quinta-feira, 14 de abril de 2016

Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito 
 
Se você seguir algum link destas páginas, retorne a elas usando o botão Voltar ou equivalente do seu navegador.

O TROMPETE DE TUTANKHAMONNa câmara mortuária do túmulo de Tutankhamon foram encontrados dois trompetes: um de prata e outro de cobre. O primeiro mede 58 centímetros de comprimento, seu pavilhão tem 8,8 centímetros de largura e a largura do tubo evolui de 1,7 centímetros perto do bocal para 2,6 centímetros junto ao pavilhão. É fabricado de prata martelada, com uma faixa decorativa de ouro ao redor da extremidade do pavilhão e com bocal de ouro puro. O tubo cônico e o pavilhão são feitos de duas peças separadas, soldadas com prata. O instrumento é decorado com um painel que mostra o rei usando a Coroa Azul e segurando o cetro da realeza. Ele se encontra em pé diante da figura do deus Ptah, ao passo que Rá-Harakhti está postado nas suas costas. A inscrição diz: O Grande, Ptah, Senhor da Verdade, Criador de tudo aquilo que o rei recebe, Vida de Amon-Rá, Rei de todos os Deuses. Todas as figuras são mostradas debaixo do sinal hieroglífico que significa céu e a linha de base simboliza a terra.
Os dois instrumentos de Tutankhamon não são os únicos trompetes encontrados por arqueólogos no Egito. Existe pelo menos mais um, de proveniência desconhecida, feito de bronze, com 53 centímetros de comprimento e um pavilhão muito mais largo, com 16 centímetros de diâmetro, e datando, provavelmente, do período ptolomaico. No antigo Egito o trompete recebia o nome de sheneb e parece ter sido primordialmente um instrumento musical militar. Como tal é representado em cenas de batalhas e de paradas militares. São poucos os casos em que é mostrado o uso do trompete em cerimônias civis.
O TROMPETE DE TUTANKHAMON SENDO TOCADO Em 1939 realizou-se no Museu Egípcio do Cairo, numa tarde de domingo, uma gravação do som do trompete de prata de Tutankhamon, com transmissão ao vivo pelo rádio, a qual atingiu um público estimado de 150 milhões de ouvintes ao redor do mundo. No início do programa da BBC de Londres foi entrevistado Alfred Lucas, um dos últimos sobreviventes da equipe de Carter e responsável pela restauração dos tesouros da tumba. O escolhido para tocar o instrumento foi um soldado britânico, o trompetista James Tappern, mostrado na foto ao lado no momento histórico, que usou um bocal moderno. Como os rumores de guerra rondavam a Europa, houve quem se lembrasse da "maldição de Tutankhamon" e, por ser o trompete um instrumento bélico, diziam que seu som iria "despertar os cães da guerra". Tinha havido uma tentativa frustrada anterior de tocar o trompete de prata diante do rei Farouk, ocasião na qual o precioso instrumento fez-se em pedaços, provavelmente por causa do bocal moderno que foi inserido para tocá-lo. Depois que foi consertado, a gravação realizou-se com sucesso. Uma queda de energia no Cairo quase impediu a transmissão, mas com o emprego de baterias e luz de velas a situação foi contornada. O locutor anunciou: O trompete do faraó Tutankhamon, senhor das duas coroas, rei do sul e do norte, filho de Rá! Foi então que se ouviu o que foi descrito como uma límpida voz prateada do glorioso passado do Egito... ecoando pelos quatro cantos da Terra. A guerra estourou na Europa seis meses depois, mas Rex Keating, um pioneiro da era do rádio que convenceu as autoridades egípcias a autorizarem o uso do trompete, afirma: Permaneço convencido de que foi um pequeno austríaco de bigode, não a ação fatídica da maldição de Tutankhamon. A gravação hoje faz parte dos arquivos sonoros da BBC. Se você quiser ouvi-la, faça o download de um pequeno programa freeware que a contém. O trompete de cobre de Tutankhamon foi um dos artefatos raros roubados do Museu Egípcio do Cairo durante a revolução de janeiro de 2011 que derrubou Mubarak da presidência do Egito. O trompete de prata escapou da pilhagem pois estava viajando numa exposição itinerante. Felizmente, este que é um dos intrumentos musicais mais antigos do mundo que ainda sobrevivem, acabou sendo encontrado, junto com outros artefatos do faráo, dentro de uma bolsa no metrô do Cairo.
Os túmulos do Vale dos Reis, talhados nas rochas, são decorados com pinturas murais e de teto. O trabalho em local escuro exigia o uso de lamparinas de azeite. Mas como evitar que a fuligem ou fumaça das mesmas danificasse as pinturas? Os arqueólogos descobriram que as mechas das lamparinas eram mergulhadas em salmoura antes da utilização. A mecha assim tratada se inflama sem criar nódoas escuras.
De acordo com um papiro exposto no Museu Britânico, em Londres, a enxaqueca já atormentava os antigos egípcios. Nesses casos, segundo o documento, o sacerdote deveria pegar um crocodilo feito de argila e colocar sementes sagradas em sua boca. Depois, prender o animal sobre a cabeça do doente usando uma tira de linho puro, na qual teria escrito previamente os nomes dos deuses. Tudo, é claro, acompanhado de orações apropriadas.
PAPIRO DANIFICADOA preservação dos pigmentos nos papiros, como se pode imaginar, é um sério problema para os museus. A ação da luz e do ar vem enfraquecendo as tintas desses documentos tão preciosos. Também pudera, foram escritos há cerca de 4500 anos! Tal problema tem sido satisfatoriamente resolvido desde 1995 através do emprego de uma substância gelatinosa semitransparente obtida a partir da limpeza e desidratação das bexigas natatórias do esturjão, do bacalhau e de outros peixes. Desenvolvida por pesquisadores do Museu Britânico, essa substância recebeu o nome de isinglass e atualmente é produzida na Rússia, Estados Unidos, Canadá, Indonésia, Índias Ocidentais, Filipinas e no Brasil. Tem a textura de uma cola e é aplicada por toda a extensão do papiro. Ao secar, preserva com muito mais eficiência do que os forros de papel que eram usados anteriormente. Isso tem possibilitado retirar dos porões dos museus papiros que estavam enfurnados para evitar sua maior danificação. O produto também é usado para a clarificação de vinhos e cervejas, solidificação de jóias e em colas e cimentos.
NEFERTITIO famoso busto de Nefertiti, com 50 centímetros de altura, foi examinado com tomografia computadorizada por peritos do Museu de Berlim onde a escultura se encontra. A conclusão a que chegaram foi surpreendente. Ao que parece, Tutmósis, o escultor, teria preparado um rosto perfeito e depois, talvez por solicitação da própria rainha que deve ter posado para o trabalho, acrescentou olheiras e rugas à sua obra. O busto mostra Nefertiti com lábios grossos aumentados por um batom vermelho escuro; as pálpebras e sobrancelhas ressaltadas com preto; um longo e gracioso pescoço estabelecendo equilíbrio com a alta coroa e as cores brilhantes do colar constrastando com o marrom amarelado da pele lisa. A análise científica revelou que por baixo da superfície recoberta pela pintura existem quatro camadas de retoques feitos com gesso sobre a pedra calcária, acrescentando as imperfeições presentes no rosto da esposa de Akhenaton (c. 1353 a 1335 a.C.). O curioso da história é que o escultor não estava tentando criar uma imagem idealizada da rainha. Muito ao contrário, parece que revelar o desgaste natural da pele dava um sentido de maior beleza para os egípcios daquela época. Talvez Nefertiti achasse, ao contrário das mulheres atuais, que as rugas tornariam sua imagem mais individual e expressiva. Ao que parece, a idade não era tabu naquela época, mas símbolo de prestígio. As rugas já foram encaradas como sutis indicadoras da sabedoria de seus portadores. Desconhece-se a idade que Nefertiti teria ao casar-se com o faraó e, é óbvio, também não se sabe que idade teria ao posar para a execução do busto. Atualmente a peça se encontra no Neues Museum de Berlim.
GARRAFA DE CERVEJAEm 1990, arqueólogos encontraram um recinto perdido em baixo do Templo do Sol da rainha Nefertiti em Tell el-Amarna e tal descoberta mudou para sempre a história da cerveja. Depois de analisarem a borra encontrada em grandes tonéis naquele local, chegaram à conclusão de que tinham achado uma cervejaria que produzia bebida para os faraós. Essa talvez seja a mais antiga cervejaria conhecida. Os estudiosos foram até mesmo capazes de decifrar a receita e o método de fermentação usado pelos antigos egípcios para fazer cerveja.
Em 1995, a Egypt Exploration Society reuniu-se a duas cervejarias inglesas e, usando exatamente os mesmos ingredientes e o mesmo processo de preparação, foram capazes de reproduzir a antiquíssima cerveja. Em um leilão, uma garrafa de 373 mililitros dessa cerveja foi vendida por 7200 dólares!!
Depois disso, o Sibel Institute of Technology, uma instituição de Chicago destinada à formação de profissionais cervejeiros, foi mobilizado para supervisionar a produção de uma quantidade rigidamente controlada de uma cerveja baseada naquela fórmula, digna do paladar de um faraó, e que recebeu, adequadamente, o nome de Pharaoh's Gold (Ouro do Faraó).
Em 1997 o produto começou a ser comercializado. A bebida é fabricada sem produtos químicos e com ingredientes completamente naturais, fermentada em tonéis por dois meses e meio e, a seguir, fermentada e envelhecida na garrafa por mais de um ano. A empresa que a produz chama-se Pharaoh's Brew Ltd. e está situada na cidade de Glendale, na Califórnia. Enquanto que as cervejas atuais podem ser armazenadas, em média, por seis meses, esse novo produto — afirmam os fabricantes — continua perfeito ano após ano e seu tempo de armazenagem pode ultrapassar o de muitos vinhos finos. Além disso, seu teor de álcool é três vezes superior ao da maioria das cervejas disponíveis no mercado.
Com características tão únicas, ela vem embalada em garrafas personalizadas, com selos de proteção especiais, acabadas à mão, numeradas, assinadas e datadas pelo cervejeiro, sendo vendida apenas uma unidade para cada comprador previamente registrado. Não há duas garrafas iguais, também afirmam os fabricantes. Cada garrafa é tão individual quanto uma impressão digital para cada comprador registrado. Para assegurar a autenticidade, ao ser vendida a garrafa é registrada no nome do comprador na Onan Library of Beer. O preço disso tudo? Cem dólares mais frete para cada garrafa. Parte desse dinheiro é doado ao Museu do Cairo. Se você se habilitar, bom proveito.
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 2
Fatos Curiosos

Se você seguir algum link destas páginas, retorne a elas usando o botão Voltar ou equivalente do seu navegador.
ESCARAVELHO DE TUTANKHAMONPesquisadores italianos descobriram que
o escaravelho central de um dos peitorais do faraó Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.) achado por Howard Carter, cujo detalhe vemos ao lado, não é uma pedra "verde-amarelada de calcedônia" como Carter a descreveu, mas vidro silicoso do deserto líbio, um vidro natural que só existe no deserto ocidental, uma das regiões mais remotas e inóspitas da Terra. O escaravelho de Tutankhamon demonstrou que havia uma certa comunicação entre o deserto ocidental e o vale de Nilo durante o curto reinado daquele faraó. Sabe-se que entre 2735 e 2195 a.C. os egípcios exploraram minas de ouro e de esmeralda nas montanhas do deserto oriental, entre o Nilo e o mar Vermelho. Mas não se imaginava que vidro silicoso do deserto pudesse surgir entre as pedras preciosas do faraó. Para consegui-lo, os antigos egípcios teriam que viajar por 800 km de deserto, a metade deles sem quaisquer oásis. A verdadeira natureza do material do escaravelho foi revelada medindo-se o índice de refração que foi comparado então com o de outros pedaços de vidro silicoso. Esse material tem, provavelmente, origem celeste, produzido pelo impacto na areia de um meteorito ou cometa e se espalha por uma área de cerca de 24 km de diâmetro. Como nenhuma cratera foi encontrada, acredita-se que o material poderia ter sido produzido por uma explosão de baixa altitude de um asteróide ou cometa. O calor da explosão pode ter derretido material superficial que, então, resfriou-se rapidamente formando o vidro. O elaborado motivo do peitoral, que simboliza a viagem do sol e da lua pelo céu, acrescenta um novo mistério: teriam os antigos egípcios adivinhado as origens celestes do vidro do deserto? Para ver o peitoral inteiro, clique aqui.

DETALHE DA PALETA DE NARMERUm estudo minucioso efetuado em 1999 na famosa paleta de Narmer revelou um detalhe curioso e indicador da horrível mutilação praticada nos inimigos do faraó. Não apenas a decapitação, mas também a castração foram empregadas para assegurar que o morto jamais pudesse renascer no além-túmulo. Descoberta em 1898, a paleta é uma peça de ardósia com 50,8 cm de altura enfeitada com cenas de conquista. Uma das faces mostra Narmer agarrando o cabelo de um inimigo derrotado e pronto para abatê-lo. A outra face exibe o faraó em procissão triunfal, precedida por porta-estandartes. Frente ao desfile estendem-se os corpos acéfalos de dez inimigos anônimos, com suas cabeças colocadas entre seus pés e tendo os braços atados, cena reproduzida ao lado.
O curioso é que as cabeças, embora minúsculas, estão esculpidas cuidadosamente com barbas, olhos e sobrancelhas. Todas, menos uma, estão coroadas com um estranho objeto em forma de lingüiça. Quando essa obra de arte foi descoberta por J. E. Quibell, ele identificou o objeto como um boné com dois bicos, enquanto que o grande egiptólogo Flinders Petrie sugeriu que fosse a pele e os chifres de um touro.



DETALHE DA PALETA DE NARMER
A inspeção mais recente mostra, porém, que Quibell omitiu um detalhe vital no desenho que executou: a cabeça na qual falta o objeto na forma de lingüiça está justamente entre os pés da única figura mostrada com o pênis no lugar — a primeira à esquerda na figura acima. Em outras palavras, apenas nessa cabeça está faltando o objeto enigmático porque o "objeto" ainda está em seu lugar original, o que se torna claramente visível nas boas reproduções fotográficas da peça. Portanto, os objetos sobre as outras cabeças são, com certeza, os membros perdidos dos outros guerreiros. Decapitando e castrando, o faraó decretava a absoluta humilhação do inimigo e sua extinção total neste e no outro mundo. Sua mensagem era clara: Narmer, o rei, é o vencedor inegável. Os inimigos jamais renascerão. A morte eterna é o destino de quem desafia o faraó.
Na região do Fayum, próximo da cidade de Crocodilópolis, os arqueólogos descobriram um templo inteiramente dedicado ao deus crocodilo, Sebek. Em Médinet Madi existe um pequeno templo datado do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) que está bem conservado. Ele é dedicado à deusa cobra Renenutet e ao deus crocodilo Sebek. Na dinastia ptolomaica (304 a 30 a.C.) esse templo foi aumentado ao norte por um segundo templo e ao sul o templo original também foi prolongado. Em 1998 e 1999, pesquisadores da universidade de Piza chefiados pela arqueóloga Edda Bresciani, descobriram no local um terceiro templo, também da época dos Ptolomeus e também bem conservado, que foi chamado pelos estudiosos de templo duplo, porque foi dedicado a dois deuses crocodilos Sebek. Junto ao templo, datado do segundo ou terceiro séculos anteriores a Cristo, foram descobertos dois anexos de um tipo e destinação absolutamente únicos na arqueologia egípcia. Cada anexo revelou a existência de 30 a 40 ovos de crocodilo, enterrados metodicamente na areia, a maior parte contendo embriões em diferentes etapas de evolução. Esses ovos e ainda a presença nos dois anexos de um tanque quadrado com cerca de 30 cm de profundidade permitiram concluir que se tratava de uma espécie de berçario dos crocodilos sagrados, destinado à eclosão dos ovos. É a primeira evidência que se tem de que os egípcios criavam estes répteis mortais a partir dos ovos, para adoração e oferenda em sacrifício ao deus crocodilo Sebek. Sem dúvida, os répteis recém-nascidos passavam algum tempo na água dos tanques antes de serem sacrificados, mumificados e vendidos aos devotos daquela divindade que vinham em peregrinação ao templo e que, então, podiam ofertá-los como ex-votos na capela da necrópole local dos animais sagrados. A prática de sacrificar animais recém-nascidos é bem conhecida no antigo Egito para várias espécies de animais sagrados, principalmente gatos, mas é a primeira vez que se encontra algo semelhante com relação aos crocodilos.
PERCEVEJOOs percevejos, ao lado um deles num close especial para você numa foto da pesquisadora Eva Panagiotakopulu, vêm incomodando os seres humanos há pelo menos 3350 anos, segundo revelaram pesquisas realizadas em Tell el-Amarna por aquela cientista. As áridas condições nas bordas do deserto egípcio se constituem num excelente meio para a preservação de materiais biológicos. Os arqueólogos têm encontrado com frequência restos de vertebrados e de plantas nas tumbas. Recentemente estudos paleontológicos detalhados forneceram material para estudo de restos de insetos. Nas proximidades da cidade fundada por Akhenaton (c. 1353 a 1335 a.C.), a assim chamada aldeia dos trabalhadores provavelmente abrigou os operários das tumbas e, possivelmente, durante o reinado de Tutankhamon (c. 1333 a 1323), um contingente de guardas. Nesse local foram obtidas, em montes de esterco primitivos, amostras de insetos para análise. Além de numerosas pestes que atacam cereais estocados, foram detectadas espécimes de moscas, pulgas e percevejos. As moscas domésticas eram muito comuns no Egito e aqui foram encontradas na forma de pupa, ou seja, no seu estágio intermediário entre a larva e o inseto adulto, inclusive alguns exemplares com os restos da mosca adulta ainda no interior da pupa, sem terem conseguido emergir. As larvas do inseto dão cria em restos de plantas e animais em decomposição em condições úmidas. Vários espécimes de pulgas humanas também foram encontradas na aldeia dos trabalhadores.
Quanto aos percevejos, provavelmente, eram originariamente parasitas dos morcegos das cavernas, tendo daí passado para as residências, onde certamente incomodavam muito, já que podem sugar uma pessoa por um período de três a quinze minutos até se saciarem. Esse é o primeiro registro histórico que se tem da associação entre o ser humano e o percevejo. O percevejo comum se alimenta de sangue humano. Passa o dia escondido em rachaduras e fendas em quartos e mobílias, e emerge para se alimentar à noite. Eles também se alimentam do sangue de morcegos, galinhas e coelhos.
Em papiros médicos datados de 1500 a.C. já são citados inseticidas contra pragas. Uma das formas de proteger os cereais estocados consistia em espalhar cinza ou minerais em pó em volta dos armazéns. Esses produtos, por serem abrasivos, injuriam o corpo dos insetos e podem também matá-los por desidratação. Na antiguidade clássica, surpreendentemente porém, acreditava-se que o percevejo tivesse propriedades médicas e ele era usado, juntamente com outras substâncias, contra uma série de doenças.
CABELO DE RAMSÉS IIUm francês, chamado Jean-Michel Diebolt, colocou à venda pela Internet mechas de cabelo, amostras de resina de embalsamamento e fragmentos de bandagens supostamente tirados da múmia de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.). Interrogado pela políca francesa a pedido das autoridades egípcias, ele alegou que o material lhe havia sido entregue por seu pai, o qual teria trabalhado na equipe que analisou a múmia do faraó entre 1976 e 1977.
Com 50 anos de idade, Jean-Michel mora na região de Grenoble, no sudeste da França, é carteiro e escreve para um jornal daquela localidade. Em sua residência a polícia encontrou uma dúzia de pequenos sachês de plástico e caixas contendo amostras minúsculas de cabelo e pano, que ele alega serem de Ramsés II.
Em um site ele oferecia as mechas de cabelo por 2.000 euros e informava que também dispunha de pedaços de tecidos da múmia para venda. Prometia fornecer, ao eventual comprador das relíquias, fotografias e certificados para provar a autenticidade do material. Explicava: A uma equipe de quatro investigadores, que incluia meu pai, foi dada a tarefa de analisar o cabelo, as resinas, e os pedaços de bandagem na Atomic Energy Commission (CEA) de Grenoble. Como prova, posso fornecer uma cópia dos resultados destas análises. E acrescentava: Eu sou a única pessoa a possuir esse material e como não há qualquer outra amostra retirada da múmia, que está agora no Cairo, o dinheiro que estou pedindo pela venda é compatível com a raridade dos objetos.
De fato, a Comissão de Energia Atômica de França confirmou que seus pesquisadores fizeram duas análises da múmia em 1977 para um museu francês. Um dos procedimentos foi a desinfecção com uso de radiação, pois um fungo raro estava corroendo o cadáver. O outro, foi uma análise de três fragmentos de cabelo que não foram retirados da cabeça, mas estavam agarrados à mortalha da múmia. Confirmaram, ainda, que amostras de cabelo e bandagens haviam sido enviadas para análises em 40 laboratórios, inclusive um deles em Grenoble, e não existem notícias sobre o que haveria restado destes fragmentos. Até a L'Oreal de Paris, o gigante dos laboratórios de cosméticos, recebeu uma amostra do cabelo para exames. Concluíram que o faraó era naturalmente ruivo, ou usava tintura de cabelo produzida com hena.
Confirmada que foi a veracidade das palavras de Jean-Michel, as autoridades egípcias, por via diplomática, solicitaram a devolução do material ao Egito. Um grupo de arqueólogos egípcios foi enviado à França e trouxe de volta o que havia sido apreendido em poder do francês. Acima, a foto que constava no site que oferecia as relíquias.
Uma pesquisa de 2005 sugere que o petróleo e seus subprodutos já eram comercializados há pelo menos 3000 anos atrás no Oriente Médio, a mesma região que domina a produção mundial e a exportação de óleo cru atualmente. A evidência do fato veio de uma fonte surpreendente: as múmias. Os cientistas acharam piche em várias das antigas múmias egípcias. Uma vez que cada lote de piche contém substâncias químicas próprias, os pesquisadores puderam rastreá-las até suas origens. Considerando que o estudo concluiu que fontes de óleo cru estavam espalhadas por centenas de quilômetros em todo o Oriente Médio, os investigadores acreditam que os antigos egípcios não só utilizavam o produto, mas também o comercializavam, usando rotas que mudaram pouco durante milênios. Os egípcios usavam principalmente piche, que pode surgir naturalmente quando o óleo cru fica exposto ao ar. Longas viagens foram realizadas na busca dessa substância, pois ela era usada no processo de mumificação. A própria palavra múmia é derivada da palavra árabe mumiya que significa betume, um componente do piche. O piche retém traços da matéria orgânica que originalmente o produziu, tornando possível determinar de onde veio o produto. Uma parte do piche usado pelos egípcios veio de um local chamado Gebel Zeit, que em árabe significa Montanha do Óleo, situado no Golfo de Suez; outra parte se originou a centenas de milhas de distância, no Mar Morto, perto de Israel. É provável que as pessoas fora do Egito também usassem piche, embora nesse caso não servisse para preservar os corpos. O piche era uma espécie de fita adesiva do mundo antigo e também há evidência, em pelo menos uma localidade egípcia, de que o piche era usado como combustível no processo de fabricação de vidro. Sabemos ainda que em outras regiões o produto foi usado para calafetar barcos e em alguns casos acreditava-se que tivesse propriedades medicinais.
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 3
Fatos Curiosos

Se você seguir algum link destas páginas, retorne a elas usando o botão Voltar ou equivalente do seu navegador.
CASTELO DE CORALDurante 28 anos, usando ferramentas fabricadas com pedaços de ferro velho, um homem chamado Edward Leedskalnin construiu, absolutamente sozinho, um castelo e tudo o que está em seu interior com blocos de coral, sendo que alguns chegam a pesar 30 toneladas. De alguma maneira ele conseguiu movê-los e fixá-los no lugar sem ajuda ou uso de maquinaria moderna. E nisso reside o mistério. Como ele fez isso? A maneira como ele deslocou esses pesos colossais continua sendo totalmente desconhecida, mais de meio século após sua morte.
E o que isso tem a ver com o Egito? O fato é que se acredita que o castelo tenha sido erguido como um templo dedicado aos deuses egípcios e empregando as mesmas técnicas que os antigos egípcios usaram para erguer as pirâmides. Todo o conjunto parece a combinação de uma fortaleza com um templo antigo.
Estima-se que na construção das paredes e torres foram usadas 1000 toneladas de pedra, enquanto que mais 100 toneladas foram empregadas para esculpir mobílias e objetos de arte. Um obelisco que ele ergueu pesa 28 toneladas. A parede que rodeia o castelo tem 2,40 m de altura e é formada por grandes blocos, cada um deles pesando várias toneladas. A maior pedra na propriedade calcula-se que pese 35 toneladas. Algumas pedras têm duas vezes o peso dos maiores blocos da Grande Pirâmide de Gizé. A porta de entrada do castelo, feita de uma enorme laje de coral, foi concebida com tal perfeição que pode ser aberta com o leve empurrão de um dedo, embora pese nove toneladas.
Leedskalnin era homem de constituição franzina e até hoje existem muitos rumores mas nenhum dado concreto de como conseguiu construir sua bela e excêntrica obra-prima, localizada na cidade de Homestead, na Flórida. O que se sabe é que ele trabalhava apenas depois que o sol se punha e não permitia que ninguém visse como moldava, movia ou acentava os enormes blocos. Um dos pontos de destaque do castelo é um maravilhoso "telescópio" sem lentes, de 30 toneladas, que se localiza a mais de 7 metros acima das paredes da construção. Outra atração é um relógio de sol que marca o tempo com precisão de dois minutos.
Ao que consta, a única vez na qual ele pediu ajuda foi em 1936, quando deslocou todo o castelo para 16 quilômetros além de sua posição original. Ele deslocou a construção já quase pronta porque ouviu rumores de que uma empresa incorporadora iria explorar uma área próxima ao castelo. Então, desmontou o castelo e colocou os blocos em um chassis de caminhão que foi puxado para o novo local por um trator contratado para isso. Ao motorista do trator não foi permitido ajudar e nem mesmo assistir a movimentação dos blocos feitas por Leedskalnin. Quando o tratorista aparecia para o trabalho todas as manhãs, já encontrava o caminhão carregado com várias toneladas de coral.
Uma das especulações é a de que Leedskalnin descobriu uma maneira para mover os volumosos blocos tirando proveito dos poderes magnéticos da Terra. A Terra está rodeada por uma teia invisível de energia que está concentrada em certos pontos. Nesses locais a energia flui livremente e as pessoas são muito mais fortes do que seriam em qualquer outro lugar. Algumas pessoas sentem-se energizadas quando estão dentro do castelo, sensação que passa quando se afastam daquela área. Mas embora os efeitos rejuvenescedores do castelo possam despertar interesse, a curiosidade maior está em descobrir como Leedskalnin usou energia para mover esses pessadíssimos blocos de coral.
Certa feita, ao ser perguntado como conseguira aquele feito notável, Leedskalnin respondeu: Eu descobri os segredos das pirâmides. Eu descobri como os egípcios e os antigos construtores do Peru, Iucatã e Ásia, apenas com ferramentas primitivas, elevaram e colocaram no lugar blocos de pedra que pesam muitas toneladas. Ao morrer, em 1951, ele pouco deixou no que se refere a documentação. Escreveu uma série de folhetos sobre suas experiências com forças magnéticas e eletricidade e neles muita atividade misteriosa é sugerida, mas pouco é detalhado. Não há nenhuma dúvida de que Leedskalnin, embora tivesse apenas educação primária, era um excelente engenheiro. O furacão Andrew devastou muito da área circunvizinha ao castelo em 1992, mas a construção em nada foi afetada pela feroz tempestade. Em 2003 o enorme portão da parte traseira da residência trancou numa posição entreaberta e seis operários tiveram que trabalhar durante quase dois dias para remover e reinstalar o portão usando um guindaste. Entretanto, Leedskalnin, um homem de 60 anos, conseguia resolver esse tipo de problema usando apenas ferramentas feitas à mão. Mistério!

DANÇARINA DE DANÇA DO VENTREÉ consenso entre os egípcios que eles inventaram a dança oriental, ou dança do ventre, como é geralmente conhecida entre nós, e que permanecem sendo seus únicos praticantes verdadeiros. A existência no Egito de dançarinas de outros países, tais como Austrália, Brasil e Estados Unidos, é vista com maus olhos e até mesmo com indignação. O argumento é o de que falta a essas mulheres treinamento formal naquela arte, enquanto que ela está no íntimo de cada mulher egípcia.
Mas o que era apenas mera tradição, virou lei em janeiro de 2004. As estrangeiras foram proibidas de fazer solo de dança do ventre nos cabarés do Cairo e de outras cidades turísticas do Egito. A alegação oficial é a de que essas pessoas estavam roubando empregos das mulheres egípcias. Entretanto, muitos no mundo da dança acreditam que o governo egípcio suspeita do envolvimento de algumas das mulheres estrangeiras com a rede de prostituição. A lei restritiva acabou sendo revogada alguns meses mais tarde.
A atitude dos egípcios com relação às suas dançarinas sofre de uma certa ambivalência: em tese há orgulho na dança, mas nenhuma família respeitável deseja que sua filha siga essa profissão. Ao mesmo tempo que não querem que a dança desapareça, não a alimentam por causa do estígma que a cerca. A dança desperta uma poderosa sensualidade feminina, mas também uma profunda desconfiança. Com tudo isso, poucos casamentos de egípcios abastados acontecem sem uma exibição de dança do ventre. Uma dançarina de renome, das quais existem apenas umas cinco ou seis, podem cobrar cerca de 2 mil dólares por um espetáculo de 45 minutos. A mais célebre delas é conhecida pelo nome de Dina e se apresenta como uma artista de elevada categoria, enfatizando sua graduação em filosofia. Vestida com roupas que escondem tanto quanto um bikini, ela faz deslocamentos pélvicos e outros movimentos que tradicionalmente não fazem parte do repertório. Embora o Cairo permaneça sendo o centro mundial para mulheres que desejam aprender a dança, a profissão sofreu uma certa baixa no Egito, com a diminuição do número de hotéis requintados que contratam bailarinas.
As origens da dança do ventre permanecem obscuras, mas os egípcios a reivindicam para si porque alguns relevos da época das faraós mostram jovens escassamente vestidas com seus quadris obviamente em movimento, acompanhadas por pequenos conjuntos de homens tocando tambores e pandeiros.
A peste bubônica, ou Morte Negra, pode ter surgido no antigo Egito, de acordo com um estudo recente. É bem provável que a doença tenha se originado na aldeia onde viviam os construtores da tumba de Tutankhamon. Esta é a primeira vez em que se identificou o Egito como a origem da peste através de uma evidência arqueológica. Embora a maioria dos pesquisadores considere a Ásia central como o local de nascimento da epidemia mortal, os novos estudos sugerem um ponto de partida alternativo. A bactéria que causa a peste bubônica vive dentro do intestino de seu principal transmissor, a pulga. Dentro do inseto as bactérias se multiplicam e bloqueiam a área que forma o que seria a sua garganta, tornando-o cada vez mais faminto. Quando a pulga morde, cospe algumas bactérias dentro da ferida da mordida.
Eva Panagiotakopulu, arqueóloga da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, especializada em fósseis de insetos, descobriu por acaso as pistas da existência da peste bubônica no Egito. Nos últimas décadas ela tem procurado estudar os restos de insetos fossilizados para aprender a respeito da vida cotidiana de mais de 3000 anos atrás. Considerando que as pessoas conviviam com animais domésticos e com transmissores de pragas que infestavam as moradias, a pesquisadora voltou-se para a análise de doenças que animais e seres humanos poderiam vir a ter e daquelas passíveis de serem transmitidas de animais para pessoas. A pesquisadora extraiu restos de insetos e de pequenos mamíferos de vários locais, numa busca de reconstrução do passado. Eu posso aprender sobre como as pessoas viviam olhando em suas casas e naquilo que convivia com elas e nelas, afirmou Eva.
A arqueóloga vasculhou o sítio da aldeia de trabalhadores em Amarna, onde viveram os construtores das tumbas de Tutankhamon e Akhenaton. Aí ela desenterrou, nas casas e em seus arredores, gatos e pulgas, conhecidos por serem transmissores de pestes em algum casos. Esse achado levou Panagiotakopulu a acreditar que as bactérias da peste bubônica, disseminadas pelas pulgas, também pudessem ter estado presentes naquela área e, assim, ela saiu à procura de outras pistas. Escavações anteriores ao longo do Delta do Nilo tinham desenterrado espécies endêmicas de ratos, datadas do XVI e XVII séculos antes de Cristo. Acredita-se que a principal pulga portadora da peste é nativa do vale do Nilo, sendo conhecida como parasitária do rato do Nilo. De acordo com a pesquisadora, o Nilo forneceu um ambiente ideal para os ratos transportarem a peste para as comunidades urbanas. Por volta de 3500 a.C., as pessoas começaram a construir cidades próximas ao Nilo. Durante as inundações, o habitat do rato do Nilo se transtornava, remetendo o roedor, sua pulga e seus caroneiros bacterianos para o território humano. Textos egípcios referem-se a uma doença epidêmica com sintomas semelhantes aos da peste bubônica. O Papiro Ebers, um texto médico datado de 1500 a.C., identifica uma doença que produzia uma íngua e petrificava o pus.
NUMERAIS GREGOSOs números como os conhecemos hoje só surgiram na Idade Média. Anteriormente usava-se um sistema numeral alfabético que até agora se acreditava ter sido inventado pelos gregos. Pesquisas recentes, entretanto, sugerem que os gregos pediram emprestado dos egípcios seu sistema de contagem e não o desenvolveram eles mesmos como se acreditou por muito tempo. Os numerais alfabéticos gregos foram empregados pelo matemático e físico Arquimedes, pelo filósofo Aristóteles e pelo matemático Euclides, entre outros. Uma análise feita por Stephen Chrisomalis, professor de uma universidade canadense, mostrou semelhanças notáveis entre os numerais alfabéticos gregos e os numerais demóticos usados no Egito entre o final do VIII século a.C. e cerca do ano 450 da nossa era. Ambos os sistemas usavam base de nove sinais, de forma que unidades individuais estavam compreendidas entre 1 e 9, as dezenas eram contadas entre 10 e 90 e assim por diante. Nos dois sistemas faltava um símbolo para o zero e eles eram não posicionais, ou seja, a posição relativa de um numeral não guardava relação com o seu valor. Tais características tornavam o sistema um pouco incômodo de ser usado, mas a humanidade teve que esperar até os tempos medievais pelas inovações agilizadoras do zero e dos valores posicionais inventados pelos sábios muçulmanos.
O autor da pesquisa acredita que uma explosão do comércio entre a Grécia e o Egito depois do ano 600 a.C. fez com que o sistema fosse adotado pelos gregos. Os comerciantes gregos podem ter visto o sistema demótico em uso no Egito e tê-lo adaptado para suas próprias necessidades, já que naquela época havia grande volume de contato entre gregos e egípcios.
Existem mais teorias a respeito da finalidade da Grande Pirâmide do que o número total de pirâmides existentes no Egito. Uma das mais recentes afirma que o monumento foi construído para desalinização de água, ou seja, para transformar água salgada em água potável. O teórico dessa idéia é Gerald Dupont, um constructor autônomo canadense de 49 anos de idade. Ele alega ter investigado o assunto durante seis anos e que a época da construção daquela obra gigantesca coincide com a época bíblica do dilúvio. Os antigos egípcios teriam então arquitetado o enorme destilador provavelmente naquele mesmo momento, quando havia carência de água fresca. Embora Dupont nunca tenha estado no Egito, considera-se um perito em pirâmides, pois leu inúmeras publicações a respeito e até mesmo construiu, em escala de 1 para 60, um modelo de aço inoxidável das câmaras internas da pirâmide de Kéops. Este homem supõe que a câmara subterrânea da monumento era enchida com água, que a seguir era fervida. O vapor subia pela câmara interna da pirâmide, a qual tem uma estrutura conveniente para o processo de destilação. Ele garante que engenheiros especializados em máquinas a vapor, em hidráulica e em refrigeração poderão atestar que isso funciona. Gerald Dupont pretende publicar um livro sobre suas pesquisas. Estaremos atentos.
ATAÚDE E ANIMAIS MUMIFICADOSUm novo método de mumificação que emprega a mais moderna tecnologia encontra-se disponível para quem possa pagar seu alto preço. Está sendo oferecido por um grupo religioso norte-americano que prega a importância da preservação do corpo após a morte. Por aproximadamente 67 mil dólares os interessados poderão ter o corpo cuidadosamente preservado através de um processo patenteado que inibe a deterioração sem desidratar a carne, mantendo, assim, a boa aparência após a morte. Baseada parcialmente nos processos egípcios, a mumificação moderna também extrai os órgãos internos que são limpos e repostos no corpo, o qual ficará imerso numa solução preservativa por seis meses. Mas você não confundiria essa múmia moderna com as que aparecem no filme A Múmia. Nos estágios seguintes do processo atual o corpo é coberto com lanolina e envolto em gaze de algodão. Depois é revestido por uma dúzia de camadas de borracha de poliuretano, que ao secarem ficam tão duras quanto um pneu, seguidas por camadas de bandagens de fibra de vidro, as quais são usadas para fixar o corpo na posição desejada. O corpo mumificado será colocado num ataúde de bronze feito sob medida, como esse que podemos ver na foto acima, que poderá ser enterrado como qualquer outro caixão. Mais de 200 pessoas já se inscreveram para usufruir o serviço, sendo que algumas pagaram antecipadamente. Enquanto elas não morrem, a empresa vem mumificando bichinhos domésticos como cães (20 mil dólares cada), gatos (9 mil dólares cada), passarinhos e papagaios. Houve até quem quisesse saber quanto custaria mumificar uma tarântula de estimação.
Como o organismo sofre poucos danos nesse processo, a organização, cujo nome é Summum acredita que o corpo ficará em bom estado para uma futura clonagem. Atualmente os cientistas estão clonando células vivas na esperança de que um dia poderão regenerar um tecido morto. Os interessados nos serviços oferecidos pela Summum acreditam que, quando aquele dia chegar, eles poderão voltar do plano espiritual e retomar seus corpos. Mas Charles R. Long, cientista que apresentou ao mundo o primeiro gato clonado, difere dessa opinião. Ele afirma que aquelas pessoas poderão esperar eternamente. Há uma diferença entre ficção científica e ciência do futuro — ele diz — Nós nunca poderemos criar vida. Long explica que os procedimentos de clonagem atuais transferem material genético de uma célula viva para outra. Isto significa que tecidos tirados de animais vivos ou recentemente falecidos servirão, mas a noção de que o material genético pode ser tirado de múmias e então regenerado, é incorreta.
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito —


SARCÓFAGO DE RAMSÉS VIA tumba de Ramsés VI (c. 1151 a 1136 a.C.) foi roubada dentro de um período de 100 anos após a morte do faraó, como aliás aconteceu com a maioria das câmaras funerárias cavadas nas rochas do Vale dos Reis, e seu sarcófago foi quebrado em centenas de pedaços, provavelmente pelos ladrões. Felizmente, 90% dos fragmentos foram encontrados dentro do túmulo. Foi preciso que uma equipe de dez especialistas trabalhasse durante dois anos para juntar pacientemente 250 fragmentos quebrados e reconstruisse o sarcófago. A peça originalmente era constituída de um único bloco de pedra verde esculpido na forma de uma múmia e agora está exposta no túmulo do faraó, um dos maiores do Vale dos Reis, com brilhantes pinturas no seu teto abobadado e nas paredes. A tampa restaurada mostra uma face com olhos grandes e lábios grossos e as mãos cruzadas segurando os cetros reais. Muito da tampa se perdeu e alguns fragmentos das laterais estão apoiados em varas de aço. Apenas o rosto é uma réplica. O rosto original pertence ao Museu Britânico de Londres desde 1823. Agora o caixão pode ser visto na câmara mortuária do túmulo, no final de um corredor ornamentado, com 330 metros de comprimento, cavado no interior da montanha. O sarcófago originalmente estava inserido dentro de outro caixão de pedra, o qual também foi quebrado séculos atrás. O corpo mumificado do faraó foi movido, ainda no decorrer da história egípcia, para fora de seu túmulo para preservá-lo da pilhagem e atualmente se encontra no Museu Egípcio do Cairo.
AS BALSAS DA AVENTURADois norte-americanos foram as primeiras pessoas na história a completarem a descida integral do rio Nilo, desde sua nascente até o mar. Nesse desafio épico, os exploradores sobreviveram a ataques de crocodilos e hipopótamos, a fogo de artilharia de bandidos sudaneses, a capotagens nas corredeiras, a detenção por parte de milícias etíopes e egípcias, a temperaturas extremas, a violentas tempestades de areia e a malária. Iniciando na fonte, onde o rio nasce com o nome de Nilo Azul, na Etiópia, Pasquale Scaturro, do Colorado, e Gordon Brown, da Califórnia, levaram 114 dias para percorrerem os 5247 quilômetros e atingirem as praias do mar Mediterrâneo, em Alexandria, em 28 de abril de 2004. Scaturro é um geofísico e aventureiro conhecido que chefiou, em 2001, uma bem sucedida expedição ao Evereste. Seu acompanhante é especialista em caiaques e em filmagens de aventuras. Durante quatro meses, os dois exploradors viajaram pelo rio em um caiaque e duas balsas infláveis de cinco metros de comprimento, vistas na foto acima, filmando as experiências o tempo todo.
O Nilo é o rio mais magnífico no mundo — afirmou Scaturro. Tem corredeiras, cachoeiras, selvas, canyons, desertos, hipopótamos, crocodilos, longos e lindos trechos planos, enormes e lindas extensões de areia. Não há nenhum outro rio no mundo que se possa comparar. E nenhum outro rio no mundo está tão intimamente associado com uma cultura e uma sociedade em particular como o Nilo. Sem o Nilo não haveria Egito, nenhum faraó, nenhuma pirâmide. A história do mundo ocidental está inevitavelmente amarrada ao Nilo.
No século passado muitos exploradores tentaram descer o Nilo Azul, mas nenhum conseguiu. Pelo menos uma dúzia de homens morreu tentando. Desde 1964, três exploradores foram mortos a tiros, dois se afogaram e outro simplesmente desapareceu. O fato especialmente notável sobre essa viagem foi o de que, embora os aventureiros contassem com grupos locais de apoio, houve pouquíssima ajuda externa. Scaturro e Brown desceram todo o curso do rio por sua própria conta e risco. Eles tiveram que prover a própria comida, consertar seus equipamentos, vencer as burocracias governamentais e, basicamente, sobreviver por suas próprias habilidades.
Eu sei que quando eu estiver de volta ao Colorado — afirmou Scaturro ao terminar a aventura —, enfrentando o trânsito e preocupado com os detalhes da vida cotidiana, eu lembrarei desta expedição e desejarei estar de volta ao Nilo na Etiópia, no Sudão ou no Egito, seja acampado no fundo de um canyon de quilômetros de profundidade, seja dormindo em praias de areia com quilômetros de extensão e com bilhões de estrelas no céu, seja flutuando rio abaixo num trecho de deserto primitivo com um horizonte tão enorme que parece não ter fim.
VASO PRÉ-DINÁSTICODe repente um vaso falsificado virou verdadeiro. Ou melhor, um vaso pertencente a um museu inglês que se acreditava fosse falso, porque se fosse verdadeiro isso "seria muito bom para ser verdade", teve sua autenticidade confirmada e datado de 3200 anos a.C., ou seja, do Período Pré-dinástico. Durante 30 anos os "especialistas" consideraram o vaso uma fraude, mas testes realizados na Universidade de York, nos Estados Unidos, revelaram que ele fez parte de um primitivo sepultamento egípcio ocorrido há mais de 5000 anos atrás. Os peritos acreditam que dentre as representações de um enterro egípcio em um recipiente cerâmico existentes no mundo, esse vaso exibe uma das mais antigas. A decoração na vasilha, totalmente em vermelho, mostra uma figura em um barco, deitada de costas e na posição fetal, maneira pela qual alguns egípcios primitivos devem ter sido enterrados antes da mumificação ser introduzida. Essa figura principal está cercada por um íbex, uma variedade de cabra africana, palmeiras e pássaros. A figura acima, entretanto, só mostra o barco e seu passageiro. O vaso, com 30 centímetros de altura, foi feito de barro e ainda se pode ver impressas nele as marcas dos dedos do oleiro que lhe deu acabamento, visíveis depois de 50 séculos!
PLACA DE FERROEm 1836, Richard Howard Vyse, coronel e explorador britânico, descobriu e removeu de dentro da pirâmide de Kéops uma chapa plana de ferro com dimensões aproximadas de 30 por 10 centímetros e espessura de 30 milímetros, a qual pode ser vista na foto acima. Ele a retirou de uma junta na alvenaria no ponto onde o conduto do lado sul da câmara do rei  alcança o exterior do monumento. Os engenheiros concordam que esta placa foi deixada naquele lugar durante a edificação da pirâmide e não foi inserido posteriormente. Outro arqueólogo famoso, Flinders Petrie, examinou essa peça em 1881 e concluiu que ela era genuína. Em 1989 ela foi submetida a uma análise científica através de testes químicos e óticos. Uma das hipóteses era a de que o metal pudesse ter vindo de um meteorito. Está bem documentado que civilizações primitivas e da idade da pedra usaram ferro de meteoritos para alguns implementos. Em verdade eles conseguiram fazer instrumentos de ferro bruto a partir do ferro dos meteoritos bem antes da idade do ferro. Envolta na múmia de Tutankhamon foi encontrado um punhal feito de ferro meteorítico. Para descobrir se um pedaço de ferro é oriundo de um meteorito ou fabricado pelo homem, basta examinar o conteúdo de níquel do ferro, já que o ferro de origem sideral tem um teor de níquel mais alto do que o ferro encontrado na Terra. A análise da placa metálica permitiu concluir que ela seguramente não é de origem meteorítica, pois contém apenas traços de níquel, além de traços de ouro em sua superfície, tendo talvez sido algum dia folheada a ouro. Os cientistas que fizeram a análise, escreveram: Concluiu-se, com base na presente investigação, que a chapa de ferro é muito antiga. Além disso, a evidência metalúrgica sustenta a evidência arqueológica que sugere que a peça foi incorporada ao interior da pirâmide no momento em que aquela estrutura estava sendo construída. A importância de tudo isso é que talvez possa levar a que alteremos a data da idade do ferro em 2000 anos. Também se indaga atualmente se essa placa poderia ter alguma relação com a laje com alças de cobre descoberta no conduto da câmara da rainha. Especula-se, ainda, que a placa poderia ser fragmento de uma peça maior que se encaixaria na saída do conduto de ar da câmara do rei.
PRETENSAS RELÍQUIASOssos carbonizados que, supostamente, pertenciam a Joana d'Arc eram, na realidade, de uma múmia egípcia. A descoberta foi feita por um cientista forense francês. Relíquias que teriam vindo do local onde a santa foi queimada em 1431, aos 19 anos de idade, acusada de bruxaria, foram examinados por uma equipe composta por 20 pessoas, chefiada por Philippe Charlier. Todo o material, inclusive um fragmento de tecido com 15 cm e uma costela humana, foi examinado ao microscópio e submetido a testes químicos. Detalhada inspeção da costela mostrou que ela não havia sido queimada, mas parece ter sido aquecida para criar uma crosta enegrecida na superfície. Por sua vez, o fragmento de pano feito de linho tem as características do tecido usado para envolver as múmias e contém grande quantidade de pólen de árvores pináceas. Resina das pínáceas eram extensamente usadas no Egito para embalsamar e as árvores desta espécie não cresceram na Normandia durante o tempo de Joana d'Arc. A prova final veio da análise por carbono-14, a qual datou os restos humanos do período entre o terceiro e o sexto séculos a.C. Análises químicas de todas as rel#quias apontam o Egito como seu lugar de origem, pois elas se encaixam mais nos perfis de múmias egípcias do que no de ossos queimados. Especialistas em odores da indústria dos perfumes também foram convocados para darem pareceres. Com os olhos vendados, eles cheiraram vários objetos, entre os quais as relíquias, e nesse caso identificaram os aromas de gesso queimado e baunilha. O cheiro de gesso queimado é consistente com o fato de Joana ter sido, provavelmente, queimada em uma estaca de gesso para prolongar o espetáculo macabro, porque uma estaca de madeira desmoronaria mais rapidamente. Entretanto, o cheiro de baunilha não se encaixa. A baunilha é produzida durante a decomposição do corpo e pode ser encontrada em múmias, mas não em alguém que foi cremado. O odor de gesso vem provavelmente do gipso, um sulfato natural hidradato de cal presente na bandagem. As pretensas relíquias surgiram em 1867 em um jarro no sótão de uma farmácia de Paris. Elas estavam rotuladas "Restos achados debaixo da estaca de Joana d'Arc, virgem de Orleans" e foram reconhecidas oficialmente pelo Vaticano como sendo autênticas. Charlier acredita que a falsificação tenha sido preparada durante o século XIX por um químico ou farmacêutico. Não se sabe quem realizou a fraude, mas acredita-se que não tenha sido por dinheiro e sim, talvez, para aumentar a importância do processo de beatificação de Joana. Dois detalhes curiosos finais: entre as relíquias existia um fêmur de gato, o que poderia ser explicado pela prática de lançar gatos pretos sobre as piras de bruxas condenadas; quanto ao porque do jarro com pedaços de múmia que deu origem à fraude estar em uma farmácia de Paris, deve-se ao fato de que era prática aparentemente comum, na época, usar restos de múmias pulverizados para tratar problemas do estômago, doenças longas ou dolorosas e todos os males do sangue.
Médicos da Universidade de Manchester, nos Estados Unidos, estão convencidos de que os antigos egípcios praticavam uma forma eficiente de medicina e farmacologia. Comfrontando os remédios do antigo Egito com os protocolos e padrões farmacêuticos modernos, eles descobriram que as prescrições nos documentos antigos não apenas são comparáveis aos preparados farmacêuticos atuais, mas que muitos dos remédios tinham mérito terapêutico verdadeiro. Papiros médicos, datados de aproximadamente 1500 anos a.C., descobertos em meados do século XIX da nossa era, mostram que os antigos médicos egípcios trataram feridas com mel, resinas e metais, produtos conhecidos por serem antimicrobianos. A equipe também descobriu prescrições de laxantes feitos de óleo de rícino, de colocíntida, que é uma espécie de pepino amargo e purgativo, e laxantes a granel de figos e farelo de trigo. Também foram encontradas evidências de tratamento de doenças como a cólica com um álcali que se extrai do meimendro, que ainda é usado hoje, e de medicamentos contra flatulência intestinal com cominho e coentro. Desordens músculo-esqueléticas eram tratadas com rubefacientes, ou seja, aplicações externas que excitam a vermelhidão da pele estimulando o fluxo sanguíneo, e cataplasmas para esquentar e acalmar. Os antigos egípcios usaram aipo e açafrão para reumatismo, o que é atualmente tópico de pesquisas farmacêuticas, enquanto que a romã foi usada para erradicar solitária, um remédio que permaneceu em uso clínico até 50 anos atrás. Outros ingredientes que permaneceram em uso até hoje são a acácia, que ainda é usada em remédios contra tosse, e a babosa, que forma uma base para acalmar e curar afecções da pele. A verdade é que muitos dos antigos remédios empregados no Egito sobreviveram até o século XX da nossa era e alguns permanecem em uso até hoje, embora o componente ativo seja agora produzido sinteticamente. Os resultados da pesquisa são muito significativos, pois mostram que os antigos egípcios praticavam uma medicina eficiente muito antes dos gregos.

Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito

LIVRO DOS SONHOSOs egípcios usavam magia para prever o futuro. Uma das práticas consistia em interpretar os sonhos, pois entendiam que através deles os deuses podiam entrar em contato com os seres humanos. Um exemplo disso é o papiro Chester Beatty III, que registra a interpretação de alguns sonhos, datado do reinado de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) e do qual vemos um pedaço na foto acima. Aliás, o significado dos sonhos sempre foi um assunto que fascinou os antigos egípcios. Em cada página do papiro uma coluna vertical de sinais hieráticos assim se inicia: Caso um homem se veja em um sonho...; a seguir, cada linha horizontal descreve um sonho, seguindo-se a diagnose isso é bom ou isso é ruim e, finalmente, a interpretação. O texto lista primeiro os sonhos bons e depois os ruins. A palavra ruim vem escrita em vermelho, a cor do mau presságio. Eis um trecho do texto:
Caso um homem se veja em um sonho matando um boi com suas próprias mãos, isso é bom: significa morte de seu adversário;
Comendo carne de crocodilo, isso é bom: significa atuar como um funcionário público entre a sua gente;
Submergindo no rio, isso é bom: significa purificação de todos os males;
Enterrando um homem velho, isso é bom: significa prosperidade;
Trabalhando com pedra em sua casa, isso é bom: significa fixação do homem à sua moradia;
Olhando para fora de uma janela, isso é bom: significa que seus reclamos serão ouvidos;
Mirando-se em um espelho, isso é ruim: significa outra esposa;
Calçado com sandálias brancas, isso é ruim: significa perambular pela terra;
Copulando com uma mulher, isso é ruim: significa luto
Sendo mordido por um cachorro, isso é ruim: significa que ele será atingido por magia;
Olhando sua cama pegar fogo, isso é ruim: significa que expulsará sua esposa.
A altura do papiro é de 34,5 centímetros e pertence atualmente ao Museu Britânico de Londres. Para ver sua imagem ampliada, clique aqui.
CENA DO FILME FANTASIAO escritor grego Luciano, que viveu no segundo século da nossa era, conta uma estória engraçada sobre um homem chamado Eucrates que viajou para o Egito para aprender sobre os mistérios daquele país. Começando sua viagem por Tebas, no sul, tomou ali um barco para percorrer o Nilo em direção ao norte. Viajando na embarcação havia um sacerdote menfita do qual se dizia que tinha aprendido magia com a própria deusa Ísis. Eucrates viu esse homem executar muitos atos sobrenaturais e, querendo aprender aquelas habilidades, persuadiu o mágico a permanecerem juntos. Eucrates viajava acompanhado de muitos criados e o mago lhe disse que poderia dispensá-los, pois não seriam necessários. Por ver que de fato o homem viajava sem criado algum, Eucrates dispensou os seus. Quando havia uma tarefa a ser feita, o mágico punha uma peça de roupa numa tranca de porta, numa mão de almofariz, ou numa vassoura. Depois ele proferia algumas palavras mágicas e o objeto ganhava vida e executava a tarefa. Quando a tarefa se completava, o mago dizia algumas palavras adicionais e o objeto tornava-se inanimado novamente. Eucrates estava interessadíssimo em aprender o truque, mas o homem não queria revelar. Um dia, quando o mago estava repetindo os encantamentos, Eucrates escutou e aprendeu as palavras mágicas. Não sabemos que palavra era. Só sabemos que tinha três sílabas. Num dia em que o mágico saiu, Eucrates decidiu tentar o encantamento numa mão de almofariz e ordenou-lhe que fosse buscar água. Imediatamente o objeto ficou vivo e começou a buscar água para ele em um vaso. Eucrates então ordenou que ele parasse de ir buscar a água. Infelizmente, porém, o aprendiz de feiticeiro não havia escutado as palavras mágicas necessárias para parar a mão de almofariz e devolvê-la ao estado de inanição e ela continuou trazendo água. Desesperado, ele cortou o objeto ao meio, mas então as duas metades começaram a levar vasos e a trazer água. Felizmente o mágico chegou a tempo de interromper o encantamento antes que a casa fosse totalmente inundada. Muitos de nós vimos esse conto no filme Fantasia de Walt Disney. No cinema Mickey Mouse é o aprendiz, a vassoura é a mão do almofariz, e os baldes são os vasos. Verdadeira ou falsa, essa narrativa mostra que os gregos acreditavam na magia egípcia.
JARRO DE VINHOUm dos alimentos que costumavam estar presentes nas tumbas dos faraós era o vinho. Isso ocorria desde a I dinastia (c. 2920 a 2770 a.C.) como prova o jarro de vinho de um metro de altura e 25 centímetros de diâmetro que vemos ao lado, encontrado na tumba de um rei daquela época. No túmulo de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.) foram encontradas vários jarros da bebida. Cientistas espanhois, em 2004, examinaram esses recipientes e criaram uma técnica capaz de determinar a cor do vinho que eles continham. A análise dos resíduos demonstrou tratar-se de vinho produzido com uvas vermelhas, ou seja, vinho tinto. O rótulo de um dos jarros nos revela que o vinho foi produzido no quinto ano do reinado de Tutankhamon (c. de 1329 a.C.) e que foi um vinicultor chamado Khaa que o forneceu. Essa foi a primeira vez que a ciência determinou a cor do vinho de uma amostra arqueológica. As imagens mais antigas de que temos notícia a respeito da produção de vinho no mundo foram encontradas nas paredes de uma tumba egípcia de 2600 a.C., o que não quer dizer que a humanidade não tenha produzido aquela bebida antes dessa data. Jarros com vinho datados de 5400 a.C. já foram descobertos em áreas do atual Irã. O vinho era uma bebida de grande importância no antigo Egito, usado em rituais funerários e nos templos como oferenda aos deuses e consumido não apenas pelos faraós, mas também pelas classes socialmente mais elevadas. Agora sabe-se que o jovem rei Tutankhamon apreciava um bom vinho tinto.
TRAJE DE TUTANKHAMONAs roupas que o faraó Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.) usava, e que foram encontradas em sua tumba, constituem o mais antigo conjunto de vestimentas reais existentes no mundo. Infelizmente, elas estão por demais deterioradas para que se possa ter uma boa idéia de como seriam quando novas. Muitas delas perderam totalmente a cor, algumas estão completamente negras e os tecidos se estragaram bastante. Por isso, em 2000, alguns cientistas, após estudos que duraram quase dez anos, resolveram recriar várias túnicas, jaquetas e roupas íntimas do rapaz para exibi-las ao público. Eles foram capazes de interpretar os pretos e marrons dos velhos tecidos e discernir quais seriam as cores originais. As roupas reproduzidas incluem desde uma elaborada túnica bordada a ouro até uma tanga simples, um pedaço de tecido triangular usado como roupa íntima. Tudo foi feito com linho tecido à mão, simulando os métodos usados no tempo do faraó. As máquinas modernas não são capazes de produzir fio suficientemente fino para reproduzir a excelente qualidade do linho necessário, mas os cientistas recorreram a especialistas italianos e suecos que conseguiram realizar a tarefa. A exposição que foi montada exibiu 36 réplicas dentre as centenas de artigos de vestuário achados na tumba de Tutankhamon, sendo que uma delas pode ser vista na foto acima e inclui a imitação de uma pele de leopardo feita de linho, com cabeça e tudo. Algumas túnicas são bordadas com discos de ouro e contas, enquanto outras estão enfeitados com patos e cobras. O simbolismo tinha um importante papel na roupagem, como bem exemplificam os pássaros, animais e plantas reproduzidos nos artigos de vestuário. Entre as peças reconstituídas encontram-se as meias reais, feitas com uma abertura entre o dedão e os demais dedos do pé, para dar passagem às correias das sandálias de dedo de sua majestade, 47 pares das quais foram achados na tumba. Uma vez que foram encontradas roupas que o faraó usava quando criança, pode-se ter uma idéia de como se vestiam os príncipes reais. É surpreendente como as roupas têm aspecto moderno e são semelhantes às que são feitas hoje em dia. A técnica de bordado é a mesma usada atualmente. As luvas são modeladas como as atuais. A roupa íntima se parece com modelos usados antes dos anos 50. As peças de roupa se adaptam perfeitamente ao calor do clima egípcio e os vários efeitos que podem ser criados com elas são bastante sofisticados. As réplicas também resolveram o problema de como as roupas eram originalmente usadas. Os pesquisadores experimentaram os trajes e puderam perceber a função exata de muitos daqueles que têm aparência estranha. Duas peças que pareciam ser extravagantes ornatos para a cabeça, por exemplo, eram, na realidade, usadas nos braços para formar as asas do falcão de Hórus, emblema do rei egípcio. Na realidade, vários itens do vestuário estavam destinados a aumentar o prestígio do rei através do uso de motivos régios e símbolos de poder na decoração. Faixas de hieróglifos coloridos proclamavam que Tutankhamon era o Protetor de seu país e Vencedor de todos os inimigos do Egito. Até mesmo quando caminhava, ele esmagava seus inimigos a cada passo, comprimindo suas faces contra o pó, já que as imagens dos adversários estavam pintadas nas solas das sandálias douradas do faraó. As réplicas provaram que muitas das vestes eram inacreditavelmente pesadas de serem usadas, especialmente durante longas cerimônias estatais no opressivo calor egípcio. Para um adulto elas devem ter sido muito incômodas, e mais ainda para uma criança.
DEFORMIDADE DE AKHENATONDurante a fabricação das réplicas dos artigos de vestuário de Tutankhamon, a equipe de cientistas pode analisar as medidas do faraó: 78 centímetros de tórax, 73 centímetros de cintura e 109 centímetros de quadris, ou seja, um corpo em formato de pêra, aparentemente semelhante ao de outros membros de sua família, se dermos crédito à arte daquela época. Esse formato de corpo é mostrado pela arte do período em que reinou Akhenaton (c. 1353 a 1335 a.C.). O corpo deformado desse faraó é mostrado em várias estátuas, como nessa que vemos na foto ao lado. Entretanto, quando Tutankhamon subiu ao trono o país retornou à antiga religião, as imagens foram novamente idealizadas e o faraó menino foi retratado como se perfeito fosse, mas é provável que ele tenha sofrido de uma doença que provocaria crescimento excessivo dos quadris. Como se acredita que Tutankhamon tenha sido filho de Akhenaton, é possível que padecesse de uma doença hereditária, embora não exista pesquisa médica suficiente para determinar que distúrbio seria esse. Seja lá o que for que ele tenha tido, seu peso foi afetado e depósitos exagerados de gordura se formaram em seus quadris, a exemplo de seu pai.
BUSTO DE NEFERTITIO famoso busto da rainha Nefertiti vem causando polêmica há muito tempo entre egiptólogos egípcios e alemães, que brigam por sua posse. Considerada uma das obras-primas da arte egípcia, a cabeça de calcário pintado tem altura de 50 centímetros e mostra, em tamanho natural, as feições bem delineadas da rainha. A elegante coroa azul, ao que parece, era usada apenas por ela. Nefertiti, cujo nome significa a bela chegou, deve ter sido uma das mais belas mulheres do antigo Egito. Essa peça é uma das mais importantes, se não a mais importante, da coleção egípcia do Staatliche Museum de Berlim, desde que arqueólogos alemães a descobriram, em 1912, nas ruínas do estúdio do escultor Tutmósis em Tell el-Amarna, às margens do Nilo. Misterioso e atraente, o busto estava surpreendentemente bem conservado e com as cores vibrantes preservadas, apesar de ter estado oculto na areia desde os tumultuados dias do fim do reinado do faraó Akhenaton (c. 1353 a 1335 a.C.). Embora a obra aparentemente tenha sido acabada, só tem um olho. O olho esquerdo é uma concavidade preenchida com gesso branco. Ninguém entende a razão, já que o busto está meticulosamente esculpido e até mesmo o ruge foi pintado nos proeminentes ossos da bochecha. Muita tinta foi gasta para tentar explicar a falta daquele olho. Talvez o busto fosse usado apenas como objeto de estudo pelos alunos do artista. Talvez, especularam alguns egiptólogos românticos, o escultor tenha achado que o busto estava perfeito demais e, então, removeu um olho para evitar ofender aos deuses. Ou talvez ele estivesse na iminência de colocar o olho no lugar quando o reinado do rei herético desabou sobre sua cabeça. Em outras palavras, talvez os sacerdotes do deus Amon estivessem atacando violentamente as edificações reais e o artista se visse obrigado a enterrar às pressas o busto inacabado na areia. Na realidade, ninguém sabe o que aconteceu com ele e nem mesmo com a rainha Nefertiti. Há até mesmo uma lenda recorrente de que o olho que falta na realidade existe. Ele estaria embrulhado em lenço de papel numa caixa escondida em algum lugar nos porões do museu berlinense. Seja como for, o busto sobreviveu aos ataques aéreos da II Guerra Mundial que destruíram o museu, sobreviveu à divisão de Berlim pelo muro e continua sendo uma das maiores atrações turísticas da cidade alemã. Os egípcios gostariam de ter a obra-prima de volta e essa polêmica não é nova. Quando, nos anos 30, as autoridades egípcias exigiram o retorno do busto, Hitler interveio para insistir que ele deveria ficar na Alemanha. Atualmente a direção do museu afirma que a escultura permanecerá em Berlim.

Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 6
Fatos Curiosos

 
Se você seguir algum link destas páginas, retorne a elas usando o botão Voltar ou equivalente do seu navegador.
TUBO DE MAQUIAGEMUma análise dos pós cosméticos usados pelos antigos egípcios revelou um nível inesperado de sofisticação na química praticada por eles. Já se sabia que usavam tecnologia baseada em fogo para produzir os pigmentos azuis, mesmo anteriormente a 2500 a.C. Mas análises dos pós cosméticos negros, verdes e brancos demonstraram o alto nível das práticas químicas daquela época. Os pesquisadores identificaram nos pós vários ingredientes orgânicos e minerais. Dois dos ingredientes minerais, a galena e a cerusite, ocorrem normalmente na natureza e eram triturados. A surpresa, porém, veio da laurionita e da fosgenita, compostos que raramente ocorrem na natureza. Eles são achados quando artefatos de chumbo são atacados pela ação da água do mar. Ou, no caso da fosgenita, o composto também pode ser achado quando minerais que contenham chumbo ficaram expostos a águas carbonatadas e cloradas. Os pesquisadores afastaram a hipótese de que os materiais tivessem sido extraídos das escassas fontes naturais, pois eram muito abundantes nas amostras cosméticas preservadas. Eles chegaram à conclusão de que os egípcios eram capazes de sintetizar artificialmente os compostos. Para provar a tese, seguindo receitas documentadas por autores clássicos, os técnicos reconstruíram o processo que provavelmente os egípcios usavam. Ele consistia em fazer uma mistura aquosa contendo óxido de chumbo, sal-gema e às vezes natrão, a qual era filtrada e o procedimento repetido diariamente durante várias semanas. O processo foi recriado em laboratório usando-se óxido de chumbo e pós de sal imerso em água não carbonatada. O precipitado resultante foi identificado com sucesso como laurionita. O mesmo processo na presença de carbonato produziu fosgenita. Uma vez que os procedimentos requerem operações repetitivas, a manufatura de tais compostos revelam um nível previamente desconhecido de sofisticação da química egípcia antiga. Na figura acima vemos um tubo destinado a conter maquiagem para os olhos com seu respectivo aplicador. A peça, datada da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.), encontra-se hoje no Museu Britânico de Londres.
CENA DO SHOWUsando alta tecnologia, Matt DuPlessie, um graduado do MIT - Massachusetts Institute of Technology, criou um espetáculo de aventura interativo ambientado numa tumba egípcia. No início do show um poderoso faraó enraivecido tem seu semblante assustador projetado por computador sobre uma catarata e sua voz tonitroante exclama: Como se atrevem penetrar no meu local de repouso? Não há mais tempo para fugir: os espectadores estão presos dentro da tumba, luzes lampejam subitamente, as paredes parecem tremer e uma guia que conduz os participantes pela diversão, antes corajosa, agora enterra o rosto no chapéu. Cobras venenosas, tetos que desabam e armadilhas secretas, para citar apenas alguns dos efeitos especiais de alta tecnologia do show, poderiam levar facilmente qualquer um à morte. Mas se os "arqueólogos voluntários", como são chamados os participantes da brincadeira, puderem resolver os enigmas do faraó, acharão sua múmia perdida e emergirão do jogo como heróis.
Com investimento de quase um milhão de dólares essa produção, que parece um filme de Hollywwod, tem mais de 150 efeitos sonoros, ilusões visuais, jatos de ar comprimido, pedras em chamas, tetos que caem, tudo montado numa das avenidas de Boston, nos Estados Unidos. O espetáculo permite que os participantes controlem seus próprios destinos, quase como se estivessem jogando um "vídeo game". Grupos de 5 a 15 pessoas entram nas bem elaboradas câmaras da tumba à procura de um professor que desapareceu dez anos atrás. Uma vez lá dentro, caminham de sala em sala, esquadrinhando paredes cobertas de hieróglificos em busca de passagens secretas, exercitando os músculos para deslocar estátuas, sentindo como se realmente existissem cobras serpenteando em seus pés e torturando seus cérebros na resolução de enigmas antes que o tempo se esgote. Sofisticadas divindades tumulares geradas por computador acompanham as ações dos participantes e mudam os 40 minutos da aventura, dependendo do sucesso ou fracasso do grupo frente aos desafios. O computador escolhe um dentre vários finais diferentes, sendo que só os grupos melhor sucedidos conseguem chegar na câmara na qual a múmia se encontra. Os que não conseguem vencer os desafios morrem. Não literalmente, é claro. Os grupos que falham na missão passam por uma experiência de falsa morte antes que o jogo se encerre. Por cerca de meio segundo apenas, para que ninguém sofra um ataque cardíaco, experimentam uma súbito aumento da pressão sanguínea. Veja mais detalhes dessa aventura no site em inglês do espetáculo.
SANTUÁRIO EM ABU SIMBELO santuário do templo principal de Abu Simbel permanece na escuridão durante 363 dias por ano. Apenas em duas ocasiões, 22 de fevereiro e 22 de outubro, a luz do Sol penetra na câmara mais interna do monumento, a qual abriga estátuas sentadas representando as divindades Ptah e Amon-Rá, o faraó Ramsés II e o deus Rá-Harakhti, nessa ordem, da esquerda para a direita, na foto. Apenas as três últimas estátuas são iluminadas. A de Ptah permanece eternamente nas sombras. A tradição afirma que aquelas seriam, respectivamente, as datas do nascimento e da coroação daquele faraó, mas os arqueólogos não confirmam tal hipótese. Milhares de turistas visitam Abu Simbel para ver esse espetáculo no templo de um faraó célebre por suas campanhas militares e por seus projetos monumentais de construção. Ramsés II, que reinou aproximadamente entre 1290 e 1224 a.C., ou seja, por cerca de 66 anos, 33 anos após a morte de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.), tornou-se uma legenda por ter combatido os Hititas e os Sírios, tradicionais inimigos do Egito. Para celebrar suas vitórias, Ramsés ergueu monumentos ao longo do Nilo registrando seus feitos. O templo principal de Abu Simbel, construído na fronteira entre a Núbia e o Alto Egito, tem 33 metros de altura e foi cavado numa montanha de rocha arenítica existente nas margens daquele rio. Quatro estátuas colossais do faraó, cada uma com 22 metros de altura, guardam a entrada do monumento. A seus pés erguem-se pequenas estátuas de seus familiares: sua mãe, sua esposa favorita, Nefertari, e um de seus filhos. No interior do templo três salões interligados se estendem por 56 metros dentro da montanha. Abu Simbel é um dos maiores, se não o maior templo cavado na rocha em todo o Egito. A rocha era um lugar sagrado porque os egípcios acreditavam que a divindade vivia no interior da montanha. Templos cavados na rocha tinham provavelmente significado especial no antigo Egito porque a protuberância, numa terra normalmente plana, pode ter sido encarada como o local no qual os deuses emergiam da terra. Com a construção da barragem de Assuão nos anos 60 e o surgimento de um conseqüente lago que inundou a área, o templo foi deslocado para um local distante 210 metros da posição original. Peça por peça os templos de Ramsés II e de Nefertari, que ficava ao lado, foram recortados em enormes blocos de pedra de até 30 toneladas, posteriormente remontadas numa nova "montanha" de aço e cimento a salvo das águas. Com esse deslocamento os dias nos quais as estátuas são iluminadas anteciparam-se em 24 horas e agora o Sol atinge o faraó e os deuses nos dias 21 de fevereiro e de outubro.
MÁSCARA MORTUÁRIAUsando modelagem por computador os cientistas têm estudado antigas obras de arte egípcia como, por exemplo, esta máscara mortuária de uma mulher da nobreza que fazia parte da corte de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.). Essa peça, com mais de 3000 anos de idade, teve sua imagem tri-dimensional transferida para um computador da Universidade de Pittsburgo, nos Estados Unidos. Dessa maneira ela pode ser virada e revirada em todos os sentidos, coisa que os visitantes e até mesmo os curadores do museu onde ela se encontra não podem fazer devido à sua fragilidade. A modelagem por computador está se tornando uma ferramenta importante para os museólogos. Nessa máscara em especial o uso da tomografia computadorizada associada à modelagem em 3-D permitiu entender o trabalho manual necessário para produzi-la, identificar as áreas que haviam sido restauradas no passado e planejar a reconstituição de um pedaço danificado. O escaneamento da máscara produziu uma série de camadas horizontais do artefato em intervalos de um milímetro. Ela é feita de tecido de linho e gesso, tendo folhas de ouro à guisa de pele, cabelo feito de betume, incrustações em vidro e amuletos em madeira.
De forma simplificada, um modelo computadorizado em 3-D descreve o contorno da máscara como uma rede de triângulos. Mas nesse caso o modelo foi sobreposto com imagens fotográficas do exterior da peça. A máscara foi fotografada em intervalos de 45 graus e para combinar essas imagens bi-dimensionais com o modelo em 3-D os triângulos do modelo tiveram que ser convertidos para duas dimensões. O modelo "achatado" ficou grandemente distorcido, mas os técnicos foram capazes de pacientemente casar as imagens fotograficas com o modelo, começando com pontos facilmente identificáveis como os olhos e a boca. O resultado revelou alguns pormenores do trabalho artesanal que antes haviam passado despercebidos. O escanemento mostrou áreas com diferentes qualidades de linho, sugerindo que consertos haviam sido feitos. Em alguns detalhes que pareciam ter sido simplesmente pintados na máscara percebeu-se que, na realidade, haviam sido entalhados primeiro e depois pintados. O lado superior esquerdo da peça havia sido danificado, como se tivesse levado uma pancada ou caído. Um dos objetivos do estudo era o de usar a modelagem para guiar a restauração. O modelo computadorizado torna fácil produzir uma cópia exata da máscara em material plástico. Usando essa cópia torna-se possível modelar uma espécie de implante para a área perdida, o qual pode então ser transferido para a máscara em si. A imagem acima mostra o modelo computadorizado da máscara mortuária egípcia. À esquerda vemos o modelo geométrico básico e podemos observar a rede de triângulos que formam a imagem e, à direita, temos a versão na qual as fotos foram combinadas com o modelo em três dimensões.
A travessia do Mar Vermelho feita pelos hebreus sob o comando de Moisés é um dos episódios mais intrigantes da Bíblia. Ela conta que diante da intransigência do faraó que não quis permitir a saída dos hebreus, Deus enviou as dez pragas e só depois, então, tiveram permissão para a retirada. Entretanto, quando os hebreus já haviam iniciado a sua marcha, o faraó arrependeu-se de tê-los libertado e, à frente de 600 carros escolhidos e equipados com tropas de escol, foi-lhes ao encalço. Alcançou-os às margens do Mar Vermelho. O povo se apavorou e Moisés lhes disse:
Não tenhais medo; ficai e considerai as maravilhas que Javé fará hoje; pois os egípcios que agora vêdes, não tornareis a vê-los jamais. Javé combaterá por nós; nada vos restará a fazer. (Exodus 14:13,14)
Estavam nessa situação dramática quando Javé disse a Moisés: "Por que clamas a mim? Ordena aos filhos de Israel que continuem o seu caminho. E tu, levanta o bastão e estende a mão sobre o mar; divide-o para que os filhos de Israel caminhem a pé enxuto pelo meio do mar." (Exodus 14:15,16)
O patriarca, obedecendo às ordens do Senhor, levantou o seu cajado e estendeu a mão sobre as águas e, prossegue a Bíblia: Tendo Moisés estendido a mão sobre o mar, Javé fê-lo recuar por meio do vento leste durante toda a noite. Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar a pé enxuto, tendo as águas como um muro à direita e à esquerda. Os egípcios que os perseguiam invadiram atrás deles o meio do mar: toda a cavalaria do faraó, os seus carros e cavaleiros. (Exodus 14:21 a 23)
Depois que o exército egípcio penetrou pelo centro da imensa massa de água fendida, Javé provocou pânico entre eles, travou as rodas dos carros e os guerreiros tiveram dificuldade em avançar. Então, disse Javé a Moisés: "Estende a mão sobre o mar, para que as águas voltem sobre os egípcios, seus carros e seus cavaleiros." Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o mar, ao romper da manhã, voltou para o seu lugar habitual. Os egípcios, fugindo ao encontro dele, foram aniquilados no meio do mar. As águas no seu refluxo cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército do faraó que tinham entrado no mar; não escapou um só deles.
(Exodus 14:26 a 28)
RODA DE CARRUAGEM Se o fato ocorreu como descreve a Bíblia é uma incógnita. Pesquisas, entretanto, não faltam sobre o assunto. No fundo do golfo de Acaba, local que se acredita possa ter sido o cenário das cenas descritas pela Bíblia, mergulhadores têm encontrado estranhas formas cobertas por coral, como essa que vemos ao lado, que se assemelham muito às rodas de carruagens usadas no tempo de Moisés. Atualmente não é permitido retirar tais objetos de seus lugares, mas no final da década de 70 do século XX foi encontrada e retirada do local a parte central de uma roda. Ela ainda apresentava os restos de oito raios e se acredita que possa ser datada da XVIII dinastia egípcia, que reinou aproximadamente entre 1550 e 1307 a.C., pois somente nesse período se usava rodas com oito raios. O autor da descoberta foi Ron Wyatt, um arqueólogo amador já falecido, que passou muitos anos procurando evidências físicas dos eventos mencionados na Bíblia. Atualmente existe nos Estados Unidos um museu e centro de pesquisas denominado Wyatt Archaeological Research que exibe as diversas fotos feitas por mergulhadores naquela região. O significado de eventuais achados é de extrema importância para a datação do Êxodo e a determinação da dinastia durante a qual teria ocorrido.
MORTE DE CLEÓPATRAO suicídio de Cleopatra em 12 de agosto do ano 30 a.C. é uma das páginas mais conhecidas da história da humanidade. As testemunhas do fato devem ter sido seu médico Olympos e seu inimigo Otaviano. A versão de que ela e duas de suas criadas, Eiras e Charmion, foram picadas por uma serpente naja, que passou pelos guardas acondicionada numa cesta de figos, foi dada pelo historiador Plutarco, que viveu aproximadamente entre os anos 50 e 125 da nossa era, baseado nas memórias de Otaviano, documento que os historiadores modernos jamais viram.
Mas será que a versão de suicídio aceita até hoje, e retratada no cinema como na cena ao lado com a atriz Megan Ward, resiste à uma investigação moderna feita por um perito forense? Pat Brown, uma criminalista de Mineápolis, acha que não. Ela é uma investigadora criminal especializada em casos de assassinatos não solucionados.
Cleópatra, pouco antes de se matar, enviou para Otaviano um bilhete que ele entendeu, acertadamente, tratar-se de um bilhete suicida. Pat, que já viu dezenas destas mensagens, afirma categoricamente que esse não é o comportamento normal dos suicidas. Eles costumam deixar as notas ao lado do corpo, para serem encontrados após a morte, e não os enviam para alguém que possa correr a tempo de salvá-los, pois isso não faria qualquer sentido.
A naja é uma serpente grossa, com cerca de dois metros e meio de comprimento. Uma cesta de figos para abrigá-la teria que ser muito grande e esse apetite descomunal de Cleopatra pela fruta provavelmente despertaria a suspeita dos guardas.
Outro aspecto que chama a atenção é a cronometragem. A morte por uma picada de naja leva em média duas horas para ocorrer. No caso de Cleópatra, quando, em questão de minutos, os guardas de Otaviano entraram no local, não só a rainha havia falecido em tempo recorde, mas suas duas criadas também. Isso não é impossível, mas é pouco provável. Deve-se considerar ainda que nem toda picada de cobra injeta veneno. Quando uma pessoa é mordida por uma cobra venenosa e os colmilhos perfuram sua pele, haverá provavelmente apenas uma chance de 50%, em média, de que veneno seja injetado. Três picadas em seguida com injeção de veneno também não é impossível, mas a probabilidade estatística de que ocorra é bastante remota.
Por outro lado, o horror a cobras é inerente ao ser humano. Pegar uma cobra com as mãos, ainda que não venenosa, é um supremo desafio para qualquer um. Enfrentar, segurar e se deixar picar por uma naja requer uma coragem muito acima daquela de que são dotadas as pessoas em geral. É mais uma vez bem pouco provável que aquelas três mulheres tivessem toda essa valentia.
Outro mistério: quando os guardas enviados por Otaviano chegaram, minutos depois, a serpente desaparecera sem deixar rastros, assim como não havia nenhuma taça de cicuta, nenhum punhal, nenhum pente envenenado.
Com todas estas anomalias e improbabilidades e levando-se em conta que Cleópatra estava sob a custódia de Otaviano quando morreu, que ele seria o maior beneficiado com a morte dela, que Plutarco teria se valido de testemunho dele para atestar o suicídio e, finalmente, que o futuro imperador romano logo em seguida mataria Cesário, o filho da rainha, parece óbvio que todas as suspeitas de um eventual assassinado dela recai sobre ele.
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 7
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 7
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 7
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 7
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 7
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 7
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 7
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 7
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 7
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito — Parte 7







Se você seguir algum link destas páginas, retorne a elas usando o botão Voltar ou equivalente do seu navegador.
CLEÓPATRA E SERVASIMPERADOR OTÁVIOPAT BROWN









Um pacto de morte, ou assassinato por Otaviano? Pat Brown acredita na segunda hipótese.A exata sequência dos eventos histórios que envolveram a morte de Cleópatra e seu decantado suicídio, aos 39 anos de idade, não está clara. Por exemplo, onde ela estaria ao morrer? Em prisão domiciliar no palácio, ou teria se trancado em seu mausoléu? Nesse último caso é possível que Marco Antonio tenha pensado que ela morrera e, em desespero, se atirado sobre a própria espada como, aliás, costumavam fazer os generais romanos derrotados. Pode até ser que com seu amado morto e Otaviano no comando de seu povo, Cleópatra tivesse pensado que a única saída honrosa para ela seria dar cabo da própria vida. Mas os gregos e egípcios encaravam a morte de forma diferente dos romanos e para eles o suicídio era um pecado. Os ptolomeus — e Cleópatra era um deles — se matavam entre si, mas nunca se suicidaram. O comportamento da rainha sempre foi coerente com a conduta dos seus antepassados. Pat Brown, uma investigadora criminal de Mineápolis, nos Estados Unidos, especializada em casos de assassinatos não solucionados, afirma que até mesmo os comportamentos mais extremos são suportados por lógica, ainda que deformada. Qualquer que seja a provocação, as pessoas sempre permanecerão fiéis às suas próprias naturezas.
Cleópatra — afirma Pat — era sobretudo uma rainha egípcia, sobretudo uma Ptolomeu, uma mulher de mente extremamente forte e esta mulher lutaria de unhas e dentes se houvesse qualquer razão para lutar. Eu acredito que ela ainda estava lutando no último instante, possivelmente para reter a sua soberania e passá-la para seu filho. O único propósito da vida da rainha em seus últimos anos tinha sido o de criar Cesário e encaminhá-lo ao trono e isso não é algo de que ela voluntariamente abdicaria se matando. Quando olhamos para a motivação de um crime — argumenta Pat Brown —, examinamos para ver se ela faz algum sentido. No caso de Cleópatra, ela teria realmente um motivo para ficar viva, mais do que teria para morrer. Por outro lado, Otaviano teria mais do que apenas um motivo para matá-la. Assim, estamos examinando as probabilidades. É mais provável que Cleópatra não desejasse se matar. É mais provável que Otaviano desejasse a morte dela.
Não deve ter sido difícil para Otaviano forjar o suicídio de Cleopatra, já que ele controlava quem entrava em contato com ela, o que ela bebia e comia. Os únicos relatos do falecimento dela vieram dele, ou de seus homens, cuja obediência cega lhes garantia a vida. Também foram apenas os homens de Otaviano que disseram ter visto marcas da mordida da serpente no braço de Cleópatra. A história da serpente e da nota de suicídio não apenas proclamou a inocência do romano, como também o revestiu de honra, já que ele, ao receber a mensagem, enviou seus homens imediatamente para tentar salvá-la. A morte das criadas é outro fato que faz bastante sentido num assassinato, mas nenhum sentido num suicídio. Não havia nenhuma tradição no Egito que obrigasse os criados a se matarem junto com aqueles a quem serviam. Por que elas se submeteriam a uma morte horrível, se poderiam apenas pedir ajuda aos guardas e sair com vida? Como testemunhas de um crime, foram silenciadas. Do relato de Plutarco dessa tragédia temos certeza de três coisas: ele "melhorou" sua história com detalhes tirados de sua própria imaginação; ele incluiu "fatos" sobre os quais não teve nenhuma oportunidade de verificar a veracidade; seu relato se destinava a servir aos interesses de Roma. Quando Otaviano entrou triunfalmente na capital romana, exibiu uma imagem de Cleópatra com uma naja ostensivamente presa ao seu braço. Mas Plutarco, cautelosamente, afirmou: A verdade sobre esse assunto ninguém sabe.

MERIT-AMUMRamsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) provavelmente teve mais de 100 filhos de suas esposas principais e secundárias. Aproximadamente uma metade desse total eram homens. Cerca de 30 dos filhos nascidos de suas principais rainhas são conhecidos pelos arqueólogos. Eles recebiam o título de Filho do rei, de seu corpo, nomenclatura que não era conferida aos filhos das consortes secundárias. É possível que filhos das esposas principais tenham falecido quando ainda crianças, mas desses casos não há registros. Alguns nomes de filhos tidos pelas esposas secundárias são conhecidos, mas não sabemos quantas crianças elas deram à luz. A realidade é que só os filhos das esposas principais do rei e de algumas das esposas secundárias suas favoritas teriam a oportunidade de um dia se tornarem reis e, desse modo, por suas destacadas posições na corte, chegarem a ser conhecidos por nós.
O primeiro filho que teve com Nefertari, sua rainha preferida, chamava-se Amun-her-khepseshef e nasceu antes que Ramsés II subisse ao trono, tendo falecido entre seus 40 a 52 anos de idade. Ela lhe deu ainda mais três filhos e duas filhas. Um filho mais talentoso, ainda que de uma esposa secundária, poderia receber uma especial atenção. Esse foi o caso de Simontu, 23.º filho do faraó, que se tornou um hábil administrador do vinhedo real de Mênfis. Por outro lado, aparentemente sem nenhum talento, o 46.º filho, Ramsés-Meriamen-Nebweben, morreu com cerca de 30 anos de idade, quando ainda vivia em um dos haréns palacianos. Os filhos das rainhas principais, sobretudo os que tinham uma chance de se tornarem reis por serem os mais velhos, recebiam atenção máxima. É bem provável que a maioria deles tenha acompanhado o faraó em algumas das expedições militares e vários deles devem ter adquirido um talento para liderança marcial, tornando-se generais. Foi esse o caso do primogênito, que se tornou general em chefe e de Prehirwenemef, o 3.º filho, que recebeu o título de Primeiro Valente do Exército e, depois, o de Primeiro Cocheiro de Sua Majestade. Quando o herdeiro não estava vocacionado para a batalha e caso seu talento fosse de natureza mais intelectual, lhe era permitido e era até encorajado a seguir a carreira de sacerdote. Foi o caso de Khaemwaset, grão-sacerdote do deus Ptah em Mênfis, que se tornou famoso como sábio e criador do Serapeum em Saqqara.
Acima vemos a figura de Merit-Amum, a filha mais velha do faraó com Nefertari e que aparentemente tornou-se esposa do pai após a morte de sua mãe. Aliás Ramsés II casou-se com outras três de suas filhas, pelo menos, a saber: Bentanta, Nebettawy e Hentmire. Bentanta, a primeira filha com a qual ele se casou, lhe deu pelo menos um filho. Essa situação não era encarada da forma desagradável como é hoje em dia. Acredita-se mesmo que a maioria das filhas de rainhas principais que viveram além da puberdade casaram-se com o pai. As filhas secundárias casaram-se com seus irmãos, pois embora um príncipe secundário pudesse se casar com quem quissesse, ao escolher uma princesa tinha que fazê-lo dentro de sua própria corte. Aquelas que não se casaram, como também algumas que o fizeram, sem dúvida serviam aos templos e deuses em determinada função. Algumas podem até mesmo ter se tornado esposas secundárias de Ramsés II. Sem dúvida, havendo tantos filhos e filhas, vários deles ocuparam altas posições e influenciaram a administração e a religião do Egito por anos a fio. Como o reinado de Ramsés II foi muito longo, alguns de seus filhos morreram antes dele. Seu sucessor acabou sendo seu 13.º filho, tido com Iset-Nofret, a qual pode ter assumido o papel de esposa principal após a morte de Nefertari, embora haja controvérsias a esse respeito. De qualquer modo, esse herdeiro, chamado Merneptah (c. 1224 a 1214 a.C.), era o filho mais velho que sobreviveu ao pai e também já era idoso ao subir ao trono.
Ramsés II mandou construir uma das tumbas mais incomuns e maiores do Egito para vários de seus filhos. Conhecida como KV 5 pelos arqueólogos, ela situa-se no Vale dos Reis, na margem ocidental do Nilo, em Luxor, antiga Tebas, muito próximo do túmulo do rei. Além disso, mandou construir diversas estátuas e gravar muitas imagens de vários de seus filhos e filhas nos edifícios que espalhou por todo o Egito. No famoso templo de Abu Simbel estão representados oito filhos e nove filhas participando de procissões. No templo de Luxor há diversas cenas que representam os filhos de Ramsés II; numa delas aparecem 17 deles e 25 surgem em outra. Em Karnak uma cena mostra 12 filhos trazendo prisioneiros de um país estrangeiro. No templo de Seti I (c. 1306 a 1290 a.C.), em Abido, podem ser vistas duas cenas: uma com 29 filhos e 16 filhas e outra com 27 filhos e 22 filhas de Ramsés II. Quando são mostrados formando procissões, estão geralmente na mesma ordem, a qual se acredita seja a ordem de nascimento.
DEUS BESAlém de sua beleza inerente, a faiança é uma realização técnica surpreendente. Os antigos artesãos egípcios esmagavam areia com sal e acrescentavam um pouco de pedra calcária pulverizada e cobre. Essa mistura, quando aquecida, produzia a cobertura azul brilhante característica da faiança. Estes materiais eram misturados em proporções diferentes para criar o "azul egípcio", o primeiro pigmento sintético do mundo, que também foi usado para fazer objetos com uma superfície azul sem brilho, similar na aparência à pedra preciosa chamada lápis-lazúli. Entretanto, há diferenças visíveis entre muitos dos objetos de faiança no que se refere às formulações da pasta e aos vários processos industriais, inclusive a metodologia e o grau de vitrificação ou endurecimento durante o aquecimento. Para entender o processo, técnicos do Cleveland Museum of Art, nos Estados Unidos, realizaram vários testes variando a quantidade dos ingredientes. Três processos diferentes de vitrificação foram reproduzidos com sucesso. A estrutura dos materiais foi penetrada com a ajuda de um microscópio eletrônico, capaz de aumentar 100.000 vezes o objeto em estudo, permitindo examinar a micro estrutura e a micro química da peça sem danificá-la. A análise científica está permitindo entender melhor a rica variedade de materiais e métodos de fabricação usados pelos antigos egípcios. Uma das peças examinadas foi essa figura do deus Bes, datada de cerca de 600 a.C. Ela é feita de "azul egípcio", um material semelhante à faiança cuja maleabilidade permite um nível extraordinário de detalhe. Alguns componentes decorativos como as manchas amarelas no peito e os destaques vermelhos que formam os ornamentos da orelha, a língua e o cinto foram coloridos separadamente antes de serem fixados. Outras pistas encontradas foram as de que a cabeça e as orelhas foram moldadas separadamente. Mais de 150 objetos da arte egípcia da coleção daquele museu foram examinados. Além das de faiança, foram analisadas peças de ouro e prata. De modo geral, os estudos levaram os pesquisadores a entender os efeitos do tamanho do grão na composição dos objetos. Embora a maioria das cerâmicas de fainça sejam quimicamente semelhantes, a delicadeza das partículas tem um efeito dramático no modo como a pasta de fainça úmida é trabalhada e na aparência final do produto vítreo. É claro, também, que as variações das proporções relativas dos componentes da fórmula produzem visíveis efeitos diferentes nas propriedades funcionais e na aparência final do objeto.
INSTALANDO UM BUSTOEm 1816 um busto de pedra colossal do faraó Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) foi enviado do Egito para a Inglaterra numa trabalhosa viagem. Datado de cerca de 1270 a.C. e pesando 7,25 toneladas, ele foi inicialmente amarrado a rolos de madeira sobre os quais foi puxado com o uso de cordas para as margens do rio Nilo por centenas de trabalhadores. Flutuou então rio abaixo e foi levado para a Inglaterra em navio. O Museu Britânico de Londres, em 1822, adquiriu a escultura de Henry Salt que era Cônsul Geral Britânico no Egito. Por muitos anos ela ficou exposta e em 1834 a instituição construiu uma nova galeria para onde transferiu a peça. Por causa do enorme peso de algumas das esculturas, o museu se viu obrigado a pedir ajuda ao exército para deslocá-las. Foi nessa ocasião que William Alexander, um pintor inglês que era curador de gravuras e desenhos do museu, fez este esboço enquanto assistia à colocação da cabeça no lugar. O desenho mostra soldados reais da arma de engenharia que usam grossas cordas e o equipamento disponível na época para erguer grandes pesos. Eles agem sob o comando do major Charles Cornwallis Dansey que se encontra sentado na frente da cena.


BUSTO DE RAMSÉS II Dansey havia lutado na Batalha de Waterloo, quase vinte anos antes, e tinha recebido um ferimento que o deixara manco e por isso lhe era permitido sentar enquanto dirigia seus homens. O busto, que tem dois metros e 66 centímetros de altura e dois metros de largura nos ombros, é uma das maiores peças de escultura egípcia do Museu Britânico e lá continua exposto. O fragmento que restou dessa estátua foi cortado de um único bloco de granito com duas cores. Foi retirado do templo mortuário de Ramsés em Tebas. O buraco no lado direito do peito, que pode ser visto nitidamente na foto ao lado, parece ter sido feito pelos membros da expedição de Napoleão ao Egito, no final do século XVIII da nossa era, numa tentativa infrutífera de remover a estátua.
Documentos arqueológicos demonstram que desde o Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) os egípcios, desconfiados da medicina e do direito praticados no país, enviavam seus pedidos de saúde e justiça diretamente para seus parentes mortos e para os deuses. No Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.), as cartas não eram mais endereçadas aos mortos, mas a seres humanos deificados. Tal prática continuou até o final do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.), quando cartas foram endereçadas a Amenhotep, filho de Hapu, um médico e arquiteto do Império Antigo ainda lembrado por suas curas miraculosas. Uma princesa, por exemplo, escreveu-lhe uma carta em hieróglifos chamando-o de grande médico e se queixando de problemas nos olhos. Os antigos egípcios que escreviam cartas aos seus parentes mortos assim o faziam com o propósito específico de lhes pedir ajuda quando não a conseguiam dos vivos. Pediam socorro contra um ofensor ou, ainda, contra uma pessoa morta que achavam que os perseguiam. Cartas relacionadas com a saúde eram escritas por pessoas com doenças crônicas ou incuráveis. Também eram comuns pedidos por um filho e cobranças e solicitações de punição para um cônjuge injusto. As cartas aos mortos foram escritas em tigelas, linho, papiro ou ostraca e postas nas tumbas. Cartas em linho e papiro eram, na maioria das vezes, colocadas por sobre os corpos antes do enterro. Entretanto, o método favorito de comunicação com os mortos consistia em escrever em uma tijela, na esperança de que o espírito lesse a mensagem quando usasse a vasilha para receber as oferendas. Pedindo em favor de uma serva que se encontrava doente, uma mulher da XII dinastia (1991 a 1783 a.C.) escreveu em um pote ao seu marido morto:
O que você está fazendo a favor da serva Imiu que está doente? Você está combatendo por ela noite e dia contra qualquer homem que lhe faça mal? Ou quer talvez que sua casa seja amargurada? Combate por ela e ainda de novo, que seja sólida a sua casa e que haja água para você! Se não der ajuda, a sua casa será destruída. Não tem consciência do fato que é a sua serva que faz existir a sua casa entre a gente? Combate por ela, vele por ela! Salve-a de todos aqueles que lhe fazem mal. Seja sólida a sua casa e os seus filhos. É bom escutar-me.
No texto de uma estela do Primeiro Período Intermediário (c. 2134 a 2040 a.C.), um marido faz uma súplica para a esposa morta:
Como está você? Está o ocidente cuidando de você conforme seu desejo? Desde que eu sou o seu amado na terra, lute em meu favor e interceda em meu benefício. Eu não deturpei sua presença quando perpetuei seu nome sobre a terra. Remova a enfermidade do meu corpo! Por favor, torne-se um espírito para mim em frente a meus olhos. Então eu poderei ver você, como em um sonho, lutando a meu favor. Eu depositarei oferendas para você tão logo o sol levante.

Essa prática não morreu. Até hoje as pessoas fazem pedidos aos seus mortos e aos seus santos e deuses não apenas no Egito, mas em todo o mundo.

POEMA ENCONTRADO EM UMA MÚMIASafo foi uma poetisa grega nascida, no começo do século V a.C., na ilha de Lesbos, hoje Mitilene, que os pesquisadores acreditam ter sido a primeira colônia lésbica da história. Seus livros de poemas, num total de nove volumes, foram muito célebres na antiguidade, mas hoje deles só restam fragmentos. Heroína de feministas e homossexuais, ela foi considerada pelo filósofo Platão como uma musa, mais do que uma simples e mortal poetisa. Quase nada se sabe a respeito dela e, até junho de 2005, os cerca de 200 trechos de sua obra que haviam sido reunidos resultaram em apenas três poemas completos. Seu quarto trabalho, que vemos na foto ao lado, um poema com apenas 12 linhas, foi encontrado envolto nas faixas de uma múmia egípcia, onde estava encharcado e fazendo parte das bandagens. Foi identificado porque confere com outro trecho muito menor que se sabe ser dela, encontrado em 1922 durante escavações em um lixão na antiga cidade egípcia de Oxyrinco. Os dois fragmentos combinados resultaram na rara descoberta de um original dessa poetisa. Esse quarto trabalho agora conhecido é endereçado aparentemente às jovens mulheres de Lesbos e lamenta o avanço dos anos no próprio corpo e mente da autora em comparação com sua mocidade e beleza. No poema ela se dirige especialmente a algumas das muitas jovens que parecem ter frequentado sua casa, a qual era uma espécie de escola de aperfeiçoamento artístico. Supõe-se que os versos tenham sido escritos na primeira metade do III século a.C., sendo o mais antigo fragmento daquilo que sobrou da poetisa grega. Martin West traduziu para o inglês e publicou o texto. Ele comentou: Obviamente ela manteve relações emocionais com as mulheres de seu círculo, muito provavelmente de natureza sexual. Elas parecem ter formado algum tipo de sociedade na qual podiam estar umas na companhia das outras em grande número, sem presença masculina, mas eram claramente capazes de se divertir bastante. Os antigos, que tiveram nove livros dos poemas dela a sua disposição, eram bastante generosos em seus elogios. Alguns a chamaram de uma décima musa. O poema é uma pequena obra-prima: simples, conciso, de forma perfeita, uma expressão honesta e despretensiosa de sentimento humano, digno em sua contenção. Comove tanto pelo que diz, quanto pelo que deixa de dizer. Para ver alguns textos dessa poetisa traduzidos para o português,
 
 

Se você seguir algum link destas páginas, retorne a elas usando o botão Voltar ou equivalente do seu navegador.
ESCULTURA NA AREIANuma praia britânica foi realizado, em 2005, o Primeiro Festival Internacional de Esculturas na Areia, no qual uma das temáticas era o antigo Egito. Como a praia tem muitos pedregulhos, dez mil toneladas de areia especial dos Países Baixos foram trazidas e colocadas à disposição de 60 artistas de todo o mundo para que pudessem recriar as maravilhas do Egito antigo. Apenas areia e água foram usadas para confeccionar as esculturas, das quais vemos duas aqui.
ESCULTURA NA AREIA O destaque do festival foi uma pirâmide com 15 metros de altura, o que corresponde a um prédio de cinco andares. Esfinges, múmias, templos, Ramsés II e Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.) também foram esculpidos na praia. Em princípio, uma escultura de areia pode ser feita com qualquer tipo de areia. Mas a forma e a altura da escultura final são determinadas pelo tipo do material usado. Para uma escultura de altura superior a um metro é necessário um tipo especial, pois o tamanho do grão e sua estrutura são de importância fundamental nesse caso.
Fofocar sobre celebridades não é um passatempo apenas do mundo atual. Ao que parece, os antigos egípcios também tinham tendência de especular coisas do tipo "revista de fofocas". Um papiro com 5000 anos de idade, pertencente ao Museu Rosa-Cruz de San Jose, na Califórnia, mostra que eles bisbilhotavam sobre a homossexualidade de faraós, entre outras coisas. O documento fala de um rei não identificado que visita à noite, frequentemente, a casa de um de seus generais. O uso da frase em cuja casa não existe esposa sugere que o faraó estava tendo um relacionamento gay. Isso, entretanto, não significa necessariamente que os egípcios fossem contra tal tipo de relacionamento. A desaprovação implícita parece estar mais focada no fato de que dessa maneira não haveria herdeiro para o trono.
FALSA CLEÓPATRASe você acha que Cleópatra tinha essa aparência aí ao lado, está muito enganado. Foi Hollywood que criou essa imagem para vender seus filmes épicos sobre o Egito. Ela teve imperadores a seus pés mas, com certeza, os romanos tinham um outro ideal de beleza. Ainda que a preferência dos imperadores romanos fosse diferente daquela do homem moderno, beleza não era o principal mérito de Cleópatra. Esculturas daquele período nos mostram a imagem de uma mulher miúda, nariguda, com pernas arqueadas e necessitando de uma visita ao dentista. Não é de hoje que os cientistas sabem que a aparência daquela rainha não era nada deslumbrante. Não obstante, até mesmo pesquisadores que estavam bem informados das imperfeições de Cleópatra não podiam imaginar quão feia ela era. Uma descoberta feita em 2005 por um grupo de arqueólogos tornou possível revelar as verdadeiras feições da governante egípcia. Naquela ocasião foram encontrados, numa localidade 250 quilômetros ao sul do Cairo, numerosos objetos do Período Greco-Romano (332 a.C. a 395 d.C.). Muitas moedas de bronze do ano 35 a.C. com o perfil de uma mulher feia estavam entre eles. Tal mulher era Cleópatra. As moedas provaram que a rainha tinha um perfil pouco harmonioso: nariz aquilino, queixo protuberante e olhos fundos. Não se poderia dizer dela nem mesmo que tinha boa aparência. Beleza, então, nem pensar. Ela era, isso sim, uma mulher instruída pois, além do grego, falava latim, hebreu, aramaico e egípcio. A conclusão é a de que os homens mais poderosos daquela época se fascinaram mais com a inteligéncia e encanto do que com a aparência dela. De acordo com os cientistas, o fascínio de Cleópatra estava baseado em sua inteligência, cultura, maneira de falar, de se vestir, de se locomover e de se apresentar, além de uma especial habilidade na arte da sedução. Como resultado ela conseguiu seduzir o grande imperador Júlio Cezar e levar o bravo guerreiro Marco António à loucura.
TREVAS NO EGITOSeparar o Mar Vermelho como fez Moisés foi "barbada" se comparado às dez pragas que foram lançadas contra o Egito. Jeff Lockwood, professor norte americano de ciências naturais do Colégio Agrícola da Universidade de Wyoming, nos Estados Unidos, examinou aquelas pragas no sentido biológico chegando a algumas conclusões interessantes. Tudo começou com a transformação das águas do Nilo em sangue seguindo-se as rãs, mosquitos, moscas, doenças do gado, úlceras e pústulas em animais e homens, granizo, gafanhotos, escuridão e, finalmente, morte dos primogênitos de homens e animais. O pesquisador entende que o que torna os fatos mais interessantes é a sequência em que ocorreram, embora ainda não tenham sido encontradas razões ecológicas que expliquem completa e racionalmente como os eventos se sucederam. Mas o que o bíblico Livro do Êxodo narra se reflete no Livro dos Salmos e em papiros egípcios e, assim, parece que alguma coisa realmente ocorreu. Há uma série de eventos cataclísmicos causados por distúrbios ecológicos. Nada contra uma interferência divina, pois uma divindade poderia usar de meios naturais para atingir seus objetivos. No caso egípcio parece que a natureza voltou-se contra o ser humano.
A transformação da água em sangue pode ter sido, segundo Lockwood, um florescimento de microrganismos mortíferos. Se tal acontecesse, as rãs invadiriam a zona rural. Se o rio se tornasse tóxico e desprovido de oxigênio, rãs e outros organismos morreriam se ficassem na água. Essa situação abriria a porta para as próximas quatro pestilências. Os mosquitos se criariam na umidade do solo rico em nutrientes ao longo do rio. Se o florescer das algas afugentasse seus predadores, a população de mosquitos ficaria livre para eclodir. Em tese, a próxima praga pode ter sido a mosca dos estábulos. Elas vivem na sujeira. Nessa altura dos acontecimentos as margens do Nilo estariam repletas de vegetação molhada, rãs e peixes mortos, ou seja, muito material orgânico apodrecendo, um verdadeiro paraíso para esses insetos. A peste seguinte foi a infecção do gado que parece ter atingido todos os animais. Não existe uma doença única que possa atingir todos os animais indistintamente, mas pelo menos duas dentre as possíveis causas são transmitidas por picadas de mosquitos. A praga seguinte foram as pústulas, feridas abertas em homens e animais. A doença com maior probabilidade de causar esse efeito é o antraz, que pode ser transmitido pela mosca dos estábulos. Estas seis primeiras pestes não teriam acontecido rapidamente. O mais provável é que tenham ocorrido ao longo de três ou quatro anos.
Por sua vez, o granizo e as chuvas reforçariam o crescimento da vegetação, fornecendo alimentos fartos para enxames de gafanhotos. Eles devorariam tudo, causando desolação e tempestades de pó que, se violentas, poderiam provocar a escuridão citada na Bíblia. A última e decisiva praga, a morte dos primogênitos, pode ter sido reultado de forças biológicas. O sistema de armazenamento de grãos dos egípcios era relativamente suscetível à umidade. A camada superior teria permanecido molhada e os gafanhotos defecariam nela. Teria se criado, então, uma fina camada de pó contendo nutrientes e esporos de fungos e o bolor carregado com toxinas letais eclodiria nos grãos. Práticas culturais egípcias teriam entrado então em jogo: a primeira concha de grãos era destinada ao primogênito. Se a teoria estiver certa, a primeira porção é justamente a mais mortal. O Êxodo afirma que enquanto os egípcios e seu gado eram atingidos, os israelitas e seus animais não o eram. É provável que a distância física e as práticas culturais tenham realmente isolado os israelitas da maioria das pragas. Acima, num quadro de 1800 do pintor inglês Joseph Turner, uma visão artistica do que teriam sido as trevas no Egito.
ANÕES JOALHEIROSAo que tudo indica, os anões não sofriam qualquer discriminação no antigo Egito. Muito ao contrário, integravam-se perfeitamente na sociedade, inclusive na corte dos faraós onde alguns chegaram a ter importante papel, e sua condição não era vista como um impedimento físico para exercício de atividades variadas. Pelo menos é o que pretende demonstrar um estudo que examinou restos biológicos e evidências artísticas do nanismo entre os egípcios. Fontes pictóricas dos túmulos e pinturas de vasos, estátuas e outros tipos de arte são numerosas e indicam que anões foram empregados como criados pessoais, pescadores, criadores de animais, joalheiros, dançarinos, artistas, enfermeiros e parteiras entre outros afazeres. Vários anões moraram nas residências de altos funcionários e foram suficientemente estimados para receber pródigas tumbas nos cemitérios reais perto das pirâmides. Pelo menos 50 túmulos exibem imagens desses indivíduos e numerosas estatuetas e amuletos foram moldados na forma de anões. Muitos exemplos de baixo relevo e pinturas tumulares mostram anões como membros regulares de grupos de trabalho em vários projetos, sem qualquer distinção com relação a seus companheiros de ofício. Em uma pintura, um grupo que inclui um anão está dando os últimos retoques em uma jóia e os únicos comentários escritos são: "Olhe, parece ótimo" e "Vamos logo terminar com isso". Em outro quadro aparecem pescadores trabalhando e um indivíduo de estatura visivelmente menor está exercendo as mesmas tarefas que todos os demais. Anões ainda são mostrados cuidando de animais como bois e macacos. Eles também exerceram papéis como criados pessoais, executando tarefas como, por exemplo, cuidarem do elaborado penteado típico das antigas mulheres egípcias. Uma pintura mostra o dono de uma propriedade com um grupo de criados da mesma categoria, mas é um anão que aparece mais próximo do proprietário, separado dos demais, sugerindo que ele pode ter desfrutado uma relação especial com seu patrão.
Além disso, há vários deuses anões no Egito antigo sendo que
Bes, o mais conhecido, está envolvido com práticas mágicas de proteção de vivos e mortos. Até o deus Ptah, divindade adorada como criadora do universo, era algumas vezes retratado como um anão. O estudo norte americano concluiu que a imagem dos anões era essencialmente positiva no antigo Egito, eles eram aceitos de bom grado na sociedade e nela tinham papel de destaque, integrando-se na vida cotidiana pela participação e trabalho. Na ilustração acima, vemos anões trabalhando metais. Os egípcios também eram tolerantes com relação a outras deficiências genéticas ou adquiridas ao longo da vida. Reiteradas vezes a literatura egípcia pregou o respeito para com o inválido. Amenemope, um sábio que viveu durante o Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.), escreveu que o cuidado para com os velhos, os doentes e os deficientes era um dever moral. Ele também disse: O homem é barro e palha, o Deus é seu criador. O homem sábio deve respeitar as pessoas afetadas pelos reveses da sorte.
GÊMEOS OU AMANTES?Em Saqqara existe uma tumba cuja relação entre seus ocupantes não está bem clara para os arqueólogos. Niankh-khnum e Khnumhotep podem ter sido amigos, irmãos, gêmeos idênticos ou amantes. Ambos ostentavam o título de Profeta de Rá e Manicuro da Casa Grande no tempo do faraó Neuserre (c. 2416 a 2392 a.C.). Na foto ao lado, cortesia e © de Jon Bodsworth, eles aparecem abraçados numa atitude, digamos, "suspeita". Os egiptólogos têm afirmado que é preciso cuidado ao iterpretar as imagens da arte egípcia e que é muito arriscado projetar estereótipos modernos sobre dados antigos. Era extremamente raro no antigo Egito que um túmulo da elite fosse compartilhado por dois homens aparentemente de igual status. A prática habitual era de que tais templos mortuários fossem o lugar de descanso de um homem proeminente, de sua esposa e de seus filhos. E era muito mais incomum ainda que um par do mesmo sexo fosse desenhado enlaçado em um abraço. Eles também são mostrados dando-se as mãos e encostando as narinas. Esse era o abraço mais íntimo permitido na arte egípcia daquela época e é visto como uma forma de beijo. A entrada da tumba foi enfeitada por seus ocupantes de uma forma que une seus nomes como se fosse um só. Diante disso, as opiniões dos especialistas têm se dividido entre as hipóteses de que seriam irmãos, provavelmente gêmeos idênticos, ou homossexuais.Em 2005, David O'Connor, professor de arte egípcia antiga da New York University, levantou a hipótese de que seriam irmãos siameses e por isso teriam sido retratados dessa maneira. As pinturas não mostram qualquer conexão física dos corpos. As evidências, como é lógico, são circunstanciais e, provavelmente, jamais saberemos a verdade. Os que defendem a homossexualidade do par se apóiam na analogia com representações de pares heterossexuais casados na arte egípcia. Uma vez que os abraços de pares heterossexuais na arte tumular carregam uma relação erótica e sexual implícita, e talvez a convicção de sua continuação na vida após a morte, acredita-se que cenas semelhantes envolvendo os dois homens tenham o mesmo significado e eles seriam, presumivelmente, um casal de gays. Numa das cenas eles estão tão juntos que seus cintos estão se tocando, unindo a parte inferior do corpo de ambos. Se esta cena fosse formada por um par de pessoas de sexo diferente, ao invés de um par do mesmo sexo, afirmam os defensores da homossexualidade, poucas dúvidas existiriam sobre o que estaríamos vendo. O fato dos dois homens terem sido casados não é visto como obstáculo à hipótese gay. Eles geraram filhos, provavelmente, para que mantivessem o culto dedicado ao bem-estar de ambos na eternidade. Os documentos egípcios referem-se apenas ocasionalmente ao homossexualismo, às vezes em mitos de certos deuses, insinuando que não era considerada uma relação normal. A atitude prevalecente não era antigay, embora provavelmente negativa, e certamente não era de aceitação da atividade homossexual como aconteceu na Grécia clássica.Os que defendem a tese de que eram apenas irmãos, dizem que as poses podem e devem simbolizar apenas proteção ou íntima identificação e reciprocidade entre ambos. Lembram, também, que a arte egípcia não deve ser sempre interpretada literalmente. Por fim, consideram que a idéia de um par homossexual é derivada, essencialmente, da imposição de preocupações modernas em materiais antigos que não leva em conta o contexto cultural.

Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito

O PEQUENO AVIÃOUm pequeno modelo de avião com fuselagem, asas e uma cauda, o qual até parece um aviãozinho de aficionado por aero-modelismo, foi descoberto, no final do século XIX, num túmulo perto de Saqqara. Feito de madeira de sicômoro clara, tem 15 centímetros de comprimento e envergadura de pouco mais de 17 centímetros. Datado do ano 200 a.C., a peça encontra-se atualmente no Museu Egípcio do Cairo e os arqueólogos perceberam que ele pode voar como um planador por curtas distâncias, quando lançado com as mãos. Há alguns sinais de que ele pode ter possuído originalmente um mecanismo de propulsão perto da cauda. Até hoje pelo menos outros 14 modelos de aeronaves já foram descobertos nas tumbas egípcias.
Um geógrafo, físico e historiador árabe, chamado Abul Hasan Ali Al-Masudi, considerado o Heródoto dos árabes, escreveu 30 volumes sobre a história universal. Nascido na última década do IX século da nossa era e falecido no ano de 957, ele viajou muito pelo mundo conhecido daquela época até se fixar no Egito. Em seus escritos existe uma passagem intrigante na qual descreve como as enormes pedras das pirâmides teriam sido transportadas. Ele afirma que a folha de um papiro mágico era colocada debaixo da pedra a ser movida. Então, a pedra era golpeada com uma vara de metal, o que fazia com que levitasse e se movimentasse ao longo de um caminho pavimentado com pedras e cercado nas laterais por varas metálicas. A pedra viajava ao longo do caminho por uma distância de cerca de 50 metros e então era assentada no chão. O processo era repetido até que os construtores levassem a pedra até onde queriam. Não sabemos de onde ele tirou tais informações. Talvez fossem parte de uma história oral que foi passando de geração para geração no Egito. Os detalhes incomuns da história apontam para essa possibilidade. Ou talvez seja apenas uma história fantástica concebida por um escritor talentoso que, maravilhado com as pirâmides, concluiu que era imperioso que houvese alguma força mágica extraordinária na construção de tão magnífica estrutura. Se a narrativa for tomada ao pé da letra, que tipo de forças levitacionais estariam envolvidas? Será que o fato de golpear a pedra criava vibrações que resultavam numa levitação sônica? Ou será que o posicionamento das pedras e varas criava uma levitação magnética? Em qualquer dos casos, atualmente desconhecemos a tecnologia que possa repetir o feito.
LACTUCA SERRIOLASerá que a alface é realmente um afrodisíaco? Os antigos egípcios achavam que sim. De acordo com um pesquisador italiano, eles usaram a alface com esse objetivo. Desde a época dos gregos e romanos que essa verdura é conhecida por seus efeitos de sedativo leve e analgésico. Ela deve seu nome latino — lactuca — a lácteo ou leite, referência ao látex ou seiva branca amarga da planta que é mencionada em muitos tratados antigos. Já em 430 a.C. o médico grego Hipócrates descreveu efeitos da seiva semelhantes ao ópio. No primeiro século da nossa era, Dioscorides Pedanios, um naturalista grego e cirugião do exército de Nero, afirmava que a alface evitava sonhos com imagens libidinosas. Plínio, o Velho, no século seguinte, também escreveu sobre a habilidade da alface em diminuir o desejo sexual. Ele escreveu em sua História Natural que a alface é sonífera, pode esfriar o apetite sexual como também um corpo febril, purgar o estômago e aumentar o volume do sangue. Apesar disso, baixos relevos egípcios apresentam um enfoque diferente do uso da alface: a planta aparece como uma oferenda ao deus Min, invariavelmente descrito com um pênis grande e ereto e tido como divindade da fertilidade e da sexualidade. Os arqueólogos sempre se perguntaram porque um vegetal usado para acalmar os sonhos era associado a essa exuberante deidade. Giorgio Samorini, um botânico italiano, pensa ter resolvido o enigma, pois identificou o tipo de alface representado nos desenhos dos antigos egípcios. Ele concluiu que se tratava de uma alface selvagem, conhecida como lactuca serriola, vista na foto acima. Trata-se de uma erva daninha com folhas amargas da mesma família da alface cultivada, a qual é normalmente chamada de lactuca sativa. Atualmente a espécie selvagem pode ser encontrada na Europa, Ásia, norte da África, Canadá e Estados Unidos, até nas margens das estradas e nos muros. Entretanto, não é fácil reconhecê-la como uma alface: a planta tem folhas oblongas, bordas espinhosas e uma seiva láctea que escorre quando o vegetal é quebrado. Samorini testou as substâncias químicas presentes no látex e descobriu que ele possui dois efeitos — contraditórios — dependendo da dosagem. Apenas uma grama provoca efeito calmante e analgésico. Nas doses mais altas, de duas a três gramas, os efeitos estimulantes de alcalóides como atropina e cocaína prevalecem. Isso explicaria a associação entre Min e essa espécie de alface.
Cabeleira de Berenice é o nome de uma constelação visível no hemisfério norte durante a primavera. Ela é pequena e pouco luminosa, mas tem o mérito de se parecer com aquilo que se espera dela pelo seu nome: uma longa cabeleira flutuando numa brisa cósmica. Esse aglomerado de centenas de estrelas encontra-se a uma distância de 250 anos-luz da Terra, o que não é muito distante em termos astronômicos. Essa é a única constelação ao qual foi dado o nome de uma pessoa real. Berenice era a esposa do faraó Ptolomeu III (246 a 221 a.C.). Conta a lenda que enquanto ele estava conduzindo suas tropas em uma guerra feroz, Berenice, que era uma esposa dedicada, rezava para que ele retornasse são e salvo. Ela estava tão desesperada para vê-lo novamente que prometeu cortar seu bonito cabelo quando isso acontecesse. Um ano depois, quando Ptolomeu retornou vitorioso, a rainha cortou todo o cabelo e o dedicou ao templo de Afrodite, a deusa do amor. Poucos dias depois algum salafrário colecionador de lembranças roubou o cabelo de Berenice do templo. Quando o sumiço do cabelo foi descoberto, Ptolomeu estava pronto para decepar algumas cabeças. Todos os sacerdotes do templo estavam apenas a algumas horas da execução quando um grupo de astrônomos gregos, de passagem pela cidade, salvaram os pescoços dos pobres coitados. Os sábios convidaram Ptolomeu e Berenice para observarem naquela noite um novo e pálido agrupamento de luzes no céu. Olhem! — exclamaram. Vocês não estão vendo o agrupamento dos cachos do cabelo da rainha? Afrodite e os outros deuses acharam que o cabelo da rainha era bonido demais para que um único templo o possuisse. O cabelo de Berenice agora pertence aos céus para que todos o vejam! Para alívio dos sacerdotes, o casal de soberanos foi persuadido pelos astrônomos e as cabeças permaneceram grudadas aos respectivos pescoços.
ESTÁTUA DE RAMSÉS IIPor mais de 50 anos os egípcios modernos se acostumaram a ver uma enorme estátua de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) num dos pontos centrais do Cairo. Eles ainda se lembram de dias tranqüilos na chamada Praça Ramsés, um logradouro de 1116 m², quando a estátua era rodeada por grama e árvores e os moradores faziam piqueniques no local. O monumento se entrelaçava com as vidas das pessoas como uma lembrança diária da grande história do Egito e se tornou um marco cultural para a cidade. Mas uma selva de concreto acabou envolvendo-o e ele se viu rodeado por um viaduto da rodovia principal, uma mesquita e um hotel, enquanto linhas de metrô correm diretamente por baixo dele, afetando-o com a vibração dos trens. Além disso, o local é um dos mais congestionados e poluídos da cidade, o que estava danificando seriamente a estátua de 11 metros de altura e 83 toneladas de peso. Em 25 de agosto de 2006 ela foi transferida para um lugar tranquilo a cerca de dois quilômetros das pirâmides de Gizé, onde haverá um novo museu egípcio. Milhares de pessoas vieram assistir a jornada de 20 km desse traslado que demorou 10 horas para ser feito. Uma escolta faraônica, que incluiu 1500 soldados, acompanhou a viagem. A estátua de granito rosa foi protegida com borracha e material plástico, encaixada em uma gaiola de aço giroscópica e transportada inteira e em pé por um caminhão especialmente construído. O evento foi transmitido ao vivo pela TV egípcia. Inúmeros buracos tiveram que ser tapados pela cidade, cercas removidas e árvores podadas. Em datas anteriores, três simulações do transporte foram feitas: duas usando-se uma pedra das mesmas dimensões da estátua e a terceira com uma réplica do monumento. Essa estátua, que vemos na foto acima, originalmente ficava em um templo da antiga Mênfis. Foi descoberta em 1882 em Saqqara, quase 30 quilômetros distante de Gizé, quebrada em seis pedaços. Todas as tentativas de reconstrui-la no local falharam até 1954, quando foi transportada para o Cairo. Foi, então, restaurada e seus pedaços reunidos inserindo-se barras de ferro dentro do corpo. Hieróglifos apresentam vários títulos de Ramsés II, entre eles o de touro poderoso, amado da justiça, rei do Alto e do Baixo Egito e filho do Sol. Todo o processo de retirar a estátua da praça, transportá-la e recolocá-la em Gizé teve um custo de cerca de seis milhões de dólares.




 
 
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito - Parte 10
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito - Parte 10
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito - Parte 10
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito - Parte 10
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito - Parte 10
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito - Parte 10
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito - Parte 10
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito - Parte 10
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito - Parte 10
Fatos Curiosos
sobre o Antigo Egito - Parte 10
Se você seguir algum link destas páginas, retorne a elas usando o botão Voltar ou equivalente do seu navegador.

FOTO SEM RETOQUEExiste uma teoria segundo a qual os egípcios descenderiam de marcianos que teriam visitado nosso planeta em época remotíssima. Em 1848 arqueólogos descobriram estranhos hieróglifos a cerca de 10 metros de altura, bem acima da entrada do templo de Seti I (c. 1306 a 1290 a.C.) em Abido. Os sinais intrigaram os pesquisadores. A única coisa que se podia dizer de imediato era que haviam sido descobertas imagens de mecanismos estranhos, os quais ninguém
FOTO COM RETOQUE jamais havia visto antes. Até hoje ainda não se sabe exatamente o que o artista egípcio pretendeu representar naquelas paredes. A maioria dos egiptólogos concluiu que existem apenas quatro objetos estranhos desenhados em diferentes variações. Não conseguindo entender que objetos eram aqueles, os pesquisadores do século XIX abandonaram o assunto. A primeira ilustração mostra os hieróglifos tal qual aparecem no templo, a outra foi retocada para destacar o que seriam as misteriosas máquinas voadoras.
Cerca de 150 anos mais tarde, um renomado jornal árabe publicou fotos sensacionais de relevos de um templo erguido por Seti I em Karnak. Nelas surgem o que parece ser um helicóptero de batalha no qual se pode distinguir claramente um rotor e uma cauda. O artista egípcio também representou várias outras aeronaves incrivelmente parecidas com os atuais caças supersônicos e os pesados aviões bombardeiros. Quando as fotos foram publicadas, ficou claro que os egiptólogos que haviam estudado os relevos de Abido não tinham condições de saber do que se tratava, pois jamais tinham visto aviões e helicópteros.O pesquisador Alan Alford estudou os misteriosos hieróglifos de Abido e ficou convencido de que os egípcios haviam desenhado um helicóptero como se tivessem um modelo real à sua frente. Os céticos lembraram que um dos nomes do faraó Seti I era abelha e defenderam a tese de que os desenhos eram na realidade uma tentativa de desenhar uma abelha. Por sua vez, o mundialmente famoso ufólogo Richard Hogland declarou que os desenhos vinham provar sua teoria de que os egípcios descendiam dos marcianos, os quais haviam visitado nosso planeta em priscas eras. O motivo da escolha do Egito como local de pouso teria sido a incrível semelhança entre a paisagem egípcia e a marciana. Não foi possível, entretanto, explicar a presença de um submarino desenhado com riqueza de detalhes perto do helicóptero nas paredes do templo de Abido. Não havendo mares em Marte, o desenho do submarino não poderia ter sido feito por descendentes de marcianos como Hogland chamou os egípcios, já que eles não teriam noção de como seria um submarino.No final do século XX, muitos investigadores do planeta vermelho apoiaram ativamente a teoria de Hogland. Uma época de alta tecnologia teria existido antes da civilização egípcia. Os egípcios tentaram registrar momentos daquele antigo período, agora esquecido, em um templo construido milhares de anos depois do desaparecimento misterioso de seus antecessores. Defensores destas teses acreditam que fracassos em pousar em Marte ocorridos com veículos espaciais interplanetários estão intimamente ligados com os misteriosos hieróglifos descobertos nas paredes dos templos antigos. Milhões de anos atrás teria sido criado um escudo anti-míssil sem igual ao redor daquele planeta para proteção contra curiosos e convidados não desejados e agressivos. Com relação aos veículos que pousaram em Marte e tiraram fotos revelando que não há qualquer civilização no planeta, eles afirmam que só poderemos ver o que os marcianos quiserem e nos deixarem saber sobre eles.O egiptólogo Bruce Rowles apresenta outra hipótese sobre a origem dos hieróglifos estranhos. Segundo ele, não houve qualquer expedição interplanetária para a Terra nos tempos antigos. Ele supõe que os sacerdotes egípcios conheciam muitos dos segredos da natureza. Eles teriam conseguido criar as primeiras baterias e gerado eletricidade. Rowles ainda supõe que eles podiam ver o futuro e, muito provavelmente, nele enxergar helicópteros de guerra, aeronaves e submarinos.A polêmica prossegue hoje em dia. Enquanto alguns acreditam que os egípcios sabiam voar, mas acabaram perdendo tal conhecimento, outros acham que enxergar aeronaves nos relevos é pura imaginação. Um historiador chamado William Deutch afirmou que Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.) morreu em um desastre de avião. Ele também afirma que os antigos egípcios podiam alcançar as nuvens em balões inflados com ar quente e com planadores primitivos. Tais vôos só estavam disponíveis para a família real e a nobreza. Aquele faraó e muitos membros da realeza teriam morrido com as pernas quebradas e numerosos ferimentos em trágicos acidentes aéreos. O pesquisador acredita que os estranhos objetos desenhados são, na realidade, as primeiras máquinas voadoras. Ele chegou a construir muitos modelos de tais aeronaves e descobriu que algumas podiam planar.Agora vejamos o que os egiptólogos afirmam. Os relevos são resultado tanto da erosão da superfície da pedra, que é evidente em outros locais do templo, quanto do processo de preencher e re-esculpir a pedra para substituir alguns dos hieróglífos originais. O termo técnico para um material de escrita que foi usado mais de uma vez é palimpsesto. A usurpação e modificação de inscrições foram comuns no Egito antigo ao longo de toda a sua história. A inscrição em Abido foi modificada pelo menos uma vez na antiguidade, e talvez duas vezes. Uma parte da escrita caiu em lugares onde havia sobreposição da inscrição mais antiga com a mais nova e o resultado foi bastante estranho. O texto faz parte da titulatura de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) e está substituindo a titulatura de Seti I (c.1306 a 1290 a.C.), a qual estava anteriormente gravada na rocha. O helicóptero é resultado da superposição de dois hieróglifos que perderam, ambos, parte de seus relevos.Argumentam ainda os egiptólogos que caso os antigos egípcios tivessem veículos como helicópteros, submarinos e aviões a jato, seria de se esperar que houvesse alguma outra evidência disto e não apenas uma única inscrição no lintel de um único templo. Este tipo de máquina requer apoio logístico, o que inclui combustíveis, peças, fábricas, etc., mas nenhum sinal existe de tais coisas em todo o antigo Egito. A literatura egípcia nem de longe cita aeronaves avançadas.DETALHE DA LAJEJiri Mruzek, matemático canadense que estudou esse assunto, é cético com relação ao que dizem os egiptólogos. Convencido de que análises geométricas podem, às vezes, revelar os segredos da arte, ele fez várias medições geométricas do leiaute da cena. A conclusão a que chegou foi a de que as proporções dos desenhos entre si foram perfeitamente estabelecidas de antemão e não indicam que eles tenham sido retocados ou substituídos. Além de não ser caótica, a cena é uma criação deliberada. Ele explica que, conforme se pode observar na foto acima, os hieróglifos parecem estar gravados em uma laje de pedra não muito grossa, a qual se soprepõe à rocha sólida da parede do templo. Ora, sendo os egípcios excelentes artífices em pedra, não teria sido melhor para eles retirar a laje antiga e substituir por uma nova? Se o objetivo fosse o de se livrar da velha escrita e não correr riscos com relação ao futuro da escrita nova, a técnica de usar outra placa de pedra calcária teria sido muito mais eficiente com relação a essa meta. Se a inscrição era importante, porque sobrepô-la na forma de um remendo com massa gessada? Seria difícil de combinar a massa exatamente com a textura e a cor da pedra. Sempre haveria algumas sombras da escrita velha misturadas com a nova. A massa reage às mudanças de umidade e temperatura de maneira diferente da pedra sólida. Ficaria solta muito rapidamente em sua cama rasa. O trabalho no templo ainda estava em desenvolvimento no tempo de Ramses II e, portanto, havia materiais e artesãos disponíveis no local para fazer um bom trabalho, sem necessidade de apelarem para o palimpsesto.Outra opção que estava disponível era a de raspar totalmente a escrita antiga. Usar pedra arenosa para raspar a antiga inscrição, ao invés de gesso para cobri-la, seria a única solução permanente e os egípcios sabiam disto. Essa técnica foi empregada em todo o templo, menos nessa inscrição, o que se torna dificil de crer. Essa civilização de artesãos havia polido 22 acres de pedra calcária duríssima, com enorme precisão, em espaço de tempo de apenas alguns anos para revestir a grande pirâmide. Aqui nós temos uma mensagem extremamente importante sobre uma vitória do pai do faraó, e seu filho a está usurpando para si. Por que ele o fez de uma maneira inferior e a mais econômica possível, usando gesso por cima de uns poucos centímetros quadrados de pedra que poderiam ter sido facilmente raspados antes? Se necessário, os artífices poderiam ter gravado a mensagem em granito e não apenas em pedra calcária. Além disso, este é o único local do templo onde existe um trabalho de natureza inferior. No restante do recinto o trabalho é de qualidade excelente. Todo o templo em Abido é um edifício notável, especialmente no que se refere à qualidade das inscrições. Elas são todas muito precisas e não há rastros de artesanato malfeito em qualquer lugar no templo, exceto quanto à inscrição sobre a qual estamos falando. Corrigi-la de forma grosseira seria uma atitude aparentemente sem sentido. Fatos Curiosos
 

 
PEDRA VERDEAs pedras de cor verde tinham grande significado mágico para os antigos egípcios. Uma pedra verde brilhante, que pode ser vista na foto ao lado, foi encontrada dentro de uma bolsa de couro fossilizada envolta nas bandagens de uma criança que faleceu com cerca de 18 meses de idade. Esse achado ajuda a explicar por que os hieróglifos e textos históricos registram que as crianças egípcias usavam maquilagem da cor verde nos olhos. Também é mais uma evidência de que os antigos egípcios pensavam que a cor em si possuia energia sagrada que poderia beneficiar ou prejudicar as pessoas. Amuletos coloridos já aparecem na época pré-histórica do Egito, por volta de 4500 a.C. Apesar de suas formas pouco elaboradas, estes amuletos mais antigos dão uma boa indicação das forças perigosas que os egípcios mais primitivos sentiam estar presentes no seu mundo e que precisavam ser afastadas através de meios mágicos. Os testes revelaram que a pedra era chrisocola (silicato hidratado de cobre). Nos dias atuais a crisocola é usada como pedra ornamental e, em seus tons mais azulados, às vezes é confundida com turquesa. A malaquita (carbonato básico de cobre) era um mineral verde mais comum no Egito antigo, pois os minérios de crisocola estavam limitados a pequenas quantidades no Sinai e no Deserto Oriental do Egito. Crisocola pode ter tido significado especial para crianças, já que arqueólogos descobriram, anteriormente em outra sepultura, uma pequena figura de uma criança feita desse material verde. No Egito antigo o verde, sendo a cor da vegetação nova, inclusive do precioso papiro, foi relacionado à saúde e ao reflorescimento; o vermelho era a cor da vida e da vitória; o branco sugeria onipotência e pureza; o preto era símbolo da morte e da noite; o azul simbolizava vida e renascimento e o amarelo era visto como eterno e indestrutível, como o sol e o ouro. Assim, a intenção dos pais ao colocarem esse amuleto nas bandagens da criança foi a de que ela fosse protegida de influências indesejáveis e que fosse saudável em sua vida após a morte. Pena que ele não pode proteger a criança nesta vida.
CLEOPATRATextos árabes medievais sugerem que a rainha Cleópatra VII teria sido uma brilhante filósofa, química e matemática, que teria escrito livros científicos e que se reunia semanalmente com uma equipe de cientistas. A informação se encontra num livro de Okasha El Daly, um egiptólogo do Museu Petrie de Arqueologia Egípcia de Londres. Ele acredita que os escritores árabes tiveram acesso em primeira mão a manuscritos de Cleópatra e, talvez, até mesmo a livros de sua autoria. Muitos destes textos não mais existem. O material teria se perdido no incêndio da biblioteca de Alexandria. O primeiro escritor árabe que se referiu a Cleópatra como cientista foi Al-Masudi, falecido em 956 d.C. Em seu livro, "Muruj", ele escreveu: Ela era uma sábia, uma filósofa que elevou o patamar dos eruditos e desfrutou da companhia deles. Ela também escreveu livros sobre medicina, sobre cosméticos e sedução, além de muitos outros livros atribuídos a ela que são conhecidos por aqueles que clinicam. Outros escritores árabes medievais também escreveram que haviam se impressionado com os projetos de construção da rainha. O livro árabe mais antigo a mencionar Cleopatra, uma história do Egito escrita pelo bispo egípcio John de Nikiou, afirma que os projetos de construção da rainha em Alexandria eram obras como nunca jamais se vira antes. Outro historiador árabe, Ibn Ab Al-Hakam, credita uma das maiores estruturas do mundo antigo, o Farol de Alexandria, a Cleopatra. El Daly esclarece que não se tratava apenas de um farol para guiar navios. Também era um telescópio magnífico com uma lente enorme que podia queimar os navios inimigos que se aproximassem para atacar o Egito. Outras antigas fontes árabes afirmam que Cleopatra criou uma receita para tratamento da queda de cabelo e que até mesmo estudava ginecologia. Ela teria conduzido experiências para determinar as fases de desenvolvimento do feto humano no útero. Em entrevista para o Discovery News, El Daly afirmou: Acima de tudo, Cleopatra era uma alquimista. Ela inventou uma ferramenta para analisar líquidos. Ela não estava trabalhando no vazio. Há ampla evidência de que muitas mulheres no Egito antigo atuavam como médicas e eram educadas em ciências. Na foto acima, pintura a óleo de propriedade de Michael Jackson representando Cleópatra.
FARAÓ FEITO DE LEGOA foto ao lado mostra um enorme faraó feito de peças Lego viajando pelo Tâmisa em direção a um parque temático existente em Londres. Essa réplica de um faraó egípcio é a maior estrutura já criada com o brinquedo, construída com 200.000 peças. Ela mede 4,9 m de altura e pesa mais de uma tonelada. Este é um dos maiores modelos já feitos usando peças Lego convencionais. Quatro especialistas neste tipo de montagem gastaram 2080 horas para completá-lo.
O BARCO MINUma equipe internacional de arqueólogos, construtores navais e marinheiros fabricaram uma réplica em escala natural de um barco de 3800 anos atrás e com ele velejaram no Mar Vermelho para recriar uma viagem para um lugar que os antigos egípcios chamavam de Punt, provavelmente a atual Etiópia ou Iémen. A embarcação, que foi batizada de Min, tem 20 metros de comprimento, 4,88 metros de largura e poderia ter levado uma carga de cerca de 15 toneladas, além de tripulação e suprimentos. A réplica moderna foi construída em apenas seis meses em um estaleiro egípcio. Ela foi produzida usando as técnicas dos antigos egípcios: nenhuma armação, nenhum prego e pranchas que foram projetadas para se ajustarem como os pedaços de um quebra-cabeça. Depois de imergir o barco no Nilo, para permitir que a madeira inchasse se fechando ao redor dos pontos de junção, montado o cordame e testado o sistema de navegação, eles transportaram de caminhão a embarcação inteira para o Mar Vermelho, ao invés de levá-la aos pedaços pelo deserto como os egípcios teriam feito. O projeto pretendia demonstrar a extraordinária capacidade da navegação marítima por parte dos egípcios e que eles não estavam apenas atrelados ao rio Nilo, mas que podiam também navegar no mar. Em dezembro de 2008 uma tripulação internacional com 24 pessoas iniciou a aventura. Limitações políticas bem como uma abundância de piratas modernos ao longo da extremidade sul da rota impediram a tripulação de deixar águas egípcias. A viagem terminou depois de sete dias e aproximadamente 150 milhas percorridas do total que se pretendia que fosse de 1000 milhas até Punt. A tripulação se surpreendeu com a velocidade que o barco podia atingir: cerca de sete milhas por hora. Isso significa que as viagens eram feitas em muito menos tempo do que os egiptólogos calculam e, portanto, eram mais simples e factíveis. Provavelmente levaria um mês para navegar até Punt e dois meses para retornar.
Veja também Navios Faraônicos e Barcos em Abido
JARRO CONTENDO PERFUMEQue tipo de perfumes os antigos egípcios teriam usado? Cientistas do Museu Egípcio da Universidade de Bonn, na Alemanha, estão tentando responder a esta pergunta. A partir de resíduos encontrados no fundo de um frasco metálico selado pertencente à rainha Hatshepsut (c. 1473 a 1458 a.C.), estão procurando recriar o perfume usado por ela. Afinal, embora tenha reinado como um homem, preferia ter o cheiro de uma dama. É provável que um dos componentes fundamentais seja incenso, produto extremamente valioso na época, considerado como o cheiro dos deuses, e só usado para incensar os reis e as divindades nos templos. No Egito antigo os perfumes, sempre alguma espécie de óleo, eram produtos para a classe alta apenas. Embora o uso de perfume fosse comum entre as senhoras da alta-sociedade, nem elas usaram a rara planta de incenso. Para fazê-lo, os egípcios usavam flores locais, frutas e madeira aromática, emergindo os materiais em óleo não aromático até que o cheiro fosse absorvido pelo óleo. Durante seu reinado Hatshepsut enviou uma expedição a Punt, a moderna Eritréia, de onde trouxeram bens preciosos como ébano, marfim, ouro e incenso. Aparentemente a expedição trouxe árvores de incenso inteiras que foram plantadas nas redondezas do templo funerário da rainha. Frascos com este formato eram tradicionalmente usados para conter perfumes. Ele foi submetido ao Raio X e nas radiografias podem ser vistos claramente os resíduos dissecados de um fluido. Os sedimentos serão analisados, divididos em seus elementos constituintes e talvez até o perfume possa vir a ser reconstituído. Seria a primeira vez que se recriaria uma essência egípcia. Como o ser humano pouco se modificou ao longo dos séculos, muitos fabricantes de perfumes europeus já expressaram interesse em fabricar e comercializar a possível fórmula sob o nome de Hatshepsut ou Faraó, dando um enfoque publicitário que atraia as mulheres que detém poder hoje em dia.
BUSTO DE NEFERTITIUma equipe de cientistas alemães examinou o famoso busto de Nefertiti através da tecnologia dos computadores e chegou a uma conclusão surpreendente. A análise do núcleo de pedra calcária daquela obra de arte sugere que talvez a aparência dela não tenha sido exatamente esta. Ao analisar as camadas mais profundas da peça, descobriram que a estrutura facial original do escultor tinha maçãs do rosto menos proeminentes, um leve inchaço no cume do nariz, rugas ao redor do canto da boca e bochechas, e menos profundidade nos cantos das pálpebras. Em outras palavras, o escultor melhorou o aspecto das maçãs do rosto da rainha, suavizou rugas e eliminou um leve inchaço no cume do nariz usando camadas exteriores de estuque de densidades variadas para isso. As modificações podem ter sido ordenadas pelo faraó Akhenaton (c. 1353 a 1335 a.C.) para fazer com que o busto de sua esposa se adaptasse melhor aos ideais contemporâneos de beleza. Ou talvez o faraó tenha instruído o artista a criar a imagem da esposa como ele a via em sua mente.
RECIPIENTES COM VINHOErvas dissolvidas em vinho foram descobertas na tumba do rei Escorpião, um dos primeiros faraós egípcios. Eles as usaram muitos séculos antes do conhecimento científico sobre remédios herbários dissolvidos em bebidas alcoólicas. A evidência foi descoberta em um jarro de vinho de uva datado de 3150 a.C. Papiros médicos posteriores, textos que descrevem antigos procedimentos médicos egípcios, são compatíveis com a descoberta. Os documentos relatam que os egípcios acrescentavam resinas e ervas no vinho, na cerveja e na água para uso como sedativos da dor, laxantes, diuréticos e afrodisíacos. O que se concluiu foi que, embora o vaso seja 1500 anos anterior ao mais antigo papiro farmacológico, na realidade já continha vinho medicinal. O fato é que a mistura de ervas e bebidas alcoólicas já era ministrada milênios antes do que as inscrições dos templos indicam. Ervas do Mediterrâneo oriental que se ajustam às substâncias químicas achadas no vinho são o coentro, a hortelã, a salvia, o sene, a carvalhinha, a segurelha, o tomilho e, ainda, a atanásia, a artemísia e resinas de árvores empregadas como conservantes. Muitos destes ingredientes são usados até hoje no Egito com as mesmas finalidades. Os investigadores não podem identificar positivamente cada erva encontrada, ou a combinação delas, porque não foram identificados bio marcadores únicos para elas. Além disso, embora prescrições registradas em papiro ofereçam um quadro detalhado do conjunto das drogas do antigo Egito, mais de 80% dos 160 nomes de plantas listados têm ainda que ser traduzidos. De muitos dos remédios sabe-se apenas que o ingrediente era algum tipo de planta, representada pela figura de uma folha ao término do nome. As ervas e especiarias também eram usadas para melhorar o sabor das bebidas e não apenas para fins medicinais. Considere-se, entretanto, que naquela época as pessoas precisavam ter alguma maneira de se proteger das doenças e se curarem, sendo este o modo primário de consegui-lo. O que os cientistas estão tentando descobrir é porque os antigos egípcios pensavam que estas ervas em especial eram medicalmente úteis e se elas são efetivas para o tratamento de câncer ou de outras doenças modernas. Os testes foram feitos em um dos vasos encontrados no túmulo do rei Escorpião em Abidos.





 

 






 

Nenhum comentário:

Postar um comentário