atuais do corte do granito incluem o uso de serras de fita e um abrasivo que tem uma dureza comparável à do diamante e, portanto, é duro o bastante para cortar o cristal de quartzo do granito. A serra não corta o granito, mas é projetada para agarrar o pó do abrasivo, que é o que verdadeiramente faz o corte. Examinando as formas dos cortes feitos em duas peças de basalto examinados por Petrie, Dunn concluiu que é possível que uma serra de fita tenha sido usada, pois parece que deixou sua impressão na pedra. O sulco no fundo do corte tem exatamente a forma do sulco que uma serra desse tipo deixaria. Dunn se pergunta: Se os antigos egípcios realmente usaram serras de fita para cortar pedras duras, elas foram impulsionadas à mão ou à máquina? E responde: Com minha experiência em estabelecimentos metalúrgicos e no número incontável de vezes em que tive que usar serras, tanto manuais quanto elétricas, me parece haver forte evidência de que, pelo menos em alguns casos, foi usado o segundo método.Ao examinar o sarcófago encontrado dentro da Câmara do Rei na Grande Pirâmide, Petrie observou que em uma de suas extremidades há um lugar onde a serra penetrou muito fundo no granito e foi retirada de volta pelos operários. Ao reiniciarem o trabalho, entretanto, eles ainda o fizeram muito fundamente e duas polegadas abaixo eles retiraram a ferramenta uma segunda vez, depois de terem recortado mais de um décimo de polegada mais profundamente do que pretendiam. Foi também Petrie quem estimou que teria sido necessário aplicar pressão de cerca de uma a duas toneladas sobre serras de bronze com pontas de pedras preciosas para cortar o granito extremamente duro. Se nós concordarmos com estas estimativas — afirma Dunn —, como também com os métodos propostos pelos egiptólogos com relação à construção das pirâmides, então uma forte incongruência existiria entre os dois. Até hoje os egiptólogos não deram crédito a qualquer especulação que sugira que os construtores da pirâmide poderiam ter usado máquinas ao invés de energia humana neste grandioso projeto de construção.Petrie acreditava que a lógica aponta para o fato de que os cofres de granito achados nas pirâmides de Gizé precisavam ser marcados antes de serem cortados. Era necessário que hovesse uma linha guia para orientar os trabalhadores. É a precisão exibida nas dimensões dos cofres que aponta em tal direção. Além do mais, guias de algum tipo seriam necessárias para alertar os operários de seus erros. Christopher Dunn comenta que as marcas da serra no granito têm certas características que sugerem que elas não eram o resultado de serragem manual. (...) É extremamente improvável que um grupo de trabalhadores operando uma serra manual de quase três metros de comprimento cortassem através do duro granito tão rapidamente que passassem a linha guia antes de notar o erro. E menos provável ainda que, então, retirassem a serra e repetissem o mesmo erro, como fizeram no sarcófago da Câmara do Rei. Não há nada que confirme a especulação de que este objeto foi o resultado de trabalho puramente manual.O engenheiro explica que a velocidade com que é operada uma serra manual permite que seu desvio em relação ao curso planejado possa ser detectado e evitado rapidamente. Por outro lado, sendo a serra mecanizada ela pode cortar o material e ultrapassar a linha guia tão rapidamente que o erro é cometido antes que a condição possa ser corrigida. Ele esclarece ainda que no sarcófago de Kéops a serra entrou muito profundamente, foi retirada, e então reintroduzida para que o corte fosse reiniciado em um só lado da incisão. Nesse caso, a pressão excessiva na serra de lâmina iria forçá-la de volta para o corte original. Para se fazer um reinicio deste tipo seria necessário que fosse exercida muito pouca pressão sobre a lâmina. Nessas circunstâncias, é duvidoso que as deduções de Petrie de que duas a três toneladas de pressão seriam necessárias para cortar o granito pudessem ser atendidas.O reinicio no meio de um corte — prossegue o autor —, especialmente num de tais dimensões como o cofre de granito, seria realizado mais facilmente com uma serra mecanizada do que com uma serra manual. Com uma serra manual há pouco controle sobre a lâmina em uma situação como essa, e seria difícil de avaliar precisamente a quantia de pressão necessária. Além disso, a lâmina da serra manual iria se mover bastante lentamente; um fato que questionaria ainda mais a idéia do emprego de uma serra manual. A uma velocidade tão lenta e com muito pouca pressão, a realização do objetivo seria quase, se não totalmente, impossível. Com uma serra mecanizada, por outro lado, a lâmina move-se rapidamente, e seu controle é possível. A lâmina pode ser mantida em uma posição fixa, com pressão uniforme por todo o comprimento da lâmina, e na direção necessária ao reinicio. Esta pressão dianteira e lateral pode ser mantida com precisão até que material suficiente tenha sido removido da peça trabalhada para permitir a continuação na velocidade de corte normal. O fato que uma velocidade normal de corte foi atingida logo após a retificação do engano pode ser deduzido notando-se que no cofre da Grande Pirâmide o engano se repetiu duas polegadas mais adiante. Este é outro exemplo da lâmina cortando o granito no lugar errado mais rapidamente do que foi possível aos homens detectar e interromper.Existe um outro método para corrigir um engano quando se usa uma serra manual, desde que o erro ocorra apenas em uma área pequena do corte. Consiste em inclinar a lâmina e continuar cortando na área não estragada, de forma que quando a lâmina atinge a área que precisa ser corrigida ela passa a ser sustentada pelo novo corte inclinado e tem força suficiente para combater qualquer tendência em seguir o corte reto original. Esse método poderia ter sido utilizado no cofre da pirâmide de Kéops. Mas caso isso tivesse realmente ocorrido, as linhas da serra que nele aparecem após o ponto em que foi cometido o engano seriam diferentes das linhas da serra antes do erro, porque elas estariam em ângulo. Entretanto isso não ocorre e todas as marcas deixadas pela serra antes e após o erro são horizontais. Qualquer argumento propondo que o engano foi superado inclinando-se a lâmina, o qual, provavelmente, seria o único método eficaz usando-se uma serra manual, fica invalidado. Esta evidência aponta para a probabilidade totalmente diferente de que os construtores das pirâmides possuíam maquinaria motorizada quando cortaram o granito encontrado dentro da Grande Pirâmide e da pirâmide de Kéfren — conclui Dunn.A parte interna do cofre de granito da Câmara do Rei foi escavada com uso MIOLO DE PEÇA EXAMINADA POR PETRIE de métodos semelhantes aos que são empregados atualmente para moldar o interior de determinados objetos. As marcas das ferramentas indicam que primeiro foram feitos cortes grosseiros perfurando buracos no granito ao redor da área que seria removida. Segundo Petrie, os buracos foram feitos com brocas de tubo, as quais deixam um miolo central, semelhante a este cujo desenho vemos ao lado, que precisa ser retirado depois do buraco ter sido feito. Só depois que todos os buracos foram feitos e todos os miolos removidos é que o cofre deve ter sido trabalhado manualmente para atingir a dimensão desejada. Aqui também foram cometidos erros e num dos pontos se nota que o orifício não foi feito de forma perfeitamente vertical e "comeu" a lateral do cofre além daquilo que estava previsto. Isso significa que mais uma vez, enquanto trabalhavam com a broca no granito, os operadores cometeram um erro antes de terem tempo para corrigi-lo, sendo que nesse caso o erro se estendeu até cerca de 20 centímetros abaixo do topo original do cofre. Para ver a peça que deu origem ao desenho ao lado, clique aqui e também aqui.A especulação então é a de que se a broca fosse manual seria necessário retirá-la periodicamente para permitir a limpeza do miolo central do orifício. Dificilmente os operadores poderiam ter perfurado cerca de 20 centímetros granito adentro sem precisar remover suas brocas. É possível, então, que retiradas freqüentes da broca mostrassem o erro cometido e que eles notassem a direção errada que a broca estava tomando antes que fizessem um talho no lado do cofre e, assim, não teriam mantido a broca no caminho errado até uma profundidade de cerca de 20 centímetros. Aqui parece que se repetiu a mesma situação que ocorrera com a serra, ou seja, duas operações de alta velocidade nas quais foram cometidos erros antes que os operadores tivessem tempo de corrigi-los.

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O Uso de
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PEÇAS EXAMINADAS POR PETRIEEmbora não se dê aos antigos egípcios o crédito de terem usado uma simples roda — afirma Christopher Dunn —, a evidência prova que eles não só usaram a roda, como deram a ela um uso mais sofisticado. A evidência de trabalho com torno mecânico é claramente observável em alguns dos artefatos existentes no Museu do Cairo, como também naqueles que foram estudados por Petrie. Dois pedaços de diorito na coleção de Petrie foram identificados por ele como sendo
o resultado de verdadeiro torneamento em um torno mecânico.
Dunn esclarece que podem ser criados objetos complicados sem a ajuda de maquinaria: basta simplesmente esfregar o material com um abrasivo como areia e usar um pedaço de osso ou madeira para aplicar pressão. Entretanto, Petrie afirmou que as relíquias que ele examinara, como algumas dessas que vemos acima, não poderiam ser produzidas por qualquer processo de abrasão ou fricção exercido sobre a superfície.











Petrie examinou uma prosaica tijela de pedra. Observando-a detalhadamente TAMPA DE UM SARCÓFAGO percebeu que nela havia um vértice afiado onde dois raios se cruzavam. Isso indicava que os raios tinham sido cortados em dois eixos separados de rotação. Ao examinar outras peças de Gizé, Petrie achou outro fragmento de tigela que tinha as marcas de verdadeiro torneamento em torno mecânico. Dunn afirma que ao visitar o Museu do Cairo também encontrou evidência do uso do torno mecânico em larga escala como, por exemplo, numa tampa de sarcófago cuja foto vemos ao lado. Examinando-a detalhadamente e baseado em sua experiência como metalúrgico, concluiu que as marcas das ferramentas deixadas na peça correspondem ao formato e localizam-se exatamente onde se poderia esperar que estivessem caso o sarcófago tivesse sido moldado com uso de tornos.Para fazer orifícios existe uma técnica que é chamada de trepanação. Ela deixa como resíduo um miolo central do material que está sendo perfurado. Os construtores das pirâmides usaram essa técnica. Uma das peças que Petrie estudou foi um desses miolos, que aparece como a oitava figura do desenho do alto desta página. Examinando as marcas de ferramenta que deixaram um sulco helicoidal simétrico nesse artefato tirado de um orifício perfurado em um pedaço de granito, Petrie concluiu que o ferramental egípcio penetrava a uma taxa de um centésimo de polegada a cada revolução da broca. As brocas modernas, por sua vez, só conseguem penetrar a uma taxa de dois milésimos de polegada por revolução. Isso significa que os antigos egípcios conseguiam cortar granito com uma taxa de alimentação que era 500 vezes maior ou mais profunda por revolução da broca do que as brocas modernas.Duas outras características das peças examinadas por Petrie também chamaram a atenção. A primeira foi que tanto o orifício quanto o miolo dele extraído têm uma forma cônica que se afunila em direção à extremidade. A outra é que o sulco helicoidal entrou nos componentes do granito de forma estranha, ou seja, penetrou mais produndamente no quartzo, material mais duro, do que no feldspato, mais macio. Christopher Dunn comenta que o afunilamento indica um aumento na superfície da área de corte da broca à medida em que ela ia cortanto mais profundamente, conseqüentemente um aumento na resistência. Uma alimentação uniforme sob tais condições, usando método manual, seria impossível. Petrie teorizou que foram aplicadas uma tonelada ou duas de pressão a uma broca tubular feita de bronze incrustada com jóias. Porém, isto não leva em conta que sob centenas e centenas de quilos de pressão as jóias iriam, indubitavelmente, abrir seu caminho na substância mais macia, deixando o granito relativamente incólume depois do ataque. Nem este método explica como o sulco poderia ser mais fundo através do quartzo.Nem todos os egiptólogos concordam com Petrie, pois consideram muito improvável que os egípcios tivessem conhecimento tecnológico suficiente para cortar pedras preciosas formando dentes e prendê-las no metal de tal maneira que elas suportassem a tensão do uso pesado, fabricando assim a broca sugerida. O que esses estudiosos sugerem é que foi usado um pó abrasivo em conjunto com serras e brocas de cobre macio. Então, provavelmente, pedaços do abrasivo penetraram no metal da broca, permanecendo ali por algum tempo e formando dentes acidentais e temporários, criando assim o mesmo efeito que dentes intencionais e permanentes criariam e foi a retirada da broca de tubo para remover o miolo e inserir abrasivo novo no orifício que criou os sulcos na peça. Dunn também discorda dessa opinião: É duvidoso que uma ferramenta simples que está sendo rotacionada à mão permaneça virando enquanto os artesãos a retiram do orifício. Igualmente, colocando a ferramenta de volta em um orifício limpo com abrasivo novo não seria necessário fazê-la girar até que estivesse no lugar. Também há a questão do afunilamento no orifício e no miolo. Ambos proveriam efetivamente a liberação entre a ferramenta e o granito, tornando impossível sob tais condições o estabelecimento de contato suficiente para criar os sulcos.Christopher Dunn acredita que tem a explicação de como os orifícios e os miolos achados em Gizé podem ter sido cortados. Segundo ele, o único método que satisfaz a lógica, do ponto de vista técnico, e explica todos os fenômenos observados é a aplicação de maquinaria ultra-sônica. Essa maquinaria produz o movimento oscilatório de uma ferramenta que lasca o material e o arremessa para longe, como um britadeira que lança para longe um pedaço de pavimento de concreto. A diferença é que ela é muito mais rápida, vibrando entre 19 mil e 25 mil ciclos por segundo. Um abrasivo aquoso ou em pasta é usado para apressar a ação cortante. Em síntese, a maquinaria ultra-sônica usa um processo de desagregação abrasivo-oscilatório.O estranho detalhe de que o sulco helicoidal penetrou mais produndamente no quartzo, material mais duro, do que no feldspato, mais macio, também pode ser explicado por sua teoria — acredita Christopher Dunn. Ele esclarece que são empregados cristais de quartzo na produção do ultra-som e, reciprocamente, são suscetíveis à influência de vibrações nas gamas ultra-sônicas e podem ser induzidos a vibrar em alta freqüência. Ao trabalhar o granito usando ultra-sonografia, o material mais duro (quartzo) não ofereceria necessariamente maior resistência, como aconteceria durante práticas de emprego de maquinarias convencionais. Uma ferramenta de corte vibrando ultra-sonicamente encontraria numerosos sócios simpatizantes enquanto cortasse o granito, embutidos diretamente no próprio granito! Em vez de resistir à ação cortante, o quartzo seria induzido a responder e vibrar em consonância com as ondas de alta freqüência e ampliaria a ação abrasiva à medida em que a ferramenta cortasse através dele.Embora a formação de sulcos não fosse esperada nas peças trabalhadas com ultra-som, já que esse atua mais por um processo de trituração do que por ação rotacional, o pesquisador acredita que eles podem ter sido criados por várias razões: um fluxo desigual de energia pode ter feito a ferramenta oscilar mais em um lado do que no outro; a ferramenta pode ter sido impropriamente montada, ou um acúmulo de abrasivo em um lado da ferramenta pode ter cortado o sulco à medida em que a ferramenta se movia no granito. Por outro lado, é preciso que se entenda que a ferramenta pode ter sofrido não apenas movimento oscilatório, mas também giratório, visando forçá-la através do granito, o que teria causado os sulcos.O formato cônico do orifício e do miolo são normais porque no emprego deBROCA ULTRASÔNICA qualquer ferramenta cortante é necessário que ela possa ser liberada da superfície da peça que está sendo trabalhada. Nesse caso, ao invés de termos um tubo contínuo, teríamos um tubo cuja espessura da parede ficaria gradualmente mais fina ao longo de seu comprimento. O diâmetro externo ficando gradualmente menor criaria a liberação entre a ferramenta e o orifício e o diâmetro interno, ficando maior, criaria a liberação entre a ferramenta e o miolo central. Isto permitiria que um fluxo livre da pasta fluída usada como abrasivo pudesse alcançar a área cortante. Uma broca tubular com tal feitio também explicaria o afunilamento das laterais do orifício e do miolo. Usando uma broca desse tipo feita de material mais macio do que o abrasivo, a extremidade cortante iria se desgastando gradualmente. As dimensões do orifício, portanto, corresponderiam às dimensões da ferramenta no instante do corte. Na medida em que a ferramenta ia se desgastando, o orifício e o miolo iam refletindo esse desgaste na forma de um cone. É isso o que ilustra a figura acima. Nela vemos o progresso da perfuração em granito com o emprego de uma broca ultra-sônica (vibratória). A broca avança um centésimo de polegada mais o desgaste da própria ferramenta para cada rotação da manivela "A".Christopher Dunn afiança que a ultra-sonografia soluciona todas as perguntas sem resposta que as demais teorias não conseguiram responder com relação a todos os aspectos da existência das marcas no material examinado por Petrie. É quando procuramos um único método que possa dar resposta para todos os dados — diz ele —, que nos afastamos daqueles mais primitivos e até mesmo da maquinaria convencional e somos forçados a considerar métodos que são um pouco anômalos para aquele período da história. Estudos adicionais precisam ser feitos dos miolos; realmente já foi sugerido que se reproduza os miolos usando-se os métodos que eu proponho e aqueles propostos por alguns egiptólogos usando métodos primitivos. Após essa reprodução, uma comparação dos miolos deveria ser feita usando equipamento de metrologia e um microscópio de escaneamento eletrônico. Mudanças microscópicas na estrutura do granito podem acontecer devido a pressão e calor enquanto está sendo trabalhado. É duvidoso que egiptólogos compartilhem minhas conclusões referentes aos métodos de perfuração dos construtores da pirâmide e seria benéfico executar esses testes para provar conclusivamente os verdadeiros métodos usados pelos construtores da pirâmide para cortar pedra.


Como Foram Construídas
O Uso de
Maquinaria Avançada

Parte 3 

SARCÓFAGO DE KÉFRENEm fevereiro de 1995 Christopher Dunn esteve no Cairo e aproveitou a oportunidade para medir alguns dos artefatos produzidos pelos construtores das pirâmides. Segundo ele, tais medições provaram, sem sombra de dúvida, que ferramentas e métodos altamente avançados e sofisticados foram empregados por essa antiga civilização. Dunn examinou três peças usando alguns instrumentos especiais que adquirira. Um deles visava determinar a precisão com a qual os artefatos haviam sido confeccionados. O primeiro objeto que inspecionou foi o sarcófago do interior da pirâmide de Kéfren, que vemos na foto acima. Ele se surpreendeu ao verificar que a superfície do interior da caixa era perfeitamente lisa e plana. Também lhe pareceu que os cantos internos arredondados do sarcófago tinham um raio uniforme em toda sua extensão, sem variação da precisão da superfície no ponto de tangenciamento.As perguntas que lhe vieram à mente foram: Por que o interior de uma enorme caixa de granito foi acabada com a exatidão que usamos em placas de revestimento de precisão? Como fizeram isso? E por que fizeram isso? Por que consideraram essa peça tão importante que se deram a tão grande trabalho? Seria impossível fazer esse tipo de trabalho no interior de um objeto manualmente. Mesmo com a maquinaria moderna, seria uma tarefa muito difícil e complicada. Seria uma tarefa grandemente problemática a de polir o interior da caixa com a precisão que se observa no sarcófago, a qual resultou numa superfície completamente plana no ponto onde as laterais encontram os cantos curvos. Há problemas físicos e técnicos associados com uma tarefa como essa que não são fáceis de resolver. Poderiam ser usadas brocas para desbastar o interior, mas quando se trata de terminar uma caixa deste tamanho com uma profundidade interior de 75,15 centímetros enquanto se mantém um raio no canto de menos de 1/2 polegada, há alguns desafios significativos para superar.O pesquisador também teve oportunidade de examinar os túneis cavados naSARCÓFAGO EM SAQQARA rocha no Serapeum, em Saqqara. Lá se encontram 21 enormes sarcófagos de granito, como este que vemos ao lado, que pesam, juntamente com suas respectivas tampas, cerca de 100 toneladas cada um. A matéria-prima foi extraída a cerca de 800 quilômetros de distância, nas pedreiras de Assuão. Cada peça tem, aproximadamente, quatro metros de comprimento, dois metros e 28 centímetros de largura e 3 metros e 35 centímetros de altura. Estão instalados em criptas escavadas na pedra calcária em intervalos regulares ao longo dos túneis. O piso das criptas fica cerca de um metro e 20 centímetros abaixo do piso do túnel e os sarcófagos estão colocados em recessos centrais. Ao examinar esse conjunto, Christopher Dunn se questionou sobre os problemas de engenharia existentes para instalar tais caixas enormes em espaços confinados e com a última cripta localizada próximo ao fim do túnel. Como colocá-las no lugar se ali não havia espaço para que centenas de escravos puxando cordas pudessem posicionar os sarcófagos?Ao examinar o lado externo de um desses sarcófagos, Dunn constatou que era uma superfície perfeitamente plana, sem qualquer desvio. Examinou ainda o interior de outro sarcófago desses e constatou, novamente, que a superfície era absolutamente plana. Ele também checou uma tampa e a superfície sobre a qual ela se apoiava e constatou, pela terceira vez, que ambas eram perfeitamente planas. Isso produzia um fechamento hermético no caixão, já que duas superfícies absolutamente planas entravam em contato e o peso de uma delas expulsava o ar existente entre ambas. Finalmente, usando um esquadro de altíssima precisão, inspecionou o ângulo formado entre essa tampa de 27 toneladas e a superfície interior do sarcófago sobre o qual ela se apoiava. Verificou que o lado inferior da tampa e a parede interior da caixa formavam um ângulo reto absolutamente perfeito e que o fato se dava não apenas num lado da caixa, mas em ambos, o que aumenta o nível de dificuldade para realizar esse feito.Pense nisso como uma realidade geométrica — comentou Chistopher DUNN FAZENDO MEDIÇÕES Dunn. Para que a tampa fique no esquadro com as duas paredes internas, estas têm que ser paralelas entre si ao longo do eixo vertical. E ainda mais, a parte superior da caixa precisa formar um plano que esteja no esquadro com as laterais. Isso torna o acabamento do interior exponencialmente mais dificil. Os fabricantes desses sarcófagos do Serapeum não apenas criaram superfícies internas que são planas quando medidas vertical e horizontalmente, mas também se certificaram de que as superfícies que estavam criando estivessem no esquadro e paralelas umas com as outras, com uma superfície, o topo, tendo laterais que estão afastadas entre si entre 1,5 e 3 metros. Mas sem tal paralelismo e sem o perfeito esquadro da superície do topo, o perfeito esquadro notado em ambas as laterais não poderia existir.
Realizando seu trabalho, Chistopher Dunn sentia a atmosfera carregada de poeira do interior daqueles túneis, o que tornava difícil a respiração. Ficou então imaginando o desconforto e quão insalubre seria dar acabamento a qualquer uma daquelas enormes peças de granito, seja lá qual fosse o método empregado. Uma melhor alternativa seria executar o trabalho fora daquele ambiente. Eu estava tão surpreso com este achado — escreveu ele — que não me ocorreu, a não ser mais tarde, que os construtores destas relíquias, por alguma razão esotérica, desejavam que elas fossem extremamente precisas. Eles tinham se dado ao trabalho de trazer para o túnel o produto inacabado e terminaram-no no subterrâneo por uma boa razão! Essa é a coisa lógica a fazer se você requer um alto grau de precisão na peça em que está trabalhando. Terminar a peça com tal precisão em um local que mantivesse uma atmosfera diferente e uma temperatura diferente, como ao ar livre debaixo do sol quente, significaria que quando ela fosse finalmente instalada dentro do túnel frio, numa temperatura semelhante à de uma caverna, aquela precisão seria perdida. O granito mudaria sua forma por expansão e contração térmica. A solução, naquela época como hoje em dia, é claro, é preparar superfícies de precisão no local no qual elas deverão ser utilizadas. Com que propósito os egípcios extraíram de suas minas blocos de granito de 90 toneladas, escavaram seu interior e o fizeram com tão alto nível de precisão? Por que acharam necessário trabalhar a superfície no topo desta caixa de maneira a torná-la perfeitamente plana de forma que uma tampa, com uma superfície no seu lado inferior igualmente plana, se assentasse perfeitamente no esquadro com relação às paredes interiores do sarcófago? Dunn comenta que ninguém faz esse tipo de trabalho a menos que haja um elevado propósito para o artefato. Até mesmo a idéia deste tipo de precisão não ocorreria a um artesão, a menos que não houvesse nenhum outro meio para atingir aquilo que se pretendia que o artefato fizesse.A única outra razão pela qual tal precisão poderia ser implantada em um objeto seria a de que as ferramentas usadas para criá-lo fossem tão precisas que fossem incapazes de produzir qualquer coisa menos exata. Em qualquer dos dois cenários, estamos olhando para uma civilização de um nível mais alto do que aquele que é normalmente aceito hoje em dia. Para ele as implicações desse fato são surpreendentes e enfatiza: É por isso que acredito que estes artefatos que examinei no Egito são a evidência incontestável que prova, sem sombra de dúvida, que uma civilização mais adiantada do que aquela que aprendemos existiu no antigo Egito. A evidência está gravada na pedra. Pode-se argumentar que a falta de maquinaria refuta a existência de uma sociedade avançada entre os antigos egípcios. Mas Dunn contesta tal argumento dizendo que uma falta de evidência não é evidência. É falacioso negar ou ignorar o que existe argumentando com aquilo que não existe. O autor sugere que sejam feitos estudos mais aprofundados nesses sarcófagos para que se descubra que finalidade levou os artífices egípcios a buscarem tão alto grau de precisão, já que a intenção nesse sentido está bastante clara. Talvez as superfícies das caixas até estejam acabadas com precisão ótica. Se assim for, por quê? Entretanto, não era o objetivo de Christopher Dunn analisar esse tipo de detalhe.Quando retornou aos Estados Unidos, Dunn contatou quatro fabricantes de granito de precisão e não encontrou ninguém que pudesse fazer um artefato semelhante. Um deles informou que um pedaço de granito daquele tamanho deve pesar cerca de 90.000 quilos e, se uma peça daquele tamanho estivesse disponível, seu custo seria enorme. O pedaço do granito bruto valeria algo em torno de 115 mil dólares. Este preço não incluiria o corte do bloco no tamanho adequado ou qualquer custo de frete. O próximo problema óbvio seria o transporte. Seriam necessárias muitas licenças especiais a serem emitidas pelos órgãos competentes que custariam outros milhares de dólares. E, entretanto, os egípcios moveram esses pedaços de granito por quase 800 quilômetros. O mesmo fabricante informou que sua empresa não tinha o equipamento ou a capacidade técnica para produzir caixas semelhantes. O que poderiam fazer seria produzir as caixas em cinco pedaços, transportá-los até o cliente e juntá-los no local.O terceiro objeto que Chistopher Dunn examinou, e que vemos na foto PEÇA COM CONTORNO PRECISO ao lado, foi um pedaço de granito encontrado nas proximidades do planalto de Gizé e sobre o qual concluiu que os construtores das pirâmides tiveram que usar uma máquina capaz de executar contornos precisos em três eixos de movimentação (X-Y-Z) para guiar a ferramenta num espaço tridimensional e criar a peça. Ainda que sejam inacreditavelmente precisas, superfícies planas normais, simples geometricamente, podem ter sua fabricação explicada através de métodos simples. Entretanto, a peça encontrada suscitou na mente de Dunn não apenas a pergunta: Que ferramenta foi usada para cortá-la?, mas também outra indagação muito mais complexa: O que guiou a ferramenta de corte?Como introdução para a resposta, o autor explica que muitos dos artefatos que a civilização moderna criou seriam impossíveis de produzir usando-se trabalho puramente manual. Estamos rodeados por artefatos que são o resultado da criação de ferramentas que superam nossas limitações físicas. Nós desenvolvemos máquinas ferramentas para criar os moldes que produzem os contornos estéticos dos carros que dirigimos, dos rádios que escutamos e dos eletrodomésticos que usamos. Para criar os moldes que produzem tais artigos, uma ferramenta cortante tem que seguir com precisão um contorno predeterminado em três dimensões. Em algumas aplicações ela irá se mover em três dimensões usando, simultaneamente, três ou mais eixos de movimentação. O artefato que ele examinou exigiria um mínimo de três eixos de movimentação para sua confecção.Quando a indústria de ferramentas elétricas era relativamente jovem, foram empregadas técnicas onde a forma final era dada à mão, usando modelos como guia. Hoje, com o uso de máquinas controladas por computador, pouco se usa o trabalho manual. Um pequeno polimento para remover marcas indesejáveis da ferramenta talvez seja o único trabalho manual requerido. Então, para descobrir que um artefato foi produzido em tal máquina, precisamos encontrar uma superfície precisa com sinais das marcas de ferramenta que mostrem o caminho da ferramenta em si. Isto foi o que Chistopher Dunn encontrou em Gizé, aproximadamente dez metros a leste da segunda pirâmide. Eram dois pedaços de granito que tinham sido originalmente um único pedaço, mas que se quebrara. O pesquisador teve sua atenção despertada pela precisão do contorno e sua simetria. Os dois objetos encontrados, quando juntos, assemelhavam-se a um pequeno sofá. O assento é um contorno que se funde com as paredes dos braços e com o encosto. O autor examinou-o e considerou-o extremamente preciso. A conclusão a que chegou é a de que houve uso de maquinaria motorizada de alta velocidade e que técnicas modernas de mecânica não convencional foram empregadas na fabricação dos artefatos de granito achados em Gizé e em outros locais no Egito. Dunn advoga que se faça um estudo sério e oficial por pessoas qualificadas, de mente aberta, que poderiam abordar o assunto sem noções preconcebidas.Em termos de um entendimento mais amplo do nível de tecnologia empregado pelos antigos construtores das pirâmides — ele comenta, as implicações dessas descobertas são tremendas. Nós não só estamos diante de fortes evidências que parecem nos ter escapado durante décadas, e que oferecem indícios adicionais que provam que os antigos egípcios estavam bem avançados, mas também temos oportunidade de reanalisar tudo de uma perspectiva diferente. Entender como algo é feito abre uma dimensão diferente na tentativa de determinar porque foi feito. A precisão nestes artefatos é irrefutável. Até mesmo se nós ignorarmos a pergunta de como eles foram produzidos, estaremos ainda face à questão do porque tal precisão foi necessária.Ainda que possamos admitir que máquinas avançadas realmente tenham sido empregadas, fica a pergunta: onde estão as máquinas? Quanto a tal assunto o pesquisador inglês pondera que máquinas são ferramentas e que nenhuma ferramenta foi encontrada para explicar qualquer teoria sobre como as mais de 80 pirâmides foram construídas ou caixas de granito foram cortadas. Até mesmo se nós aceitássemos a noção de que ferramentas de cobre são capazes de produzir esses artefatos incríveis, os poucos instrumentos de cobre que foram descobertos não representam o número de tais ferramentas que teriam que ter sido usadas se cada canteiro que trabalhou nas pirâmides, apenas em Gizé, possuísse uma ou duas delas.Depois de garantir existirem poucas dúvidas de que subestimamos seriamente as capacitações dos antigos construtores das pirâmides, Christopher Dunn escreve: A interpretação e o entendimento de um nível de tecnologia de uma civilização não deveriam depender da preservação de um registro escrito de toda a técnica que eles tenham desenvolvido. Os fatos básicos de nossa sociedade nem sempre merecem elogios e uma pedra testamento mural, muito provavelmente, seria erigida para transmitir uma mensagem ideológica, ao invés da técnica empregada para entalhá-la. Registros da tecnologia desenvolvidos pela nossa moderna civilização permanecem em mídia vulnerável e poderiam deixar de existir no caso de uma catástrofe mundial, tais como uma guerra nuclear ou uma nova idade do gelo. Por conseguinte, depois de vários milhares de anos, uma interpretação dos métodos usados por um artesão poderia ser mais precisa do que uma interpretação do seu idioma. O idioma da ciência e da tecnologia não tem a mesma liberdade da fala. Assim, embora as ferramentas e máquinas não tenham sobrevivido milhares de anos após seu uso, nós temos que assumir, por análise objetiva da evidência, que elas existiram.


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O Uso de
Maquinaria Avançada
Parte 4 

MIOLO DE GRANITOA teoria de Christopher Dunn de que os antigos egípcios perfuravam granito usando maquinaria ultra-sônica baseia-se no livro do famoso egiptólogo britânico William Flinders Petrie, intitulado "Pyramids and Temples of Gizeh". Nessa obra, Petrie descreve um artefato, que vemos na foto acima, com marcas de um processo de perfuração que deixa um sulco helicoidal no granito, indicando que a ferramenta penetrou naquele material a uma taxa de um centésimo de polegada a cada revolução da broca, uma porcentagem excessivamente alta para os métodos convencionais. Entretanto, após um exame físico desse artefato, dois pesquisadores, um engenheiro acústico e um especialista em pedras de cantaria, concluíram que os sulcos não eram espirais, mas círculos individuais e informaram que isso é comum em qualquer miolo produzido em qualquer pedreira inglesa, sem uso de máquinas de ultra-som. Ao ler a respeito, Christopher Dunn, considerando que o sulco helicoidal era a principal característica da peça que o levou a sugerir o emprego de ultra-som, fez em seu site na Internet uma declaração de que suspendia todas as afirmações que fizera sobre o uso de maquinaria ultra-sônica pelos antigos egípcios nos processos de perfuração do granito. Para tirar suas dúvidas e confirmar ou não sua teoria, Dunn viajou até a Inglaterra e visitou o Museu Petrie, no qual se encontra guardado o artefato que deu origem à polêmica, conhecido como miolo N.º 7. Ao pegar a peça que nunca vira nas mãos, o pesquisador sentiu-se desapontado com sua insignificância. Mais desapontado ainda ficou por achar que o grande egiptólogo Petrie havia cometido um engano ao avaliá-la. Os sulcos pareciam realmente ser circulares e não helicoidais. Ainda que decepcionado, já que estava lá, resolveu fazer as medições que programara.Para verificar se os sulcos formavam uma helicóide ou não, Dunn usou um método primitivo, porém eficaz: encaixou no sulco uma linha de algodão branca e acompanhou sua trajetória com a linha. O sulco variava em profundidade à medida em que circulava a peça e em alguns pontos era apenas um fraco arranhão imperceptível a olho nu. O que Petrie escreveu sobre esse miolo não estava totalmente correto. Ele se refere a um único sulco helicoidal, mas na realidade existem dois sulcos helicoidais paralelos. Dunn repetiu o teste em aproximadamente sete locais diferentes da peça, obtendo sempre os mesmos resultados. Os sulcos estão cortados no sentido dos ponteiros do relógio, partindo da extremidade mais fina do miolo para sua extremidade mais grossa, o que significa do topo para a base. Eles chegam visivelmente até o ponto em que a peça foi quebrada para ser retirada do orifício onde foi gerada. Os sulcos têm a mesma profundidade tanto no topo quanto na base do miolo e o passo circunferencial também é uniforme nos dois extremos. A constatação mais importante para provar a tese de Christopher Dunn foi a de que não há estriamentos horizontais ou anéis, mas sim sulcos helicoidais que descem em espiral pelo miolo como um filete de rosca com duplo ponto de partida.Os estudos de Christopher Dunn levaram-no a se convencer de que ainda temos muito a aprender com nossos antepassados distantes e que para tanto basta que possamos abrir nossas mentes e aceitar que outra civilização de uma época longínqua possa ter desenvolvido técnicas industriais que são tão grandes ou talvez até maiores que as nossas. (...) Com uma tão convincente coleção de artefatos que provam a existência de maquinaria de precisão no Egito antigo, a idéia que a Grande Pirâmide foi construída por uma civilização avançada que habitou a Terra a milhares de anos atrás fica mais admissível. Eu não estou propondo que esta civilização estivesse tecnologicamente mais avançada que a nossa em todos os níveis, mas me parece que no que se refere ao trabalho de alvenaria e construção eles excediam as capacitações e especificações atuais. Depois de informar que muitos profissionais ao redor do mundo pesquisam para achar respostas aos vários mistérios não solucionados que indicam que nosso planeta Terra abrigou outras sociedades avançadas no passado distante, o autor conclui que seria ilógico, dogmaticamente, aderir a qualquer visão teórica relativa às civilizações antigas.
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O Uso de Magnetismo 


CASTELO DE CORALMuito se tem discutido sobre as técnicas que eventualmente poderiam ter sido usadas pelos antigos egípcios para cortar os enormes blocos que formam as grandes pirâmides de Gizé. Menor atenção tem sido destinada aos métodos que podem ter sido usados para transportar e levantar blocos ciclópicos de pedra. A solução proposta pela visão clássica é a de que os blocos foram movidos e colocados em seus lugares apenas com o uso da força braçal. Entretando, especialistas em movimentação de grandes pesos com emprego de modernos guindastes levantam dúvidas a respeito. Christopher Dunn, um engenheiro mecânico inglês que trabalha nos Estados Unidos e que desde 1977 vem se questionando sobre a maneira pela qual as pirâmides foram construídas, escreveu um artigo para uma revista americana no qual debate a questão. Minha empresa instalou recentemente uma prensa hidráulica pesando 65 toneladas — ele escreveu. Para erguê-la e depois baixá-la pelo telhado, foi necessário um guindaste especial. O guindaste foi trazido para o local desmontado e foi transportado de uma distância de 128 quilômetros, consumindo cinco dias de viagem. Depois de 15 descarregamentos terem sido feitos, o guindaste foi finalmente montado e ficou pronto para uso. Um dos manobristas que executou a tarefa informou que o maior peso que ele havia erguido tinha sido uma peça de 110 toneladas de uma usina nuclear. Quando eu falei a ele sobre os pesos de 70 e 200 toneladas dos blocos de pedra usados no interior da Grande Pirâmide e do Templo do Vale, ele expressou assombro e descrença quanto aos métodos primitivos que são propostos pelos egiptólogos.A seguir Christopher Dunn faz referência ao único homem no mundo que, baseado em experiência própria, afirmou com todas as letras conhecer o segredo de como foram construídas as pirâmides do Egito, mas que morreu sem revelá-lo. Esse homem foi um imigrante da Letônia, um eremita excêntrico chamado Edward Leedskalnin, que construiu sozinho, no interior dos Estados Unidos, um Castelo de Coral com pedras que chegam a pesar até 30 toneladas, como é o caso da que aparece apoiada no chão na foto acima formando um muro. Ele descobriu uma maneira de erguer e manobrar blocos de coral dessa envergadura usando apenas meios manuais. Seria possível para um homem de um metro e meio de altura e 50 quilos de peso realizar tal feito sem conhecer técnicas estranhas ao nosso entendimento contemporâneo de física e mecânica? As realizações desse homem surpreenderam muitos engenheiros e tecnólogos que procuraram compará-las com aquelas conseguidas por trabalhadores que manuseiam pesos semelhantes na indústria atual.De acordo com o raciocínio do engenheiro inglês, se nós assumirmos que Leedskalnin e os antigos construtores das pirâmides usaram técnicas semelhantes, teremos um enfoque diferente no que diz respeito a quantidade de homens necessários para construir a Grande Pirâmide. As estimativas do número de trabalhadores que ergueram aquela obra oscilam entre 20.000 e 100.000. Mesmo levando-se em conta que a precisão com a qual Leedskalnin trabalhou não foi a mesma usada no Egito, com base naquilo que ele conseguiu, extraindo e erguendo um total de 1.100 toneladas de pedra num espaço de tempo de 28 anos, as 5.273.834 toneladas de pedra usadas na Grande Pirâmide poderiam ter sido postas no lugar por apenas 4.794 trabalhadores.Eu visitei o Castelo de Coral pela primeira vez em 1992 — afirma Christopher Dunn. Logo ficou claro para mim que a afirmação de Ed era exata. Ele realmente conhecia os segredos dos antigos egípcios. (...) Leedskalnin discordava da maneira pela qual a ciência moderna está entendendo a natureza. Ele afirmava enfaticamente que eles estão errados. Seu conceito de natureza é simples. Toda matéria é constituída por ímãs individuais e é o movimento destes ímãs dentro dos materiais e através do espaço que produz os fenômenos mensuráveis, isto é, magnetismo e eletricidade. Dunn acredita que Leedskalnin a partir dessa premissa, quer ela seja correta ou não, pode ter descoberto meios de elevar e manobrar grandes pesos manualmente, o que seria impossível usando métodos convencionais. Especula-se que ele teria usado eletromagnetismo para eliminar ou reduzir a força gravitacional da Terra. Nem todos concordam com esse ponto de vista.Prosseguindo seu artigo, Dunn faz uma especulação que tenta levar a premissa básica de Leedskalnin relativa à natureza da eletricidade e do magnetismo a uma conclusão que tenha algum contato com a lógica. Ele pondera que talvez aquilo que aprendemos sobre o assunto não se aplique necessariamente à busca e à descoberta de uma solução verdadeira. A pergunta a ser respondida nesse caso é a seguinte: O que é anti-gravidade?
E a resposta é: meios pelos quais os objetos podem ser erguidos, superando a força gravitacional da Terra. Nós aplicamos técnicas anti-gravitacionais em nossa vida cotidiana. Quando saímos da cama pela manhã, nós empregamos a anti-gravidade. Um avião e um elevador, por exemplo, são tecnologias inventadas para superar os efeitos da gravidade. Estamos trabalhando sob a suposição de que para criar um dispositivo anti-gravitacional a gravidade já seja um fenômeno totalmente conhecido e compreendido e que a tecnologia tem condições de anulá-la. Mas, não é bem assim. A verdade é que ainda nos escampam a natureza da gravidade e a maneira de produzir ondas que possam interferir sobre ela.E se na realidade não existe essa coisa chamada gravidade? E se as forças naturais que nós já conhecemos forem suficientes para explicar os fenômenos visíveis que nós etiquetamos como gravidade? E se, como reivindica Leedskalnin, tudo se reduz a ímãs individuais, as propriedades conhecidas de um ímã não seriam suficientes? Nós sabemos que polos semelhantes se repelem e que polos opostos se atraem. Nós também sabemos que podemos suspender um ímã sobre outro, contanto que não permitamos que os polos opostos se atraiam. Ímãs procuram se atrair e, entregues a si mesmos, alinharão seus polos opostos uns aos outros. Se um ímã grande for suspenso por cima de um ímã menor, dependendo da proporção entre eles, a distância entre os ímãs será diminuída até o ponto em que o ímã menor não seja capaz de exercer força suficiente para se elevar. A terra, sendo o ímã maior, emite fluxos de energia magnética que segue linhas de força que há séculos sabemos que existem. Se nós assumirmos, como fez Leedskalnin, que todos os objetos são ímãs individuais, nós também podemos assumir que uma atração existe entre estes objetos devido à natureza inerente de um ímã que busca alinhar um polo oposto a outro. Talvez os meios que Leedskalnin tenha encontrado para trabalhar com a força gravitacional da Terra não tenha sido nada mais complicado do que inventar meios pelos quais o alinhamento dos elementos magnéticos dentro de seus blocos de coral pudesse ser ajustado para resistir aos fluxos do magnetismo terrestre.É bem sabido que Leedskalnin trabalhava sozinho e, portanto, seus métodosED NO CASTELO tinham que ser necessariamente simples. Christopher Dunn prossegue esclarecendo que um método conhecido para criar magnetismo em uma barra de ferro consiste em alinhá-la com o campo magnético da Terra e golpeá-la com um martelo. Isso faz vibrar os elementos na barra e lhes permite serem influenciados pelo campo magnético dentro do qual se encontram. O resultado é que quando a vibração cessa, um número significativo dos átomos se alinharam dentro deste campo magnético. Numa oficina dentro do castelo, existe um mecanismo que dispõe de uma espécie de volante e o qual se afirma serviria para gerar eletricidade, mas é duvidoso que fosse possível conseguir tal objetivo apenas girando a roda com as mãos. O conjunto todo é formado por um velho carter de um veículo de quatro cilindros e barras magnéticas que foram intercaladas entre duas placas. Na parte superior há uma engrenagem circular. Para dar peso e solidificar todo o conjunto, Leedskalnin envolveu as barras magnéticas com cimento. Uma foto antiga, que vemos acima, mostra Leedskalnin com a mão na manivela existente no conjunto, dando a impressão de que para fazê-lo funcionar seria necessário girar o artefato. É possível, entretanto, que Leedskalnin usasse a manivela apenas para dar partida a um motor de movimento alternado, atualmente perdido, que se fixava em uma das extensões do eixo. Ele poderia, então, afastar-se e deixar a máquina funcionando.Ao examinar esse mecanismo, Christopher Dunn imaginou que as barras magnéticas eram usadas na realidade para provocar vibração na peça que Leedskalnin estivesse tentando erguer. O cárter estava firmemente preso a um bloco de coral na oficina, e dificilmente se movimentaria. Dunn testou as barras magnéticas com um canivete. Ele foi atraído por todas elas. Para saber com certeza qual o arranjo dos polos na roda e confirmar se realmente o conjunto seria capaz de gerar eletricidade, Dunn usou uma barra magnética. Ele segurou a barra a uma curta distância da roda ao mesmo tempo em que a fazia girar. O ímã movimentou-se nas mãos do engenheiro enquanto a roda girava. Olhando ao redor ele viu uma parafernália de vários dispositivos movimentando-se, inclinando-se, elevando-se dentro do quarto. Havia bobinas de sintonia de aparelhos de rádio, garrafas com arame de cobre enrolado nelas, carretéis de arame de cobre e outras várias peças de metal e plástico que pareciam ter saído de um velho aparelho de rádio. Dunn sugere que o letônio pode ter descoberto alguma maneira de reverter, localmente, os efeitos da gravidade. Ele poderia ter gerado um sinal de rádio que fizesse com que o coral vibrasse na sua frequência de ressonância e então usaria um campo eletromagnético para inverter os polos magnéticos dos átomos, de maneira a que ficassem em oposição ao campo magnético da Terra.Na oficina do castelo podem ser vistas correntes, roldanas, talhas e outras materiais que parecem saídos de um ferro-velho. Toda essa tralha não está dimensionada e não é adequada para levantar os pesos com os quais Ed lidava. Fotos que foram tiradas mostrando Leedskalnin trabalhando exibem um tripé formado por postes telefônicos, sustentando uma caixa em seu topo. Esse material não se encontra mais no castelo. Mas existem ainda lá carretéis de arame de cobre e afirma-se que, em determinado período, o inventor teve uma grade de arame de cobre suspensa no ar sobre a propriedade. As fotos mostram um cabo preso ao redor do tripé que corre diretamente para o solo, o que leva a concluir que talvez o arranjo de tripés esteja relacionado mais com a suspensão da grade de cobre do que com a suspensão dos blocos ou equipamentos.Eu não tenho nenhuma dúvida — conclui Christopher Dunn em seu artigo — que Leedskalnin contou a verdade quando disse que conhecia os segredos dos antigos egípcios. Ao contrário daqueles que têm buscado publicidade para suas próprias teorias inadequadas, embora politicamente corretas, ele provou a sua pela ação. Eu acredito, também, que estas técnicas podem ser redescobertas e postas em uso para o benefício do gênero humano. Dunn acredita que no castelo há indícios e material suficientes que podem ser reunidos a ponto de se redescobrir a técnica que Leedskalnin utilizou.


Como Foram Construídas
Uma Rampa Interna 
A RAMPA INTERNAJean-Pierre Houdin, um arquiteto francês, acredita que a pirâmide de Kéops foi construída de dentro para fora com a ajuda de uma rampa espiralada, como ilustra a figura ao lado. Essa idéia contraria a hipótese convencional segundo a qual foram utilizadas rampas externas ao monumento para erguê-lo. Usando simulação computadorizada em 3-D, disponível na Internet, ele tenta demonstrar que a rampa principal, a qual permitiu elevar os enormes blocos de pedra, foi montada internamente a uma distância entre 10 e 15 metros da parede externa da pirâmide. De acordo com a teoria, os construtores ergueram uma rampa externa para os primeiros 40 metros de altura e, a seguir, ergueram uma rampa espiralada interna para completar o restante da estrutura. Uma equipe com 14 engenheiros trabalhou durante dois anos para construir a modelagem por computador. O egiptólogo Bob Brier, pesquisador da Universidade de Long-Island, em Nova Iorque, afirmou: Isto vai contra as principais teorias existentes. Eu mesmo as tenho ensinado nos últimos 20 anos, mas intimamente sei que estão erradas. A visão de Houdin é aceitável, mas por enquanto é apenas uma teoria. Todo o mundo pensa que deve ser encarada seriamente. Foi em 1999 que Houdin começou a trabalhar em tempo integral para tentar provar sua hipótese. Ele achava que uma rampa frontal com um quilômetro e meio de extensão consumiria tanta pedra quanto a própria pirâmide e seria demasiadamente íngreme no seu topo. Por outro lado, uma rampa espiralada externa teria bloqueado as linhas de visão necessárias para se construir uma pirâmide precisa. Além disso, seria difícil ajustá-la à superfície, deixando pouco espaço para o trabalho. O engenheiro acredita que também pode explicar a função da grande galeria: seu formato alto e estreito sugere que ela acomodava um gigantesco contrapeso para ajudar a suspender cinco vigas de granito, de 60 toneladas cada uma, até suas posições acima da câmara do rei. Usando estas técnicas, Houdin acredita que seriam suficientes 4000 pessoas para construir o monumento.Em um artigo publicado na revista Archaeology, Bob Brier explica porque as hipóteses do uso de rampas externas ao monumento têm sido postas em cheque. Uma rampa construída em um dos lados da pirâmide não poderia ser muito íngreme sob pena dos homens não conseguirem arrastar os blocos para cima. Considera-se que um declive de 8% é o máximo aceitável e este é o problema com a teoria da rampa única. Com inclinação assim tão suave, a rampa teria que ter, aproximadamente, 1,6 km de extensão para alcançar o topo da pirâmide. Mas não há espaço para uma rampa tão longa no planalto de Gizé, nem evidência de uma construção tão volumosa. E é claro que neste caso o volume de pedra empregada na rampa seria tão grande quanto o da própria pirâmide, virtualmente dobrando o número de homens/hora necessárias para construir o monumento.Brier continua explicando que já que a teoria da rampa única não funciona, surgiram teorias de que haveria uma rampa ao redor da pirâmide, como acontece com as estradas que sobem pelas montanhas. Assim, não seria necessária uma rampa muito longa e não teriam ficado vestígios da sua existência. A falha desse enfoque é que, com uma rampa espiralada por fora da pirâmide, os cantos não poderiam ser completados até a fase final da construção. Entretanto, freqüentemente teria sido necessário realizar cuidadosas medições dos ângulos nos cantos para garantir que eles se juntariam de molde a convergir para um único ponto no topo. O tronco de pirâmide teria ficado completamente enterrado sob as rampas e os agrimensores não poderiam usar os quatro cantos, as arestas e a linha da base da construção para fazerem seus cálculos. Portanto, esta teoria também apresenta um sério problema.Outra hipótese que tem sido levantada para a construção da pirâmide é a do uso de máquinas às quais Heródoto faz referência. Até recentemente os fazendeiros egípcios usaram um artefato de madeira denominado shaduf para elevar água do Nilo para irrigação. Este dispositivo pode ser visto em pinturas nas antigas tumbas e, assim, sabemos que estava disponível aos construtores da pirâmide. A idéia é a de que teriam sido usados centenas destes guindastes, em vários níveis da pirâmide, para erguer os blocos. Um problema com esta teoria é que o sistema exigiria uma tremenda quantidade de madeira e o Egito simplesmente não dispunha de florestas para fornecer a matéria prima. Importar tanta madeira teria sido impraticável. Grandes troncos de árvores para construção naval foram importados do Líbano, mas este era um empreendimento muito oneroso. Talvez a objeção maior à teoria dos guindastes seja o fato de que não há espaços para colocá-los em parte alguma. Os blocos da pirâmide tendem a diminuir de tamanho na medida em que o momunento se torna cada vez mais alto. Brier conta que escalou a Grande Pirâmide dezenas de vezes e que no topo os blocos dispõem, às vezes, de apenas 45 cm para que alguém fique em pé. É claro que não haveria espaço para guindastes suficientemente grandes para erguer pesados blocos de pedra.A RAMPA INTERNAEm síntese, a teoria de Houdin sugere que para a terça parte inferior do monumento os blocos, representando 73% do volume total da pirâmide, foram elevados com a ajuda de uma rampa reta e externa com inclinação de 8%. Esta rampa seria muito mais curta, cerca de 400 m, do que aquela necessária para alcançar o topo. Ela teria sido construída com blocos de pedra calcária ligeiramente menores do que aqueles usados para erguer a terça parte inferior da pirâmide. Na medida em que a parte inferior do monumento ia sendo construída usando-se a rampa externa, uma segunda rampa ia sendo erguida, dentro da pirâmide, pela qual seriam puxados os blocos para os dois terços restantes da obra. A rampa interna, afirma Houdin, começava na base, tinha aproximadamente 1,80 m de largura e um grau de inclinação de cerca de 7%. Esta rampa só foi colocada em uso depois que a terça parte inferior do colosso foi completada e que a rampa externa já havia cumprido seu papel. A figura acima ilustra como deveria estar a pirâmide no décimo quinto ano de sua construção. Ela se parece com uma pirâmide de dois degraus. O primeiro degrau é definitivo e eleva-se da base até 43 metros de altura. O segundo degrau, recuado cerca de 20 metros da face externa do monumento, vai dos 43 aos 54 metros de altura. Este nível está sendo construído ao redor da Câmara do Rei na medida em que a própria câmara é erguida. A 54 metros de altura a terceira lage de granito do teto da câmara está sendo posta no lugar.O projeto da rampa interna foi parcialmente determinado pelo projeto do interior da pirâmide. Hemienu, o irmão de Kéops que supervisionou as obras, conhecia perfeitamente os problemas surgidos no decorrer da construção das pirâmides do seu pai Snefru. Este faraó teve dificuldade considerável para erguer uma pirâmide satisfatória e acabou tendo que construir três em locais ao sul de Gizé. A primeira, em Meidum, deve ter apresentado problemas estruturais e nunca foi usada. A segunda, em Dahshur, parece ter desenvolvido rachaduras nas paredes da câmara funerária e também não foi usada. A correria deve ter sido grande para terminar uma terceira pirâmide, finalmente bem sucedida, antes que o velho faraó morresse.POSICIONAMENTO DAS RAMPAS DENTRO DA PIRÂMIDEBob Brier esclarece: Desde o princípio, Hemienu planejou três câmaras funerárias para assegurar que assim que Kéops morresse um lugar para o sepultamento estivesse pronto. Uma foi cavada no leito de rocha por sob a pirâmide no começo da construção. No caso do faraó ter morrido logo, esta teria sido sua tumba. Quando, depois de aproximadamente cinco anos, Kéops ainda estava vivo e bem de saúde, a câmara funerária subterrânea inacabada foi abandonada e a segunda câmara mortuária, geralmente chamada de Câmara da Rainha, foi iniciada. Por volta do décimo quinto ano de construção, Kéops ainda estava saudável e esta câmara foi abandonada inacabada e a última câmara funerária, a Câmara do Rei, foi construída mais acima, no centro da pirâmide. Acima, posicionamento das rampas internas dentro da pirâmide.Foram necessários enormes blocos de granito e pedra calcária para as vigas do teto das câmaras da rainha e do rei. Algumas delas pesam mais de 60 toneladas e são muito grandes para terem sido içadas pela rampa interna. Assim, a rampa externa teve que permanecer em uso até que os grandes blocos fossem puxados para cima. Depois que isso foi feito, a rampa externa foi desmantelada e seus blocos foram levados para cima via rampa interna para construir os dois terços finais do topo da pirâmide. Talvez a maioria dos blocos desta parte do monumento seja menor do que as pedras do terço inferior justamente porque tiveram que percorrer a estreita rampa interna.VIRANDO OS BLOCOSVárias considerações devem ter sido feitas no projeto da rampa interna. Primeiro, ela teve que ser erguida com muita precisão, de forma a não bater nas câmaras ou nas passagens internas que as conectam. Segundo, homens arrastando pesados blocos de pedra para cima numa rampa estreita não podem virar facilmente num ângulo de 90 graus; eles precisam de um espaço à frente do bloco para ficarem em pé e puxar. A rampa interna tinha que prover meios para que as pedras pudessem virar suas esquinas e Houdin sugere que a rampa tinha aberturas nos cantos, nos quais um guindaste simples teria sido usado para virar os blocos, como ilustra o desenho ao lado.
Existe alguma evidência que suporte a teoria de Houdin? Parece que sim. Uma pequena evidência parece ser uma das aberturas ou entalhes dos cantos da rampa usados para virar os blocos. Este encontra-se a dois terços acima do canto nordeste, precisamente no ponto onde Houdin predisse que haveria um. Além disso, em 1986, um pesquisador de uma equipe francesa que estava inspecionando a pirâmide informou ter visto uma raposa do deserto entrar no monumento por um buraco próximo ao entalhe, o que sugere que há uma área aberta perto dele, talvez a rampa. Parece improvável que a raposa tivesse escalado mais da metade da altura da pirâmide. O mais provável é que haja alguma fenda não detectada junto ao solo por onde a raposa entrou na rampa e caminhou por ela até sair perto do entalhe. Seria interessante prender um dispositivo de telemetria a uma raposa, enfiá-la no buraco e monitorar seus movimentos.A RAMPA DENTRO DA PIRÂMIDEA mesma equipe francesa já mencionada ofereceu outra evidência mais intrigante. Ao inspecionar a pirâmide, eles usaram microgravimetria, uma técnica que lhes permitiu medir a densidade de seções diferentes da construção, na tentativa de detectar eventuais câmaras ocultas. A conclusão foi a de que não havia nenhuma grande câmara escondida dentro dela. Se houvesse uma rampa dentro da pirâmide, os franceses não deveriam tê-la descoberto? Em 2000, Houdin estava apresentando sua teoria em uma conferência científica na qual um dos pesquisadores da equipe francesa de 1986 estava presente. Ele contou a Houdin que a análise de computador que haviam feito da pirâmide rendera uma imagem curiosa, algo que eles não puderam interpretar e simplesmente a ignoraram. A imagem mostra exatamente o que a teoria de Jean-Pierre Houdin previu: uma rampa em espiral que sobe pela pirâmide. Em outras palavras: a rampa interna ainda existiria no interior do enorme monumento. Na reprodução ao lado as áreas menos densas parecem corresponder a uma rampa interna. Brier conclui seu artigo afirmando que longe de ser apenas outra teoria, esta tem consideráveis evidências a seu favor e comenta que um dia, se realmente a rampa estiver lá, nós poderemos remover alguns blocos do exterior da pirâmide e subir pela rampa de um quilômetro de extensão que Hemienu deixou escondida dentro do enorme monumento.A teoria de Houdin e suas várias hipóteses foram analisadas e simuladas em 3D até que a pirâmide inteira fosse construída em ambiente virtual. O computador simulou os processos de construção sugeridos pela teoria e testou sua validade e coerência. O resultado obtido foi o de que não há qualquer incoerência ou impossibilidade dentro da teoria. Além disso, a simulação completa dos processos de construção validou a teoria ao indicar que a duração do trabalho pode ser estimada em cerca de 20 anos, tempo aproximado do reinado de Kéops.

Câmaras Ocultas
nas Pirâmides?


TESTES COM RAIOS CÓSMICOSNão começou ontem a procura por câmaras ou passagens escondidas no interior das pirâmides egípcias. Esse assunto vem interessando o homem há centenas de anos. A idéia de que talvez seja possível encontrar tesouros ocultos, ou os projetos da construção dos monumentos, ou ainda informações científicas, ou até mesmo artefatos de uma cultura perdida, tem motivado os homens a buscarem câmaras ocultas nas misteriosas pirâmides. No passado, porém, a única maneira de fazer isso consistia em perfurar as paredes e esperar que a sorte pudesse revelar alguma passagem até então invisível. Na realidade, essa técnica foi usada e os exploradores deixaram suas marcas de destruição sem nada descobrirem de significativo. Hoje em dia, entretanto, temos modernos instrumentos científicos para nos ajudar nessa tarefa.As tentativas realizadas no século XX usaram, entre outros meios, magnetismo e ondas sonoras com pouco sucesso. Um renomado cientista, o Dr. Luis Alvarez, ganhador do Prêmio Nobel de física em 1968, desenvolveu e empregou uma sonda de raios cósmicos, cuja foto vemos acima. Ele projetou esse equipamento especificamente para registrar os raios cósmicos que atravessam a alvenaria da pirâmide. A base teórica da experiência é o fato de que os raios cósmicos, os quais bombardeiam nosso planeta o tempo todo, vindos do espaço, perdem energia proporcionalmente à densidade e espessura dos objetos que atravessam. A idéia era a de usar detectores de raios cósmicos na câmara conhecida da pirâmide para descobrir a densidade da estrutura acima dela. As informações coletadas seriam registradas em fitas magnéticas e analisadas por computador. Os raios atravessariam, em média, cerca de 100 metros de blocos de pedra calcária e, teoricamente, se eles cruzassem um espaço vazio na estrutura do monumento, o equipamento registraria um valor ligeiramente maior de energia do que aquele que seria indicado quando os raios passassem por áreas sólidas. Se tal leitura surgisse, os investigadores planejavam perfurar um orifício na pedra calcária e, usando equipamento óptico, descobrir o que havia dentro.Alvarez foi de opinião de que seria mais provável encontrar câmaras secretas na pirâmide de Kéfren do que na Grande Pirâmide. Ele raciocinou que tendo sido a pirâmide de Kéfren construída depois da de Kéops, deveria possuir um plano arquitetural interior mais sofisticado e concentrou naquele monumento os seus estudos. Doze agências governamentais, inclusive a Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, participaram das pesquisas e, portanto, a equipe dispunha de suficientes recursos técnicos e financeiros para a empreitada. A esperança era a de que se pudesse encontrar, em uma inviolável galeria oculta, um sarcófago lacrado contendo a múmia do faraó.Os técnicos, em setembro de 1968, gravaram em fitas magnéticas especiais a trajetória de milhões de raios cósmicos. O material foi analisado por um computador no Cairo. Foi possível perceber claramente a localização das faces, das bordas e dos cantos da pirâmide, mas não foi encontrada qualquer câmara oculta. Os procedimentos foram repetidos e aí surgiu a surpresa: cada vez que as fitas eram reanalisadas surgia um padrão diferente e importantes características que deveriam se repetir em cada uma das gravações, não surgiam. Em outras palavras, de um día para o outro, de uma hora para outra, a pirâmide parecía ser diferente. Os técnicos chegaram a afirmar, talvez um pouco exageradamente, que aquilo desafiava todas as leis conhecidas da física. O material foi enviado aos Estados Unidos e um equipamento altamente sofisticado da Califórnia apresentou os mesmos resultados. Os especialistas admitiram na ocasião que os resultados obtidos pareciam ser cientificamente impossíveis e afirmaram que só duas causas poderiam provocar tais anomalias: 1) haveria um erro substancial na geometria da pirâmide que afetou os registros; 2) dentro do monumento atuaria uma força misteriosa que desafiava as leis da ciência.Posteriormente se concluiu que não havia nenhum mistério no caso. O programa de computador confiou em medidas extremamente precisas da geometria da pirâmide, bem como num posicionamento exato dos dispositivos de coleta de dados. Porém, havia problemas com algumas destas medidas e isso, aparentemente, provocou as anomalias. Quando foram feitos os ajustes necessários dos dados, o interior da pirâmide revelou-se inteiramente sólido. Embora tivessem explorado apenas 19% do volume total da pirâmide de Kéfren, em 1970 os pesquisadores sentiram-se seguros para afirmar que caso ali existissem câmaras de tamanho equivalente àquelas existentes na pirâmide de Kéops, os sinais que seus equipamentos detectariam seriam enormes. Portanto, concluíram, podemos dizer com segurança que nenhuma câmara com volume semelhante às quatro câmaras conhecidas das pirâmides de Kéops e Snefru existem na massa de pedra calcária investigada por absorção de raios cósmicos.Cinco anos mais tarde, em 1973, Luis Alvarez estava convencido de que eraCONJUNTO DE EQUIPAMENTOS improvável a existência de uma câmara oculta dentro da estrutura da pirâmide de Kéfren acima da sua base. Mas também achava que por baixo dela alguma coisa poderia ser encontrada. Foi então que fez contato com o físico Lambert Dolphin, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e lhe disse que estava em busca de um novo método que lhe permitisse ver por baixo das pirâmides e ainda explorar monumentos mais complexos como, por exemplo, o de Kéops. Alvarez sugeriu ao físico que tentasse construir um radar que pudesse penetrar no sub-solo, o que possibilitaria não apenas explorar as pirâmides, mas também procurar tumbas escondidas em Saqqara e no Vale dos Reis. Dolphin não se fez de rogado e em breve sua equipe havia desenvolvido um sistema de radar portátil adequado ao propósito. Em consequência, em 1974, um grupo de técnicos da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, e da Universidade Ains Shams, do Egito, tentou achar câmaras escondidas usando o equipamento de sondagem eletromagnética que fora criado especialmente para a missão. Na foto acima vemos parte da aparelhagem, instalada em uma das câmaras da pirâmide de Kéfren. Seu princípio se baseia no uso da propagação das ondas de rádio.Amostras de pedra calcária da pirâmide haviam sido testadas em laboratório e tudo levava a crer que o material, apresentando baixas perdas de rádiofreqüências, seria altamente receptivo à penetração de radar. Mas, chegando no Egito, os cientistas perceberam que as pirâmides estavam carregadas de umidade e sal. Descobriram que todas as pedras calcárias tinham alto teor de argila. Quanto maior a umidade, maiores as perdas de rádiofreqüência e, assim, os sinais de radar só conseguiram penetrar nas pirâmides até uma profundidade de cerca de 60 centímetros. As experiências mostraram que a área rochosa de Gizé apresenta perdas muito altas de rádiofreqüência de forma que a sondagem por radar fica limitada, para todos os propósitos práticos, a profundidades de apenas alguns metros, mesmo quando é empregada uma freqüência operacional otimizada. Essa perda inesperadamente alta dos sinais do radar é devida à alta porosidade e baixa qualidade da pedra calcária, já que essa também poderia ser classificada como um arenito de granulação fina, e à alta umidade ambiente, de cerca de 75% a 85%, do Vale do Nilo. O ar úmido que sopra vindo do Mediterrâneo mantém as pedras calcárias do planalto de Gizé umidecidas durante o ano todo e o alto nível do lençol de água do Nilo sobe pela rocha porosa trazendo consigo sais e minerais. Infelizmente, as condições não são melhores no Vale dos Reis e os pesquisadores foram obrigados a admitir que o equipamento que usavam não seria adequado para achar câmaras escondidas, faraós perdidos ou a tumba de Alexander o Grande, como esperavam.Os técnicos não se deram por vencidos. Durante a experiência, perceberam que a sondagem acústica poderia complementar a sondagem eletromagnética do radar, porque ondas sonoras viajam bem em pedras porosas e úmidas sob condições nas quais as ondas eletromagnéticas geralmente não o fazem. Ondas sísmicas de pequenas cargas explosivas, por exemplo, são habitualmente usadas em larga escala pela indústria geofísica para exploração de óleo e minérios. Porém, até a data daquelas experiências, nenhuma instrumentação desse tipo que fosse satisfatória para uso em arqueologia era conhecida. Os pesquisadores desenvolveram e testaram, então, um sistema para uso no Egito. Eles reconheciam que nenhum sistema sensor isoladamente poderia atender a todos os propósitos e que o uso simultâneo de dois ou mais sistemas sensores multiplicaria a efetividade do trabalho de pesquisa arqueológica. Por isso, a equipe empregou sondagem acústica, medição de resistividade elétrica e magnetometria de próton para uma variedade de tarefas de exploração. Fotografias aéreas e imagens térmicas infravermelhas também foram usadas para ajudar na interpretação dos resultados.Embora a equipe do professor Luis Alvarez tivesse concluido ser improvável que exista qualquer câmara oculta acima do leito rochoso no corpo principal da pirâmide de Kéfren, ninguém sabe se existem câmaras adicionais dentro da pirâmide de Kéops, se há covas de barcos ao redor da pirâmide de Miquerinos ou se há câmaras debaixo das pirâmides ou sob o pavimento circunvizinho delas, ou mesmo ao redor da Esfinge. Um dos métodos empregados pela equipe de Lambert Dolphin, a medição da resistividade elétrica da terra, vem sendo usado de há muito como ferramenta geofísica na investigação das condições do subsolo. Desenvolvido originalmente como meio de explorar depósitos minerais e de óleo a grandes profundidades, esse método também achou aplicação no delineamento do que quer que esteja enterrado próximo da superfície e que tenha resistividade diferente daquela do solo circundante. Essa tecnologia explora as diferenças de condutividade elétrica das estruturas arqueológicas com relação à terra circunvizinha. As diferentes propriedades elétricas da estrutura comparadas com as da terra determinam o aparecimento de anomalias de resistividade. Estruturas como paredes e fundações são más condutoras, enquanto que sepulturas, poços e covas são normalmente bons condutores. Muitos tipos diferentes de eletrodos são usados, de acordo com o tipo de estrutura arqueológica, sua dimensão e sua profundidade. O objetivo do trabalho no Egito era detectar túneis ou tumbas localizadas a pouca profundidade, dos quais se poderia esperar que produzissem anomalias bem definidas do ponto de vista da resistividade. O equipamento que mede a resistividade é formado por uma fonte controlada de corrente elétrica e um dispositivo que mede as diferenças de potencial geradas pela passagem da corrente através da terra.Os técnicos traçaram perfis da resistividade em setores ao redor das três MEDIÇÕES DE RESISTIVIDADEpirâmides principais de Gizé, com maior ênfase na de Kéfren, onde foram levantados dados em todos os quatro lados e em seu interior. A foto ao lado ilustra uma etapa desse trabalho. Várias anomalias foram localizadas durante o trabalho ao redor do monumento, inclusive uma no lado ocidental mais tarde identificada como uma tumba que tinha sido descoberta em 1966. A anomalia era consideravelmente maior do que se esperaria de uma tumba das dimensões descritas por seu descobridor e parece indicar a existência de câmaras ainda inexploradas nas redondezas do achado original. Por outro lado, foram detectadas várias anomalias na profundidade entre quatro e seis metros em diversos locais ao redor da pirâmide, o que poderia indicar a existência de câmaras. Duas delas chamaram especialmente a atenção: uma no canto noroeste, no lado ocidental, a cerca de 6 metros além da base da pirâmide e a outra no centro do lado oriental, entre o templo mortuário e a face de pirâmide, que poderia ser um túnel. Tais achados exigiriam pesquisas posteriores, as quais, pelo que sabemos, ainda não foram feitas.
No interior da pirâmide de Kéfren duas medições foram realizadas ao longo da passagem horizontal principal que conduz à câmara funerária. Valores de alta-resistividade foram encontrados onde a passagem entra na câmara e foram achados valores até mais altos em outro trecho, sugerindo a existência ou de uma rachadura profunda no leito de rocha naquele ponto, que não é visualmente aparente no túnel, ou alguma outra anomalia a uma profundidade de quatro metros ou mais debaixo da passagem. Tal anomalia poderia ser um túnel e deveria ser checada através de perfuração, o que também ainda não foi feito.A sondagem acústica foi outro dos métodos empregados pela equipe deEQUIPAMENTO DA SONDAGEM ACÚSTICA Lambert Dolphin em 1977. Simplificando, o processo consiste em enviar ondas sonoras através de um meio sólido e medir e interpretar o eco dai resultante. Sem cavar ou perturbar a área, essa técnica freqüentemente descobre, rápida e facilmente, o tipo e a localização de objetos subterrâneos, espaços vazios e túneis. Em arqueologia, entretanto, ela ainda não havia sido empregada até aquela data. O equipamento operou bem quando usado dentro de câmaras cortadas no leito de rocha. Nelas foi fácil procurar em todas as seis direções por anomalias na pedra, tais como outras tumbas, falhas, ou cavidades. A câmara funerária da pirâmide de Kéfren fica situada no leito de rocha, debaixo do monumento, e foi um dos locais no qual a sonda foi instalada. A foto acima mostra uma etapa dessa instalação. A partir do chão do compartimento foram feitas 11 sondagens em posições diferentes, no sentido vertical descendente.Surpreendentemente, foram observados muitos ecos que poderiam significarCÂMARAS POSSÍVEIS NA PIRÂMIDE DE KÉFREN túneis ou câmaras, principalmente nas profundidades de 9, 21 e 33 metros. Na profundidade de nove metros o que parece existir é apenas um antigo buraco cavado pelos ladrões da antiguidade. Os ecos surgidos a 21 metros, entretanto, eram fortes, bem definidos e se repetiram em várias das posições da sonda, sugerindo uma superfície cavada de considerável tamanho. Os ecos na profundidade de 33 metros também parecem indicar a existência no sub-solo de uma câmara de pelo menos 19 metros de comprimento. A pirâmide de Kéops, construída pelo pai de Kéfren, tem uma câmara subterrânea a aproximadamente 33 metros abaixo do nível do leito de rocha, ou a 25 metros abaixo da base da pirâmide. Portanto, os ecos surgidos a 21 e 33 metros abaixo da câmara funerária de Kéfren vêm de profundidades razoáveis para se procurar uma câmara escondida, se é que Kéfren seguiu o exemplo de seu pai. De acordo com os dados coletados pelos pesquisadores, as fontes dos dois ecos parecem ser ambientes circulares, como esboçado na figura acima. Além disso, testes realizados na passagem horizontal que conduz à câmara superior revelaram a presença de outra anomalia a cerca de quatro metros de profundidade, que até poderia ser uma passagem que faria a ligação com as outras possíveis câmaras.Na pirâmide de Kéops o equipamento de sondagem acústica foi colocado naCÂMARAS POSSÍVEIS NA PIRÂMIDE DE KÉOPS câmara do rei e dois conjuntos de dados foram levantados. A câmara de pedra em si está revestida com grandes blocos polidos de granito, sob os quais estão as pedras principais da construção. O primeiro conjunto de dados foi tomado a partir da própria câmara. A sondagem mostrou excesso de ruído a aproximadamente 60 m. Esse não era um resultado inesperado, pois todos os blocos em todas as direções estavam refletindo energia e o primeiro bloco provavelmente estava reverberando fortemente as múltiplas reflexões internas. O outro conjunto de dados foi obtido a partir do túnel que sai da câmara do rei. Esses dados mostraram um longo conjunto de ecos múltiplos originários de uma fonte situada a 7,25 metros de distância. Essa distância está a meio caminho entre a câmara do rei e a da rainha. Os ecos parecem indicar uma possível câmara, mas pode ser também apenas uma grande lacuna naquela posição. A figura acima mostra um esboço do local dessa anomalia. Lambert Dolphin declarou que recebeu permissão para perfurar um buraco a partir da grande galeria até esse espaço vazio, mas preferiu não danificar a pirâmide pois suas evidências eram escassas. Ainda deve ser considerado que investigações mais recentes mostraram que o núcleo da pirâmide é menos sólido do que se pensava anteriormente, com áreas cheias de pedregulho ou areia, o que pode ter afetado o resultado das medições.


Câmaras Ocultas
nas Pirâmides? — Parte 2




PIRÂMIDE DE KÉOPSÉ uma possibilidade excitante que um dia se possa encontrar uma câmara oculta que nos revele informações sobre nosso passado das quais nem suspeitamos. Por isso, vários outros pesquisadores estão procurando meios de descobrir câmaras escondidas e passagens secretas nas grandes pirâmides de Gizé. Dois egiptólogos amadores franceses estão entre eles. Gilles Dormion, um arquiteto, e Jean-Yves Verd´hurt, um corretor de imóveis aposentado, usando análise arquitetônica e um georadar, ou seja, um radar capaz de penetrar em objetos sólidos, em 2004, ano em que publicaram um livro, concluíram que deve existir uma câmara por baixo da câmara da rainha na Grande Pirâmide. Eles pensam que provavelmente essa seria a verdadeira câmara funerária de Kéops, a qual poderia conter artefatos que excederiam em riqueza aos da tumba de Tutankhamon. Se tal cômodo realmente existir, é pouco provável que tenha sido violado e poderia conter também a múmia do rei. Para confirmar ou não a hipótese, bastaria fazer mais alguns buracos no maior monumento egípcio. O problema é que os dois pesquisadores não obtiveram permissão das autoridades egípcias para continuar os estudos e provar essa tese.Um respeitado egiptólogo, Jean-Pierre Corteggiani, do Instituto Francês deCÂMARAS POSSÍVEIS NA PIRÂMIDE DE KÉOPS Arqueologia Oriental no Cairo, disse ter ficado impressionado pelo fato de que as imagens do georadar foram coletadas e interpretadas por um técnico de uma empresa francesa especializada nesse tipo de equipamento. Tal perito trabalha para uma companhia que teve como um de seus principais projetos estabelecer a rota do trem expresso que liga Paris a Estrasburgo. Isso significa que para dizer que é seguro colocar os trilhos em determinado lugar, porque não há nenhuma cavidade sob o solo, ele precisa estar absolutamente certo, caso contrário o perigo de desastre seria imenso. Corteggiani também se mostrou intrigado pela localização sugerida para a nova câmara: debaixo da assim chamada câmara da rainha, mas um pouco mais a oeste. Isso a colocaria na interseção das diagonais e exatamente no coração da pirâmide, o que para Kéops teria, provavelmente, forte conotação simbólica como local de descanso.Outro egiptólogo, Aidan Dodson, perito em arqueologia funerária egípcia, por outro lado, afirmou: Acho implausível a idéia de que a câmara funerária de Kéops ainda esteja para ser achada na pirâmide. Arquitetonicamente não há nenhuma razão pela qual devesse existir um corredor debaixo da câmara da rainha. A câmara funerária sempre foi conhecida. Os autores da possível descoberta argumentam que a pirâmide evoluiu por tentativa e erro. Na medida em que os arquitetos percebiam que os aposentos inicialmente concebidos como câmaras funerárias não suportariam o peso colocado acima deles, voltavam para a mesa de desenho. Sobre a câmara do rei o telhado é reforçado com vigas de granito, formando um sistema engenhoso para aliviar a pressão sobre o aposento. Entretanto, as vigas racharam, o que se atribuiu tradicionalmente a atividade sísmica ocorrida depois que o monumento foi completado. Gilles Dormion acredita, porém, que o acidente aconteceu durante a construção da pirâmide. Em síntese, segundo ele, quando Kéops morreu havia três câmaras funerárias construídas. A primeira, no sub-solo, permanecia inacabada, a segunda estava disponível e a terceira apresentava problemas de rachadura em seu teto. Kéops foi, então, enterrado na segunda. Ou melhor dizendo, embaixo da segunda, porque a câmara da rainha em si não estava equipada para receber o corpo de um faraó, faltando, principalmente, uma entrada suficientemente larga para acomodar o sarcófago de pedra.Dormion vem trabalhando nas pirâmides do Egito há mais de 20 anos e, baseado em análises de radar feitas por ele e por Verd'hurt na pirâmide de Meidum, realizadas em 2000, descobriu duas câmaras anteriormente desconhecidas naquele monumento. Em época bem anterior, em março de 1985, ele e Jean Patrice Goidin, um arquiteto, haviam visitado a Grande Pirâmide e feito observações visuais que os levaram a suspeitar da existência de um sistema oculto de passagens e câmaras. Eles teorizaram originalmente que o sistema que nós vemos hoje é de fato um estratagema para enganar os ladrões de tumba, e que a real câmara funerária de Kéops estaria ao lado dos compartimentos que formam o teto da câmara do rei. Um dos indícios está na disposição dos blocos que formam o teto da grande galeria. Por serem paralelos à inclinação da galeria, se constituem em um dispositivo anti-deslizamento que libera de pressões a parede norte. Isso, entretanto, seria desnecessário se tal parede fosse maciça. Naquela ocasião eles também observaram que as paredes da passagem horizontal que conduz à câmara da rainha apresentam blocos de pedra que foram dispostos de uma maneira diferente da de outros blocos do monumento. Eles chamaram a atenção para o fato de que ali os blocos foram postos uns em cima dos outros de forma que as juntas formam um padrão em cruz, completamente diferente do arranjo em qualquer outra passagem do monumento. A visão deles era a de que a parede pudesse esconder um compartimento, possivelmente contendo o equipamento funerário do faraó.Em 1986 os dois homens voltaram ao Egito e começaram uma pesquisaCÂMARAS POSSÍVEIS NA PIRÂMIDE DE KÉOPS dentro da Grande Pirâmide empregando microgravimetria, um conjunto de métodos e técnicas de medida da aceleração da gravidade da Terra, que permite calcular a densidade dos materiais. Nos compartimentos do teto da câmara do rei os testes não foram conclusivos, embora eles tenham detectado alguma espécie de anomalia. Outras leituras parecem ter indicado a existência de uma cavidade atrás da parede ocidental da passagem da câmara da rainha, exatamente como eles haviam previsto anteriormente. Dormion teve permissão para perfurar três pequenos buracos na parede. Os dois primeiros revelaram apenas vários blocos de pedra separados por argamassa. O último buraco atingiu uma profundidade de 2 metros e 65 centímetros e revelou uma cavidade com cerca de 40 centímetros de comprimento cheia de areia cristalina muito fina, formada por mais de 99% de quartzo, cuja origem não podia ser eólica nem causada pela erosão do monumento. Embora a investigação tivesse revelado praticamente nada, era prevista a volta da equipe em 1987 para realização de pesquisas mais sofisticadas. Entretanto, antes de que eles pudessem fazê-lo, em janeiro de 1987, uma equipe japonêsa da Universidade de Waseda, sob a direção de Sakuji Yoshimura, assumiu a continuação dos trabalhos.Com o uso de equipamento de GPR - Ground Penetrating Radar, ou seja,CÂMARA DA RAINHA um equipamento de radar que penetra no sub-solo, os japoneses inspecionaram o piso e as paredes da câmara da rainha, no esquema ao lado representada num corte vertical, e detectaram a presença de uma cavidade por trás da parede norte a uma distância de cerca de três metros. Ela teria 30 metros de comprimento por um metro de largura e um metro e meio de altura. A seguir examinaram essa cavidade inspecionando toda a extensão da sua parede ocidental e concluíram que ela talvez seja uma passagem oculta que corre paralelamente ao corredor horizontal que conduz à câmara da rainha, o qual também vemos no esquema acima. Conforme o relatório dos pesquisadores, essa espécie de corredor encontrado por eles começa num ponto que fica a uma distância da parede norte da câmara da rainha correspondente à largura de apenas um bloco de pedra e parece terminar em um ponto aproximadamente 30 metros ao norte da câmara. Nesse local, atingindo o ponto onde se encontra a grande galeria, a passagem deve terminar ou virar para oeste em ângulo reto. Os pesquisadores franceses sugeriram que esse corredor deve conduzir a um compartimento oculto no ventre da pirâmide e que talvez esteja aí a verdadeira câmara funerária.Dormion e sua equipe acreditam que nenhuma das três câmaras existentes na Grande Pirâmide está qualificada para ser uma câmara funerária real. Muitos arqueólogos pensam o mesmo com relação à câmara da rainha e à câmara subterrânea. Os franceses, porém, vão além ao sugerir que a câmara do rei, tida pela maioria dos egiptólogos como, pelo menos, o lugar do descanso inicial do rei, também não pode ter sido uma câmara funerária porque não é bastante forte para isso. A prova está nas profundas rachaduras dos volumosos blocos de granito que formam o teto do compartimento. A verdade é que vários peritos acreditam que tais rachaduras podem ter surgido até mesmo antes da pirâmide ter sido colocada em uso, o que impediria seu emprego final como câmara mortuária, embora a maioria acredite que foi construída com aquele propósito em mente. Por fim, até mesmo aqueles que acreditam que a câmara nunca foi posta em uso, também acreditam que Kéops deve ter sido enterrado em outro lugar, e não em uma câmara escondida na própria pirâmide. A equipe japonesa também pensa ter descoberto o que parece ser umaCÂMARAS POSSÍVEIS NA PIRÂMIDE DE KÉOPS cavidade cerca de um metro e 50 centímetros abaixo do piso da passagem horizontal que liga a grande galeria com a câmara da rainha. Eles acreditam que esta cavidade pode ter até três metros de profundidade e que deva estar, provavelmente, totalmente cheia com areia. Essa areia deu motivo a muita discussão. Surgiram até rumores de que seria radioativa. Embora não fosse verdade, quando os técnicos examinaram a areia e compararam-na com amostras de areia de Gizé e de Saqqara, descobriram que era bastante diferente das amostras. Aparentemente a areia foi trazida de longe. Embora os egiptólogos acreditem que os construtores da Grande Pirâmide possam ter usado cavidades cheias de areia para servirem de pára-choques aos efeitos dos terremotos, isto não explica porque não foi usada a areia do próprio local. Em outra série de medições, os japoneses localizaram próximo da câmara subterrânea do monumento um provável aposento com dois metros de altura, situado cerca de três metros atrás da zona oeste da parede norte da referida câmara. Nenhuma pesquisa adicional foi feita até agora para investigar melhor os achados de Dormion e Yoshimura.Em outubro de 1992, um engenheiro francês, Jean Kerisel, chefiou uma equipe que usou métodos não destrutivosCÂMARAS POSSÍVEIS NA PIRÂMIDE DE KÉOPS para inspecionar a área ao redor da câmara subterrânea da pirâmide de Kéops. Essa pesquisa estava baseada em teorias que levam em conta o relato de Heródoto, que se refere à existência de um canal por sob o monumento, e a evidência arqueológica da existência desse canal fora do planalto de Gizé. Ele começou seu trabalho considerando o nível da água debaixo da Grande Pirâmide. Usou uma combinação de cálculos originalmente feitos por Vyse e Perring, pesquisadores britânicos que, em 1836 e 1837, cavaram um poço vertical fora da câmara subterrânea com profundidade de 11 metros. Embora acreditasse que o poço de Vyse fosse bastante profundo para alcançar o nível provável de um canal, Kerisel achava que poderia ter sido cavado no lugar errado. Após pesquisar com GPR, o francês confirmou a provável existência do aposento percebido pela equipe de Yoshimura e ainda informou ter detectado — por baixo do piso do corredor horizontal que leva à câmara subterrânea — uma estrutura que poderia ser o teto de um novo corredor. Ele estaria localizado no ponto exato no qual o corredor descendente o atingiria, caso tivesse sido extendido até lá. Esse novo corredor teria cerca de um metro e 60 centímetros de altura, cruzaria o corredor horizontal num ângulo de 45 graus aproximadamente, elevar-se-ia ligeiramente em seu trajeto, parecendo dirigir-se diretamente para a esfinge.Quando chegou dezembro de 1992 a equipe usou microgravimetria e informou que no ponto onde o radar havia descoberto uma espécie de passagem, o micro-gravímetro nada detectou, o que indicava que o pretenso corredor estava obstruído por dentro. Por outro lado, no corredor horizontal foi detectada uma anomalia local muito clara de uma falha na alvenaria no lado ocidental, cerca de seis metros antes da entrada para a câmara. Isso corresponderia, conforme os cálculos, a um poço vertical com pelo menos cinco metros de profundidade, de seção quadrada, com lados de cerca de um metro e 40 centímetros, junto da parede ocidental do corredor. Kerisel concluiu sua pesquisa afirmando que a passagem descoberta pelo GPR poderia ser simplesmente uma zona de calcário argiloso, do mesmo tipo dos estratos existentes na cabeça da esfinge, mas com a excepcional característica de ser bastante grossa. Quanto ao micro-gravímetro, poderia ter descoberto um volume considerável de dissolução da pedra calcária através da água subterrânea, ou seja, um tipo de gruta profunda, acidente geológico possivel de existir. Embora tenha desejado realizar escavações para investigar melhor suas descobertas, o engenheiro nunca as fez.Foi também em 1992 que Rudolf Gantenbrink, um engenheiro alemão especializado em robótica, empregando um robô que ele mesmo projetou e construiu, iniciou a exploração do interior dos dois condutos que, a partir da câmara do rei, penetram no interior do monumento. Leia a nossa página O Robô e a Pirâmide para saber mais a esse respeito. Em março de 1993, Gantenbrink explorou o conduto do lado sul da câmara da rainha, quando então encontrou a famosa "porta" que o bloqueia. Foi somente em setembro de 2002 que um novo equipamento conseguiu "espiar" para além dessa "porta", encontrando uma pequena câmara com 17 cm de comprimento bloqueada por outra pedra de aspecto rústico. Na mesma ocasião foi explorado o conduto do lado norte da câmara da rainha e uma porta semelhante surgiu. Leia a matéria O Robô e a Pirâmide — Parte 2 e veja os detalhes dessas descobertas. Leia ainda a página Os Condutos e conheça a estrutura
interna deles.


Câmaras Ocultas na Esfinge? 

ESTELA DE TUTMÓSIS IVAssim como a possibilidade de existirem câmaras ocultas na pirâmide de Kéops instiga a mente de pesquisadores, escritores, teóricos, místicos e do público em geral, o mesmo acontece com relação ao que poderia existir por baixo, dentro ou ao redor da esfinge de Gizé. Há muito tempo se especula que devem existir túneis por sob a esfinge ligando-a com a Grande Pirâmide e com recintos nos quais estariam depositados segredos milenares. O indício mais antigo que se tem da existência de eventuais construções por sob a esfinge está estampado na estela que Tutmósis IV (c. 1401 a 1391 a.C.) mandou fixar na frente do monumento e que vemos acima numa foto do Canadian Museum of Civilization Corporation (CMCC). Ela conta que um dia, antes de subir ao trono, o futuro faraó, ao adormecer à sombra da esfinge depois de uma caçada, sonhou que a mesma lhe aparecia e pedia que removesse a areia que naquela época quase que a cobria inteiramente. O que nos interessa no momento não é essa história propriamente dita, mas os relevos feitos no granito. Neles o faraó aparece fazendo oferendas diante da esfinge que, por sua vez, se apresenta assentada sobre uma construção complexa. Tradicionalmente os arqueólogos têm dito que o palácio gravado na estela é representação do templo que existe até hoje diante da esfinge. A argumentação contra esse entendimento é o fato de que a forma do edifício representado na estela é totalmente diferente do templo da esfinge. Além disso, as regras de perspectivas usadas pelos artistas egípcios fariam com que eles colocassem o templo diante da esfinge, como realmente ele está situado, e não abaixo dela. Então, torna-se possível que a construção representada na estela por sob a esfinge realmente exista no sub-solo.Plínio, o naturalista romano nascido em 23 da nossa era e autor de uma História NaturalPLINIO, O VELHOEDGAR CAYCE composta de 37 livros, referindo-se à esfinge afirmou que os egípcios encaravam-na como uma divindade e que eram de opinião de que havia um rei enterrado dentro dela. No século X da nossa época, cronistas árabes afirmaram que existem portas secretas na esfinge levando a salas com tesouros incalculáveis. Mais recentemente, na primeira metade do século XX, o místico Edgar Cayce afirmou que a Grande Esfinge era a guardiã do Salão dos Arquivos, ou pelo menos sua entrada, o qual continha os registros da história e da sabedoria da civilização perdida da Atlântida, trazidos para o Egito por seus sobreviventes. Segundo ele, a esfinge e as pirâmides teriam sido erguidas não pelos egípcios, mas por essa civilização muito mais antiga, por volta de 10500 anos antes de Cristo, e as informações a respeito disso seriam um dia encontradas no subsolo daquela região. Poderia tudo isso ser verdadeiro?Entre 1925 e 1936 foram realizadas algumas das escavações mais antigas dos temposESFINGE EM 1930 modernos naquele monumento, administradas pelo engenheiro francês Emile Baraize por ordem do Serviço de Antiguidades do Egito. Durante esse período ele foi responsável por escavações da área que circunda a esfinge e removeu a areia que cobria não apenas essa área, mas a esfinge em si. A foto ao lado mostra como andavam os trabalhos em 1930. Além disso, construiu um muro de retenção para ajudar a manter o monumento livre da areia do deserto circunvizinho. Retirada a areia, ele percebeu que a esfinge estava muito dilapidada, crivada de grandes rachaduras e com muitos dos blocos usados nos reparos do período faraônico fora do lugar. Foi quando realizava os consertos necessários que ele descobriu duas entradas: uma localizada na anca, bem ao norte do centro, e a outra na esquerda, ou seja, no lado norte do monumento, a meio caminho entre as patas dianteiras e traseiras. Essa última entrada, partindo do nível do chão, conduzia a passagens subterrâneas que na realidade eram becos sem saída. Ele registrou essas descobertas em duas centenas de fotografias e selou as entradas com blocos de pedra e cimento. Baraize também encontrou um poço profundo no topo da cabeça da esfinge. O buraco, quadrado, media aproximadamente um metro e cinquenta centímetros de lado e quase um metro e oitenta centímetros de profundidade. Talvez fosse destinado à fixação de um adorno para a cabeça da esfinge. Posteriormente todos esses achados foram praticamente esquecidos.O assunto ficou adormecido até os anos 70 do século XX, quando várias restauraçõesA ENTRADA NA ANCA e algumas pesquisas adicionais foram feitas na área da esfinge. Esse trabalho continuou por dez anos, mas já durante a parte inicial do projeto um antigo operário que fizera parte da equipe de Baraize informou a existência de uma passagem na anca, ou seja, na parte posterior do monumento, assinalada na foto ao lado pela seta. Ela foi investigada em 1980 pelos famosos egiptólogos Mark Lehner e Zahi Hawass. Eles informaram que a passagem, com pouco mais de um metro de largura e atingindo em alguns trechos um metro e oitenta centímetros de altura, subia e descia por uma extensão de cerca de nove metros, mas não conduzia a parte alguma e nada havia dentro dela de muito interesse. A segunda passagem encontrada por Baraize, no flanco norte, também foi investigada, mas novamente se constatou tratar-se de um beco sem saída e sua entrada acabou sendo lacrada. Ainda havia a terceira passagem achada por Baraize na parte superior da cabeça da esfinge, a qual também foi investigada com pouco resultado. Finalmente, um poço vertical desce através do corpo da esfinge a partir do topo da cintura. Trata-se, na realidade, do alargamento de uma grande fissura natural que corre através de todo o sítio da esfinge. Antes das restaurações modernas feitas no monumento, essa fenda se abria com mais de dois metros de largura ao longo do topo das costas do animal.Em 1977 a equipe do físico Lambert Dolphin, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos,MEDIÇÕES DE RESISTIVIDADE realizou pesquisa usando tecnologia de medição de resistividade elétrica em frente às patas da Esfinge, como vemos na foto ao lado, ao longo de seus flancos e diagonalmente na anca à esquerda. Na figura abaixo as linhas pontuadas mostram os locais das várias medições feitas. Essa técnica, que era nova na época, envolve a passagem de uma corrente elétrica por eletrodos cravados na rocha. Como resultado foram observadas várias anomalias em quatro áreas. É bom esclarecer que as técnicas empregadas nesses projetos não revelam diretamente a existência de câmaras ou passagens. Elas apenas mostram anomalias. Uma anomalia é alguma coisa que foge do resultado padrão da técnica que está sendo empregada, seja ela qual for. A seguir essas tais anomalias devem ser interpretadas para serem consideradas construções artificiais, como câmaras e túneis, ou elementos naturais, como fissuras e cavidades da própria rocha. E mesmo nessa etapa o que existe é apenas uma interpretação dos dados e a confirmação ou não da hipótese só poderá ser obtida através de perfurações, as quais geralmente não são feitas. Atrás das patas traseiras da esfinge as pesquisas da equipe de Dolphin deram sinais de que ali pode haver um túnel alinhado no sentido que vai de noroeste, a direção da própria esfinge, para sudeste. Outra anomalia existe no centro do lateral sul do monumento e parece indicar a existência de um poço vertical. Há duas anomalias, também, em frente às patas dianteiras da Esfinge, sendo que uma delas sugere umaOS LOCAIS DAS MEDIÇÕES cavidade ou poço que se estenderia até 10 metros de profundidade. Se tal cavidade realmente existir, estará provavelmente cheia com pedregulho. O relatório dos cientistas assim se expressa a respeito do que foi encontrado: As anomalias de resistividade que achamos ao redor da esfinge não estão suficientemente definidas para permitir quaisquer conclusões com absoluta certeza e achamos que uma pesquisa mais detalhada deveria ser realizada.No ano seguinte, 1978, as pesquisas foram retomadas. O filho de Edgar Cayce injetou recursos financeiros no projeto e, desta vez, foram levados ao Egito equipamentos de perfuração, compressores de ar e instrumentos ópticos. Tornou-se possível perfurar e inserir câmeras de vídeo miniaturizadas para investigar qualquer anomalia. A equipe realizou uma série de medições acústicas e de resistividade ao redor da esfinge, sob ela, e na área do templo, tendo encontrado várias anomalias. Foram perfurados cinco buracos com quatro polegadas de diâmetro cada um, sendo que três deles no chão do templo. Um deles parecia promissor, mas quando a câmera foi introduzida tudo o que encontrou foi uma caverna natural. Os outros dois buracos foram perfurados no solo rochoso ao redor da esfinge, onde uma das anomalias maiores foi detectada perto da pata direita da figura. Tudo o que se achou, porém, foi uma rachadura pequena no leito de rocha. Dolphin afirmou: Concluímos que não há grandes câmaras, cavidades, espaços vazios ou mesmo preenchidos sob a esfinge, sob a plataforma em que ela se apóia ou sob seu templo. Minha impressão geral é de que toda a área da esfinge não apresenta nenhuma anomalia significativa, a não ser rachaduras secundárias aqui e ali. Eu pessoalmente penso que a questão da existência de possíveis câmaras sob a esfinge é assunto morto. Eu absolutamente não acredito que exista alguma lá.
Em setembro de 1980 engenheiros do Ministério da Irrigação do Egito mediram a profundidade do lençol freático por sob a esfinge. Para isso posicionaram seus equipamentos de perfuração no meio de um campo de futebol a leste do monumento. Esperavam ter que penetrar cerca de seis metros e ficaram surpresos quando as brocas entraram pela areia para além de 15 metros de profundidade, quando bateram em alguma coisa sólida. Ficou provado que se tratava de granito vermelho, do mesmo tipo que pode ser visto na antecâmara da câmara do rei da Grande Pirâmide. Esse tipo de granito não é encontrado na área de Gizé e, da mesma maneira que o granito negro que reveste a câmara do rei, tem que ser trazido de Assuão, ou seja, de uma distância de mais de 800 quilômetros. A suspeita é de que exista alguma espécie de câmara subterrânea. Os engenheiros também avaliam que o leiaute do espaço ocupado pelo granito sugere a existência de um antigo porto. Até hoje não foram executadas escavações nessa área.Em 1987, uma expedição japonesa dirigida por Sakuji Yoshimura revelou a existência de quatro cavidades sob a esfinge. Radares eletromagnéticos localizaram duas cavidades com quatro metros de comprimento por dois de largura de ambos os lados do monumento, provavelmente ligadas entre si formando um túnel orientado na direção norte/sul. Uma terceira cavidade com um metro e meio de comprimento, um metro de largura e sete metros de profundidade existiria na altura da espádua direita e seu fundo seria constituído de um material mais duro que o calcário, talvez um metal. Uma última cavidade, menor, com cerca de três metros por um metro e cinquenta centímetros, se encontra sob as patas da esfinge e poderia conter qualquer coisa semelhante a um sarcófago. Segundo a interpretação de vários arqueólogos, as duas primeiras cavidades mencionadas situam-se no local em que existe uma fissura muito grande que corre ao longo de todo o corpo da esfinge. Ela se abre tanto no topo da cintura do animal que uma pessoa pode ser baixada por ela até atingir o nível do solo.Entre 1991 e 1993, John Anthony West, egiptólogo independente que acredita que a esfinge foiSALÕES NO SUB-SOLO? construída muitos séculos antes do que se pensa, o geólogo Robert M. Schoch, professor na Universidade de Boston e Thomas Dobecki, um geofísico texano, fizeram pesquisas no local usando técnicas sismográficas. Eles estavam em busca de evidências de erosão provocada na esfinge em virtude de aguaceiros e acreditam que as encontraram. Tal tipo de erosão indicaria que o monumento teria sido construído durante ou antes das chuvas que marcaram a transição da África setentrional da última Idade do Gelo para o atual regime árido, uma transição que ocorreu entre 10000 e 5000 anos antes de Cristo. Detectando eventuais estragos provocados pela infiltração de água de chuvas torrenciais na estrutura do monumento e em suas circunvizinhanças e avaliando a antiguidade de tais estragos, seria possível determinar a antiguidade do monumento em si. De acordo com West e Schoch, os dados recolhidos mostram que a esfinge não foi esculpida na época de Kéfren (c. 2520 a 2494 a.C.), mas apenas reparada e revestida de granito naquele período; agora, quem a construiu e quando ainda continua sendo uma questão em aberto. Os pesquisadores também acharam claras evidências de que, escondida na rocha a uns seis metros de profundidade, existiria uma cavidade subterrânea em frente da pata dianteira direita, em formato retangular, se estendendo por 12 metros de comprimento e nove de largura e tendo cinco metros de altura. A própria forma retangular, segundo eles, afasta a hipótese de se tratar de cavidade natural e enquanto Dobecki acha que ela parece ter sido construída pelo homem, West está convencido de que, em princípio, esse espaço pode ser o Salão dos Arquivos ao qual Cayce se referiu. Em 1993 as pesquisas desse grupo foram interrompidas, pois as autoridades egípcias não permitiram sua continuidade. Acima, Foto © Canadian Museum of Civilization Corporation.Em abril de 1996, as autoridades egípcias concederam licença para que uma nova equipe, financiada pela Schor Foundation de Nova York e com apoio acadêmico da Universidade Estadual da Flórida, levasse a cabo uma pesquisa com sismógrafos e radares ao redor da esfinge e em outras áreas do planalto de Gizé. A instituição novaiorquina é capitaneada pelo Dr. Joseph Schor, importante sócio da Edgar Cayce Foundation, uma entidade que mantém vivas as idéias de Cayce. O objetivo oficial das pesquisas era o de ajudar na preservação e restauração das pirâmides e da esfinge. O subsolo do planalto de Gizé foi vasculhado na busca de falhas e brechas que pudessem entrar em colapso e, assim, por em risco a estabilidade de toda a região. Criou-se uma grande controvércia na ocasião, porque Schor e o Dr. Joseph Jahoda, outro dos responsáveis pelos trabalhos, afirmaram que teriam sido localizadas câmaras e túneis na frente e na parte traseira da esfinge. O radar detectou o que parecia ser um túnel com aproximadamente dois metros de largura e a uns três metros abaixo da superfície. Ele emergiria da cauda da esfinge, direcionando-se para ocidente, passando por sob a calçada da pirâmide de Kéfren e indo em direção a esse monumento. Também afirmaram que haviam detectado uma grande cavidade construída pelo homem sob as patas da esfinge. Ela teria paredes paralelas, cerca de 12 metros de comprimento por sete de largura e se localizaria a 10 metros de profundidade, exatamente no lugar que Edgar Cayce havia indicado. O radar apontou ainda a existência de um provável túnel que, a partir dessa cavidade, se dirige para cima, interrompendo-se a pouco menos de dois metros da superfície.Em fevereiro de 1997, outro pesquisador, Boris Said, um produtor de documentários cinematográficos sobre o planalto de Gizé, entrou em um poço já conhecido existente por sob a calçada que ligava o templo do vale ao templo mortuário da pirâmide de Kéfren e, em seu interior, topou com a tampa de um sarcófago presa ao solo. Como alguns textos antigos se referem ao uso desse material para esconder a entrada de algum túnel ou câmara secreta, ele decidiu investigar melhor. Usando os equipamentos de Thomas Dobecki, encontrou anomalias que pareciam indicar a existência de um novo túnel nesse local, ou seja, na área que fica atrás da esfinge. A cobertura, que na realidade seria a tampa do sarcófago, teria, aproximadamente, 45 centímetros de espessura e cerca de dois metros e meio abaixo dela haveria um espaço de dois metros e meio de largura, com teto abobadado e inclinação descendente de 25 graus na direção da esfinge. Assim, não estaria afastada a hipótese de que o túnel que sai da cauda da esfinge descoberto por Schor e este, pudessem se encontrar em algum ponto do caminho.Os trabalhos da equipe do Dr. Schor prosseguiram em novembro de 1997, em fevereiro de 1998 e em setembro desse mesmo ano. Nessa última vez eles foram autorizados a perfurar um pequeno buraco para provar a existência de um eventual túnel no lado leste da Grande Pirâmide. Se isso provasse a existência do túnel, confirmando as leituras do radar, as autoridades egípcias permitiriam uma perfuração na esfinge. O pesquisador das pirâmides e escritor Robert G. Bauval visitou o Dr. Schor, em outubro de 1998, para conhecer o resultado do trabalho e os futuros planos da Schor Foundation. Conforme relatou do encontro, o entrevistado estava bastante limitado naquilo que podia tornar público em função do contrato firmado com as autoridades egípcias. Mesmo assim foi possível revelar que a perfuração não obteve sucesso. Apesar disso, Schor acreditava firmemente que as pesquisas feitas pelo radar ao redor da esfinge confirmavam a existência de uma rede subterrânea de túneis e câmaras.Embora em 1999 tenha sido anunciada que seria concedida uma nova licença para a continuaçãoENTRADA DA TUMBA DE OSÍRIS das investigações, isso não ocorreu. O que ocorreu, em 1999, foi que o Dr. Zahi Hawass, o mais importante arqueólogo do Egito, responsável pela supervisão e controle de todas as escavações naquele país, anunciou a descoberta do que foi chamado de uma simbólica Tumba de Osíris, cuja entrada vemos na foto ao lado. Os blocos de pedra calcária vistos acima da entrada formam a lateral da calçada que ligava o templo do vale ao templo mortuário da pirâmide de Kéfren. Um programa de TV, levado ao ar no dia 02 de março daquele ano, revelou que, cerca de um ano antes, o Dr. Hawass havia descoberto uma câmara subterrânea no fundo de um longo poço situado não muito distante da esfinge. O poço era, na realidade, o mesmo que havia sido visitado por Boris Said, mas que agora havia sido explorado em maior profundidade. Ele desce até uma sala retangular em cujo lado oriental existe outro poço. Esse segundo poço desce até outra câmara que, por sua vez, tem um terceiro poço em seu lado leste que leva a uma salão com colunas, cheio de água.O historiador Heródoto, comentando sobre os arredores da pirâmide de Kéops, fala de construções subterrâneas destinadas a servir de sepultura e realizadas numa ilha cortada por um canal e formada pelas águas do Nilo. O Dr. Hawass acha que Heródoto se referia àquela terceira câmara mais profunda, mas não acha que tenha sido o túmulo de Kéops. No segundo nível foi encontrada uma câmara sepulcral e mais seis salas laterais cavadas na rocha. Aí foram achados dois sarcófagos de granito vermelho, cerâmica, datada de 500 a.C., e ossos. Embora vários pontos tenham ficados obscuros no programa de TV, o que é bastante comum nesses casos, o fato é que as câmaras estão lá. Os autores do polêmico livro "Giza: The Truth" (Gizé: A Verdade), Chris Ogilvie-Herald e Ian Lawton, afirmaram que embora essa seja uma câmara incomum e talvez única, não há passagens secretas indo na direção das pirâmides, da esfinge ou de cidades subterrâneas.
O mistério continua, mas as pesquisas não param. Que surpresas o futuro nos reservará? Afinal, existirão ou não câmaras ocultas nas pirâmides e na esfinge?

Que Idade Tem a Esfinge?




ESFINGE EM 1850Uma equipe de geólogos e pesquisadores descobriu evidências físicas de que a Esfinge de Gizé pode ter sido erguida no período entre 7000 e 5000 anos anteriores a Cristo. Talvez, até mesmo antes. Inúmeros arqueólogos discordam dessa opinião. Para eles a esfinge foi construida durante o reinado do faraó Kéfren (c. 2520 a 2494 a.C.). Ao lado a esfinge como desenhada pelo artista W. H. Bartlett por volta de 1850.A idéia de que a esfinge pode ser mais antiga do que se pensa realmente não é nova. Alguns egiptólogos antigos e proeminentes que escavaram no planalto de Gizé acreditavam que a esfinge e seus templos circunvizinhos eram anteriores ao período da IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.). O arqueólogo britânico E. A. Wallis Budge foi um deles. Em livro publicado em 1904, declarou: Este objeto maravilhoso [a Grande Esfinge] existia na época de Kéfren e é provável que seja muito mais velha do que o reinado dele e que date do fim do período arcaico. Por sua vez, Gaston Maspero, egiptólogo francês e Diretor Geral de Escavações e Antiguidades do governo egípcio no início do século XX, inspecionou a esfinge na década de 1920 e afirmou: A estela da esfinge mostra, na linha treze, o cartucho de Kéfren. Eu acredito que para indicar uma escavação levada a cabo por aquele príncipe, o que parece ser a prova quase certa de que a esfinge já estava enterrada na areia no tempo de Kéfren e de seus antecessores. Entre 1937 e 1952, um erudito francês, R.A. Schwaller de Lubicz, empreendeu uma pesquisa do Templo de Luxor. Suas medições trouxeram à luz relações geométricas insuspeitadas. Seus dados desafiavam a noção da inferioridade matemática dos egípcios e sugeria uma nova dimensão para as crenças religiosas daquele povo. Na sua visão, a egiptologia clásica havia dado uma interpretação excessivamente primitiva para a ciência e a religião egípcia. Ele especulava que os antigos egípcios teriam obtido o cerne de seu conhecimento de uma civilização perdida anterior, ou de um estágio perdido de sua própria civilização, datados de uma época pré-histórica. Mas Schwaller incitou oposição pelos significados especulativos que ele atribuiu às inscrições e à arquitetura egípcia e outros eruditos desprezaram suas descobertas. Schwaller notou uma anomalia física curiosa no complexo das pirâmides de Gizé. Ele percebeu que a erosão da esfinge era bastante diferente da erosão observável em outras estruturas. Sugeriu, então, que a causadora de erosão na esfinge teria sido mais a água do que a areia arremessada pelo vento. Naquela ocasião ninguém percebeu as implicações dessa afirmação e ela passou despercebida.Em 1970, John Anthony West, um egiptólogo independente, retomou a questão. A esfinge não se assenta sobre o planalto de Gizé, mas jaz no centro do que parece ser os restos de uma antiga pedreira. Apenas sua cabeça e o topo de suas costas projetam-se sobre a elevação geral do planalto circunvizinho. Na realidade o monumento não foi erguido sobre o solo, mas cavado no leito de rocha de pedra calcária. Para esculpir o corpo do leão, os antigos egípcios cavaram um fosso ao seu redor de tal maneira que a figura encontra-se agora em um buraco ou depressão. O que hoje em dia forma a cabeça da esfinge foi outrora, provavelmente, a ponta de uma rocha que se sobressaia acima do terreno. O resto foi escavado na pedra calcária subterrânea do planalto de Gizé, criando, em conseqüência, uma área rebaixada e murada ao seu redor. Um pequeno templo, conhecido como Templo da Esfinge, situa-se na frente do animal. Ele e um templo adjacente, à direita da esfinge, conhecido como Templo do Vale de Kéfren, ficavam originalmente junto ao rio Nilo. Esse Templo do Vale encontra-se na extremidade de uma longa calçada de 487 metros de comprimento, o qual leva ao Templo Mortuário situado diante da pirâmide de Kéfren. O Templo da Esfinge e o Templo do Vale são formados por enormes blocos de pedra calcária tiradas do próprio local escavado e revestidos com granito de Assuão. West comparou a erosão na esfinge, nos templos e nas paredes dos muros circundantes com a erosão de outras estruturas no planalto de Gizé. Na esfinge e nos muros próximos, a rocha foi seriamente danificada e dá sinais de desmoronamento. As extremidades estão arredondadas e profundas fissuras chamam a atenção do observador. Nas demais estruturas do planalto, as superfícies mostram apenas a acentuada abrasão do vento e da areia.O Egito experimentou períodos de pesadas chuvas nos milênios que marcaram o deslocamento pós-glacial da zona temperada em direção ao norte. Tal período durou de 10000 a 5000 a.C. e no seu final o Saara tinha se transformado de savana verde em um deserto. Outra época ainda mais intensa de chuvas, embora mais curta, ocorreu de 4000 a 3000 a.C., com as precipitações diminuindo na metade do terceiro milênio. John West acredita que as inundações durante a transição pós-glacial causaram o desgaste diferenciado no complexo da esfinge, o que significa que esse monumento deve ter sido esculpido durante ou antes da transição. Os arqueólogos, de modo geral, recusaram-se até mesmo a analisar a hipótese de West. Em 1990 ele persuadiu um geólogo da Universidade de Boston, Robert M. Schoch, a examinar a questão e ambos visitaram o planalto de Gizé em junho daquele ano. Convém esclarecer que não houve concordância total entre as opiniões de West e Schoch.Arqueólogos concordam entre si que já ocorreram inundações do Nilo que atingiram a base daPAREDE SUL DO MURO esfinge no passado. Entretanto, os níveis das inundações declinaram desde a época do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.). Schoch observou que a erosão era maior nas partes superiores da esfinge e dos muros circundantes, não ao redor da base onde a inundação deveria ter cortado o monumento por baixo. Além das diferenças entre as camadas das rochas, desigualdades na estrutura geológica dentro das camadas da pedra afetam os perfis de desgaste da rocha. Embora as superfícies horizontais roliças da esfinge reflitam a durabilidade variável das subcamadas no corpo principal, a tendência destas subcamadas de serem mais duráveis na medida em que sobem deveriam ter produzido um perfil global menos desgastado também na medida em que o monumento e os muros circundantes se elevam. Ao invés disso, Schoch observou que os muros e a esfinge mostram um perfil profundamente mais desgastado na parte superior do que na parte inferior da camada da pedra calcária. O desgaste na parte superior do monumento, o padrão ondulado dos danos e as fissuras da esfinge e dos muros ao seu redor, como pode ser observado na foto acima, são típicas de estrago provocado pela chuva. Ele escreveu: A esfinge mostrou um pouco de erosão pelo vento, particularmente na cabeça e na parte superior das costas, que se situam sobre o nível do solo do planalto. Entretanto, a esfinge também mostra um óbvio e extenso desgaste provocado por precipitação. Rocha corroída pela chuva tem uma superfície ondulante, exibindo freqüentemente fendas verticais bem visíveis. Este tipo de erosão está bem desenvolvido e proeminente no corpo da esfinge e dentro da área que a cerca, onde o desgaste alcança de um a dois metros de profundidade abaixo da superfície. Embora seja certo que as estruturas de Gizé são construídas do mesmo tipo de pedra calcária usada na esfinge, nenhuma delas mostra o mesmo grau de desgaste induzido pela precipitação.Schoch defende que nem a subida e a descida dos lençóis de água, nem qualquer outro processo subterrâneo de milhões de anos de duração, produz habitualmente o tipo de perfil visível nas paredes. Este tipo de perfil está, em seu modo de ver, normalmente associado ao desgaste pela ação física de água na superfície da rocha. Mas ele diz também que a natureza e, especialmente, o grau de desgaste visto nos muros que cercam a esfinge e no corpo da própria esfinge é incompatível com enchentes repentinas e esporádicas ocorridas desde os tempos dinásticos. Ele também não acredita que tenha havido chuva suficiente na área durante os últimos 5000 anos para causar a tremenda degradação do leito de rocha calcária que se vê atualmente no extremo ocidental do muro e muito menos para provocar o extremo desgaste e erosão que pode ser vista no núcleo do corpo da própria Esfinge. E mesmo que tais chuvas tivessem existido, o monumento esteve protegido delas, pois passou enterrado na areia durante 3100 dos últimos 4500 anos. De tempos em tempos a areia era retirada e a parte superior do monumento reaparecia, mas apenas a cabeça da esfinge parece ter estado sempre exposta.Schoch também comparou o desgaste no leão com o desgaste na parte externa da tumba deTUMBA DE DEBEHEN Foto © Jon Bodsworth Debehen, vista na foto ao lado, cavada na rocha e situada cerca de 900 metros além dos muros que cercam a esfinge. Identificou a fachada da tumba como sendo do mesmo tipo de rocha que forma o corpo principal da esfinge. Nesta última podem ser vistos profundos arredondamentos da pedra, enquanto o exterior da tumba mostra um perfil mais denteado e angular que ele atribuiu aos efeitos de areia soprada pelo vento. Em síntese, a erosão pelo vento e pelas chuvas causaram diferentes efeitos no mesmo tipo de pedra. Mais ainda, o geólogo notou que os blocos de pedra calcária da esfinge e no Templo do Vale de Kéfren encontram-se erodidos de forma similar e que algumas das pedras graníticas de revestimento parecem ter sido encaixadas com exatidão nos blocos calcários desgastados que estão por trás delas. Ele escreveu: Baseado em minhas observações de campo do granito de revestimento e dos blocos de pedra calcária subjacentes, acredito que os blocos do núcleo em ambos os templos foram expostos aos elementos e sofreram erosão e desgaste considerável antes dos revestimentos de granito serem colocados. Em certos lugares a parte de trás dos blocos de granito estava cortada em padrões ondulados irregulares, de forma a complementar ou se encaixar nos padrões irregulares de desgaste dos blocos de pedra calcária que pretendem recobrir. Observando o Templo do Vale em particular, também se nota que as paredes de pedra calcária, em lugares que perderam o revestimento de granito, não foram suficientemente alisadas. Ao contrário, elas têm um padrão de superfície altamente irregular. Aparentemente os antigos egípcios, antes de aplicar os revestimentos de granito de Assuã, cortaram e alisaram superficialmente a superfície desgastada das paredes, mas não retiraram o suficiente desta superfície desgastada para tornar as paredes perfeitamete lisas.Antigas inscrições sugerem que as pedras de revestimento datam do Império Antigo, aventando a hipótese de que as paredes calcárias originais já lá estavam e foram danificadas muito tempo antes.
A comunidade egiptológica — prossegue Schoch — concorda que o revestimento de granito da esfinge e dos templos do vale deve ser atribuído a Kéfren. No local eu encontrei uma inscrição cavada no granito do Templo do Vale que parece, em termos estilísticos, ser da época do Império Antigo. Parece lógico supor que os blocos de pedra calcária do núcleo tivessem sido cortados recentemente, ou seja, não estivessem desgastados, quando foram originalmente usados na construção da esfinge e dos templos a ela associados. Então, se os revestimentos de granito cobrem pedra calcária profundamente desgastada, as estruturas de pedra calcária originais devem preceder, em grau considerável, a seus respectivos revestimentos de granito. Obviamente, se a pedra calcária do núcleo (originária do fosso da Esfinge) é anterior ao granito do revestimento e este último é atribuído a Kéfren da IV dinastia, então a Grande Esfinge foi esculpida antes do reinado daquele rei.Em 1991 West e Schoch solicitaram ajuda a Thomas L. Dobecki, um geofísico texano, queESFINGE VISTA POR TRÁS efetuou uma pesquisa sísmica na frente dos muros que rodeiam a esfinge para determinar se a rocha subjacente mostrava ou não evidência de danos causados pelas chuvas. Os testes demonstraram que o solo abaixo da área que fica na frente e nas laterais da esfinge havia sido desgastado até uma profundidade de dois metros e 50 centímetros. Por sua vez, na área da parte posterior do monumento o desgaste atingiu só a metade dessa profundidade. Schoch comentou a esse respeito: Estes resultados eram completamente inesperados. A mesma pedra calcária cerca a grande escultura e se o corpo inteiro da esfinge fosse esculpido na rocha viva num único momento, seria esperado que a pedra calcária circunvizinha mostrasse a mesma profundidade de desgaste
   A parte dianteira da esfinge teria sido escavada bem antes da traseira.  subterrâneo. O desgaste do subsolo é                                    Foto © Jon Bodsworth.                                                 essencialmente uma modificação mineralógica e petrológica que ocorre nas pedras tão logo a superfície da rocha seja exposta ao ar, não importando qual seja o clima. Teoricamente a profundidade do desgaste está relacionada e é diretamente proporcional ao período de tempo durante o qual a superfície ficou exposta e, portanto, sujeita à chuva, à penetração da água e à evaporação da mesma. A conclusão foi a de que o solo por trás da esfinge foi escavado durante o Império Antigo, para se criar uma passagem que não existia atrás do monumento, mas que as laterais e a parte frontal do animal seriam duas vezes mais antigas.Schoch acredita que caso a esfinge não fosse anterior ao Império Antigo, deveria exibir uma aparência mais denteada e não o perfil de desgaste mais arredondado que é visível na parede do muro ocidental e no extremo ocidental da parede do muro sul. Ele pensa que as chuvas pesadas do final do período pré-histórico produziram os perfis arredondados na esfinge e nos muros circundantes. Ressalta que as mastabas de adobe de Saqqara, datadas de 2800 a.C., aproximadamente, não mostram qualquer evidência de significativo desgaste pela chuva, indicando quão seco foi o clima durante os últimos 5000 anos. Ele acredita que as características do desgaste na esfinge e nos muros que a circundam indicam uma data muito anterior a 3000 ou 2800 a.C para sua construção. Ele duvida que a quantidade, o tipo e o grau da erosão induzida pela chuva que se vê nos muros ao redor do monumento tenham sido produzidos em apenas alguns séculos.Talvez, inicialmente, só as laterais e a frente do corpo da esfinge tivesse sido esculpido e aESFINGE ENTERRADA escultura se projetasse como um outeiro da pedra circunvizinha, com a parte que se tornaria mais tarde a anca da figura ainda fundida com a pedra natural, mais ou menos como aparece nesta foto de 1867. Talvez, como sugeriu o egiptólogo egípcio Selim Hassan, a esfinge tivesse sido projetada originalmente para ser vista apenas de frente. Dessa maneira, com o templo à sua frente, pareceria estar assentada sobre um pedestal. No entender de Schoch, assim que as laterais e a frente do monumento foram esculpidos, a pedra calcária do pavimento que cerca estes três lados da escultura começou a se desgastar; mas o que se tornaria o chão de pedra calcária atrás da figura ficou ainda protegido por uma grossa camada de pedra sólida, o que explicaria os resultados da pesquisa sísmica. Uma hipótese razoável, segundo ele, é a de que quando Kéfren reparou e remodelou a esfinge e seus templos, ele libertou a parte de trás da colossal escultura da escarpa na qual se inseria. Assim, neste momento e só nesse momento, o chão de pedra calcária no parte posterior da figura começou a se desgastar.Considerando uma taxa linear de desgaste, Schoch estimou a data da esfinge e da maior parte dos muros circundantes entre 5000 e 7000 a.C. Ele também afirmou que o desgaste pode não ter sido linear, reduzindo sua velocidade à medida em que se aprofundava em função do aumento da massa de rocha. Nesse último caso a esfinge poderia ser bem anterior a 7000 a.C. Mas, como outros fatores climáticos podem ter contrabalançado o fato do desgaste não ser linear, ele acabou aceitando as datas citadas como o provável período da construção do monumento. A objeção que aqui se apresenta é que não se conhece a taxa de desgaste da pedra com o passar dos anos e esta incerteza torna altamente especulativa a estimativa da idade da rocha. Schoch argumenta, porém, que diferentes tipos de desgaste podem ser identificados no complexo da esfinge, os quais podem ser correlacionados com períodos de clima e estes, por sua vez, podem ser datados de forma aproximada.Robert M. Schoch pondera que a uns 8000 anos atrás a esfinge pode ter sido diferente daquilo que é hoje. Os detalhes originais da superfície do corpo se perderam pela ação do tempo num passado distante e a cabeça atual do figura é, quase com certeza, resultado de remodelagem. Ele acha que a evidente desproporção entre o pequeno tamanho da cabeça e a enormidade do corpo sugerem que a cabeça pode ter sido originalmente a de um leão, posteriormente refeita para assumir a semelhança com um faraó. Isto implica que os reis egípcios teriam sido herdeiros de uma estrutura já existente a qual refizeram à sua própria imagem para se apropriarem do monumento. Certamente a esfinge foi objeto de muito trabalho, consertos, renovações e abusos desde os tempos pré-históricos até o presente. Atenção especial parece ter sido dada a ela periodicamente: durante o Império Antigo (c. 2500 a.C.), nos tempos do Império Novo (c. 1400 a.C.), na XXVI dinastia (664 a 525 a.C.) e durante o Período Greco-Romano (332 a.C. a 395 d.C.). Durante tais períodos de reparação, o soberano da época frequentemente teve que desenterrá-la da areia que, em questão de décadas, a recobriria se as devidas providências não fossem tomadas. Após cada desenterrar da figura, reparos com argamassa eram feitos nas partes danificadas na tentativa de restaurar a escultura ao seu perfil original.A egiptologia clássica acredita que o monumento faz parte do complexo funerário construído por Kéfren. Ele inclui a esfinge e os Templos do Vale, uma calçada, e a segunda pirâmide. Ambos os templos exibem o mesmo estilo arquitetônico, empregando pedras que pesam até 200 toneladas. Geralmente é aceito que os templos, em conjunto com a esfinge, fizeram todos parte da mesma pedreira e do mesmo processo de construção. Alguns indícios costumam ser apresentados para situar a construção da esfinge no tempo de Kéfren. A estela que Tutmósis IV (c. 1401 a 1391 a.C.) mandou fixar na frente do monumento apresenta uma inscrição danificada na qual surge a primeira sílaba do nome de Kéfren. Uma estátua de diorito desse faraó descoberta enterrada de cabeça para baixo junto com outros escombros em seu Templo do Vale, por causa de sua relativa proximidade com a esfinge, também parece associar todo o complexo de construções ao nome dele.Tem sido afirmado pelos egiptólogos que a cabeça da esfinge reproduz as feições de Kéfren.CLOSE DA ESFINGE Schoch afirmou que essa é uma noção relativamente recente e está longe de ser verdadeira. O rosto da esfinge está severamente danificado, mas o que resta dele, indiscutivelmente, não parece assemelhar-se à face vista nas estátuas conhecidas de Kéfren. Para elucidar esse ponto, West recorreu ao trabalho do detetive Frank Domingo, um perito da polícia de New York. Ele fez uma análise detalhada do rosto da esfinge, comparando-o com o que se conhece da cabeça de Kéfren. Foram geradas análises manuais e computadorizadas das duas cabeças e se concluiu que a estrutura facial é muito diferente nos dois casos. O perito afirmou, de forma categórica, que a face da grande esfinge não é a mesma face vista nas estátuas do construtor da segunda grande pirâmide. Do ponto de vista artístico, a evidência mais forte para datação do monumento é o enfeite na cabeça da estátua. Ele pertence claramente ao período dinástico, embora haja alguma incerteza sobre de qual reinado seria. A desproporção entre o tamanho da cabeça e o tamanho do corpo pode ser explicada pela fissura principal na parte de trás do monumento, a qual exigiu que o comprimento da estátua fosse estendido para estabilizar sua porção traseira.Como vimos, antes de West levantar a questão já havia alguma incerteza sobre a data da construção do monumento. Os arqueólogos concordam que foram feitos trabalhos de reparação para preencher fissuras ou proteger áreas corroídas do monumento durante o Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.), em data não posterior a 1400 a.C. Isso daria pouco mais de um milênio para que a erosão da enigmática figura atingisse tais proporções a ponto de requerer medidas reparadoras. Durante a maior parte desse tempo, provavelmente, o corpo da esfinge esteve enterrado na areia.Como era previsto, surgiram várias objeções à teoria de John West por parte de alguns geólogos, enquanto outros o apoiaram integralmente. Um geólogo propôs que a esfinge inteira — e não apenas sua cabeça — tivesse sido uma rocha que se sobressaia acima do terreno. Ela poderia ter sido corroída durante milênios antes de ter sido esculpida. West argumentou que o corpo da esfinge e os blocos dos templos adjacentes seguem o padrão de estratificação do leito de rocha escavado. Eles foram claramente esculpidos diretamente do planalto, bem como os muros circundantes. Apenas a cabeça deve ter sido uma rocha que se sobressaia do terreno. Por sua vez, Robert Schoch acredita que a cabeça, muito pequena em relação ao corpo, foi provavelmente esculpida a partir de uma cabeça de leão, a qual, anteriormente, teria formado o topo da esfinge. Essa parte até pode ter sido originalmente uma pequena colina, mas foi tão profundamente modificada por modelagem e remodelagem que não se pode ter certeza sobre esse ponto.Ainda do ponto de vista geológico, os argumentos contrários dos cientistas atribuem a erosão na esfinge principalmente a efeitos geoquímicos associados ou com a elevação do lençol de água subterrâneo, ou com a condensação e evaporação atmosférica, a qual ocorre mesmo no clima seco daquela área. Em outras palavras, mecanismos que não a chuva explicariam o desgaste da esfinge. O monumento se deterioraria de forma diferente dependendo do fato de estar exposto ao ar ou enterrado na areia. Quando exposto ao ar, o monumento se deterioraria como resultante de efeitos químicos associados com a condensação da umidade atmosférica na rocha pela manhã. O orvalho formado à noite na pedra calcária exposta remove sais solúveis da superfície da rocha. Forças capilares puxam esta solução para dentro dos poros da pedra, onde mais sais são dissolvidos das paredes internas dos poros. Com o aumento das temperaturas durante o dia, a solução começa a evaporar, precipitando cristais do sal dentro do limitado espaço dos poros. A pressão que os cristais exercem, na medida em que crescem, produz a formação de escamas que acabam se desprendendo das camadas finas da rocha na superfície da pedra calcária. Removida a pedra enfraquecida pela ação física do vento, pedra nova fica exposta ao desgaste. QuandoCORNELIS enterrado, os mesmos efeitos químicos ocorreriam pelo contato com a umidade de chuvas intermitentes e inundações ocasionais absorvida pela areia e é sabido que a esfinge permaneceu enterrada na maior parte de sua existência conhecida. Ao lado, por exemplo, o monumento como aparecia em 1698 d.C. aos olhos de Cornelis de Bruijn, um artista e viajante holandês. Os que defendem tais mecanismos acreditam que eles são suficientes para explicar a deterioração da estátua e de suas paredes dentro do prazo dos últimos 4500 anos.O contra argumento de Shoch, nesse caso, é o de que até recentemente o lençol de água se manteve muito abaixo dos muros circundantes para que pudesse umidecer a areia por baixo e se transformar num fator sério de deterioração. Ele pondera que caso as inundações do Nilo tivessem sido suficientemente severas para desgastar a esfinge diretamente, teriam danificado o monumento por baixo, o que não ocorreu. Ele ainda afirma que os danos foram maiores nos estratos superiores, mais duráveis, do corpo principal do animal. Isto é mais consistente com a ação física das chuvas do que com os efeitos químicos descritos por seus críticos. Por outro lado, há evidências de danos causados à esfinge e seus templos pela condensação, mas tais danos deveriam ser comuns a todas as estruturas de pedra calcária do planalto de Gizé, mas nenhuma outra superfície mostra o mesmo tipo de desgaste que pode ser visto nos muros da esfinge. Além disso, no entender de Schoch, esta é uma causa de deterioração menos importante e não pode ser responsabilizada pela natureza e severidade dos padrões de desgaste da esfinge e seus templos. Embora eu não negue — diz ele — que o crescimento dos cristais de sal estejam realmente danificando a esfinge e outras estruturas nos dias atuais, este mecanismo não explica os antigos padrões de degradação observados no corpo da esfinge e na área que a cerca, mas virtualmente em nenhuma outra parte do planalto de Gizé.O argumento de Schoch de que a erosão era maior nas partes superiores dos muros ao redor da esfinge foi rebatido por seus opositores com a afirmação de que, na realidade, tal desgaste nunca existiu, simplesmente porque os muros já haviam sido construídos inclinados para trás, num ângulo de cerca de 80 graus. Só se as camadas de pedra calcária estivessem em posição totalmente vertical o desgaste maior nos estratos superiores indicariam claramente que a causa era a chuva. Schoch replica afirmando que ele nunca afirmou que os muros tivessem sido absolutamente verticais em sua origem, mas que mesmo levando em consideração uma pequena inclinação, permanece o fato de que camadas mais duras do topo do muro foram em geral mais escavadas pela erosão do que camadas mais macias situadas mais abaixo.Quanto às diferenças entre o desgaste da esfinge e o da tumba de Debehen, os críticos afirmam que elas resultam de desigualdades na estrutura geológica das subcamadas das pedras. Em pedras cujas subcamadas vão passando gradualmente de uma consistência mais dura para outra mais macia, acontece um arredondamento horizontal mais suave com o desgaste provocado seja pelo vento, seja pela chuva. Já nas pedras que passam de forma abrupta do mais duro ao mais macio, aparece o perfil mais denteado que Schoch atribuiu ao vento. Seria por isso, e não pela diferença dos agentes — chuva ou vento —, que a rocha da fachada da tumba de Debehen mostra angulosidades, ao mesmo tempo em que ao longo de seu topo os perfis da pedra são arredondados. De maneira geral e mais simplificadamente, Schoch foi criticado porque estaria comparando camadas de rocha com estruturas geológicas diferentes como se fossem iguais. John West contra argumenta invocando o parecer de um geólogo egípcio consultado, em um documentário de TV, sobre a afirmativa de que a rocha da tumba não é a mesma da esfinge. Segundo esse especialista, a tumba pertence à mesma camada do corpo da esfinge. Sendo assim, o desgaste da esfinge e o da tumba deveriam ter sido semelhantes se ambas datassem da mesma época.Do ponto de vista arqueológico não existem evidências literárias ligando a esfinge diretamente ao faraó Kéfren, mas evidências arquitetônicas parecem indicar que ela fez parte do complexo funerário daquele rei. Ligado ao Templo do Vale existe a calçada que leva até a pirâmide e o muro que cerca a esfinge no lado sul segue o trajeto dela e sugere, por seu ângulo oblíquo, que ele foi escavado depois que a calçada foi construída ou pelo menos projetada. Outro indício é o fato do salão principal do Templo da Esfinge ser quase idêntico ao salão principal do Templo Mortuário de Kéfren. Os blocos do núcleo do Templo da Esfinge combinam com alguns dos estratos do leito de rocha dos muros que a circundam e mostram que o templo foi erguido enquanto ia sendo escavada a região ao redor. Deduziu-se que se outras estruturas do complexo de Kéfren e o Templo da Esfinge datam da mesma época, então a escavação da própria esfinge também deve datar daquela ocasião. Na visão de Schoch, a semelhança entre o salão principal do Templo da Esfinge e o salão principal do Templo Mortuário e os demais argumentos que tentam provar que a esfinge faz parte do complexo de Kéfren não excluem a possibilidade de ter havido duas fases na construção do monumento e dos templos próximos.A afirmativa de que durante o Império Antigo foram aplicadas pedras de revestimento sobre umESFINGE EM 1737 monumento já muito antigo na época é rebatida pelo Dr. Zahi Hawass, arqueólogo responsável pela supervisão e controle de todas as escavações no Egito, segundo o qual o revestimento foi aplicado como parte da construção original e não é um acréscimo com finalidade de reparação da esfinge. A pedra subjacente não era adequada para ser modelada satisfatoriamente e, então, foi simplesmente cortada de modo rústico e revestida com blocos de pedra polida. Apenas a cabeça, o pescoço e a barba foram cortados na pedra original e deixados expostos sem revestimentos. O desgaste da esfinge desde os tempos do Império Antigo deve ter ocorrido onde as pedras originais do revestimento caíram, o que aconteceu com muitas delas. Hawass admite que restauradores do Império Novo podem ter acrescentado alguns blocos de revestimento cortados no estilo do Império Antigo. Também se argumentou quanto a este aspecto da teoria que os egípcios não costumavam dar acabamento liso para as pedras de granito no lado que não ficaria visível. Seria um trabalho exaustivo e desnecessário. Da mesma forma, parece extremamente improvável que a pedra de granito, mais dura, fosse cortada para se ajustar à pedra calcária, mais macia, e a lógica indica que deve ter sido feito exatamente o contrário. Portanto, os blocos internos de pedra calcária do Templo do Vale de Kéfren foram trabalhados para permitir um ajuste da cobertura granítica. O material interno não foi terminado com perfeição, nem era da melhor qualidade, já que seria escondido pela cobertura. Além disso, o granito do revestimento foi reposto em modernas restaurações, o que obscurece ainda mais a situação nos dias atuais. Na foto acima, o desenho feito em 1737 por Frederic Louis Norden, um capitão naval e explorador dinamarquês.Um forte argumento que se ergueu contra a teoria de West e Schoch foi a ausência de uma civilização e de um governo conhecido na época em que eles pretendem que a esfinge tenha sido construída. Os egípcios daquela época eram primitivos e não teriam condições de construir um monumento de tal envergadura. Schoch respondeu que centros urbanos existiram no mediterrâneo oriental em Catal Huyuk, na Turquia, no sétimo milênio e em Jericó, na Palestina, no nono milênio antes de Cristo. A cidade turca, construída de tijolos de lama e madeira, não era nenhum assentamento primitivo. Ao contrário, os restos conhecidos demonstram uma sofisticação e opulência que os arqueólogos não imaginavam para um período tão remoto de tempo. Os habitantes construíram casas e santuários elaborados, cobriram as paredes com pinturas e relevos e, aparentemente, tiveram uma tradição simbólica e religiosa rica e complexa. Na cidade palestina havia grandes paredes de pedra, uma torre e um fosso. O que sobrou da parede de pedra tem pelo menos dois metros de espessura e ainda conserva, em alguns locais, a altura de seis metros, não se sabendo qual teria sido sua altura máxima. Do lado de fora desta parede protetora foi cavado um fosso no leito de rocha sólido com profundidade de dois metros e setenta centímetros e largura de oito metros e 20 centímetros. Dentro da parede estão os restos de uma torre de pedra com nove metros de diâmetro e as ruínas desta estrutura ainda alcançam nove metros de altura. No centro da torre há um lance de escada construído de enormes lajes de pedra. Esta construção já foi comparada às torres existentes nos grandes castelos medievais da Europa. A evidência de Jericó, particularmente, — conclui Schoch — sugere que o complexo da esfinge, a escultura e seus templos de pedra associados, não teriam sido um fenômeno totalmente isolado no mundo Neolítico: outras volumosas estruturas de pedra estavam sendo construídas ao redor do Mediterrâneo tão remotamente quanto 10000 anos atrás.Embora nada parecido tenha sido encontrado no Egito, é claro, ainda segundo o raciocínio do pesquisador, que havia civilização na região e as evidências poderiam estar debaixo de milênios de lodo não escavado do Nilo. Também pode ter ocorrido que a elevação do nível do mar desde cerca de 10000 ou 15000 anos atrás tenha submergido vastas extensões ao longo da costa mediterrânea, eventualmente habitadas por culturas anteriores. Além disso — acrescenta Schoch —, uma civilização avançada pode não ter sido necessária: uma cultura neolítica conseguiu erguer Stonehenge na Inglaterra. Haveria algum sinal da existência de uma cultura do tipo daquela que existiu em Stonehenge nas cercanias de Gizé? Por volta de 1995 surgiram evidências de uma culturaNABTA PLAYA neolítica em Nabta Playa, um local situado a oeste de Abu Simbel, no Alto Egito, que atualmente forma a parte sul do deserto ocidental egípcio e que vemos na foto ao lado. Ali, restos megalíticos demonstram que seres humanos construiam no Egito estruturas de pedra antes de 5000 a.C. Um outro indício aparece na chamada Paleta Líbia, mostrada na foto abaixo, que deve ter sido esculpida entre 3100 e 3000 a.C., no Período Pré-dinástico. Ela simboliza cidades fortificadas ao longo da margem ocidental do delta do Nilo,
LIBYAN PALETTE as quais podem ter abrigado obras de arquitetura em pedra, em data bastante remota. Por tais vestígios, Schoch considera bastante provável que o trabalho arquitetônico em pedra tenha existido em Gizé antes de 2800 ou 3000 a.C.Os críticos afirmam que o calendário circular de pedra em Nabta Playa tinha só quatro metros de diâmetro e não pode ser tomado como evidência das habilidades dos trabalhadores da pedra que estão claramente presentes na esfinge e seu templo. A escala dos dois monumentos não poderia ser mais diferente. Ao contrário do Templo da Esfinge, do Templo do Vale de Kéfren e da própria esfinge, formados por pedras cuidadosamente cortadas e ajustadas, o círculo de Nabta é construído com blocos cortados de forma grosseira. Um certo número de grandes pedras talhadas foram achadas enterradas na areia de Nabta Playa mas, apesar destes monólitos apresentarem algumas características avançadas de trabalho em pedra, não representam verdadeira obra de cantaria e não podem ser considerados como comparáveis com a esfinge e as estruturas a ela associadas.Dizem ainda os analistas que nos arredores de Gizé os restos pré-dinásticos só surgem depois de 4000 anos a.C. e que não há qualquer evidência clara de que a cultura do trabalho em pedra de Jericó tenha se espalhado para o Egito. A evidência disponível sugere que os habitantes do vale do Nilo antes de 5000 anos a.C. formavam apenas um agrupamento de caçadores. As aptidões das culturas desse tempo estão bem estabelecidas e claramente não incluem o trabalho em pedra. West acredita que a existência de uma cultura pré-histórica capaz de construir monumentos com pedras gigantescas — se pudesse ser provada — criaria uma nova abertura para as interpretações não convencionais do pensamento egípcio. Seja como for, a teoria de John Anthony West levantou novamente a questão da existência de uma civilização desaparecida, possivelmente a Atlântida da antiga lenda. Mesmo que se prove que a esfinge é anterior ao que se pensa, isso não prova a veracidade das lendas, mas coloca na ordem do dia a pergunta que não quer calar: quem construiu a esfinge e por quê?



 

Que Idade Tem a Esfinge? Parte 2 
TRECHO LESTEColin D. Reader, um engenheiro geológico, foi outro cientista que investigou a possível antiguidade da esfinge. Ele buscou evidências geológicas de que o monumento poderia ser bem mais antigo do que se pensa. Para isso, comparou, principalmente, a pedra da esfinge diretamente com a pedra dos muros circundantes. Constatou que os estratos de rocha na esfinge não mostram o mesmo desgaste da continuação dos mesmos estratos nos muros circundantes — profundamente erodidos — que ficam defronte. Enquanto a erosão na esfinge está uniformemente distribuída ao longo do comprimento do seu corpo, a parede sul do muro mostra erosão crescentemente severa na medida em que se move de leste — foto à esquerda — para oeste — foto abaixo. A profundidade da erosão na extremidade oeste do muro circundante é maior do que a profundidade da erosãoTRECHO OESTE em qualquer parte da esfinge.
A parede ocidental, ou seja, a que passa atrás da esfinge, exibe em toda sua extensão a mesma profunda erosão da extremidade oeste da parede sul. Se o vento ou efeitos químicos fossem a única causa do desgaste do monumento e dos muros, eles deveriam ter afetado a mesma rocha da mesma maneira tanto na esfinge quanto nos muros. A temperatura do ar e a umidade são os principais fatores que poderiam influenciar a intensidade do desgaste pelo vento ou por substâncias químicas. Porém, tais fatores têm pouca variação no espaço de cerca de 20 metros que separam o corpo da esfinge das paredes dos muros que a circundam e, assim sendo, Reader considera que o desgaste por estes processos não conduziria ao desenvolvimento de uma distribuição tão heterogênea de tal desgaste como a que se verifica no local.

A necrópole de Gizé está situada em um planalto de pedra calcária suavemente inclinado, que cai de seu ponto mais alto no oeste, além da pirâmide de Kéfren, por uma distância de mais de um quilômetro e meio antes de alcançar o ponto até onde chega a inundação do Nilo, a uma curta distância do leste da esfinge. Antes da construção das três grandes pirâmides, entre 2500 e 2400 a.C., esse planalto era um coletor para chuva e seu escoamento. A escavação do planalto para extrair a pedra destinada à pirâmide de Kéops (c. 2551 a 2528 a.C.) reduziu drasticamente esta área de coleta. Reader argumenta que a escavação do muro circundante da esfinge deve ter precedido a escavação do planalto para construir a pirâmide de Kéops. Só assim as paredes dos muros poderiam ter se corroído tanto, como o fizeram, pelo escoar da água no planalto. Embora o período dinástico egípcio tenha sido dominado por condições climáticas de aridez, houve intervalos mais úmidos. Só em 2350 a.C. é que ficaram totalmente estabelecidas as condições atuais de aridez. Entre a data proposta por Schoch para construção da esfinge, ou seja, entre 7000 e 5000 a.C., e 2350 a.C. houve uma fase de transição, durante a qual a crescente condição de aridez foi interrompida por chuvas ocasionais, provavelmente sazonais. Como a vegetação era pouca e a camada de solo sobre as rochas era pouco profunda, pesadas chuvas esporádicas saturavam o solo rapidamente e corriam sobre o planalto em direção ao vale do Nilo.Ainda que de curta duração, o grande volume destas águas, correndo por extensas áreas, produzia enxurradas capazes de provocar significativa erosão. Devido à topografia do local, as águas fluíram para regiões mais baixas e devem ter se despejado sobre a parede oeste do muro, erodindo a pedra calcária exposta e penetrando em qualquer fenda existente. A quantidade de água que atingiu o lado leste do muro deve ter sido proporcionalmente menor, produzindo erosão também menor. Embora as faces leste e oeste temham a mesma idade, a degradação ocorrida é significativamente mais intensa a oeste, lado sobre o qual mais enxurrada deve ter sido descarregada. O corpo da esfinge em si deve ter gerado pouco volume de enxurrada, pois deve ter ficado isolado da enxurrada vinda do planalto pela escavação que a rodeava. Ao expor esses argumentos, Reader acrescenta que o planalto de Gizé esteve sujeito a chuvas e enxurradas durante a IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.) e, portanto, a erosão do muro oeste pelas águas acumuladas das chuvas não significa, necessariamente, que se tenha que fazer uma reavaliação da data de construção da esfinge.Existe uma pedreira a oeste da esfinge e há seguros indícios arqueológicos de que ela foiPLANTA DE GIZÉ explorada no tempo de Kéops. Assim que as pedras começaram a ser retiradas dali, alterou-se a hidrologia de superfície do local, pois a escavação interceptou qualquer enxurrada vinda da parte mais alta do planalto a oeste e evitou sua descarga na direção da área da esfinge. De acordo com a opinião da maioria dos arqueólogos, a criação da esfinge ocorreu depois da construção da pirâmide de Kéops e do trabalho nas pedreiras a ela associadas. Em virtude do efeito dessas pedreiras na hidrologia de superfície do local, Reader pondera que se assim tivesse ocorrido a erosão dos muros da esfinge provocada pela enxurrada das chuvas teria sido em grande parte impedida. Ele considera que sem a ação deste agente de erosão não é possível fornecer uma análise completa que explique todas as características da degradação presente nos muros que circundam a esfinge. Por esse motivo, conclui que a escavação da esfinge foi empreendida algum tempo antes de ser iniciada a extração de pedras da pedreira de Kéops, quando a chuva sobre as áreas mais elevadas do planalto de Gizé eram capazes de se acumular numa área significativa, ganhando força antes de se descarregarem, finalmente, sobre os muros que rodeiam a esfinge.Ele vai além e explica que a arqueologia estabeleceu que as pedras usadas para construir o Templo da Esfinge foram extraídas da região ao redor da própria esfinge. Isso indica que a esfinge e seu templo foram, provavelmente, erguidos ao mesmo tempo e, levando-se em conta o que vimos no parágrafo anterior, ele acredita que as duas construções são anteriores à época de Kéops. Por outro lado, também existem indícios de atividades construtivas durante a IV dinastia dentro da área circundada pelos muros que envolvem a esfinge, mas Reader as encara como apenas uma fase limitada dos trabalhos, que não pode ser usada para datar o início da construção da esfinge e seu templo. Sabe-se que o Templo da Esfinge foi construído em dois estágios, sendo que no segundo foi feita uma ampliação de suas paredes norte e sul. Os indícios são de que essa segunda fase ocorreu durante a IV dinastia. Baseado no desgaste das pedras calcárias expostas dentro do perímetro limitado pelos muros que circundam a esfinge, Reader afirmou ser evidente que a primeira e a segunda fases ocorreram sob diferentes condições criadoras de desgaste e de erosão e que, provavelmente, um significativo período de tempo as separou.Reader, visto na foto ao lado, entende que a degradação irregular das pedras dos muros que circundam a esfinge, mais intensa em alguns pontos do que em outros, só pode ser explicada atribuindo-se a construção da esfinge e da primeira fase do seu templo a um período anterior àquele em que Kéops extraiu as pedras do local, quando a pedra calcária exposta ainda estava sujeita a erosão através de enxurradas na superfície. Quando, durante a IV dinastia, foi erguido o complexo mortuário de Kéfren, o Templo da Esfinge passou por uma segunda fase de construção, durante a qual foram feitas modificações em suas paredes norte e sul. Como tais modificações ocorreram depois que Kéops extraiu pedras do planalto, as pedras calcárias recentemente expostas não ficaram sujeitas à erosão provocada por enxurradas da chuva e, por isso, não mostram o mesmo padrão de intensa degradação que podemos ver em otros locais da área circundada pelos muros.Outro fato que chamou a atenção de Reader foi o de que as pedreiras exploradas no tempo de Kéops estão limitadas pela calçada que liga a esfinge ao seu templo. Ora, segundo a arqueologia tradicional, a calçada teria sido construída por Kéfren e não existia no tempo de Kéops e, portanto, não haveria motivo para que a pedreira não avançasse sobre uma área na qual nada havia sido construído ainda. A sequência convencional dos acontecimentos — diz ele — requer que aceitemos que os trabalhadores de Kéops se deram ao trabalho de iniciar uma segunda pedreira ao sul da calçada, ao invés de remover uma massa linear de pedra, a qual, na ocasião, não tinha qualquer propósito aparente. O alinhamento comum da calçada e da parte sul do muro que circunda a esfinge indica que, como a escavação do monumento e a construção do seu templo, o alinhamento da calçada de "Kéfren" foi estabelecido algum tempo antes da construção do complexo mortuário de Kéops. Sob esta sucessão revisada do desenvolvimento dos fatos, a interpretação da relação espacial entre a calçada e as pedreiras de Kéops fica bastante clara - com a calçada limitando a extensáo dos trabalhos de uma exploração posterior da pedreira.Diferentemente de Schoch, Reader prefere datar a esfinge apenas de três a seis séculos antes deESFINGE EM 1737 Kéops, baseado em que a construção em pedra não parece ter surgido no Egito antes disso. Ele afirma que analisando a intensidade da degradação dos muros no lado oeste e as taxas segundo as quais os processos geológicos como a erosão operam, concluiu que a esfinge foi esculpida não apenas antes do reinado de Kéops mas, provavelmente, antes da IVdinastia. Para datar a construção de um complexo desta natureza, referências têm sido feitas ao que sabemos sobre o uso da pedra na arquitetura do antigo Egito. A base dessa linha de raciocínio é que a cultura que empreendeu a construção do complexo de culto em Gizé deve ter tido a experiência e desenvolvido a habilidade para trabalhar a pedra. O uso mais antigo da pedra que se conhece no antigo Egito data do período pré-dinástico. Mas este uso ficou restrito em grande parte ao assentamento de monólitos, enquanto que o uso de alvenaria de pedra para o complexo da esfinge sugere uma época posterior na qual teria surgido um método mais desenvolvido de construção com pedras. Na foto acima, desenho feito em 1737 por Frederic Louis Norden, um capitão naval e explorador dinamarquês.Geralmente se afirma que a mais antiga estrutura de pedra do Egito é a pirâmide de degraus de Djoser (c. 2630 a 2611 a.C.), da III dinastia (c. 2649 a 2575 a.C.). De acordo com Reader, isso é um equívoco. Uso de blocos de pedra como elementos arquitetônicos já aparecem em túmulos das duas primeiras dinastias, ou seja, entre 2920 e 2649 a.C. A Pedra de Palermo atribui construções em pedra ao último faraó da II Dinastia (c. 2770 a 2649 a.C.), Khasekhemwy. Escavações em Helwan, perto do Cairo, apontam na mesma direção. O relatório dos arqueólogos afirma que a tumba escavada, datada do final de I dinastia (c. 2920 a 2770 a.C.) ou início da II dinastia, é fruto de uma considerável experiência no projeto de estruturas monumentais de pedra. A presença desse túmulo confirma um fato já conhecido anteriormente mas que nunca foi amplamente aceito: a existência de uma escola de alvenaria de pedra na área de Mênfis, que permitiu aos reis e elites deste período empregarem construções de pedras megaliticas centenas de anos antes das pirâmides serem erguidas. Reader concluiu que havia capacidade de trabalho escultório em pedra no início do período dinástico, mas que nada existe nos registros arqueológicos que indique trabalho em larga escala com alvenaria de pedra antes deste tempo.Duas tumbas parecem indicar que houve atividades em Gizé no início do período dinástico.MASTABA DE KHENTKAUS IRE No túmulo da rainha Khentkaus Ire, visto ao lado, e no de Kai as camadas superiores de pedra calcária estão afetadas por características da erosão que se assemelham, embora com intensidade menor, às características das paredes oeste do muro que rodeia a esfinge. No entender de Reader, tais características se formaram antes que o padrão de drenagem da superfície de Gizé fosse alterado pelo desenvolvimento do local em larga escala no decorrer da IV dinastia. Como essas duas tumbas estão localizadas dentro da área da pedreira de Kéops ao sul da calçada (zona não hachureada no desenho acima) foram, naquela dinastia, afetadas pela extração das pedras e mudança na declividade do terreno. Além das características destes dois túmulos sugerirem erosão anterior à IV dinastia, um outro grupo de particularidades também indicam para eles uma origem do início do período dinástico. Nas partes inferiores das paredes destas tumbas existem os restos desgastados da decoração na forma de fachada de palácio, um traço típico do estilo arquitetônico daquele período. O túmulo de Khentkaus Ire foi revestido de pedra calcária na IV dinastia e esse revestimento cobriu a decoração, sugerindo que a mesma é anterior ao uso da tumba nessa dinastia. O uso da fachada de palácio do início do período dinástico no exterior das duas tumbas difere significativamente do estilo arquitetônico austero geralmente adotado em Gizé na IV dinastia, com fachadas lisas interrompidas apenas por falsas-portas e nichos individuais para oferendas. Tudo isso sugere a Reader que os dois túmulos, antes de abrigarem os corpos de Khentkaus Ire e de Kai durante a IV dinastia, fizeram originalmente parte do desenvolvimento de Gizé no início do período dinástico, quando o foco estava voltado para a esfinge e construções a ela associadas.Os arqueólogos acreditam que qualquer estrutura anterior à IV dinastia seria preservada em Gizé no reinado de Kéops se tivesse algum significado religioso, possivelmente formando parte de um templo ou complexo de culto. Na visão de Reader, a esfinge pode ter sido um local sagrado conectado a um primitivo culto solar. Segundo ele, existem evidências arqueológicas de atividades na necrópole de Gizé no período pré-dinástico tardio, ou seja, cerca de 3000 anos a.C. Nessa ocasião o planalto de Gizé pode ter alcançado alguma importância religiosa local, com o foco principal de veneração tendo sido o proeminente outeiro no qual a esfinge foi esculpida mais tarde. Como se sabe, o leão era considerado um guardião das portas do mundo subterrâneo nos horizontes leste e oeste e tal crença data, provavelmente, da mais remota antiguidade. Talvez se parecendo com a cabeça de um leão, esse outeiro virado para o sol nascente tenha sido associado ao culto solar, justificando a construção de seu próprio templo de culto. Tal templo, construído de tijolos ou junco, poderia ter sido erguido na frente do outeiro. Um segundo templo, dedicado ao sol poente, poderia ter sido arquitetado de tal maneira que, quando visto do vale do Nilo, ocupasse uma posição proeminente em uma baixa colina no horizonte ocidental.Existem, também, evidências arqueológicas da importância de Gizé no período entre a I e a III dinastias (c. 2920 a 2575 a.C.). Nessa época é possível que, na medida em que a técnica do trabalho em pedra e a teologia do culto solar foram se aperfeiçoando, tenha surgido a idéia de liberar o corpo do leão da pedra. Esse pensamento teria resultado na escultura de uma esfinge, possivelmente com uma cabeça leonina, e na construção dos templos para o sol nascente e o sol poente, agora em pedra e unidos por uma calçada.Quando escolheu o local para construir seu complexo mortuário, Kéops optou pela área do cultoESFINGE EM 1809 solar já existente em Gizé. Essa escolha de localização pode explicar o nome dado para a pirâmide desse faraó pelos antigos egípcios: A Pirâmide que É o Lugar do Nascer e do Pôr do Sol. No reinado do sucessor de Kéops, Radjedef (c. 2528 a 2520), o nome foi incorporado ao cartucho real. Certamente no reinado de Kéfren o princípio do faraó como manifestação terrestre do deus-Sol se desenvolveu ainda mais. Para fortalecer essa associação, é possível que Kéfren tenha incorporado o complexo de culto solar já existente ao seu próprio complexo mortuário. Ao fazê-lo, ele construiu seu próprio templo do vale, modificou o Templo da Esfinge, construiu um caminho coberto para procissões ao longo da calçada já existente e incorporou o Templo Mortuário que também já existia ao seu próprio Templo Mortuário. Kéfren também pode ter sido responsável pela alvenaria — a qual os arqueólogos consideram como característica do Império Antigo — que foi colocada no corpo da esfinge e por refazer a cabeça da figura dando-lhe uma forma humana, embora, como já vimos, um perito da polícia de New York tenha demonstrado que ela não foi esculpida para produzir semelhança com o rosto desse faraó. Reader é enfático: Indubitavelmente, Kéfren teve grande influência sobre a esfinge - mas não como seu construtor. Eu acredito que o leiaute sem igual do complexo mortuário de Kéfren, o qual incluiu a esfinge e o Templo da Esfinge foi desenvolvido como resultado da usurpação ou re-construção do complexo do culto solar ja existente feito por aquele faraó. Na ilustração acima, a esfinge como aparece na obra Description de l'Egypte publicada em 1809.Com relação ao Templo Mortuário que fica junto da pirâmide, bastante deteriorado comoTEMPLO MORTUÁRIO DE KÉFREN podemos ver na foto de Jon Bodsworth ao lado, Reader acredita que possa ter sido uma construção de duas fases. A metade ocidental (assinalada em verde na figura esquemática desta página) é semelhante a outros templos mortuários do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.), mas a metade leste (assinalada em azul na figura esquemática desta página) foi construída com blocos megalíticos que parecem bem mais antigos e pode ter sido parte de um complexo da esfinge anteriormente existente. As duas partes têm estilos arquitetônicos diferentes. A parte mais próxima da pirâmide tem fileiras de pedras baixas, de tamanho moderado, bem esquadrejadas, sendo que uma grande proporção desta parte do templo é formada por um espaço aberto. Por outro lado, a outra parte é formada por bloclos gigantescos, cada um deles equivalendo a várias fileiras de blocos da metade ocidental. Uma grande parte desta seção do templo é formada por blocos de pedra e tem relativamente pouco espaço aberto. O chão do Templo da Esfinge, visto na foto abaixo em primeiro plano, encontra-se a uns trêsTEMPLO DA ESFINGE EM PRIMEIRO PLANO metros abaixo do nível da área que cerca a esfinge. O que separa os dois pisos é um corte vertical que forma a parede ocidental do próprio templo. Além desta parede, algumas das paredes internas na parte traseira do Templo da Esfinge também são esculpidas da pedra calcária in-situ, ao invés de terem sido construídas de alvenaria, como é a norma nos demais locais. Na extremidade leste da metade oriental do Templo Mortuário, esta mesma característica arquitetônica incomum pode ser vista. Novamente as partes mais baixas das paredes parecem ter sido cortadas do leito da rocha quando o nível do chão foi intencionalmente rebaixado para produzir o nivelamento da área. Como aconteceu com o Templo da Esfinge, a altura total da estrutura foi alcançada sobrepondo-se alvenaria nestas paredes mais baixas cortadas na pedra. Reader vê nesta característica comum das duas construções mais um indício de que seriam ambas de época anterior a Kéops.Depois de fazer essas considerações, Reader reconhece que as poucas centenas de anos abrangidas por sua sequência dos fatos é muito menor do que os milhares de anos propostos por Schoch para o desenvolvimento da degradação mais intensa ocorrida nos muros que cercam a esfinge a oeste. Ele considera, entretanto, que pela natureza relativamente fraca das pedras calcárias em questão e pelas condições particulares criadoras de desgaste e erosão que prevaleceram durante esse tempo, é inteiramente concebível que aquela degradação mais intensa tenha ocorrido nessa escala temporal tão reduzida. Robert Schoch discorda dessa avaliação, pois não acredita que a profundidade da erosão ocorrida nos muros pudesse ter acontecido em apenas alguns séculos. Mastabas de adobe em Saqqara — que inquestionavelmente ficariam expostas à chuva — teriam sofrido severa erosão caso tivesse havido, depois de 3000 anos a.C., precipitações atmosféricas suficientes para causar o desgaste que vemos hoje nos muros que circundam a esfinge.Os críticos da teoria de Reader afirmam que as faces ocidentais dos muros que cercam a esfinge poderiam se desgastar mais severamente por efeitos térmicos combinados com efeitos químicos, uma vez que elas ficam expostas ao sol nascente todas as manhãs. Ainda perguntam se há fissuras verticais semelhantes em rochas naturais expostas ou em outros monumentos sujeitos a enchentes repentinas e se tais fissuras estão ausentes de edifícios posteriores que também foram expostos ao escoamentos de água. Indagam se existem dados comparativos sobre fluxo de água em cima de pedreiras nos quais se possa basear um julgamento sobre a suscetibilidade de tais pedreiras às enxurradas. Outra observação vai no sentido de que há pobreza de vestígios em Gizé referentes ao período que antecedeu a IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.) e evidências contra a existência de adoração do Sol antes daquela época.Retrucando tais comentários, Reader observa que o tórax da esfinge, feito da mesma pedra que oO TÓRAX DA ESFINGE muro ocidental e virado para a mesma direção e, portanto, sujeito aos mesmos efeitos térmicos, não mostra as profundas fendas verticais da parede ocidental do muro circundante, como pode ser verificado na foto à esquerda. Ele também nota que tumbas cortadas no outro lado da parede ocidental durante a XXVI dinastia (664 a 525 a.C.) ainda mostram marcas de ferramentas que deveriam ter desaparecido se o desgaste químico fosse o único responsável pela condição das paredes. Assegura não ser provável que a enxurrada tivesse sido significativa depois que foram escavadas as pedreiras atrás da esfinge, pois é geralmente aceito que areia e escombros de pedra não consolidados são mais permeáveis do que pedra intacta. Embora reconhecendo a necessidade de um trabalho comparativo adicional, não considera que seus críticos tenham apresentado argumentos suficientemente fortes para derrubar sua teoria. Na defesa da existência de um culto solar anterior à IV dinastia ele cita trabalho do arqueólogo Karl Kromer que teria encontrado vestígios desta possibilidade.

Que Idade Tem a Esfinge? Parte 3 
ESFINGE E ESTELAComo a discussão sobre a idade da esfinge se desenrola há várias décadas, diversos aspectos têm surgido, alguns permanecem e outros foram relegados a segundo plano. Um dos aspectos relegados é o da estela que Tutmósis IV (c. 1401 a 1391 a.C.) mandou fixar na frente do monumento e que apresenta uma inscrição danificada na qual surge a primeira sílaba do nome de Kéfren. Quando ela foi escavada pela primeira vez em 1818, muitas das linhas da parte inferior do texto em hieróglifos haviam sido perdidas como resultado do desgaste do granito no qual o estela foi esculpida. Numa das linhas inferiores remanescentes, mas altamente fragmentada, alega-se que estavam presentes os hieróglifos Kha-f, o sol surgindo por trás de uma colina {kha} e a víbora cornuda {f}, envoltos por um cartucho quebrado. A presença desse cartucho identificaria os sinais como o nome real de Kéfren, pois faltaria apenas o hieróglifo para a sílaba re. Entretanto, atualmente se afirma que, na realidade, nenhum cartucho existia e, por conseqüência, este texto nunca se referiu àquele faraó. Infelizmente, como resultado de desgaste posterior, a discutida linha de texto hoje se encontra completamente perdida. Existe, porém, um meticuloso desenho feito pelo arqueólogo Henry Salt e publicado em 1840, após sua morte, que mostra a linha de texto e nela se inclui o cartucho. Apesar de tudo, o texto quebrado não faz referência a Kéfren como o construtor da esfinge. O texto foi tão danificado que o motivo pelo qual existe a referência a Kéfren permanece completamente obscura.Outra estela, essa de Amenófis II (c. 1427 a 1401 a.C.), também foi achada dentro dos muros que circundam a esfinge pelo arqueólogo Selim Hassan, durante extensas escavações que realizou em Gizé nas décadas de 30 e 40 do século XX. Essa estela é interessante para o debate sobre a esfinge porque menciona Kéfren e Kéops, mas sem nenhuma referência aparente a qualquer dos dois como criadores do monumento. Hassan, em 1946, escreveu no relatório sobre suas escavações: 
Levando todas as coisas em conta, parece que nós temos que dar a Kéfren o crédito de erguer a estátua mais maravilhosa do mundo, mas sempre com esta reserva de que não há nenhuma inscrição contemporânea que ligue a esfinge a Kéfren e, ainda que soe estranho, nós temos que tratar a evidência como circunstancial, até o momento em que um movimento afortunado da pá do escavador revele para o mundo uma informação definitiva sobre a construção da esfinge.
Esse cientista livrou o monumento da areia que o recobriu por milênios. Teve acesso sem igual à estratigrafia dos escombros acumulados e às evidências arqueológicas em seu próprio contexto. Tal circunstância não esteve disponível aos investigadores subseqüentes. Apesar de uma riqueza de achados, Hassan não conseguiu atribuir a esfinge a qualquer faraó específico.Existe ainda uma terceira estela que entra nessa história. A assim chamada Estela do Inventário, descoberta pelo arqueólogo francês Auguste Mariette, informa que a esfinge já existia no tempo de Kéops. Acontece que tal estela é um artefato datado da XXVI dinastia (664 a 525 a.C.) e pode até mesmo ser uma fraude piedosa daquela época. Ela afirma que Kéops encontrou a esfinge em ruínas e mandou restaurá-la. A execução da peça é de má qualidade e os nomes das divindades que nela aparecem são aqueles empregados durante o Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.). Talvez ela seja apenas uma tentativa fraudulenta por parte dos egípcios daquela época de re-descobrir um passado que para eles já era muito antigo. Mas também existe a possibilidade que ela seja cópia de um documento mais velho. Houve precedentes nessa prática: um faraó da dinastia anterior, Shabaka (c. 712 a 698 a.C.), mandou gravar em granito um texto que encontrara deteriorado em madeira ou papiro. Além disso, a Estela do Inventário refere-se ao fato da parte posterior do nemes da esfinge haver sido atingida por um raio. Arqueólogos confirmam que realmente há dano nesse local, consistente com um forte impacto, bem como vestígios aparentes de trabalho de um antigo reparo.Um eminente arqueólogo da atualidade, Mark Lehner, identificou dois tipos de alvenariaESFINGE DESENHADA POR DAVID ROBERTS restauradora na esfinge. O tipo mais antigo consiste de grandes blocos de pedra calcária colocados diretamente sobre a pedra calcária original que forma o núcleo do monumento. Esses blocos maiores foram então sobrepostos por uma segunda camada de pedras calcárias do tamanho de tijolos. Lehner considerou inicialmente que a alvenaria mais antiga havia sido colocada como parte da construção original na IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.) e tinha por objetivo corrigir qualquer descontinuidade natural na pedra calcária do núcleo. Para demonstrar esse ponto-de-vista, ele procurou vestígios de marcas de ferramentas na pedra calcária do núcleo que está por baixo dos blocos de pedra calcária maiores. Entretanto, ele descobriu que esse núcleo parece ter sofrido severa erosão antes mesmo dos primeiros grandes blocos de pedra terem sido instalados. Na tentativa de reconciliar tal descoberta com o estabelecimento da IV dinastia como data de construção da esfinge, Lehner passou a atribuir a aplicação dos grandes blocos de pedra a uma restauração feita por Tutmósis IV. Colin Reader acha que se aceitarmos uma revisão da sequência dos acontecimentos na qual a origem da esfinge se situe antes da IV dinastia, será possível reconciliar a severa erosão apontada por Lehner com uma restauração muito mais remota do monumento, a qual teria sido feita no Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.). O Dr. Zahi Hawass, o mais importante arqueólogo do Egito, confirmou recentemente que deve ter havido tal restauração naquele período. O debate prossegue e, sem dúvida, outros pontos controversos surgirão com o passar dos anos.

As Crenças Funerárias 




O BA SOBREVOANDO A MÚMIAOs antigos egípcios formularam algumas teorias a respeito dos elementos que formavam o ser humano. Um de tais elementos era o ba, palavra que pode ser traduzida por sublime, nobre, poderoso e cuja idéia se assemelha ao nosso conceito de alma. Nos papiros e monumentos ele está representado por um falcão com cabeça humana, como nessa vinheta extraída do Livro dos Mortos do escriba Ani. O arqueólogo E. A. Wallis Budge explica que o ba podia deixar a sepultura e subir ao céu onde se acreditava que desfrutasse de uma existência eterna num estado de glória; era-lhe dado, no entanto, revisitar o corpo na tumba, e não deixava de fazê-lo; e, conforme certos textos, parecia capaz de reanimá-lo e manter conversação com ele. Outro elemento era o ka, a força viva que acompanhava uma pessoa desde o nascimento e que, depois da morte, habitava os restos mumificados do defunto, sustentado por oferendas. Ele é definido pelo autor já citado como uma individualidade ou personalidade abstrata, dotada de todos os atributos característicos e que possuía existência independente. Tinha liberdade para mover-se de um lugar a outro da terra, à sua vontade, e podia entrar no céu e conversar com os deuses. As oferendas feitas nos túmulos em todos os períodos visavam a alimentar o ka, que era capaz, segundo se supunha, de comer, beber e apreciar o cheiro do incenso. No período em que se edificaram as pirâmides acreditava-se que o falecido, de certo modo, podia ser purificado, sentar-se e comer pão com ele "incessantemente e para sempre". Como se vê, em certo sentido o ka corresponde ao "eu" do indivíduo. Nasceu com a pessoa e forma parte integrante do seu ser mas, apesar disso, é encarado em alguns aspectos como distinto dele. Era para esse ka que os egípcios providenciavam todo o equipamento funerário, a comida e a bebida das tumbas e o próprio túmulo era conhecido como a casa do Ka. O ka atravessaria muitos perigos para alcançar a vida aterna após a morte. Amuletos simbólicos e feitiços escritos no Livro dos Mortos o protegeriam. Esculturas colocadas nas tumbas representando o morto de corpo inteiro impediriam o ka de vagar para muito longe e o abrigariam se a múmia fosse destruída. O salão superior de uma mastaba abrigava o ka e a falsa-porta permitia que ele circulasse entre o mundo dos vivos e o dos mortos. São incluídos navios e barcaças nos funerais porque segundo a mitologia egípcia o ka viaja para o além-túmulo num barco Nilo abaixo. Um terceiro elemento era o espírito ou inteligência espiritual, denominado de khu e entendido como uma forma brilhante, luminosa e intangível do corpo. As funções desse elemento não são muito claras, mas ele também ia para o céu viver com os deuses. Para evitar que ficasse aprisionado no túmulo, eram recitadas fórmulas especiais.Finalmente, kat era a palavra que denominava o corpo físico e esse termo indica algo que tem a decadência como componente que lhe é inerente. Era isto — diz Wallis Budge — que se enterrava na tumba após a mumificação, e o objetivo dos amuletos, cerimônias mágicas, orações e fórmulas, desde os primeiros até os últimos tempos, era preservá-lo de toda e qualquer destruição. O próprio deus Osíris possuía um corpo nessas condições e os seus vários membros eram preservados como relíquias em diversos santuários do Egito.Entretanto, os egípcios sempre reconheceram, mesmo quando o processo deESTÁTUA DE SERDAB mumificação estava em seu auge, que os cuidados que tomavam para preservação dos corpos eram insuficientes para atingir os efeitos desejados. Um dos meios de contornar essa situação foi apelar para a magia. No culto aos mortos, acreditavam que um modelo podia servir de substituto para qualquer coisa que fosse na prática dificil de suprir como objeto real. Por exemplo, — escreve I.E.S.Edwards — em algumas mastabas da II dinastia (c. 2770 a 2649 a.C.), vasos falsos eram usados ao invés de vasilhas cheias de provisões e supunha-se que teriam a mesma validade para o ocupante da tumba. De forma similar, uma estátua ou mesmo uma figura esculpida em relevo era considerada como sendo um substituto efetivo para o corpo humano na eventualidade de sua destruição.Por essa razão, e considerando que a múmia podia ser destruída, colocavam no túmulo uma ou várias imagens do defunto. Se o corpo se deteriorasse, o ka poderia penetrar em uma dessas figuras as quais, para maior garantia, eram confeccionadas em material duro como madeira, calcário ou granito. Uma das mastabas mais conhecidas da III dinastia (c. 2649 a 2575 a.C.), pertencente ao chefe dos dentistas e dos médicos de nome Hezyre, apresentava figuras de seu proprietário esculpidas em relevo em painéis de madeira embutidos em nichos da parede leste da construção. Tais imagens tinham por finalidade permitir que Hezyre saisse e retornasse livremente ao seu túmulo. Porém, painéis expostos eram muito vulneráveis e os arquitetos egípcios criaram, dentro das mastabas, um cômodo fechado, que ficou conhecido modernamente com o nome de serdab, destinado a receber a estátua do morto a qual, assim, ficava melhor protegida. O uso crescente da pedra na estatuária, ao invés da madeira, aumentou ainda mais a garantia de que o ka encontraria sempre a maneira de se perpetuar. A ilustração acima mostra uma estátua esculpida quase em tamanho natural, encontrada em Gizé na mastaba de um vizir da IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.).

CABEÇA DE RESERVA



Outro artifício mágico, utilizado no decorrer tanto da IV quanto da V dinastia (c. 2465 a 2323 a.C.), era a representação em pedra da cabeça do defunto, a qual era colocada na câmara mortuária. Presume-se que se destinavam a servir como substitutas da cabeça verdadeira, caso essa viesse a ser destruída. Chamadas de cabeças de reserva, eram verdadeiros retratos do morto. Nos modelos encontrados, as orelhas estão geralmente quebradas e às vezes existe uma linha de incisão que vai do topo à parte posterior do crânio. Os arqueólogos não conseguiram explicar o motivo de tais mutilações.







Havendo a crença de que o ka podia continuar a viver no interior do túmulo, tornava-se imperioso alimentá-lo. NosRELEVO EM MASTABA primeiros anos após o falecimento, os descendentes piedosos cuidavam da tarefa levando oferendas ao sepulcro: bolos de cevada, guloseimas, frutas, legumes, peças de carne, etc. Porém, todos sabiam que com o passar do tempo o morto seria esquecido. Por esse motivo, passaram a representar nas paredes tumulares a produção, o preparo dos alimentos e outras atividades do cotidiano, sobretudo aquelas que o falecido gostaria de vivenciar novamente no além. Cenas que o mostrassem caçando, como essa que se vê ao lado da mastaba de Kayemmi, pescando ou inspecionando suas propriedades — acreditava-se — lhe forneceriam os meios para que pudesse continuar com tais atividades após a morte. Igualmente as cenas de colheita, de abate de animais, de fabricação de pão ou de cerveja garantiriam um constante suprimento dos alimentos cuja produção representavam.
Para eliminar qualquer risco do espírito do morto não reconhecer sua estátua — esclarece I.E.S.Edwards — ela é geralmente identificada com o seu nome e títulos em hieróglifos. De forma similar, nas cenas esculpidas em relevo, breves inscrições explanatórias são inseridas como uma espécie de comentário, dando frequentemente os nomes das pessoas representadas e, às vezes, descrevendo as ações que elas executam. Tais pessoas são geralmente parentes do morto ou seus criados, que têm assim assegurados um pós-vida a serviço de seu amo.Apesar de toda a representação pictórica, um suprimento regular de provisões frescas sempre foi considerado essencial para o bem estar do morto. Para recebê-las existia nas mastabas um altar baixo e plano em frente à falsa-porta construída na parede oeste da capela do culto. As primeiras oferendas provavelmente eram trazidas por um filho que assim, provendo as necessidades de seu pai, simbolizava Hórus, o filho de Osíris. As oferendas subsequentes, entretanto, eram trazidas por sacerdotes mortuários — chamados de servidores do ka — que a isso estavam obrigados por contratos escritos e eram pagos pelo serviço. Tais pagamentos eram representados por propriedades deixadas em testamento aos sacerdotes pelo morto. As terras passavam automaticamente para os sucessores dos sacerdotes, os quais herdavam também as obrigações religiosas com relação ao túmulo.A prática, entretanto, demonstrou que até os maisESTELA FUNERÁRIA rígidos contratos eram cumpridos apenas por um período limitado. Foi por essa razão que, desde os tempos primitivos, foram introduzidas nos sepulcros as chamadas estelas funerárias, como essa que se vê ao lado de Amenemhet I, cuja finalidade era a de substituir as verdadeiras oferendas. Elas continham uma fórmula mágica — explica I.E.S.Edwards — declarando que o morto havia recebido as oferendas diárias em abundância; acima da fórmula havia geralmente uma cena, esculpida em relevo, mostrando-o sentado à uma mesa repleta de oferendas a ele apresentadas pelos membros de sua família. Embora não visassem dispensar o suprimento regular de provisões frescas, a estela, por meio do poder mágico de suas palavras escritas, fornecia ao morto um valioso método de garantia contra a desnutrição e a negligência.Outro elemento de proteção à espiritualidade do morto consistia em gravar, nos sarcófagos e nas paredes dos túmulos, cenas e inscrições que eram adaptações do mito sobre a morte de Osíris e encantamentos que visavam proteger o falecido em sua perigosa jornada pelo mundo subterrâneo. A etapa final da passagem para o além-túmulo era o julgamento do defunto por Osíris, deus do mundo subterrâneo, em um ritual conhecido como a Pesagem do Coração. Se a pessoa tivesse levado uma vida correta, seria julgada merecedora da vida eterna. Muitos dos encantamentos destinavam-se a garantir um julgamento favorável. Durante o Império Novo (c. de 1550 a 1070 a.C.) tais textos passaram a ser escritos em papiro e eram chamados de Capítulos do Sair à Luz e nos tempos modernos ficaram conhecidos como O Livro dos Mortos.Uma atenção toda especial era dada ao nome do homem, designado pela palavra ren e considerado como uma das partes mais importantes do ser humano. Para os antigos egípcios a eliminação do nome de um homem correspondia à sua própria destruição. O autor Wallis Budge explica o porquê dessa crença: um ser sem nome não poderia ser apresentado aos deuses e, como nenhuma coisa criada existe sem nome, o homem que não tinha nome estava em pior situação diante dos poderes divinos do que o mais frágil dos objetos inanimados. O bom filho se obrigava a perpetuar o nome do pai e manter os túmulos dos mortos em bom estado de conservação, de modo que todos pudessem ler os nomes dos que neles se achavam enterrados, era um ato muito meritório. Por outro lado, se o falecido conhecesse os nomes de seres divinos, fossem eles amigos ou inimigos, e soubesse pronunciá-los, obtinha incontinenti poder sobre eles e era capaz de obrigá-los a fazer a sua vontade.Durante a XI dinastia (c. 2040 a 1991 a.C.) começa a surgir nas tumbas um novo tipo de objeto: estatuetas funerárias, denominadas de shabtys pelos antigos egípcios. Eram pequenas figuras humanas, frequentemente nuas, envoltas em linho e colocadas em miniaturas de ataúdes, que vinham inscritas com preces pedindo oferendas de alimentos e que, provavelmente, destinavam-se, nos primeiros tempos, a servir como morada alternativa para o ka. O autor John Baines nos esclarece que essa função se modificou ao longo dos anos, sendo que a própria concepção desses objetos é obscura e não parece fazer parte de um corpo coerente de crenças, mas antes aparenta ser uma idéia isolada.Um ritual egípcio que desempenhou importante papel em todos os tempos foi a purificação pela água. Em Helipólis, por exemplo, no templo de Ré, o faraó era lavado em cerimonial no lago sagrado, antes de adentrar no edifício. De forma análoga, antes que seu corpo morto pudesse penetrar no recinto sagrado de seu túmulo, era necessário que fosse purificado pela lavagem. Acreditava-se que através dessa purificação o rei morto seria regenerado, assim como se acreditava que o deus-Sol renascia a cada manhã lavando-se em um lago, antes de embarcar para sua jornada através do céu.Outra das cerimônias que se realizavam por ocasião do funeral de um faraó, ABERTURA DA BOCAalém da purificação, era a da abertura da boca. Os sacerdotes aspergiam água sobre uma estátua do morto, fumigavam-na com incenso, ofereciam-lhe sacrifícios, ornavam-na com as insígnias reais, tocavam-lhe a boca com vários instrumentos e esfregavam leite em sua boca. Em épocas posteriores ao Império Antigo (2575 a 2134 a.C), tais cerimônias passaram a ser executadas na própria múmia. Por meio desses rituais acreditava-se que a estátua ou a múmia pudessem ser dotados com as faculdades do ser humano e que a estátua pudesse transformar-se numa morada para o ka do defunto que ela representava.Com o passar do tempo a ênfase nesta ou naquela crença funerária mudou, mas poucas desapareceram. Os túmulos passaram a conter objetos correspondentes a várias concepções diferentes e, diz John Baines, não se deve procurar nelas qualquer consistência global, exceto na medida em que se relacionam com a esperança na ressureição e na continuação da vida depois da morte.
Pirâmides: Tabela Geral Pirâmides:
Aqui procuramos apresentar uma tabela com as principais características das pirâmides egípcias mais importantes. Sabe-se que mais de 80 monumentos desse tipo já foram encontrados pelos arqueólogos. Nossa pretensão é a de relacionar o maior número deles, embora isso talvez não possa ser alcançado nesse primeiro momento. Se vocé tiver alguma informação que possa nos ser útil, não hesite em nos enviar um e-mail. No início da IV dinastia as pirâmides começaram a ter nomes. Eles estão indicados aqui. Em alguns casos mostramos a grafia do nome da pirâmide em hieróglifos. Relacionamos, também, os nomes atribuídos modernamente aos monumentos. São três páginas reunindo informações sobre 76 pirâmides e mais um slide show. Se você seguir algum link destas páginas, retorne a elas usando o botão Voltar ou equivalente do seu navegador.






































































































































Proprietário
e dinastia

BOLANome antigo e/ou
BOLAnome moderno

Dimensões, localização e observações

DJOSER
III dinastia

PIRÂMIDE DE DEGRAUS

BOLAPirâmide de Degraus ou
"el-Haram el-Mudarrag".


Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 125x110 m
Altura: 60 m
Saqqara.

A mais antiga pirâmide
construída no Egito.

SEKHEMKHET
III dinastia

BOLAPirâmide Enterrada.

Leia mais sobre
essa pirâmide.

Altura: 70 m
Saqqara.
Só restam sete metros
de altura.

KHABA
III dinastia

BOLAPirâmide em Camadas ou
"el-Medowwara".
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Zawyet el-Aryan.

Ficou inacabada.

HUNI/SNEFRU
III e IV dinastias


PIRÂMIDE DE MEIDUM

BOLAPirâmide de Meidum.


Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 137x137 m
Altura: 93,5 m
Meidum.

A mais antiga pirâmide verdadeira construída
no Egito.

PROPRIETÁRIO DESCONHECIDO
III dinastia (?)


Leia mais sobre
essa pirâmide.

Seila.
Pirâmide em degraus.
Nunca devidamente investigada.
Provavelmente não é pirâmide real.

PROPRIETÁRIO DESCONHECIDO
III dinastia (?)


Leia mais sobre
essa pirâmide.

Zawiyet el-Mayiti
(ou Zawyet el-Amwat)
Pirâmide em degraus.
Provavelmente não é pirâmide real.

PROPRIETÁRIO DESCONHECIDO
III dinastia (?)


Leia mais sobre
essa pirâmide.

Tukh.
Pirâmide em degraus.
Provavelmente não é pirâmide real.

PROPRIETÁRIO DESCONHECIDO
III dinastia (?)


Leia mais sobre
essa pirâmide.

El-Kula.
Pirâmide em degraus.
Provavelmente não é pirâmide real.

SNEFRU
IV dinastia



A PIRÂMIDE TORTA

BOLAPirâmide Brilhante
do Sul


BOLAPirâmide Torta; Pirâmide Falsa; Pirâmide Romba; Pirâmide Romboidal; Pirâmide Rombóide.
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 189x189 m

Altura: 102 m

Dahshur.

Única pirâmide egípcia
com esta forma.

SNEFRU
IV dinastia



Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 55x55 m
Altura: 32,54 m
Dahshur.
Pirâmide subsidiária anexa
à Pirâmide Torta.

SNEFRU
IV dinastia

BOLAPirâmide Brilhante


BOLAPirâmide Vermelha;
Pirâmide Cor-de-Rosa.
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 220x220 m

Altura: 104 m

Dahshur.

KÉOPS
IV dinastia




PIRÂMIDE DE KÉOPS

BOLAA Pirâmide que É o Lugar do Nascer
e do Pôr do Sol


Resplandecente
É Kéops;
A Resplandecente.
BOLAGrande Pirâmide;
Primeira Pirâmide
de Gizé.
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 230x230 m

Altura: 146 m

Gizé.

A maior
pirâmide egípcia.

RAINHA DE KÉOPS
IV dinastia



Leia mais sobre
essa pirâmide.

Gizé.

Essa pirâmide teria pertencido à rainha favorita do faraó Kéops.

FILHA DE KÉOPS
IV dinastia



Leia mais sobre
essa pirâmide.

Gizé.

Essa pirâmide teria pertencido a uma das filhas do faraó Kéops.

RAINHA HENUTSEN
IV dinastia



Leia mais sobre
essa pirâmide.

Gizé.

Essa pirâmide teria pertencido a uma meia-irmã do faraó Kéops.

RADJEDEF
IV dinastia

BOLAA Pirâmide que É
a Estrela Sehedu

Leia mais sobre
essa pirâmide.

Abu Rawash.

Ficou inacabada.

KÉFREN
IV dinastia




PIRÂMIDE DE KÉFREN

BOLAA Grande Pirâmide


Grande É Kéfren.

BOLASegunda Pirâmide
de Gizé.

Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 215x215 m

Altura: 143 m

Gizé.

Mantém até hoje restos do revestimento calcário original
perto do vértice.

MIQUERINOS
IV dinastia



PIRÂMIDE DE MIQUERINOS

BOLAA Pirâmide Divina


Divino É Miquerinos.
BOLATerceira Pirâmide
de Gizé.
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 108,66x108,66 m

Altura: 66,44 m

Gizé.

RAINHA KHAMERERNEBTY II (?)
IV dinastia



Leia mais sobre
essa pirâmide.

Gizé.
Proprietário incerto.
Ficou inacabada.
Templo anexo provavelmente erguido pelo faraó Shepseskaf.

RAINHA OU PRINCESA DESCONHECIDA
IV dinastia



Leia mais sobre
essa pirâmide.

Gizé.
Ficou inacabada.
Templo anexo provavelmente erguido pelo faraó Shepseskaf.

PROPRIETÁRIO DESCONHECIDO
IV dinastia



Leia mais sobre
essa pirâmide.

Gizé.
Ficou inacabada.
Templo anexo provavelmente erguido pelo faraó Shepseskaf.

FARAÓ DESCONHECIDO
IV dinastia

BOLAPirâmide Inacabada.


Leia mais sobre
essa pirâmide.

Zawyet el-Aryan.
Ficou inacabada.
Encontrado sarcófago
de forma invulgar.

USERKAF
V dinastia

BOLAA Pirâmide que É
Pura de Lugares


Puros São os Lugares
de Userkaf.
BOLA"el-Haram el-Makarbish".
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Altura: 49 m

Saqqara.


Templo funerário invulgarmente situado no lado sul da pirâmide.

SAHURE
V dinastia



PIRÂMIDE DE SAHURE

BOLAA Pirâmide onde
o Espírito Ba
se Levanta


O Ba de Sahure resplandece.

Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 78,33x78,33 m

Altura: 49,37 m


Abusir.

NEFERIRKARE
V dinastia

BOLAA Pirâmide
do Espírito Ba


Neferirkare Tornou-se um Ba.

Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 126x126 m
Altura: 69,50 m

Abusir.

Partes inacabadas do conjunto foram usurpadas por Neuserre.

RANEFEREF
V dinastia

BOLAPirâmide que
É Divina
dos Espíritos Ba


Os Bas de Raneferef
São Divinos.

Abusir.


Pirâmide apenas começada.

NEUSERRE
V dinastia

BOLAA Pirâmide que É
Estabelecida de Lugares


Os Lugares de Neuserre
São Duradouros.
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Altura: 51,50 m

Abusir.


Neuserre usurpou partes inacabadas do conjunto de Neferirkare.

MENKAUHOR
V dinastia

BOLAPirâmide que É
Divina dos Lugares


Saqqara (?).
Pirâmide ainda não localizada.

IZEZI
V dinastia

BOLAPirâmide Bela


Izezi É Belo.
BOLAPirâmide da Sentinela ou
"Haram esh-Shauwaf".
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Altura: 52,50 m

Saqqara.

WENIS
V dinastia


PIRÂMIDE DE WENIS

BOLAPirâmide que É
Bela de Lugares


As Moradas de Wenis São Belas.
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Altura: 19 m
Saqqara.

O mais antigo monumento onde foram encontrados os
textos das pirâmides.

TETI
VI dinastia

BOLAPirâmide que É
Duradoura de Lugares


Duradouras São as Moradas de Teti.
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Altura: 52,50 m

Saqqara.



Existência de
textos das pirâmides.

PEPI I
VI dinastia

BOLADurável em Beleza (Mennufer);
Pirâmide Estabelecida
e Bela


Pepi É Estabelecido
e Belo.
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Altura: 52,50 m
Saqqara.

A pirâmide emprestou
o nome à cidade de Mênfis.

Existência de
textos das pirâmides.

MERENRE
VI dinastia

BOLAPirâmide Brilhante
e Bela


Merenre Resplandece
e É Belo.
BOLA"el-Shawwaf"
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Altura: 52,50 m

Saqqara.


Existência de
textos das pirâmides.

PEPI II
VI dinastia

BOLAPirâmide Estabelecida e Viva


Pepi É Estabelecido
e Vivo.
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Altura: 52,50 m

Saqqara.

Existência de
textos das pirâmides.

RAINHA NEIT
VI dinastia



Leia mais sobre
essa pirâmide.

Base: 27,50x27,50 m
Altura: 21,30 m
Saqqara.
Réplica, em escala reduzida, da pirâmide do faraó Pepi II.
Existência de
textos das pirâmides.

RAINHA WEDJEBTEN
VI dinastia



Leia mais sobre
essa pirâmide.

Saqqara.
Réplica, em escala reduzida, da pirâmide do faraó Pepi II.

RAINHA IPUT II
VI dinastia



Leia mais sobre
essa pirâmide.

Saqqara.
Réplica, em escala reduzida, da pirâmide do faraó Pepi II.

NEFERKARE
VII ou VIII dinastia (?)

BOLAPirâmide Duradoura
e Viva


Saqqara (?).

Pirâmide ainda não localizada.

KHUI (?)
VII a X dinastia (?)


Dara.
Proprietário incerto.
Pirâmide em tijolo, atualmente com apenas
4 m de altura.

ITY
VII a X dinastia (?)

BOLAPirâmide dos
Espíritos Ba




Pirâmide ainda não localizada.

IBI
VIII dinastia


Leia mais sobre
essa pirâmide.

Saqqara.
Ficou inacabada.
Existência de
textos das pirâmides.

MERYKARE (?)
IX ou X dinastia

BOLAPirâmide que É
Próspera de Lugares


Saqqara.

Proprietário incerto.

Ainda não escavada.

NEBHEPETRE
MENTUHOTEPE
XI dinastia

BOLAGloriosas São as
Moradas de Nebhepetre.
Leia mais sobre
essa pirâmide.

Deir el-Bahari.
Monumento inovador,
construído em terraços.

SANKHKARE
MENTUHOTEPE
XI dinastia


Oeste de Tebas.

Ficou inacabada.


Pirâmides: Tabela Geral 




































































Nome do faraó
e dinastia

BOLANome antigo e/ou
BOLAnome moderno

Dimensões, localização e observações

AMENEMHET I
XII dinastia



PIRÂMIDE DE AMENEMHET I

BOLAPirâmide Alta e Bela


Pirâmide dos Lugares
de Levantamento


Amenemhet É Alto e Belo.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 55 m



el-Lisht.

SESÓSTRIS I
XII dinastia



PIRÂMIDE DE SESÓSTRIS I

BOLAPirâmide que É Favorecida
dos Lugares


Pirâmide Sobranceira
às Duas Terras


Aquela que É Associada às Moradas de Sesóstris.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 61 m


el-Lisht.



Estrutura interna construída
de forma diferenciada.

RAINHA NEFERU
XII dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

el-Lisht.
Pirâmide da rainha principal de Sesóstris I.

PRINCESA ITAKAYT
XII dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

el-Lisht.
Pirâmide pertencente a uma princesa do reinado do faraó Sesóstris I.

MULHERES DA FAMÍLIA REAL
XII dinastia



Leia mais sobre essas pirâmides.

el-Lisht.
Sete pirâmides pertencentes a mulheres da família real de Sesóstris I.

AMENEMHET II
XII dinastia

BOLAPirâmide Grandiosa


Amenemhet É Forte.
BOLAPirâmide Branca
Leia mais sobre essa pirâmide.

Dahshur.



Valiosos tesouros encontrados em mastabas do conjunto.

SESÓSTRIS II
XII dinastia



PIRÂMIDE DE SESÓSTRIS II

BOLAPirâmide Brilhante


Sesóstris É Forte.


Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 48 m

el-Lahun.

Estrutura interna construída de forma diferenciada. Magnífico sarcófago de granito vermelho. Valiosos tesouros encontrados nas proximidades.

SESÓSTRIS III
XII dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 78,50 m
Dahshur.
Valiosos tesouros encontrados
nas proximidades.

AMENEMHET III
XII dinastia
PIRÂMIDE DE AMENEMHET III

BOLAAmenemhet É Belo.
BOLAPirâmide Negra.

Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 81,50 m
Dahshur.
Valiosos tesouros encontrados
nas proximidades.

AMENEMHET III
XII dinastia
PIRÂMIDE DE AMENEMHET III

BOLAAmenemhet Vive.


Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 58 m
Hawara.
Templo funerário conhecido
como O Labirinto.

AMENEMHET IV (?)
XII dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

Mazghuna.
Proprietário incerto.
Estrutura externa
totalmente desaparecida.

NEFRUSOBK (?)
XII dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

Mazghuna.
Proprietário incerto.

AMENYQEMAU
XIII dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

Base: 50x50 m
Dahshur.
Ficou inacabada.

FARAÓ DESCONHECIDO
XIII dinastia



Leia mais sobre essa pirâmide.

Saqqara.
Ficou inacabada.
Sua câmara funerária, monolítica, pesava 150 toneladas.

KHENDJER
XIII dinastia



Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 37 m
Saqqara.
Engenhoso sistema para fechamento da câmara funerária.

RAINHAS DESCONHECIDAS
XIII dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

Saqqara.

Tinha duas câmaras funerárias.

AMÓSIS
XVIII dinastia

PIRÂMIDE DE AMÓSIS


Leia mais sobre essa pirâmide.

Abido.
Cenotáfio com forma piramidal.

TETISHERI
XVIII dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

Abido.
Pirâmide falsa pertencente à avó
do faraó Amósis.

PIYE
XXV dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

Kurru.

RAINHAS DESCONHECIDAS
XXV dinastia


Kurru.
Cinco pirâmides construídas para as rainhas do faraó Piye.

SHABAKA
XXV dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

Kurru.

TAHARQA
XXV dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

Nuri.

Pirâmides por Ordem
AS TRÊ PIRÂMIDES DE GIZÉ



















































































Nome do faraó
e dinastia

BOLANome antigo e/ou
BOLAnome moderno

Dimensões, localização e observações

KÉOPS
IV dinastia




PIRÂMIDE DE KÉOPS

BOLAA Pirâmide que É o Lugar do Nascer e do Pôr do Sol


Resplandecente É Kéops;
A Resplandecente.
BOLAGrande Pirâmide;
Primeira Pirâmide de Gizé.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 146m

Base: 230x230 m

Gizé.

A maior pirâmide egípcia.

KÉFREN
IV dinastia



PIRÂMIDE DE KÉFREN

BOLAA Grande Pirâmide


Grande É Kéfren.

BOLASegunda Pirâmide de Gizé.

Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 143m

Base: 215x215 m

Gizé.

Mantém até hoje restos do revestimento calcário original
perto do vértice.

SNEFRU
IV dinastia

BOLAPirâmide Brilhante


BOLAPirâmide Vermelha;
Pirâmide Cor-de-Rosa.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 104m

Base: 220x220 m

Dahshur.

SNEFRU
IV dinastia



A PIRÂMIDE TORTA

BOLAPirâmide Brilhante do Sul.


BOLAPirâmide Torta; Pirâmide Falsa; Pirâmide Romba; Pirâmide Romboidal; Pirâmide Rombóide.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 102m

Base: 189x189 m

Dahshur.

Única pirâmide egípcia
com esta forma.

HUNI/SNEFRU
III e IV dinastias


PIRÂMIDE DE MEIDUM

BOLAPirâmide de Meidum.


Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 93,5m
Base: 137x137 m
Meidum.

A mais antiga pirâmide verdadeira construída no Egito.

AMENEMHET III
XII dinastia
PIRÂMIDE DE AMENEMHET III

BOLAAmenemhet É Belo.
BOLAPirâmide Negra.

Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 81,50m
Dahshur.
Valiosos tesouros encontrados
nas proximidades.

SESÓSTRIS III
XII dinastia


Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 78,50m
Dahshur.
Valiosos tesouros encontrados
nas proximidades.

SEKHEMKHET
III dinastia

BOLAPirâmide Enterrada.

Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 70m
Saqqara.
Só restam sete metros de altura.

NEFERIRKARE
V dinastia

BOLAA Pirâmide do Espírito Ba


Neferirkare Tornou-se um Ba.


Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 69,50m

Base: 126x126 m

Abusir.

Partes inacabadas do conjunto foram usurpadas por Neuserre.

MIQUERINOS
IV dinastia


PIRÂMIDE DE MIQUERINOS

BOLAA Pirâmide Divina


Divino É Miquerinos.
BOLATerceira Pirâmide de Gizé.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 66,44m

Base: 108,66x108,66m


Gizé.

SESÓSTRIS I
XII dinastia



PIRÂMIDE DE SESÓSTRIS I

BOLAPirâmide que É Favorecida
dos Lugares


Pirâmide Sobranceira
às Duas Terras


Aquela que É Associada às Moradas de Sesóstris.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 61m


el-Lisht.



Estrutura interna construída
de forma diferenciada.

DJOSER
III dinastia

PIRÂMIDE DE DEGRAUS

BOLAPirâmide de Degraus ou
"el-Haram el-Mudarrag".


Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 60m
Base: 125x110 m
Saqqara.

A mais antiga pirâmide
construída no Egito.

AMENEMHET III
XII dinastia PIRÂMIDE DE AMENEMHET III

BOLAAmenemhet Vive.


Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 58m
Hawara.
Templo funerário conhecido
como O Labirinto.

AMENEMHET I
XII dinastia



PIRÂMIDE DE AMENEMHET I

BOLAPirâmide Alta e Bela


Pirâmide dos Lugares
de Levantamento


Amenemhet É Alto e Belo.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 55m

el-Lisht.

IZEZI
V dinastia

BOLAPirâmide Bela


Izezi É Belo.
BOLAPirâmide da Sentinela ou
"Haram esh-Shauwaf".
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 52,50m

Saqqara.

TETI
VI dinastia

BOLAPirâmide que É
Duradoura de Lugares


Duradouras São
as Moradas de Teti.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 52,50m

Saqqara.



Existência de
textos das pirâmides.

PEPI I
VI dinastia

BOLADurável em Beleza (Mennufer);
Pirâmide Estabelecida e Bela


Pepi É Estabelecido e Belo.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 52,50m
Saqqara.

A pirâmide emprestou o nome
à cidade de Mênfis.

Existência de
textos das pirâmides.

MERENRE
VI dinastia

BOLAPirâmide Brilhante e Bela


Merenre Resplandece e É Belo.
BOLA"el-Shawwaf"
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 52,50m

Saqqara.


Existência de
textos das pirâmides.

PEPI II
VI dinastia

BOLAPirâmide Estabelecida e Viva


Pepi É Estabelecido e Vivo.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 52,50m

Saqqara.

Existência de
textos das pirâmides.

NEUSERRE
V dinastia

BOLAA Pirâmide que É
Estabelecida de Lugares


Os Lugares de Neuserre
São Duradouros.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 51,50m

Abusir.


Neuserre usurpou partes inacabadas do conjunto de Neferirkare.

SAHURE
V dinastia



PIRÂMIDE DE SAHURE

BOLAA Pirâmide onde o Espírito
Ba se Levanta


O Ba de Sahure resplandece.

Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 49,37m

Base: 78,33x78,33 m


Abusir.

USERKAF
V dinastia

BOLAA Pirâmide que É
Pura de Lugares


Puros São os Lugares
de Userkaf.
BOLA"el-Haram el-Makarbish".
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 49m

Saqqara.


Templo funerário invulgarmente situado no lado sul
da pirâmide.

SESÓSTRIS II
XII dinastia



PIRÂMIDE DE SESÓSTRIS II

BOLAPirâmide Brilhante


Sesóstris É Forte.


Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 48m

el-Lahun.

Estrutura interna construída de forma diferenciada. Magnífico sarcófago de granito vermelho. Valiosos tesouros encontrados nas proximidades.

KHENDJER
XIII dinastia



Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 37m
Saqqara.
Engenhoso sistema para fechamento da câmara funerária.

SNEFRU
IV dinastia



Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 32,54m
Base: 55x55 m
Dahshur.
Pirâmide subsidiária anexa
à Pirâmide Torta.

RAINHA NEIT
VI dinastia



Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 21,30m
Base: 27,50x27,50 m
Saqqara.
Réplica, em escala reduzida, da pirâmide do faraó Pepi II.
Existência de
textos das pirâmides.

WENIS
V dinastia


PIRÂMIDE DE WENIS

BOLAPirâmide que É
Bela de Lugares


As Moradas de Wenis São Belas.
Leia mais sobre essa pirâmide.

Altura: 19m

Saqqara.

O mais antigo monumento onde
foram encontrados os
textos das pirâmides.











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